O QUARTETO DE ALEXANDRIA, LIVRO IV : CLEA. LAWRENCE DURRELL

Justine. Balthazar. Mountolive. E agora Clea. Chego ao último volume do Quarteto. E se nos três primeiros o que vemos é um tempo que se repete, ações vistas por vários angulos, cada volume dando ênfase à um tema, um grupo de personagens. Clea é diferente. Aqui o tempo anda e chega a correr. Os personagens envelhecem, alguns morrem, o tempo modifica percepções, lugares, visões. Há fatalismo, acidentes, coincidências. Tudo narrado por Darley, um escritor inglês perdido no Egito, um escritor que descobre não querer mais escrever. O romance tem aquilo que vejo como um defeito: corre demais no final. Sentimos claramente que Durrell, após mais de mil páginas divididas pelos quatro volumes, cansa do enredo. Ele cria acidentes, precipita mudanças, inverte expectativas. Isso me incomoda. Mas agora, pensando melhor, imagino que talvez Durrell tenha desejado demonstrar a ação da "sorte", o destino como força incontrolável, absurda, cômica, ridícula. Sentirei saudades dos personagens. Do cheiro de Alexandria, das descrições longas da cidade, das suas pessoas, dos seus ruídos. Se todo grande livro nos faz viver dentro dele, Durrell nos faz nos quatro livros conhecer sua Alexandria, a cidade porto do Egito de 1940, cidade que era Europa, Asia e Africa, cidade grega e árabe, cidade caravana.