Pra variar, The Who roubou o show. E também para variar, os Stones foram muito antipáticos. Entraram, tocaram duas músicas e ciao. Nada de gracinhas, de piadinhas ou de "amo voces". Porém, como aconteceu no rocknroll Circus, em 1969, Pete e Roger roubaram a noite de Mick e Keith.. Em meio a Dave Grohl, Kanye West, Alicia Keys, Clapton, Roger Waters, Paul MacCartney, Bruce e Chris Martin, o duo Who disparou fogos de emoção e de verdade numa noite so boring. Why?
Ficou muito claro ontem: eles sempre dão o máximo. Todo show deles parece ser sempre decisivo. Os Stones desde a excursão de 1981 repetem os mesmos gestos, só o cenário muda. O Who também, repete seu show desde a morte de Keith Moon. Mas há uma diferença: O Who parece de verdade, os Stones parecem frios. Lá está Roger rodando o microfone, Pete girando o braço e Baba O'Riley mais uma vez. Mas puta que pariu, há emoção genuína ali! E é soberbo ver aquele bando de ricos executivos e vips em geral, pularem e cantarem em coro sobre a "waste land".
Chesterton fala que deixou de ser agnóstico, crença oficial da Europa moderna, quando percebeu que todo agnóstico, e ateu também, permanece envergonhadamente a ter sua experiência de religião. Mesmo sem perceber, o desejo por religião, por contato divino, está presente, por exemplo, no fanatismo de um petista por Lula, nos delirios de sentido que um apreciador de arte vê em Kafka ou em Baudelaire. Esse impulso, humano e tão só humano, se revela nas experiências com drogas, em viagens de "descoberta", em fãs de Dylan ou de Thom Yorke, em corintianos e boquistas. Há religião desvirtuada, religião sofista, em livros de auto-ajuda, em sociologia, e é bastante óbvia no existencialismo. O sucesso de filmes como Avatar ou Hobbits revela esse impulso, mas qualquer ser sem preconceito percebe que um ateu como Trier passa todo o tempo pregando à moda de um pastor. Não conheço psicólogo ou psicanalista que não se pareça com um padre ( essa série da tv, chata de doer, se passa numa igreja, voce nunca notou? ). Toda a obra de Freud é mera tentativa de tomar o lugar dos profetas. Pois um show do Who é isso. Religião para ateus. Igreja para pessoas "inteligentes e modernas". Chesterton diz que esses ateus , homens de boa intenção mas sem visão, estão mais próximos de Deus que ratos de sacristia, espertalhões que usam a igreja. Um show do The Who emociona por essa proximidade com o Bem.
No mundo de 2012 existem 3 coisas imperdoáveis.
Uma é parecer velho. E ter orgulho desse parecer.
A segunda é desvalorizar o sexo.
E a terceira é se confessar como um "estúpido" católico.
É bacana ser budista, feiticeiro, ateu ou agnóstico. Católico nunca!
Amar o sexo sobre todas as coisas, ou ver nele o maior dos problemas é sinal de inteligência.
Estar sempre de olho no futuro e ligado ao agora é demonstrar vitalidade.
The Who é velho, nada sexy e chega a ser quase papista. Libera em nós aquilo que reprimimos: nosso impulso humano. Nosso olhar para o céu.
Sim baby, sou um pecador em seu mundo. Sou velho e tenho valores velhos. Achei até que Roger Daltrey é bonito. Acho que amor nada tem a ver com sexo. E que voce pode viver sem um e nunca sem o outro.
Não baby, ainda não consigo me ajoelhar numa igreja. Meu orgulho me impede. Mas me ajoelho diante de Pete e Roger.
Sacou?
Ficou muito claro ontem: eles sempre dão o máximo. Todo show deles parece ser sempre decisivo. Os Stones desde a excursão de 1981 repetem os mesmos gestos, só o cenário muda. O Who também, repete seu show desde a morte de Keith Moon. Mas há uma diferença: O Who parece de verdade, os Stones parecem frios. Lá está Roger rodando o microfone, Pete girando o braço e Baba O'Riley mais uma vez. Mas puta que pariu, há emoção genuína ali! E é soberbo ver aquele bando de ricos executivos e vips em geral, pularem e cantarem em coro sobre a "waste land".
Chesterton fala que deixou de ser agnóstico, crença oficial da Europa moderna, quando percebeu que todo agnóstico, e ateu também, permanece envergonhadamente a ter sua experiência de religião. Mesmo sem perceber, o desejo por religião, por contato divino, está presente, por exemplo, no fanatismo de um petista por Lula, nos delirios de sentido que um apreciador de arte vê em Kafka ou em Baudelaire. Esse impulso, humano e tão só humano, se revela nas experiências com drogas, em viagens de "descoberta", em fãs de Dylan ou de Thom Yorke, em corintianos e boquistas. Há religião desvirtuada, religião sofista, em livros de auto-ajuda, em sociologia, e é bastante óbvia no existencialismo. O sucesso de filmes como Avatar ou Hobbits revela esse impulso, mas qualquer ser sem preconceito percebe que um ateu como Trier passa todo o tempo pregando à moda de um pastor. Não conheço psicólogo ou psicanalista que não se pareça com um padre ( essa série da tv, chata de doer, se passa numa igreja, voce nunca notou? ). Toda a obra de Freud é mera tentativa de tomar o lugar dos profetas. Pois um show do Who é isso. Religião para ateus. Igreja para pessoas "inteligentes e modernas". Chesterton diz que esses ateus , homens de boa intenção mas sem visão, estão mais próximos de Deus que ratos de sacristia, espertalhões que usam a igreja. Um show do The Who emociona por essa proximidade com o Bem.
No mundo de 2012 existem 3 coisas imperdoáveis.
Uma é parecer velho. E ter orgulho desse parecer.
A segunda é desvalorizar o sexo.
E a terceira é se confessar como um "estúpido" católico.
É bacana ser budista, feiticeiro, ateu ou agnóstico. Católico nunca!
Amar o sexo sobre todas as coisas, ou ver nele o maior dos problemas é sinal de inteligência.
Estar sempre de olho no futuro e ligado ao agora é demonstrar vitalidade.
The Who é velho, nada sexy e chega a ser quase papista. Libera em nós aquilo que reprimimos: nosso impulso humano. Nosso olhar para o céu.
Sim baby, sou um pecador em seu mundo. Sou velho e tenho valores velhos. Achei até que Roger Daltrey é bonito. Acho que amor nada tem a ver com sexo. E que voce pode viver sem um e nunca sem o outro.
Não baby, ainda não consigo me ajoelhar numa igreja. Meu orgulho me impede. Mas me ajoelho diante de Pete e Roger.
Sacou?