POSEIDON/ SHAMPOO/ DARJEELING/ ELVIS/ DORIS DAY/ OLIVIER

   O DESTINO DO POSEIDON de Ronald Neame com Gene Hackman, George Kennedy e Shelley Winters
Imenso sucesso em 1972, foi refilmado por Wolfgang Petersen sabe-se lá porque. Este é um filme ok. Isso porque os atores são ótimos e Neame não era um diretor medíocre. Se formou no cinema inglês na equipe de David Lean. A história é aquela: um navio é pego por onda gigante e fica de cabeça pra baixo. Um grupo tenta escapar. Leslie Nielsen é o capitão, e a gente fica esperando uma trapalhada. Hackman, no auge de seu sucesso, é um padre progressista. Boa diversão produzida por Irwin Allen, que empolgado com o sucesso deste filme fez logo Inferno na Torre e Terremoto.  Nota 6.
   RICARDO III de Laurence Olivier com Laurence Olivier, Ralph Richardson, John Gielgud e Claire Bloom.
Olivier faz Ricardo quase como um humorista. Ele gosta do personagem e nos incomoda isso. Ricardo é um monstro. Mata sobrinhos, primos, destrói irmão, tudo pelo trono. Ao final, feito rei, é derrotado em batalha magnifica. Não é das peças de Shakespeare que mais me fascinam. Mas Richardson está brilhante e Olivier, maquiado e quase irreconhecível, é sempre um prazer. Este filme, feito em 1955, foi o primeiro grande espetáculo a estrear primeiro na TV ( na NBC ) e depois nas salas. Foi exibido em toda a costa leste numa noite de sexta-feira. Não tem a ousadia de Hamlet ou a beleza de Lear, mas ainda assim vale ser visto. Nota 6.
   DONNIE BRASCO de Mike Newell com Al Pacino e Johnny Depp
Agente do FBI se infiltra na vida de pequeno mafioso. Esse agente começa a se sentir como parte da máfia e cria uma relação afetiva com Pacino, um mafioso mal sucedido. Não sei o que pensar desse filme. Tem seus momentos, mas nada nele tem algo de novo ou de ousado. Pacino está ótimo, mas tudo o que ele faz aqui é trabalho já visto. Tem Michael Madsen fazendo o papel que fez por toda a vida. Quantas cenas de clube de strip e tiros com Madsen no meio voce já viu? Johnny Depp faz Johnny Depp. É um filme muuuuito longo..... Nota 4.
   VIAGEM À DARJEELING de Wes Anderson com Owen Wilson e Adrien Brody
O que tem Owen Wilson? O cara faz montes de filmes e não tem nada de tão especial. Falta de opções para os produtores??? Wes Anderson, que percebemos nos extras do DVD ser um cara beeem estiloso ( no bom sentido ), diz ter feito este filme inspirado pela obra de Satyajit Ray. O legal é que ele nunca tenta se parecer com o gênio indiano. Usa algumas músicas de seus filmes, mas o estilo deste filme é "Wesandersoniano". Ele faz clips lindíssimos, o filme tem cenas muito interessantes, mas todas são mal alinhavadas. Anderson não sabe narrar. O filme é como um trailer de hora e vinte. Um belo trailer. Algumas cenas são desonestas: qualquer coisa filmada com o som de Play With Fire ao fundo, parece ser genial. Wes Anderson também coloca três músicas ótimas dos Kinks e vemos o velho cineasta doidão Barbet Schroeder fazer um papel. Jason Schwartzman, que tem as melhores cenas, disse em entrevista que seu cineasta favorito é Hal Ashby. Faz sentido, muitos filmes atuais têm um jeitão de Ashby. Jason fala que "SHAMPOO" é seu filme mais querido. Para este dou nota 6.
   SHAMPOO de Hal Ashby com Warren Beaty, Julie Christie e Goldie Hawn
Se voce leu o livro sobre os tempos loucos de Hollywood, aquele de Peter Biskin, já conhece a fama deste filme. O roteiro de Robert Towne sendo muito disputado, a importância do produtor Warren Beaty e o imenso sucesso de bilheteria que esta produção conseguiu. Aparentemente é um filme banal. Fala de um cabeleireiro, na Beverly Hills de 1968 ( o filme é de 1975 ), que é desejado por várias mulheres. Ele transa com todas, mas na verdade só poderia ser feliz com aquela que ele não mais pode ter. Warren faz então algo muito próximo daquilo que ele era na época, o mais voraz dos garanhões de Hollywood. Beaty tem a fama de ter tido "todas" as atrizes que valiam a pena. Todas. No elenco deste filme temos duas delas, Goldie que foi um caso rápido e Julie, que foi uma conturbada relação de cinco anos. Só com a idade e Anette Bening é que Warren Beaty relaxou. Sua interpretação aqui é absorvente. Um belo homem perdido, dominado pelas mulheres, cheio de medo. Ótimo. Julie Christie, minha musa da adolescência, faz a paixão de Warren. Uma mulher que usa os homens, que ansia por segurança. A leitura mais profunda do filme mostra a eleição de Nixon como a vitória do cinismo.  Todos os libertários do filme se dão mal. O ricaço poderoso sai por cima. O filme é cheio de ameaças, é como se uma tempestade estivesse se armando. Não é um grande filme. Ashby não chegou a fazer sua obra-prima. Mas é invulgar. Nota 7.
   JÁ FOMOS TÃO FELIZES de Charles Walters com Doris Day e David Niven
Um desastre. Doris Day era ótima, mas este roteiro é indigno de seu talento. Niven também está sub-aproveitado. Não merece um zero por Doris e David. Nota 1.
   UM ESTRANHO CHAMADO ELVIS de David Winkler com Harvey Keitel e Bridget Fonda
Juro que já não lembro deste filme. Algo sobre um cara em crise e uma carona que ele dá pra um cara que pensa ser Elvis. Keitel tá ok e Bridget era luminosa, mas o filme é raso. Winkler é filho do excelente produtor Irwin Winkler, produtor que fez alguns dos melhores filmes dos anos 70. O talento de David desmerece o pai. Nota 2.