ORGULHO E PRECONCEITO- JANE AUSTEN ( O QUE QUEREM AS MULHERES? )

O romance inglês foi criado por homens, mas o best-seller tal como o entendemos até hoje, foi criação de Jane Austen ( Entendendo que os ingleses de 1800 criaram as bases do mundo que cá está ). Críticos dizem que Austen demonstra que o dinheiro é tudo em nossa vida, outros falam que ela consegue demonstrar tudo o secretamente move nossa vida e nosso desejo. Na verdade ela é mais que isso. Dinheiro é tudo para seus personagens, mas amor e familia também. Tudo vem abraçado, mesclado, e os homens e mulheres que vivem em suas páginas respiram em meio a essa ópera de suaves sentimentos. Há pudor em Austen. As pessoas não falam tudo o que querem e deveriam falar. Elas se guardam, têm medo, são tímidas. E esse é o primeiro motivo que torna Austen básica para nosso dias: ela resgata nossa timidez, esse maravilhoso sentimento em extinção. Mas há muito mais. Uma personagem como Mr.Darcy nos revela muito do que significa ser um homem heróico em época industrial. Não mais o soldado, não mais o desbravador. O herói é o homem que resolve problemas de forma discreta, eficiente, com sabedoria e ação certa. Até agora, 2011, esse é o tipo ideal de 99% das mulheres, o elegante discreto, de fala correta e segura, que resolve problemas, que sabe o que fazer quando as coisas parecem perdidas. Ele nada tem de poético, de apaixonado, não se arrisca inutilmente, ele é prático. A heroína é Elizabeth Bennet. Inteligente, viva, dura, ela não é uma flor e nem um objeto sexual. Ela pensa. E pensa e pensa. O que faz com que ela se apaixone por Darcy? Esse é o centro e o momento mais genial de Austen. Elizabeth, que via Darcy como um orgulhoso snob, se apaixona ( sem drama algum ), ao conhecer sua nobreza, sua bondade, mas ao mesmo tempo ao conhecer o palácio em que ele vive. Há um perfeito equilibrio entre amor à pessoa e amor ao que ela tem. Desejo pelo homem e necessidade de segurança. Jane Austen nos revela o amor da mulher. E ela também mostra que quando o amor feminino é apenas desejo fisico, ele se faz capricho. Elizabeth tem uma irmã que se encanta apenas por belos soldados, por roupas bonitas e por bela conversa. Futil, ela vive para comprar coisas, ir a festas e namorar bonitos rapagões. É uma baladeira de hoje. Seu destino é um casamento tonto, sem substância alguma a não ser dar mais festas e comprar mais vestidos. Jane Austen tem um estilo que nada revela de visual. Ela não descreve nada. Não sabemos como os personagens se parecem, como se vestem, como são suas casas. Ela apenas diz o básico, fala que as casas são imensas e que eles são jovens. Austen se concentra nos diálogos e nisso ela é fantástica. Não há um único diálogo desinteressante. Eles conseguem ser brilhantes e sempre naturais, não parecem forçados. É um prazer ouvir o que todos eles têm a dizer. É em suas falas que eles se revelam, mesmo passando todo o tempo imersos em timidez. Jane Austen é desde sempre adorada pelo nosso tempo e pelo cinema. Seus livros têm tudo o que nos interessa: dinheiro, amor, desejo, humor e elegancia discreta. Vivemos na era mais anti-Jane Austen possível, e é exatamente por isso que a amamos. Ela foi uma deusa do entendimento e da compreensão. Ler seus livros nos faz muito mais sábios e felizes.