OS ANOS 20 - EDMUND WILSON
Que bagunça! Leon Edel pega os cadernos de Edmund Wilson, seus diários dos anos 20, e os organiza para publicar. O que temos é uma confusão. Wilson não teve tempo para jogar fora e manter, filtrar e dar forma aquilo que podia ser feito livro. O que temos são frases, pensamentos e descrições, algumas bem interessantes, a maioria repetitiva. ------------------- Wilson foi crítico central nos EUA da primeira metade do século XX. Ele foi a maior influência sobre Paulo Francis em estilo, mas não em gosto. ( Francis gostava de se imaginar herdeiro de George Bernard Shaw, não foi ). É um modo agradável de escrever, cheio de fofocas, de excelente cultura e cosmopolita ao máximo. Há algumas tiradas neste livro, em meio às infindáveis descrições de festas, mulheres, porres e desilusões: O Homem é um ser pensante assustado pela imensidão do Cosmos. Somos a única consciência a olhar o espaço frio e sem fim. ------------------- Wilson fala também sobre o problema central do romance: é sempre uma única mente, a do autor, vendo o mundo com seus olhos e tentando criar no romance a justificativa ao seu modo particular de pensar e de sentir. Não há como existir um livro realista ou verdadeiro, pois é uma mente particular tentando criar algo de coletivo. ---------------------- Edna Millay, poetisa americana, casamenteira infiel, bela e ninfomaníaca, foi o amor mais insistente de Wilson. Não podia dar certo, ela o esnobava. Há vários casos dele neste livro, ele era mulherengo, assim como belas descrições da vida em Yale e Harvard. Wilson queria ser romancista e poeta, se tornou um grande crítico. Ele ajudou os EUA a entenderem Joyce, Proust e Eliot, criou público para autores pouco lidos então e deu justo valor a Turgueniev e Anatole France. Não foi pouca coisa.