TRÊS CONTOS- HENRY JAMES

OS QUATRO ENCONTROS. James, dentre outras coisas, é o grande autor da impotência, dos planos que dão em nada. Neste conto, o narrador encontra moça que sonha em conhecer a Europa. Isso é uma obsessão para ela. No segundo encontro ela está na Europa e os outros dois encontros prefiro não os contar. James, mestre supremo, leva a história com sua costumeira sutileza, logo visualizamos o narrador, a moça, o ambiente e os outros três personagens decisivos. Uma frase de James exibe sua argúcia: " As pessoas viajam, a maioria, não para encontrar algo de novo, mas apenas para confirmar o que já sabiam."
O DISCÍPULO mostra o lado quase gótico do genial autor anglo-americano. Um professor se envolve afetivamente com jovem aluno e acaba por ser explorado pela decadente família "nobre" do tal aluno. Aqui surge outro aspecto de James, o enredamento da vida, o modo como nos vemos em situações insolúveis sem saber como entramos nessa cilada. Sentimos grande desconforto ao ler esse conto, nos revolta a mansa passividade do professor. Mas é o menos memorável conto do livro. O mais perfeito é O MENTIROSO, uma curta obra-prima de elegante prosa. Fala de um famoso pintor, que em jantar reencontra uma ex paixão. Ela está casada com simpático coronel, homem famoso por seu vicio: a mentira. O narrador passa o conto tentando descobrir se a esposa do mentiroso partilha seu vicio. Aqui é demonstrado outro talento de Henry James, o estilismo, a escrita refinada, bem pensada, cuidadosa. Essa habilidade do autor se transfere ao leitor em prazer de ler. Ninguém me dá maior prazer em leitura.
Bela introdução para novos possíveis leitores desse mestre das letras. Usufrua.