O MONÓCULO, CONTO DE ALDOUS HUXLEY

Um homem usa um monóculo. Rico, jovem, ele anda pela rua na Londres de 1925. E se sente confuso. O monóculo foi comprado como um disfarce. Com ele, sua intensão era criar um "tipo", parecer mais seguro. Mas ele sente que para as pessoas pobres ele parece tolo e para seus amigos ricos, um pretensioso. Vai à uma festa e não entende o que faz lá. Um sulafricano bêbado zomba de sua cara, um amigo lhe quer tirar dinheiro e a moça que ele quer está envolvida com o sulafricano. Vai com um amigo para a rua, já bêbado e pensa, pensa, pensa.... --------------- Huxley faz aqui um conto de mestre. Entenda, escrever um conto perfeito é uma arte rara. Conseguir dizer tudo e conseguir criar personalidades reais em poucas páginas é ato de que domina uma técnica. Completamente. Entendemos tudo sobre o narrador, sua culpa por ser rico, o fato de não se sentir bem em ambiente nenhum, sua sovinice, sua falta de força. Ao mesmo tempo entendemos o quanto a reunião dos amigos lhe é insuportável, a chatice das pessoas repetindo sempre as mesmas piadas, os mesmos elogios, os mesmos gestos. Ele é um inadaptado, um outsider e este é um dos melhores contos dos anos 20, tempo em que se escreveram os melhores contos da história. Isso porque foi um tempo de extrema transição, de revoluções, de novas modas, de liberação total. Tudo o que voce acha que aconteceu nos anos 60 e 70 foi plantado nos anos de 1920. Leia e se delicie.