Niemeyer odiava tudo o que fosse natural. Em seus projetos, e o Memorial é um belo exemplo, tudo é exato, concreto, árido. Ele fez projetos que não respiram. Minha opinião é a mesma de Robert Hughes, Niemeyer era um arquiteto ditatorial. Seus enormes templos de cimento, sem árvores, esmagam a individualidade. Equivalem a uma tropa unida. Pior, são velhos, secos, enrugados. Temos de conviver com a feiúra de Brasilia, com seu futurismo fascista, suas linhas racionais, a ausência de acaso, de arabescos. Niemeyer abominava a cor, é sempre o cinza, o branco, o nada.´O Sambódromo chega a ser cômico de tão ruim. E a marquise do Ibirapuera tem um peso que nos esmaga. Não é preciso falar da leveza da Ópera de Sidney para mostrar a verdadeira boa arquitetura. Basta olhar para o Rio e ver como o espírito da capital era outro. Tudo questão de cor, de natureza, de curvas ao acaso. Niemeyer fez uma cidade no árido, árida. Chamo isso de burrice.
Ettore Scola diz que o cinema da Itália está tão ruim porque o italiano não ama mais a Itália. Talvez. Scola fez alguns filmes maravilhosos, mas acho que ele exagera. Amar o país não é condição para boa arte. O ódio também inspira.
Leio numa revista de matemática um artigo sobre cinema. Matemáticos falando de cinema pode ser uma coisa bem interessante. Falam de montagem. Que hoje cada tomada tem em média 5 segundos. E que 5 segundos, matematicamente, é o tempo que uma pessoa leva para ver sem pensar. Se a cada 5 segundos voce faz um corte, uma mudança de tomada, o público fica num estado de quase hipnoze, não raciocina, acompanha sem perder o interesse "na própria montagem." Qualquer coisa montada em tomadas de 5 segundos "parece interessante". O que faz com que "os filmes ruins de hoje sejam mais fáceis de ver que os filmes ruins de antigamente."
Pra mim filmes ruins são sempre ruins e insuportáveis. E o excesso de montagem não me prende, pelo contrário, não poder pensar e apreciar uma cena me desliga, fico ausente da ação. Talvez seja pela minha idade, mas penso que é uma questão de costume. De qualquer modo é um texto muito bom. Porém, eles erram feio ao falar que "hoje essa montagem é feita conscientemente. Cortes de 5 segundos são espalhados igualmente por todo o filme. Antigamente os cortes eram aleatórios, em alguns momentos eles eram acumulados e em outros eram raros."
Eis a diferença entre ciência e arte. O autor não percebe que os cortes são irregulares no cinema antigo, porque são feitos em função do roteiro. Quando a história pede muitos cortes eles acontecem, quando não são necessários, não são feitos. Hoje o roteiro é escravo da montagem. Até em cenas "paradonas", como uma conversa num trem, temos milhares de movimentos de câmera e de cortes. Tudo para prender o cara na poltrona.
Dado interessante no texto: Goldfinger, de 1965, tem mais ação que Solace. Mas Solace "parece" mais movimentado. Ação é uma atividade que ocorre no filme: luta, tiro, correria, Goldfinger tem mais disso. Movimerto são os cortes. Solace é então mais "fácil" de assistir.
Conclusão do texto: um filme dito dificil de 2012 é muito mais fácil de se assistir que um filme fácil pop de 1950.
Será?
Ettore Scola diz que o cinema da Itália está tão ruim porque o italiano não ama mais a Itália. Talvez. Scola fez alguns filmes maravilhosos, mas acho que ele exagera. Amar o país não é condição para boa arte. O ódio também inspira.
Leio numa revista de matemática um artigo sobre cinema. Matemáticos falando de cinema pode ser uma coisa bem interessante. Falam de montagem. Que hoje cada tomada tem em média 5 segundos. E que 5 segundos, matematicamente, é o tempo que uma pessoa leva para ver sem pensar. Se a cada 5 segundos voce faz um corte, uma mudança de tomada, o público fica num estado de quase hipnoze, não raciocina, acompanha sem perder o interesse "na própria montagem." Qualquer coisa montada em tomadas de 5 segundos "parece interessante". O que faz com que "os filmes ruins de hoje sejam mais fáceis de ver que os filmes ruins de antigamente."
Pra mim filmes ruins são sempre ruins e insuportáveis. E o excesso de montagem não me prende, pelo contrário, não poder pensar e apreciar uma cena me desliga, fico ausente da ação. Talvez seja pela minha idade, mas penso que é uma questão de costume. De qualquer modo é um texto muito bom. Porém, eles erram feio ao falar que "hoje essa montagem é feita conscientemente. Cortes de 5 segundos são espalhados igualmente por todo o filme. Antigamente os cortes eram aleatórios, em alguns momentos eles eram acumulados e em outros eram raros."
Eis a diferença entre ciência e arte. O autor não percebe que os cortes são irregulares no cinema antigo, porque são feitos em função do roteiro. Quando a história pede muitos cortes eles acontecem, quando não são necessários, não são feitos. Hoje o roteiro é escravo da montagem. Até em cenas "paradonas", como uma conversa num trem, temos milhares de movimentos de câmera e de cortes. Tudo para prender o cara na poltrona.
Dado interessante no texto: Goldfinger, de 1965, tem mais ação que Solace. Mas Solace "parece" mais movimentado. Ação é uma atividade que ocorre no filme: luta, tiro, correria, Goldfinger tem mais disso. Movimerto são os cortes. Solace é então mais "fácil" de assistir.
Conclusão do texto: um filme dito dificil de 2012 é muito mais fácil de se assistir que um filme fácil pop de 1950.
Será?