FORD/ BOND/ HAWKS/ FRITZ LANG/ PAUL NEWMAN/ WOLVERINE

RASTROS DE ÓDIO de John Ford com John Wayne, Jeffrey Hunter, Vera Miles e Ward Bond
Após assistir e me apaixonar por tantos filmes ( filmes esses que vão desde Buster Keaton e Carl Dreyer até Clint Eastwood e Joe Wright ) se torna impossível imaginar qual meu filme favorito. A última vez que arrisquei essa opinião votei em O Atalante de Jean Vigo, para logo em seguida me arrepender ao lembrar de mais 100 filmes que poderiam ocupar esse lugar. Dito isso, afirmo que Rastros de Ódio, se não é meu filme favorito, é aquele que mais me emociona, mais me ensina e mais importancia tem no desenvolvimento de meu gosto estético. Se voce quer ler sobre ele, há uma critica por aí.... Nota INFINITAMENTE ALTA.
O SATÂNICO DR NO de Terence Young com Sean Connery e Ursula Andress
O primeiro filme de Bond já possui algumas das marcas que o acompanhariam até Daniel Craig. Matar sem pensar e transar com todas as mulheres possíveis sendo as principais. Atualmente a violencia é maior e o sexo é ínfimo. Mas este 007 ainda é feito num estilo que tenta ser Hitchcock. A ênfase é para o suspense e não para a ação pura. Sean Connery nasceu para ser James Bond. Ele é seco e elegante. Como um dry martini. Longe de ser o melhor da série, tem belas imagens de uma Jamaica que não mais existe. Ursula surge aqui como o molde de todas as futuras Bond-girls. Nota 6.
RIO VERMELHO de Howard Hawks com John Wayne e Montgomery Clift
Faroeste lendário de Hawks, que é bom, mas não me toca tanto quanto outros filmes desse diretor imenso. O que se percebe é a esquizo do elenco: John Wayne com seu estilo "antigo" de interpretar e Clift criando o estilo Actors Studio, que é predominante até hoje ( o filme é de 1948 ). Sabe-se que Wayne transformou a vida de Clift num inferno durante as filmagens. Ele não perdia uma chance de zombar de seu jeito efeminado. O que vemos é o estilo antigo de Wayne, estilo em que o ator interpreta o personagem como um ideal, uma visão simbólica do personagem; e o novo estilo de Clift ( que é o precursor de Brando e Dean ) onde o ator procura ser "real", onde se espirra no meio de uma fala, se coça o nariz antes de se montar no cavalo ou se tropeça ao caminhar. Todos até hoje devem a popularização desse estilo a Monty Clift. O filme é o embate entre esses dois mundos e sobre a rivalidade entre cowboy veterano e garoto novato. Hawks conduz com sua leveza habitual. Há quem o considere ( Tarantino e Inácio Araújo entre eles ) um dos três melhores filmes já feitos. Eu não. Nota 7.
O ÚLTIMO PISTOLEIRO de Don Siegel com John Wayne e Lauren Bacall
Em 1976 John Wayne, já tendo apenas um pulmão, lutava contra seu câncer. Este acabou sendo seu último filme, e há quem o considere a mais bela despedida do cinema já vivida por qualquer ator. Quem dirige é o homem que criou Dirty Harry e no elenco vemos Ron Howard, o futuro diretor de Appolo 13, Cocoon e Ed Tv. O roteiro fala de um velho cowboy que se hospeda em hotel para morrer em paz ( tem câncer ). Seu médico é feito por James Stewart. Mas seu passado de vingador não o larga e ele terá de lutar mais uma vez. O filme corria um risco imenso de ser piegas, apelativo, desagradável. Não é fácil, mas acaba superando seus imensos obstáculos. John Wayne não nos dá pena, dá saudade. Nota 6.
SCARFACE de Howard Hawks com Paul Muni e George Raft
O filme original, de 1932. E que filme!!!!! A violência é absurda para a época. Tanta gente é metralhada e o som dos tiros é tão alto que o efeito é de histerismo total. Muni faz o persoangem como uma espécie de simio deslumbrado pela violência ( ele ama o que faz ) e que guarda um amor incestuoso pela irmã. E o que vemos é a escalada desse gangster ao topo, matando, rindo, traindo, ousando. Sua queda é rápida e sem drama nenhum. Hawks dirige em seu modo simples, rápido, sem frescura. Dá uma aula de estilo. Este filme criou Scorsese, Coppola, Tarantino, De Palma, Melville e Walsh. É pouco ? Nota DEZ.
