Paulo Francis era fã de Bergman. Ele dizia que o sueco era o único que às vezes conseguia atingir a altura da literatura. Mas ele amava também o cinema mais popular. Se divertia imensamente com ....E O VENTO LEVOU e as doces bobagens de Doris Day. Falava que Hollywood sabia fazer lixo que não ofendia a inteligência. Amava Peter Sellers e o inspetor Clouseau.
Mas o que desejo aqui destacar é a resposta que ele deu a Nelson Motta sobre PULP FICTION. Paulo até gostou de Pulp, mas fez uma pergunta muito esperta a Nelsinho. "-Você convidaria algum daqueles personagens para jantar?"
O sentido da pergunta não é moralista. Nem mesmo uma coisa do tipo: eles seriam divertidos? A questão é a seguinte: Seria interessante jantar com eles? Eles teriam algo a dizer?
Francis era assim. Perguntava aquilo que parecia simples, mas que ia ao fundo da coisa. Porque agora eu penso....
Não seria fantástico jantar, calmamente, com o aristocrata empobrecido de A SALA DE MÚSICA de Satyajit Ray? E os personagens de AMARCORD? Jantar com eles poderia mudar sua vida!
Penso no prazer de um faisão e conhaque com charutos ao lado do Henry Higgins de MY FAIR LADY. Nos dias que eu teria de conversa com o diretor em crise de OITO E MEIO. O Gregory Peck de TO KILL A MOCKINGBIRD, o Paul Newman de GOLPE DE MESTRE.
Eu não sei se são esses personagens fascinantes que definem um grande filme, mas eu adoraria jantar com o Michael Douglas de GAROTOS INCRÍVEIS ou o Clint Eastwood de CORAÇÃO DE CAÇADOR. E detestaria estar numa mesa com o cara de GRAN TORINO ou aquele de DIRTY HARRY.
Alguns atores têm uma quantidade imensa de personagens "convidáveis". Cary Grant deve ter mais de 30. Mas pensando bem, dá pra unir as duas paixões de Francis numa coisa só.
Não há nenhum filme que tenha uma maior quantidade de personagens "convidáveis" que FANNY E ALEXANDER, de Bergman. Seria uma dádiva dos céus jantar longamente ( Natal? ), com aquela familia inteira. Melhor ainda, passar longas férias com eles. ( E por falar em férias, imagine passar um verão com todos os personagens de Monsieur Hulot...um paraíso!).
Mas devo dizer que eu, acima de tudo, iria adorar poder receber para jantar, em mesa cheia de doces e vinho do Porto, o professor feito por Victor Sjostrom em MORANGOS SILVESTRES. Teríamos uma conversa sobre a memória, o tempo e o sentido de recordar. Falaríamos então sobre nossos pais, as mulheres e a estrada. Esse seria meu primeiro convidado. E de certo modo tenho o recebido desde quando o conheci.
Paulo Francis matou a charada.
Mas o que desejo aqui destacar é a resposta que ele deu a Nelson Motta sobre PULP FICTION. Paulo até gostou de Pulp, mas fez uma pergunta muito esperta a Nelsinho. "-Você convidaria algum daqueles personagens para jantar?"
O sentido da pergunta não é moralista. Nem mesmo uma coisa do tipo: eles seriam divertidos? A questão é a seguinte: Seria interessante jantar com eles? Eles teriam algo a dizer?
Francis era assim. Perguntava aquilo que parecia simples, mas que ia ao fundo da coisa. Porque agora eu penso....
Não seria fantástico jantar, calmamente, com o aristocrata empobrecido de A SALA DE MÚSICA de Satyajit Ray? E os personagens de AMARCORD? Jantar com eles poderia mudar sua vida!
Penso no prazer de um faisão e conhaque com charutos ao lado do Henry Higgins de MY FAIR LADY. Nos dias que eu teria de conversa com o diretor em crise de OITO E MEIO. O Gregory Peck de TO KILL A MOCKINGBIRD, o Paul Newman de GOLPE DE MESTRE.
Eu não sei se são esses personagens fascinantes que definem um grande filme, mas eu adoraria jantar com o Michael Douglas de GAROTOS INCRÍVEIS ou o Clint Eastwood de CORAÇÃO DE CAÇADOR. E detestaria estar numa mesa com o cara de GRAN TORINO ou aquele de DIRTY HARRY.
Alguns atores têm uma quantidade imensa de personagens "convidáveis". Cary Grant deve ter mais de 30. Mas pensando bem, dá pra unir as duas paixões de Francis numa coisa só.
Não há nenhum filme que tenha uma maior quantidade de personagens "convidáveis" que FANNY E ALEXANDER, de Bergman. Seria uma dádiva dos céus jantar longamente ( Natal? ), com aquela familia inteira. Melhor ainda, passar longas férias com eles. ( E por falar em férias, imagine passar um verão com todos os personagens de Monsieur Hulot...um paraíso!).
Mas devo dizer que eu, acima de tudo, iria adorar poder receber para jantar, em mesa cheia de doces e vinho do Porto, o professor feito por Victor Sjostrom em MORANGOS SILVESTRES. Teríamos uma conversa sobre a memória, o tempo e o sentido de recordar. Falaríamos então sobre nossos pais, as mulheres e a estrada. Esse seria meu primeiro convidado. E de certo modo tenho o recebido desde quando o conheci.
Paulo Francis matou a charada.