JUANITA AND JUAN, VERY CLEVER WITH MARACAS....

NEEDLES IN THE CAMEL'S EYES. Não pense coisas, o camelo é o do maço de cigarros. Urgentemente ele canta com voz exaltada. Formato canção com acordes graves de guitarra, Manzanera. Massa de sons ao fundo. Stop. Volta. Interessante toda a percussão. Ela não acompanha apenas, ela tece.
THE PAW-PAW NEGRO BLOWTORCH. Originalidade. 3 anos antes do tempo nasce a new-wave. Sintética, insuspeita, esperta, sexy, viva. Que bateria esperta! E tem os teclados tortos que Eno tanto usou no Roxy. Obra-prima da maluquice pop bem humorada. Busta Jones no baixo. Vixe! Ouve só essa guitarra helicopteral....
BABY'S ON FIRE. Tem toda uma geração que a conhece só do filme Velvet Goldmine. Pelo menos Thom Yorke teve a sabedoria de gravá-la idêntica a original. É uma das grandes músicas da década das melhores músicas. Ela é ao mesmo tempo pop, arte, cinica, pesada... Eno e Ferry estudaram pintura em 1969/1971 com Richard Hamilton, o papa do Pop-Art. Tudo neles remete ao visual, a riqueza de imagens, de foto-colagens. Rica complexidade de timbres. Robert Fripp tem aqui o solo de guitarra de sua vida. "Juanita and Juan, very clever with maracas"... isso é pop-art.
CINDY TELLS ME. Canção tradicional. Não vamos esquecer que este é o cara que estufou o som do U2 e fez deles o que são. Clima, ambientação. Manzanera e seu solo lindo de guitarra roxyana. Esta canção nasceu para a voz de Bryan Ferry....
DRIVING ME BACKWARDS. Eis a influência modernista sobre Eno. De quem é essa voz? David Byrne? Adrian Bellew? Não, é Brian Eno. O clima paranóico de New York circa 1980. Vários efeitos de teclados. Deus meu! Este disco é de 1973!!!!
ON SOME FARAWAY BEACH. Beleza. Se este disco tivesse sido gravado dez anos depois ( em 1983 ), teria vendido tanto! A melodia permanece simples até o fim. O segredo está no modo como ela vai se rearranjando. O som de Eno pede por nova tecnologia.
BLANK FRANK. Pop-Art again. Genialidade em estado absoluto. Percussão, vocal. Na internet um cara escreve que é um "Bo Diddley com rock alemão". Sim!!!!! Dá-lhe Fripp!!!! Bowie e Eno em Berlim iriam por essa estrada. Uma música que dá pra escutar pra sempre.....
DEAD FINKS DON'T TALK. Aaaaah....Madame Satã em 1984....Bauhaus, Dead Can Dance, Cocteau Twins...Uma triste canção que faz voce crer na beleza da tristeza. Eno arrisca um vocal à Bowie. Oh No!Oh No!.... Melancolia elétrica, porão com gente suada, sombras de álcool...e uma ironiazinha de Eno George de LaSalle.... pianinho Roxy...
SOME OF THEM ARE OLD. Esta tinha de ter sido do Roxy Music! "Remember me, remember me..." Existe elogio maior que dizer que uma canção deveria ter sido do Roxy? Existe, dizer que ela alcança a altura desta música. Ouça o arranjo feito para essas guitarras. ( Que não são guitarras ).
HERE COMES THE WARM JETS. Esses jets são os jatos do ato de urinar... O apoteótico final. Uma coda a um dos mais belos dos discos. Massa sonora que voa. Som que procura não transmitir emoção alguma. Harmonia que é sutilmente quebrada. Bateria que não se combina. Porém, tudo dá certo.
   Recém saído do Roxy, Eno lança este disco e nada acontece. É seu LP mais Pop, mais vendável. Depois dele, passo a passo, ele se tornaria cada vez mais "dificil". E se faria o melhor dos produtores. Na capa deste disco, cigarros, plumas, maquiagem, espelho, cartas de tarot, flores secas, panos....Informações, images. Um mundo. O belo mundo irônico de Brian Eno.