TREZE À MESA- AGATHA CHRISTIE

    Alguém ainda lê Agatha Christie? Até os anos 80 todo o universo lia. Vendia em banca de jornal, em supermercado, em posto de gasolina. Viciava. As pessoas ficavam loucas tentando descobrir quem tinha matado, quem tinha roubado. Começavam a ler e iam num fôlego só, 200 páginas sem parar. Ufa!
    Agatha Christie era uma velhinha inglesa que escrevia no estilo Conan Doyle. Ou seja, Hercule Poirot, o detetive de seus livros usava a cabeça e nunca os punhos. Mas ele era diferente de Holmes. Era francês. Um gourmet e o principal: Poirot era famoso como detetive, uma estrela mundial. Christie escreveu 87 livros, todos best-seller e a maioria sobre Poirot. Teve ainda sucessos no teatro ( sua peça A Ratoeira ficou décadas em cartaz ) e no cinema. Assassinato no Orient Express virou filme de Lumet e outros livros foram filmados por gente como René Clair e Hitchcock. Poirot perambula pelo mundo dos ricos e belos e pensa, pensa e pensa, até chegar a conclusão do crime. Holmes observa e deduz, Poirot une pistas e faz uma narrativa. 
   Me deu raiva ler esse livro! Porque eu desvendei o crime logo no inicio. Mas então Christie me embaralhou e desacreditei da minha dedução. Para descobrir no final que o culpado era aquele que eu primeiro suspeitara. Uma delicia! É um prazer ler os livros de Christie. Prazer culpado, são literatura pop, livros fáceis para quem começa a ler agora. Bem... eu comecei a ler a quatro décadas, ler Poirot é um refresco, um flash-back gostoso. Belos diálogos, intrincado jogo de pistas falsas, humor negro, clima de ruas de Londres em 1933. Tá feita a diversão.
   Acho que ela nunca voltará a moda. Continuará juntando pó em estantes. Mas vale a pena. Junto com Leblanc, Simenon, ela faz parte daqueles autores de muito sucesso que foram subitamente esquecidos em meio a moda de duendes, cavaleiros e auto-ajuda. Pena.