MORTE NA CATEDRAL- T.S. ELIOT

   Talvez as pessoas tenham hoje vergonha de gostar de Eliot. Gostam, mas vem sempre um "porém..." Why?
   Eliot dizia ser anglicano, monarquista e clássico. Ou seja, dizia crer em Deus, escolher a rainha e amar o período da arte clássica. Americano de St.Louis, como aconteceu antes com Henry James, Eliot foi mais inglês que qualquer inglês. Isso não é raro. Filhos de ex-colônias costumam ser mais metropolitanos que os naturais da metrópole. Além do que, Eliot era filho de uma familia rica dos USA. Seus antepassados podiam ser encontrados no navio que trouxe os peregrinos ingleses.
   Ele começa como modernista radical e logo cedo lança o poema símbolo do século XX, THE WASTE LAND, imagem de niilismo absoluto. O mundo para Eliot é um monte de fragmentos sem sentido. Quando aos 40 anos ele se converte á religião, o mundo passa a lhe parecer conjunto de fragmentos com sentido oculto. Em que pese a fama de Waste Land, que eu venero, a crítica atual prefere sua fase tardia, aquela de 4 QUARTETOS. Em 1948 Eliot ganha seu Nobel, justo. Falece em 1965.
   Mais que seu conservadorismo ( que não se reflete em sua arte sempre moderna ), o que irritou a crítica foram suas opiniões sobre poetas e romancistas. Eliot foi crítico muito lido e atacou Lawrence, Yeats, Wells e Shaw. Poeta, crítico, dramaturgo, conferencista. Eliot domina as letras inglesas entre 1922/1960.
   CRIME NA CATEDRAL fala do assassinato de Thomas Beckett, bispo de Canterbury, em 1170. Thomas foi o grande amigo do rei, Henrique II, mas ao ser alçado pelo rei ao bispado, passou a levar a religião "MUITO A ´SERIO",  obedecendo apenas a Deus. Logo o rei passa a tramar sua morte. Essa história foi usada num dos maiores filmes ingleses da história, BECKETT, que não se baseia nesta peça. O texto de Eliot, curto, litúrgico, tentativa de se fazer um novo Ésquilo em plena época de segunda guerra, tem uma beleza linguística genuína. Os poucos personagens ( Thomas, um coro, tentadores e soldados ), falam com poesia, declamam com precisão. Nada há de choroso, Thomas Beckett jamais pede nossa pena. E, de forma desconcertante, ao final os assassinos se explicam a nós. É uma peça fria, seca, ou seja, clássica.
   É a melhor peça de Eliot.