A HISTÓRIA DAS AVENTURAS DE JOSEPH ANDREWS E SEU AMIGO O SENHOR ABRAHAM ADAMS - HENRY FIELDING

   Momento do nascimento do romance, a Inglaterra de 1750 via em meio a revolução industrial, o surgimento da classe média. Povo que era alfabetizado e que com algum tempo livre adquiria o hábito da leitura. Se hoje tememos que os livros se tornem passado, é aqui que eles surgem como objeto cotidiano. Mas o que é o romance?
   Romance é o relato que narra a evolução de um ser, e ele se faz exatamente na Inglaterra por ser ela a nação de Locke. A filosofia do papel em branco, do homem não como ser predestinado, mas sim como ente em formação. Ou seja, o homem como personagem daquilo que seria um romance. Lendo o romance o leitor lê a vida de outro que poderia ou pode vir a ser sua vida também. Esses livros se tornam febre e Fielding é um dos grandes. Um profissional, pois também é aqui que nasce o autor como profissão.
   Tom Jones é o grande livro de Fielding e este Joseph Andrews surge antes. Mas é um tipo de ensaio de Tom, ensaio que homenageia o Quixote de Cervantes e ataca com humor os livros lacrimosos de Richardson. Sempre um humorista, aqui são narradas as aventuras de Andrews, jovem muito belo, que ao ser assediado sexualmente por senhoras ricas, foge para salvar sua castidade e leva consigo sua amada Fanny e seu amigo, o pastor Adams. Adams se torna então o centro do livro. Um ingênuo.
   Estalagens, estradas campestres, brigas, cerveja, duelos, o livro tem o clima britânico de então. Mas atente, nada de psicologismos. Os personagens de Fielding são tipos, nunca pretendem a profundidade. O autor fala pelos personagens, não cria gente real, exibe ação.
   Bela edição de luxo, ilustrada, da editora Ateliê Editorial, digna da importância do livro.