THAT'S AMORE, A MÚSICA DOS ADULTOS E A MÚSICA DAS CRIANÇAS

   Eu e um amigo andamos pela rua ouvindo Richard Cheese e os Red Elvises. Muito bom, principalmente Richard Cheese. Então entra Dean Martin cantando That's Amore e o clima muda. Um adulto está a cantar!
   Impressionante como o amor quando cantado por brancos do rock SEMPRE parece adolescente. Por mais belo e criativo que seja, e eu sei as alturas que Ferry, Bowie, Morrison ou Dylan chegaram, o sentimento tem sempre um jeitão de imaturidade, de insegurança. Varia entre o idealismo platônico e o sexo como descoberta.  No máximo o cara canta como se tivesse 18 anos recém completados. Ás vezes um teen inteligente ( Dylan ), ás vezes ingênuo ( Beatles ) ou taradinho ( Stones ).
   A música dos negros nada tem a ver com isso. O cantor pode ser pobre, alienado, do mal ou um fanático batista, a impressão passada é a de que em termos de amor ele sabe tudo. Aos 18 anos ele já foi casado e é pai. Não vê divisão entre sexo e amor, sabe que o sexo é sagrado por ser amor e que o amor é alma, soul, heaven.
   Chegamos então a Dean Martin. Toda essa geração, Sinatra, Mel Tormé, Bennet, Joe Willians, sabem daquilo que falam. São Homens. Conhecem as mulheres, conhecem o amor em suas variadas nuances. São mestres. Adultos.
   Interessante observar como os caras jovens que os imitam parecem garotos usando o terno do papai. Gente como Bublé ou Connick. O que eles fazem é baile de 15 anos.
   Meu amigo lembra de uma exceção branca: Johnny Cash.
   Ora amigo, Cash não é rock. É country e ele, como também Jennings, Daniels, Willie Nelson, Hank Willians, já nasceram velhos.
    That's Amore!