FORTY GUNS de Samuel Fuller
Os criticos de tendencia francesa adoram Fuller. Chegam a chamá-lo de gênio. Eu me irrito muito com ele. Veja este filme: é um western. Mas há uma cena em que seis cowboys tomam banho em tinas e cantam. E não é para ser uma comédia!!!! Em outra cena um cara aponta a arma para outro, e a câmera mostra o outro focando por dentro do cano da pistola!!! Todo o filme é assim, Fuller sempre mostrando o quanto é genial. Me irrita.... Nota 1.
O RETORNO DE FRANK JAMES de Fritz Lang com Henry Fonda
Excelente. O melhor diretor da Alemanha, após fugir do nazismo, triunfa maravilhosamente em Hollywood. Lang tem carreira longa e exemplar. Poucos de seus muitos filmes são menos que ótimos. Aqui vemos o irmão de Jesse James, que tenta ter vida pacata, partindo para matar os assassinos de seu irmão ( eles foram absolvidos pela justiça ). Henry Fonda foi talvez o melhor ator americano. Agora que a América começa a terminar, sentimos a forma como ele encarna o grande americano. Seu olhar e sua voz são tudo aquilo que todo cidadão queria ter sido e ter possuido. A imagem ideal do americano como herói pacifico. Só ele conseguiu fazer isso. O filme é, como são os melhores filmes de Lang na América, sem erros. Se lhe falta o brilho de seus primeiros filmes de denuncia social ( também feitos com Fonda e absolutamente geniais ), ele tem o bastante para despertar um desejo de quero mais. Nota 8.
UM DE NÓS MORRERÁ de Arthur Penn com Paul Newman
Paul Newman entre 1958/1975 dominou completamente o cinema americano. Não teve pra ninguém. Seus concorrentes eram Warren Beatty, Steve McQueen e Robert Redford, mas ele batia todos com facilidade. Depois, a partir de 1970, também bateu em Dustin Hoffman, Jack Nicholson e Gene Hackman. Neste western, do futuro diretor de Bonnie e Clyde, ele tem uma atuação estupenda. Faz o jovem Billy The Kid como um adolescente burro, hiper-ativo, meio desastrado e cheio de tiques. Vemos um bandidinho real em nossa frente, reles, pé de chinelo. Precisaríamos esperar 15 anos para ver outro bandido vagabundo tão bem interpretado ( por De Niro em Mean Streets ). Acompanhamos com emoção a vida tola e vazia desse moleque perdido. O filme, de 1958, foi um fracasso na época. Estava anos adiante de seu tempo. Billy é visto como Clyde em Bonnie e Clyde, um bronco charmoso sem noção do que faz. Nota 8.
WOLVERINE de Gavin Hood com Hugh Jackman
Na falta de atores machos hoje ( Clint Eastwood aos 35 anos seria um Wolverine perfeito ), Jackman se vira como pode. Mas seu Wolverine é pouco duro e nada sujo. Ás vezes se parece com um garoto brincando de ser Charles Bronson ( e Lee Marvin ou James Coburn também nasceram para ser Wolverine ). O filme, que começa bacaninha, depois cai bastante e chega a enjoar. Mas é melhor que o X Men 3, porque ele não tem aquela pretensão anti-racista do X Men. Nunca tenta ser o que não é. Nota 5.
BABYLON AD de Mathieu Kassovitz com Vin Diesel, Gerard Depardieu e Charlotte Rampling
Diesel em papel sob medida para Jason Statham. Não funciona. O filme, que ainda tem Michelle Yeou, é daqueles que mostra o futuro "russificado". Gangues dominam tudo. Kassovitz é o tipo de francês que pensa que ser moderno é ser chocante ( uma das primeiras cenas mostra o herói cortando e comendo um gato frito ) e que fazer arte é ser o mais complicado possível ( que é uma visão jeca. Aquela crença em que tudo que é arte é dificil ). O filme é uma mixórdia que mistura ação com filosofices, misticismos e que tais. Não tem nenhum sentido. Nota 3. ( pelo visual ).
OS REIS DE DOGTOWN de Catherine Hardwicke com Emile Hirsch, Heath Ledger, James Robinson, Nikki Reed, Johnny Knoxville e Victor Rasuk
Maravilhoso. De total simplicidade, retrata a adolescencia como ela é. Um filme para se guardar ao lado de Quase Famosos como retratos perfeitos de uma época de imperfeição. Lindo, lindo, lindo...assista e creia. Voce vai se apaixonar. Nota DEZ, com suavidade....