O Estadão ( que está dando de mil a zero na Folha, ontem teve até uma página sobre 'Billy Budd", dvd de Peter Ustinov já comentado aqui ), publicou ontem uma crônica de Jabor em que ele recorda sua mãe. A vida cotidiana de sua infância/adolescencia, o pai machista. Em certo momento ele fala da tristeza que acompanhava a vida de sua mãe, da tristeza dos móveis da sala. E diferencia a tristeza de então com a "tristeza esquizofrênica" de hoje. Dando a entender que a tristeza de sua mãe era menos violenta, mais gotejante, insistente e suportável. A de hoje seria esquizofrênica por se intrometer na própria alegria, por "parecer" feliz e ser sempre tristonha. Mais, ela vem como vaga de tempestade, destrói e se vai, para retornar mais forte depois.
Não sou da geração de Jabor. Mas sei do que ele fala. Eu não chamaria a tristeza de agora de esquizo, a chamaria de histérica. É uma tristeza nervosa, que nada observa ou usufrui. Tristeza apressada, urgente, tristeza que se alimenta do não- tempo e do não- espaço. Tristeza que ri. A velha tristeza é a simples e extinta melancolia. A clássica melancolia, que não reconhece tempo. Uma melancolia que olha as coisas com saudade, uma tristeza de suspiros e de impotência. Nada nervosa, antes sonolenta. A melancolia só existe no mundo onde a alegria é rara, mas a felicidade possível. A tristeza histérica é o outro lado da moeda do mundo de alegrias constantes e felicidade distante. Uma, a antiga, é a paz triste ou a paz feliz; a atual simboliza uma triste corrida e a alegre disputa.
É tudo uma questão de tempo e espaço.
Existe um site na internet chamado geoportal. Nele, voce vê mapas de 2008 e pode compará-los a mapas fotográficos de 1958 ( em 58 um balão voou sobre SP e fotografou a cidade toda ). O que salta aos olhos é a questão do espaço. A cada quilômetro há espaço livre, sem dono, um horizonte para se esquecer da vida. Vejo que as lembranças que guardo da minha cidade de 1970/1972 não são fantasiosas. Lá estão os limites da cidade sem propriedade, os riachos sinuosos, os horizontes sem fim. E mais, não existem fotos de favelas. Nos limites da metrópole o que existe é mato, árvores, campos de futebol. Um nada que era o tudo verdadeiro. Silêncios.
As imagens da cidade de hoje é uma retilinea maquinária de concreto. Tudo é linha reta, labirinto, horizontes curtos, espaços tomados e vendidos. Nosso corpos conformam-se a esse espaço dominado, curto, racional. Não há respiro, fuga, esquecimento de onde se está. Mundo onde tudo se contabiliza, se mede.
Vivemos em espaços catalogados e restritos, nossa alma é reflexo desse ambiente.
PS: Fato interessante para ser pensado: a internet é um prazer real ou uma necessidade criada artificialmente como foi o cigarro?
Não sou da geração de Jabor. Mas sei do que ele fala. Eu não chamaria a tristeza de agora de esquizo, a chamaria de histérica. É uma tristeza nervosa, que nada observa ou usufrui. Tristeza apressada, urgente, tristeza que se alimenta do não- tempo e do não- espaço. Tristeza que ri. A velha tristeza é a simples e extinta melancolia. A clássica melancolia, que não reconhece tempo. Uma melancolia que olha as coisas com saudade, uma tristeza de suspiros e de impotência. Nada nervosa, antes sonolenta. A melancolia só existe no mundo onde a alegria é rara, mas a felicidade possível. A tristeza histérica é o outro lado da moeda do mundo de alegrias constantes e felicidade distante. Uma, a antiga, é a paz triste ou a paz feliz; a atual simboliza uma triste corrida e a alegre disputa.
É tudo uma questão de tempo e espaço.
Existe um site na internet chamado geoportal. Nele, voce vê mapas de 2008 e pode compará-los a mapas fotográficos de 1958 ( em 58 um balão voou sobre SP e fotografou a cidade toda ). O que salta aos olhos é a questão do espaço. A cada quilômetro há espaço livre, sem dono, um horizonte para se esquecer da vida. Vejo que as lembranças que guardo da minha cidade de 1970/1972 não são fantasiosas. Lá estão os limites da cidade sem propriedade, os riachos sinuosos, os horizontes sem fim. E mais, não existem fotos de favelas. Nos limites da metrópole o que existe é mato, árvores, campos de futebol. Um nada que era o tudo verdadeiro. Silêncios.
As imagens da cidade de hoje é uma retilinea maquinária de concreto. Tudo é linha reta, labirinto, horizontes curtos, espaços tomados e vendidos. Nosso corpos conformam-se a esse espaço dominado, curto, racional. Não há respiro, fuga, esquecimento de onde se está. Mundo onde tudo se contabiliza, se mede.
Vivemos em espaços catalogados e restritos, nossa alma é reflexo desse ambiente.
PS: Fato interessante para ser pensado: a internet é um prazer real ou uma necessidade criada artificialmente como foi o cigarro?