Mesmo que superficialmente Chris Isaak parecesse ser da mesma raça que John Mellemcamp ou Tom Petty ( não é e nunca foi ), quando surgiu em 1987 ele não poderia estar mais deslocado. Seus 3 primeiros discos nada venderam e ele só começou a chamar a atenção quando Tony Scott colocou uma música dele em seu melhor filme: AMOR A QUEIMA ROUPA, roteiro de Tarantino. Antes David Lynch usara Wicked Game em CORAÇÃO SELVAGEM. De repente, em 1991, gostar de Chris Isaak era hiper-cool. HEART SHAPED WORLD foi o primeiro disco dele que comprei. Não sei se é o melhor, ele tem cinco discos de altíssimo nível. E felizmente, todos eles têm o mesmo espírito: falam de amores despedaçados e de casais que sabem estar no fim. Isaak é desbragadamente romântico. Ele só pode ser entendido por aqueles que já amaram mal.
O som de sua guitarra é produzido pela mais vagabunda das guitarras. É famosa a história de que ele comprou uma guitarra na Sears-Roebuck, tipo "de brinquedo". Modelo que distorce tudo, desafina, tem zumbido. Esse se tornou seu som, um toque delicado num instrumento irascível. Mistura de Chet Baker com fartas doses de Elvis, Isaak é uma reedição de Roy Orbison. Tem voz.
Grandes vozes brancas. Como foram Van Morrison ou Steve Winwood. Isso desapareceu. Ninguém se importa mais com cantores que cantam bem, que têm um timbre reconhecível. Estilo vocal é coisa tão rara como praia deserta ou ilha desconhecida. Chris Isaak tem voz. Uma voz afinada ( e que ao vivo é idêntica ), suave e levemente angustiada, cristalina. Cheia de sentimento, mas jamais parecendo feminina, é um homem que ama.
Na época deste disco ele filmava com Bertolucci ( O PEQUENO BUDA ), e tinha clips feitos por Bruce Weber ( quem não sabe, Bruce é O fotógrafo de moda ). Poderia ter sido uma estrela se tivesse se aplicado em fazer mais versões açucaradas de Wicked Game. Não. Seu disco seguinte era como todos os outros. Melancolia de motéis de beira de estrada. Chris não adoçou Wicked Game. Continuou azedo.
O disco abre com Heart Shaped World, que é a melhor faixa. A guitarra tem ecos de madrugadas e a voz um quase apelo por amor. Cio. O disco é todo noturno, com sombras, e muita chuva. A banda, que sempre o seguiu, é coesa, soa como se todos fossem um. Sempre rock'n'roll, sempre amorosos.
Chris Isaak se tornou trilha de minha vida entre 1991/ 1998. Época de grandes paixões noturnas. De se ficar visualizando o rosto da menina, cada olhar e cada trejeito dela, enquanto se escuta Chris Isaak no escuro. Tempo de se dirigir com ansiedade, o peito disparado e a garganta seca, ao encontro da menina. Chris me consolava. E me fazia seguir firme e forte.
Ele fez um MTV Acústico que é sublime. Simplesmente perfeito. E bastante intimista. Devo tê-lo assistido mais de 50 vezes. E há um documentário sobre o disco BAJA SESSIONS que é revelador. A praia de Chris é mexicana. Seu som vem das baladas mexicanas tocadas para senhoritas em noites quentes. BAJA SESSIONS é uma obra-prima.
Mas foi HEART SHAPED WORLD que me apresentou Isaak. E ele é bem menos solar. Desde a capa, foto de Weber em que Chris personifica Chet, até a última faixa, tudo nele é bonito, é eco de paixão. E tudo é fora de tempo, deslocado no agora, out.
Porque se tudo na midia é agora sensacional, histérico e over, Chris Isaak foi o tempo todo discreto, contido e soft. Ele é do mundo dos Mustangs, das louras perdidas e dos horizontes sem fim. Ele sabe perder. E ama. Sem medo e sem fim.
O som de sua guitarra é produzido pela mais vagabunda das guitarras. É famosa a história de que ele comprou uma guitarra na Sears-Roebuck, tipo "de brinquedo". Modelo que distorce tudo, desafina, tem zumbido. Esse se tornou seu som, um toque delicado num instrumento irascível. Mistura de Chet Baker com fartas doses de Elvis, Isaak é uma reedição de Roy Orbison. Tem voz.
Grandes vozes brancas. Como foram Van Morrison ou Steve Winwood. Isso desapareceu. Ninguém se importa mais com cantores que cantam bem, que têm um timbre reconhecível. Estilo vocal é coisa tão rara como praia deserta ou ilha desconhecida. Chris Isaak tem voz. Uma voz afinada ( e que ao vivo é idêntica ), suave e levemente angustiada, cristalina. Cheia de sentimento, mas jamais parecendo feminina, é um homem que ama.
Na época deste disco ele filmava com Bertolucci ( O PEQUENO BUDA ), e tinha clips feitos por Bruce Weber ( quem não sabe, Bruce é O fotógrafo de moda ). Poderia ter sido uma estrela se tivesse se aplicado em fazer mais versões açucaradas de Wicked Game. Não. Seu disco seguinte era como todos os outros. Melancolia de motéis de beira de estrada. Chris não adoçou Wicked Game. Continuou azedo.
O disco abre com Heart Shaped World, que é a melhor faixa. A guitarra tem ecos de madrugadas e a voz um quase apelo por amor. Cio. O disco é todo noturno, com sombras, e muita chuva. A banda, que sempre o seguiu, é coesa, soa como se todos fossem um. Sempre rock'n'roll, sempre amorosos.
Chris Isaak se tornou trilha de minha vida entre 1991/ 1998. Época de grandes paixões noturnas. De se ficar visualizando o rosto da menina, cada olhar e cada trejeito dela, enquanto se escuta Chris Isaak no escuro. Tempo de se dirigir com ansiedade, o peito disparado e a garganta seca, ao encontro da menina. Chris me consolava. E me fazia seguir firme e forte.
Ele fez um MTV Acústico que é sublime. Simplesmente perfeito. E bastante intimista. Devo tê-lo assistido mais de 50 vezes. E há um documentário sobre o disco BAJA SESSIONS que é revelador. A praia de Chris é mexicana. Seu som vem das baladas mexicanas tocadas para senhoritas em noites quentes. BAJA SESSIONS é uma obra-prima.
Mas foi HEART SHAPED WORLD que me apresentou Isaak. E ele é bem menos solar. Desde a capa, foto de Weber em que Chris personifica Chet, até a última faixa, tudo nele é bonito, é eco de paixão. E tudo é fora de tempo, deslocado no agora, out.
Porque se tudo na midia é agora sensacional, histérico e over, Chris Isaak foi o tempo todo discreto, contido e soft. Ele é do mundo dos Mustangs, das louras perdidas e dos horizontes sem fim. Ele sabe perder. E ama. Sem medo e sem fim.