A MÁQUINA DO TEMPO- H.G.WELLS

   Inventor vitoriano constrói mecanismo capaz de viajar pelo tempo. No futuro ele encontra um planeta quase irreconhecível. A sociedade pós-apocalipse, dividida em duas classes. Os eloys, que vivem na superficie e os morlocks, moradores da escuridão subterrânea. Vivendo em passividade, alheios a decisões, os claros e tolos eloys nada mais são que gado, carne que alimenta os morlocks.
   Wells foi um grande, grande novelista. Preocupado sempre com a sociedade, seus livros não se ocupam em desenvolver caracteres. Seu dom é puramente narrativo.
   Gosto de observar o fenômeno que ocorre no mundo de hoje. As classes mais ricas, e brancas, se tornam cada vez mais indolentes, passivas, delicadas. Sinto que há um processo natural de enfraquecimento dessas pessoas. Acho isso natural e irreversível, seu conforto as torna inaptas para a vida. São um poço de tédio e de eterno auto-exame. Espero que o modo como escrevo isto não pareça fascista, não prego a volta da força-branca européia, apenas observo o mesmo tipo de destino que foi vivido pelos últimos romanos. Presas naturais dos bárbaros. Mocinhos bonzinhos são trouxas ao lado dos espertos improvisadores da periferia. O dinheiro os salva, mas um dia essa situação mudará.
   Wells leva isso ao extremo. Com pavor das transformações sociais de seu tempo, ele cria essa sociedade de gado e de devoradores.
   Há um filme de George Pal, feito em 1961, que tem soberba magia. O assisti na TV Globo em 1975, sábado a noite com meus pais e adorei. As cenas de viagem no tempo, as ruínas de Londres cobrindo a máquina e depois o mistério do futuro... tudo aquilo me marcou. Revendo o filme em dvd percebo que ele sobreviveu bem. Ao contrário de outras ficções, que empalideceram, essa mantém o mistério e um delicioso clima vitoriano.
   Leia e veja.