ÊXTASE DA TRANSFORMAÇÃO - STEFAN ZWEIG
Stefan Zweig morreu no Rio de Janeiro em 1942. Ele e a esposa se mataram, juntos, no Copacabana Palace. Tendo fugido da Europa de Hitler, Zweig acreditou que o mundo se tornaria Nazi, que a Alemanha iria vencer e assim, apavorado, ele saiu da vida. Não estranhe, em 1942 apenas Churchill tinha a certeza de que os nazis perderiam. ---------------- Stefan Zweig, parte e amigo da cena de Viena da virada do século XX, foi um autor bastante popular. Nas décadas de 1910-1920-1930, ele era um best seller. Tanto que o cinema adorava levar seus contos e peças para as telas. Dentre sua imensa produção há de biografias, ele escreveu várias, até romances. Como todo autor de língua alemã, ele amava as descrições. Seu estilo é aquele realismo frio, que detalha a cor das paredes, a testura do tapete, os desenhos nas xícaras. Nesse mundo vienense, de seus amigos Freud e Schnitzler, o sexo é centro de tudo. Ele é dinheiro, doença e um jogo. Hoje ele não parece mais tão chocantemente real, mas sua bisavó o lia como autor " muito adulto". ----------------- Brasil, País do Futuro foi seu último livro. --------------- Neste, que acabo de ler, ele conta a história de uma menina pobre que conhece a vida dos ricos e muda seu modo de ser. É um tema nada original, aqui desenvolvido com cuidado e distanciamento. Há algo de árido nesta história, o pessimismo é absoluto. Sabemos que tudo dará errado porque deve dar errado. O destino, tema tão alemão, brinca com a jovem tímida que se perderá. Não há como não ser assim. ----------------- Eu, particularmente, não gosto desse estilo de escrita. Não há oxigênio. Eu sinto Zweig como um autor crispado. Esse seu modo saiu de moda nos anos de 1950, época que pediu autores mais livres, criativos, menos detalhistas. Mas atualmente ele tem voltado a ser lembrado. Zweig, como toda a Viena de então, se tornaram presentes na virada de mais um século, o XXI. É isso.