Em 1970 Rod Stewart vinha marcando passo como uma jovem promessa que não conseguia estourar. Este é seu segundo disco solo e sómente em 1971 ele subiria ao topo com Maggie May, das poucas canções inglesas até 2012 a ficar em primeiro lugar na Inglaterra e nos EUA ao mesmo tempo. ( Muitos ingleses foram top nos dois países, mas não ao mesmo tempo. Como exemplo da época, Rocket Man de Elton John foi top 1 nos dois países, mas foi primeiro na Inglaterra em fevereiro de 1972 e nos EUA em agosto do mesmo ano ). Gasoline Alley é então o segundo disco de Rod a não dar certo. Paralelamente ele seguia nos Faces, banda que nunca deu certo em tempo algum ( falo em termos de vendas. The Faces eram do cacete!!!!! )
Alley abre com a faixa Gasoline Alley e já arrepia em coisa de dois segundos. É violão e uma slide-guitar, puro clima de ruela suja e vazia, úmida. Rod dialoga com esse lamento da guitarra de Ron Wood. É tão sómente e apenas isso, um lamento, mas QUE lamento! Para esse tipo de canção sobre a dor é primordial ter convicção e voz. Por incrível que pareça, o Rod pobre e jovem tinha muuuuita convicção, tinha alma e tinha tesão. A voz voce conhece, com vinte e cinco anos de idade ele podia mover montanhas ou abrir o mar com um simples murmuro.
It's All Over Now é uma festa na garagem, apenas o bom rocknroll de sempre. Mas a diferença é que a bateria soa como cavalo louco e os erros não são polidos. O disco inteiro tem um jeito de ensaio, de deixa rolar. Estamos longe da pasteurização.
Nick Hornby naquele seu livro sobre canções favoritas diz que Rod não pode ser um completo babaca, pois ele gravou uma música de Dylan melhor do que qualquer outro cara. Não me lembro se a tal canção de Dylan é Only a Hobo, mas pode ser. Onde Dylan fez um lamento country crispado, Rod Stewart faz uma obra-prima de folklore britânico. A canção é levada ao interior da Escócia e ao escutá-la voce vai se sentir numa encruzilhada escura, com frio e sem saber pra onde ir. Há aqui beleza imensa, a beleza que justifica todo ato, a beleza que dura. Só isto vale uma carreira.
My Way of Giving é dos Small Faces. Uma canção pop mal ensaiada e levada na empolgação, mas daí vem Country Comforts.
Em 1970 existiam mais dois ingleses que não conseguiam estourar: David Bowie e Elton John. Elton escreveu esta Country Comforts. Uma balada que leva nossa imaginação pra longe. Não me lembro quem disse que o período entre 70/75 é o auge da canção dita romântica. É quando cantar amor perdido ou amor encontrado era fashion. Nesse ramo, Elton foi catedrático. Esta canção, estupenda, demonstra. Tem um refrão que nunca mais voce vai esquecer.
Eu podia ficar um ano falando sobre Cut Across Shorty. É das minhas cinco canções favoritas. Uma sinfonia que usa apenas três violões, um baixo e um violino e mais uma bateria ensandecida. Ao final, Ron Wood detona um solo elétrico de matar. É uma música estranha, ela é vazia, oca, e ao mesmo tempo tem muita raiva, tem medo e é uma fuga. Mistura um tipo de romantismo século XVIII com puro e verdadeiro rocknroll. É profundamente adolescente em sua angústia e tem a alegria de um desafio. Musicalmente é um monumento ao som acústico, o modo como a bateria entra no inicio da canção é das coisas mais emocionantes já gravadas. Ouvi-la ao volante é sempre um prazer, um hino a liberdade. Mas ela é tanta coisa mais, é o rosto de uma menina ruiva, é carona na chuva, é uma faca enferrujada, é grito e é sol que nasce.
Lady Day é uma pausa sweet. O disco todo tem pequenos detalhes inventivos que nos seduzem. Aqui, por exemplo, há esse violino que surge ao fim da canção que a modifica e a faz crescer e brilhar. Jo's Lament traz a síntese do disco: uma elegia acústica a beleza da voz, a alegria de se tocar, a eternidade do amor. É linda. E ao final You're My Girl, fecha o disco em clima de garagem e de bateria solta e a mil.
