O livro de David Buckley sobre o Kraftwerk é uma das coisas mais ricas que já li. Há tanta cultura, tanta informação, tantos insights sobre a vida de hoje que não temo dizer ser obrigatória sua leitura. Estou tomado pelo livro.
Buckley e seus entrevistados, e são muitos, confirmam algo que sempre comento: a música pop como invenção acabou em 1983. Nunca mais surgiram movimentos que nos fizessem dizer: " Nossa! Isso é completamente novo! Não tem nada que lembre algo do passado!"
E olhe que em 1983 surgiram 3 movimentos completamente novos...
Eu já era adulto em 83 e portanto lembro bem do clima daquele tempo. Mais que isso, em 83 estive na Europa e recordo claramente do clima de novidade absoluta que havia lá. Nas roupas, filmes, música, hábitos, havia uma busca ansiosa por ser ORIGINAL. A Europa estava tão pobre, bagunçada, perdida, que todos se voltaram para dentro do EU e daí tentavam inventar um mundo alternativo. ( Hoje quando o mundo parece mal a tendência é se voltar para dentro da NET ).
Buckley diz que o mundo analógico tem começo e fim, antes e depois. Era portanto um mundo onde a história andava para a frente. No mundo digital tudo é circular e então a música se torna uma repetição eterna. As coisas são retomadas e revisitadas e o passado e o agora se tornam iguais.
Eu sempre defendi o círculo, mas o livro me faz pensar em como esse círculo pode ser perverso. Meu saudosismo, vencedor neste mundo em que ver o novo filme dos Vingadores é tão fácil como ver o mais raro filme de 1920, traz em sua sombra a repetição ao infinito do filme de 1920 e dos Vingadores.
O que me leva a dizer que em 1983 eu estava do lado errado da briga. Eu defendia as guitarras, o rock dos anos 60, a tradição. Por isso sei o quanto a NEW MUSIK era perigosa, irritante, odiosa, NOVA. Ela ameaçava transformar bandas de 5 anos de idade em dinossauros, e clássicos com 12 anos de gravação em peças de vovô.
Em 1984 mudei, descobri a excitação da novidade e me entreguei ao mundo do futuro. Vendi meus discos de 1968, 1969 e acompanhava revistas, programas de rádio, festas que anunciassem o futuro. Nunca me senti tão vivo.
David Buckley diz que tudo acabou em 1985, que esse sopro modernista durou apenas de 1979 à 1985. E como bem me lembro, e comigo aconteceu exatamente assim, REM, Smiths, Lloyd Cole, Church e U2 traziam em si a nostalgia do rock de sempre, o arroz com feijão das bandas sensíveis, os temas repisados, a atitude de 1965, o passado.
E desde então o rock passa a ser saudade, e a música moderna se torna uma repetição sem fim daquilo que fora um dia novo...ou seja, a música moderna se torna repetição.
Toda essa informação está apenas em UM capítulo desse livro admirável.
Buckley e seus entrevistados, e são muitos, confirmam algo que sempre comento: a música pop como invenção acabou em 1983. Nunca mais surgiram movimentos que nos fizessem dizer: " Nossa! Isso é completamente novo! Não tem nada que lembre algo do passado!"
E olhe que em 1983 surgiram 3 movimentos completamente novos...
Eu já era adulto em 83 e portanto lembro bem do clima daquele tempo. Mais que isso, em 83 estive na Europa e recordo claramente do clima de novidade absoluta que havia lá. Nas roupas, filmes, música, hábitos, havia uma busca ansiosa por ser ORIGINAL. A Europa estava tão pobre, bagunçada, perdida, que todos se voltaram para dentro do EU e daí tentavam inventar um mundo alternativo. ( Hoje quando o mundo parece mal a tendência é se voltar para dentro da NET ).
Buckley diz que o mundo analógico tem começo e fim, antes e depois. Era portanto um mundo onde a história andava para a frente. No mundo digital tudo é circular e então a música se torna uma repetição eterna. As coisas são retomadas e revisitadas e o passado e o agora se tornam iguais.
Eu sempre defendi o círculo, mas o livro me faz pensar em como esse círculo pode ser perverso. Meu saudosismo, vencedor neste mundo em que ver o novo filme dos Vingadores é tão fácil como ver o mais raro filme de 1920, traz em sua sombra a repetição ao infinito do filme de 1920 e dos Vingadores.
O que me leva a dizer que em 1983 eu estava do lado errado da briga. Eu defendia as guitarras, o rock dos anos 60, a tradição. Por isso sei o quanto a NEW MUSIK era perigosa, irritante, odiosa, NOVA. Ela ameaçava transformar bandas de 5 anos de idade em dinossauros, e clássicos com 12 anos de gravação em peças de vovô.
Em 1984 mudei, descobri a excitação da novidade e me entreguei ao mundo do futuro. Vendi meus discos de 1968, 1969 e acompanhava revistas, programas de rádio, festas que anunciassem o futuro. Nunca me senti tão vivo.
David Buckley diz que tudo acabou em 1985, que esse sopro modernista durou apenas de 1979 à 1985. E como bem me lembro, e comigo aconteceu exatamente assim, REM, Smiths, Lloyd Cole, Church e U2 traziam em si a nostalgia do rock de sempre, o arroz com feijão das bandas sensíveis, os temas repisados, a atitude de 1965, o passado.
E desde então o rock passa a ser saudade, e a música moderna se torna uma repetição sem fim daquilo que fora um dia novo...ou seja, a música moderna se torna repetição.
Toda essa informação está apenas em UM capítulo desse livro admirável.