Que belo texto de Ignácio de Loyola Brandão sobre livros! Ele fala de suas tardes na biblioteca do interior, na adolescência,a edicão censurada de Dorian Gray que ele leu na época...A luz fraca da biblioteca, o luxo do prédio, das mesas, o prazer de viver imerso nesse tempo "fora do tempo""criado pelos livros.
Também tive meu tempo de vida fora da vida. Também tive minha luz fraca e as sombras deliciosamente confortantes onde eu me acomodava e lia. lia. lia...Em um ano, como aconteceu com Inácio; descobri tudo. Foi Dickens, Balzac, Kafka, Voltaire, Hugo, Tolstoi, Jack London, Pushkin, Hardy, Emily Bronte e Sartre. Eu não vivia aqui e agora, meu tempo podia ser 1770 ou 1900, dependia do que eu lia. Noites lendo, o abajur coberto por um pano para escurecer o ambiente, para parecer que era 1800. me apaixonava pelas heroínas de Bronte e de Dickens, queria ser Heathcliff. O amor era pelos livros, mas eu ainda não sabia. Twain, Stendhal, Dostoievski, Flaubert, tudo conheci naquele ano.
Depois também adentrei o luxo de uma biblioteca, a do Mackenzie, com seu cheiro velho, as estantes imensas e pesadas, os cantos escuros. Ainda será assim?
Ao mesmo tempo leio que saiu agora mais uma bio de Jack London. E penso...London foi marinheiro, mineiro, andarilho, aventureiro, viajante. De origem muito pobre, se auto-educou, leu tudo, muito romance e muita filosofia. Adorava Marx e Nietzsche. Esteve no Alasca, na Califórnia, nos mares do sul, tudo atrás de dinheiro e depois de experiência. E, vivendo apenas 40 anos, ainda escreveu vinte livros, mais teatro e contos. Bem, o que pergunto é; onde ele achou tanto tempo?
Não há como negar; o mundo tecnológico nos encurtou o tempo. Amigos meus adiam a mais de dez anos a leitura dos "grandes livros". Não há tempo para ler ou para escrever. Trabalhamos muito e ao voltar para casa somos abduzidos pela internet, pela TV ou pelo fone. Nada contra, mas voce não vai guardar grandes lembrancas de noites na TV ou de viagens na internet. Eu sinto isso, são vivências pobres. Tempo sem peso, sem grande significado. Tempo roubado.
Lemos com pressa, escrevemos sem estilo, sem ambicão.
Também tive meu tempo de vida fora da vida. Também tive minha luz fraca e as sombras deliciosamente confortantes onde eu me acomodava e lia. lia. lia...Em um ano, como aconteceu com Inácio; descobri tudo. Foi Dickens, Balzac, Kafka, Voltaire, Hugo, Tolstoi, Jack London, Pushkin, Hardy, Emily Bronte e Sartre. Eu não vivia aqui e agora, meu tempo podia ser 1770 ou 1900, dependia do que eu lia. Noites lendo, o abajur coberto por um pano para escurecer o ambiente, para parecer que era 1800. me apaixonava pelas heroínas de Bronte e de Dickens, queria ser Heathcliff. O amor era pelos livros, mas eu ainda não sabia. Twain, Stendhal, Dostoievski, Flaubert, tudo conheci naquele ano.
Depois também adentrei o luxo de uma biblioteca, a do Mackenzie, com seu cheiro velho, as estantes imensas e pesadas, os cantos escuros. Ainda será assim?
Ao mesmo tempo leio que saiu agora mais uma bio de Jack London. E penso...London foi marinheiro, mineiro, andarilho, aventureiro, viajante. De origem muito pobre, se auto-educou, leu tudo, muito romance e muita filosofia. Adorava Marx e Nietzsche. Esteve no Alasca, na Califórnia, nos mares do sul, tudo atrás de dinheiro e depois de experiência. E, vivendo apenas 40 anos, ainda escreveu vinte livros, mais teatro e contos. Bem, o que pergunto é; onde ele achou tanto tempo?
Não há como negar; o mundo tecnológico nos encurtou o tempo. Amigos meus adiam a mais de dez anos a leitura dos "grandes livros". Não há tempo para ler ou para escrever. Trabalhamos muito e ao voltar para casa somos abduzidos pela internet, pela TV ou pelo fone. Nada contra, mas voce não vai guardar grandes lembrancas de noites na TV ou de viagens na internet. Eu sinto isso, são vivências pobres. Tempo sem peso, sem grande significado. Tempo roubado.
Lemos com pressa, escrevemos sem estilo, sem ambicão.