FOR YOUR PLEASURE.... ROXY MUSIC. A BELEZA DA TRISTEZA INFINITA.....

A tristeza é bonita. E não me venham falar de seus porques. A tristeza é bonita se voce souber olhar, ouvir e sentir. Não há motivo. Não é culpa cristã ( quando voce irá crescer. óh tolo infante ), não é repressão ( quando jogarás tuas frases prontas no lixo, óh pequeno inteligentinho ). Eu digo: a tristeza é bela, mas a beleza não é triste. Entendeu ?
Quando a bateria dá alguns toques no silencio absoluto ela anuncia a voz de mr. Ferry. E a voz vem com teclados esparsos que ecoam do fim dos tempos. E tudo aquilo é for your pleasure.
O disco é o segundo do Roxy. 1973. Ano chave em que eles lançariam dois discos da banda e mais um album solo de cada componente. For your pleasure, que é o último com Eno, e Stranded, o primeiro da ditadura Ferry. Os dois são históricos. E escutar aos dois juntos dá uma ideia de tudo o que foi feito desde então no tal pop-rock inglês.
Eu poderia falar da caleidoscópica do the strand. Música que inaugura o atemporalismo premeditado. Música enigma, alegre e rodopiante. Poderia falar de the bogus man, a canção que é simbolo do que é soturno. O gótico, o clima de medo, a tarada voz de Bryan. Eu ainda falaria de editions of you, um hit de coloração matisseana, uma festa de ansiedade rosa-choque. E ainda falaria sobre as canções de névoa branca, os ecos medievais que exalam merlineanos de todo o disco. A profana mistura de rock puro com Sinatra em alma, de rock cabeça alemão com glitter adolescente.
Mas o que faz a coda fatal é a última faixa: for your pleasure é compromisso de amante calejado. Que morre em palavras repetidas e confusão de sons noturnos. Canção que vem de antes que se inventasse a canção. Inumana.
E cada lágrima que derramei um dia por cada mulher adorada fica vingada.
Toda dor de amor existiu para que canções como esta nascessem....