EXUBERÂNCIA

   Vivemos tempos tímidos. As coisas são cada vez maiores, as pessoas, menores. Grandes gestos, paixões sem noção, sonhos absurdos. Descontrole. Tudo isso está em baixa. É um tempo de filmes tristinhos e de música certinha. O louco visionário sem rumo e sem segurança já era, morreu.
   Veja o video abaixo. Sim, o vulgar e pop video abaixo. Nele vemos um baixinho vestido com penas. E que vai a beira do palco mostrar o peito. Como uma criança nerd que acabou de descobrir o álcool, ele pula e batuca ao piano. Olhe o público. Pulam e jogam coisas e pasmem: dão gargalhadas! Enquanto isso, a banda, colorida, também ri todo o tempo. O que eu vejo sobre aquele palco tem um nome: exuberância. Nada de modéstia, nada de censura, nada do profissionalismo de carnavais programados. Simples e saudável exuberância.
  É disso que sinto falta. Da pouca vergonha dos sapatos plataforma e das bandas mal ensaiadas. Dos filmes caros, grandes, loucos e que não tinham nenhum público alvo. Do rock como festa de absoluto mal gosto. Exuberância total.
  Ter tido doze anos e vivido e amado e ansiado por tudo isso ( como mostram os filmes QUASE FAMOSOS e VELVET GOLDMINE ), isso não tem preço. É memória eterna. Memória que brilha, que ri, que arregala os olhos.
  Que coisa boa...