O MUNDO PERDIDO- ARTHUR CONAN DOYLE

   1912, ano de lançamento deste livro. Tempo em que ainda se podia acreditar em "lugares da Terra onde o mistério impera". Os Pólos, a Mongólia, ilhas do sul, interior da Austrália, Terra do Fogo, quase toda a África, todas essas eram terras mal conhecidas, pontos em branco nos mapas, mistérios, lugares de gente corajosa. E o Brasil, claro. Esta aventura se passa na Amazônia, e como diz seu narrador, Amazonas e Mato Grosso, duas imensas regiões que ainda não foram mapeadas.
   Então é para lá que vão nossos aventureiros, atrás de pistas de um local onde ainda vivem dinossauros. Não só dinos, como homens-macaco, os primeiros mamíferos e peixes excêntricos. Lá eles verão a repetição do momento decisivo da evolução humana, o momento em que o homem inteligente aniquila o homem besta.
   Conan Doyle tinha um grande ressentimento de Sherlock Holmes. Passou a vida tentando se livrar do estigma desse personagem. Aqui ele lança um de seus livros "não Holmes". Uma aventura corrida, direta, e porque não, imaginativa. É uma das fontes do cinema fantástico.
   PS: Quando eu era criança,e juro que não faz tanto tempo, ainda era um mistério ir lá pros lados de Mato Grosso. Uma viagem sob risco de vida. Não por causa de bandidos, mas por causa de doenças, indios e cobras. Um vasto mundo sem estradas e sem mapas. E lembro que o litoral sul de São Paulo era um imenso deserto, pontilhado por vastas áreas sem estradas e cheias de aldeias de indios. Ir para Cananéia era voltar a 1500.
   Sinto falta de saber que lugares assim ainda existem.