Gasoline Alley em seu tempo foi um fracasso de vendas. Ninguém percebeu seu lançamento. Rod continuava a ser apenas o ex-cantor da banda de Jeff Beck. O tempo, único crítico infalível lhe fez justiça. Gasoline Alley continua brilhando e muito vivo.
Alley abre com a faixa Gasoline Alley e já arrepia em coisa de dois segundos. É violão e uma slide-guitar, puro clima de ruela suja e vazia, úmida. Rod dialoga com esse lamento da guitarra de Ron Wood. É tão sómente e apenas isso, um lamento, mas QUE lamento! Para esse tipo de canção sobre a dor é primordial ter convicção e voz. Por incrível que pareça, o Rod pobre e jovem tinha muuuuita convicção, tinha alma e tinha tesão. A voz voce conhece, com vinte e cinco anos de idade ele podia mover montanhas ou abrir o mar com um simples murmuro.
It's All Over Now é uma festa na garagem, apenas o bom rocknroll de sempre. Mas a diferença é que a bateria soa como cavalo louco e os erros não são polidos. O disco inteiro tem um jeito de ensaio, de deixa rolar. Estamos longe da pasteurização.
Nick Hornby naquele seu livro sobre canções favoritas diz que Rod não pode ser um completo babaca, pois ele gravou uma música de Dylan melhor do que qualquer outro cara. Não me lembro se a tal canção de Dylan é Only a Hobo, mas pode ser. Onde Dylan fez um lamento country crispado, Rod Stewart faz uma obra-prima de folklore britânico. A canção é levada ao interior da Escócia e ao escutá-la voce vai se sentir numa encruzilhada escura, com frio e sem saber pra onde ir. Há aqui beleza imensa, a beleza que justifica todo ato, a beleza que dura. Só isto vale uma carreira.
My Way of Giving é dos Small Faces. Uma canção pop mal ensaiada e levada na empolgação, mas daí vem Country Comforts.
Em 1970 existiam mais dois ingleses que não conseguiam estourar: David Bowie e Elton John. Elton escreveu esta Country Comforts. Uma balada que leva nossa imaginação pra longe. Não me lembro quem disse que o período entre 70/75 é o auge da canção dita romântica. É quando cantar amor perdido ou amor encontrado era fashion. Nesse ramo, Elton foi catedrático. Esta canção, estupenda, demonstra. Tem um refrão que nunca mais voce vai esquecer.
Eu podia ficar um ano falando sobre Cut Across Shorty. É das minhas cinco canções favoritas. Uma sinfonia que usa apenas três violões, um baixo e um violino e mais uma bateria ensandecida. Ao final, Ron Wood detona um solo elétrico de matar. É uma música estranha, ela é vazia, oca, e ao mesmo tempo tem muita raiva, tem medo e é uma fuga. Mistura um tipo de romantismo século XVIII com puro e verdadeiro rocknroll. É profundamente adolescente em sua angústia e tem a alegria de um desafio. Musicalmente é um monumento ao som acústico, o modo como a bateria entra no inicio da canção é das coisas mais emocionantes já gravadas. Ouvi-la ao volante é sempre um prazer, um hino a liberdade. Mas ela é tanta coisa mais, é o rosto de uma menina ruiva, é carona na chuva, é uma faca enferrujada, é grito e é sol que nasce.
Lady Day é uma pausa sweet. O disco todo tem pequenos detalhes inventivos que nos seduzem. Aqui, por exemplo, há esse violino que surge ao fim da canção que a modifica e a faz crescer e brilhar. Jo's Lament traz a síntese do disco: uma elegia acústica a beleza da voz, a alegria de se tocar, a eternidade do amor. É linda. E ao final You're My Girl, fecha o disco em clima de garagem e de bateria solta e a mil.
Gasoline Alley em seu tempo foi um fracasso de vendas. Ninguém percebeu seu lançamento. Rod continuava a ser apenas o ex-cantor da banda de Jeff Beck. O tempo, único crítico infalível lhe fez justiça. Gasoline Alley continua brilhando e muito vivo.