CORAGEM E REMÉDIOS. FIM DE ERA.

Cottardo Calligaris toca num assunto de raspão: toda civilização em estágio terminal torna-se covarde. Ele escreveu ontem sobre essa falta de coragem, essa medrosa reticência das elites de agora. Já não me lembro quem, mas alguém disse que o mundo do futuro seria um mix de spa com hospital. Desde crianças, nossa única fé seria em dietas e pílulas. Na mosca! Mas o buraco é mais profundo.
Toda civilização quando agoniza se torna covarde. Passam a temer o futuro, temer más vibrações, temer a morte. Vivem apenas para a preservação da própria vida ( parece a voce óbvio viver para continuar vivo? És filho de agora! ). O hedonismo surge como único consolo e gerações flácidas desistem de ter filhos e perdem todo vínculo com religião ( verdadeira, religião que obriga a deveres ) ou transcendencia. Viver se faz apenas "sobreviver". Foi assim com os romanos, persas, bizantinos e babilonios. Com aztecas e maoris. As elites dirigentes deixam de ser exemplos e pior, tornam-se patéticas. Seres assexuados, esquálidos, sem vontade ou desejos, histéricos e medrosos. Presas em potencial de corajosos bárbaros, presas de homens com coragem para morrer.
Calligaris fala de que poucas coisas hoje nos fazem correr riscos. Penso na patética segurança da fórmula um, no não-me-toques do futebol, e até penso na guerra moderna, sem vísceras, sangue e corpos mutilados ( veja, detesto a guerra e a violência. Escrevo com razão fria, não com meu coração delicado ). Viver é, para homens e animais, correr riscos, viver e morrer. Quando se foge apavorado de todo risco também se está fugindo de toda vida futura possível. Interrompe-se a corrente da luta. Penso em snowboarders se jogando de montanhas, isso sim, isso é coragem, risco real. Mas penso também em toda essa coragem usada apenas como exibição de coragem, sem um fim que não seja o próprio ato. É coragem verdadeira, bela, mas é um desperdício. Esses atletas correm esse risco porque o mundo não lhes oferece mais nenhuma chance de provação, de risco, de adrenalina natural.
Ah sim... o que me motiva a escrever isto é aquele patético casamento daqueles dois débeis herdeiros da casa real inglesa. Olhe para a cara deles. Herdeiros de reis que precisaram matar e morrer, gritar e sobreviver. Uma elite que era elite POR CORRER OS RISCOS. Ir lá e brigar ( mesmo que fosse uma briga em roubo ou trapaça ). O que eles são agora? Ovelhas de raça? Bonequinhos de porcelana? Triste piada a Inglaterra, país que jamais ousou matar seus nobres, que lhes paga para que continuem a lhes iludir. Grotescamente ridiculo.
Para finalizar, acabo de folhear a revista Caras. Estrelas de Hollywood que estão obviamente doentes, atores com rostos de nenês afeminados, sorrisos falsos. Esses são os modelos? Caraca! Que venha logo o golpe final !