Magistral, maravilhosamente bem escrito, viciante, obrigatório para todos que gostam de rock, e muito, muito melancólico...
Falo mais do livro abaixo, mas agora ( acabo de terminar sua leitura ), fica um gosto azedo na boca. Porque o livro é um belo romance acima de tudo, uma história real e romantica, uma história que traz a nossa cabeça, a nós romanticos-roxy-incuráveis, uma sensação de que Bowie, Lou, Iggy, Cale, Patti Smith, Marc Bolan, Nico, não realizaram nem metade daquilo que podiam ter feito. E não porque eles se drogaram demais. O livro deixa claro que se Lou não tivesse caído de boca na vida sua arte seria outra. Idem para Iggy. O excesso e a droga era parte de seu ser. Não é isso. O amargo vem da certeza que o livro passa de que a vida é limitada, de que não se pode, ninguém, realizar todo seu potencial. E lemos então o monte de planos que Bowie não conseguiu realizar. Seus fracassos gigantescos, sua falência financeira ( tudo em 1974 ), a colaboração com Marc Bolan que nunca rolou, a briga terrível com Lou Reed, a partida de Mick Ronson...
Mas também existem os sucessos. A mágica ida a Berlim, Iggy, David e Eno descobrindo a cidade, o submundo, as boates de dragqueens, o clima do filme Cabaret. O disco com o Kraftwerk que quase rolou, as gravações de Idiot e de Low, os discos que mudaram o mundo da música para sempre. Ambos gravados por Iggy e David juntos.
Os excessos de Iggy. Os Stooges prontos para estourar e Iggy destruindo tudo com cenas de sangue, mutilação, ofensas dirigidas a platéia, apanhando do público, se fazendo de a banda mais odiada do mundo. E Bowie o salvando, Iggy que chegou a roubar comida para poder viver ( em 1975... ) As orgias com meninas de 15 anos...
E Lou...o cara que mostrou ser possível ter uma carreira sendo aquilo que voce é. Mergulhado em perversões, drogas, brigas, falando sempre o que não devia ser dito... e sempre indo em frente...
O livro acaba em 1980. Que é quando a carreira dos 3 se congela. Lou Reed está por baixo, e Bowie o chama para conversar. Ele quer fazer, mais uma vez, um disco de renascimento, como foi Transformer, para aquele que é afinal seu mentor. Alguns jornalistas vão ao encontro, num restaurante, os dois estavam brigados a anos. Conversam amigavelmente, parece que o disco vai sair...Mas de repente Lou espanca Bowie e grita com ele...E o encontro vira uma briga onde várias pessoas os separam. Porque? Porque Bowie tocou no único assunto que Lou não admitia: pediu para ele parar de detonar antes de começarem as gravações. Lou se foi...Bowie partiu para Lets Dance...
Dave Thompson escreve então a última frase do livro, e aí vemos como ele escreve bem:
"David Bowie foi atrás de Lou Reed, e de Iggy também, exatamente porque os dois tinham a ira, a coragem e a audácia que o jovem Bowie tanto admirava. E as drogas faziam parte de todo esse pacote. Pedir para deixar isso de lado era como uma traição aquilo que Lou era. Hipocrisia.
Voce tem de ler este livro. Ele vai grudar em voce. Apaixonante...
Falo mais do livro abaixo, mas agora ( acabo de terminar sua leitura ), fica um gosto azedo na boca. Porque o livro é um belo romance acima de tudo, uma história real e romantica, uma história que traz a nossa cabeça, a nós romanticos-roxy-incuráveis, uma sensação de que Bowie, Lou, Iggy, Cale, Patti Smith, Marc Bolan, Nico, não realizaram nem metade daquilo que podiam ter feito. E não porque eles se drogaram demais. O livro deixa claro que se Lou não tivesse caído de boca na vida sua arte seria outra. Idem para Iggy. O excesso e a droga era parte de seu ser. Não é isso. O amargo vem da certeza que o livro passa de que a vida é limitada, de que não se pode, ninguém, realizar todo seu potencial. E lemos então o monte de planos que Bowie não conseguiu realizar. Seus fracassos gigantescos, sua falência financeira ( tudo em 1974 ), a colaboração com Marc Bolan que nunca rolou, a briga terrível com Lou Reed, a partida de Mick Ronson...
Mas também existem os sucessos. A mágica ida a Berlim, Iggy, David e Eno descobrindo a cidade, o submundo, as boates de dragqueens, o clima do filme Cabaret. O disco com o Kraftwerk que quase rolou, as gravações de Idiot e de Low, os discos que mudaram o mundo da música para sempre. Ambos gravados por Iggy e David juntos.
Os excessos de Iggy. Os Stooges prontos para estourar e Iggy destruindo tudo com cenas de sangue, mutilação, ofensas dirigidas a platéia, apanhando do público, se fazendo de a banda mais odiada do mundo. E Bowie o salvando, Iggy que chegou a roubar comida para poder viver ( em 1975... ) As orgias com meninas de 15 anos...
E Lou...o cara que mostrou ser possível ter uma carreira sendo aquilo que voce é. Mergulhado em perversões, drogas, brigas, falando sempre o que não devia ser dito... e sempre indo em frente...
O livro acaba em 1980. Que é quando a carreira dos 3 se congela. Lou Reed está por baixo, e Bowie o chama para conversar. Ele quer fazer, mais uma vez, um disco de renascimento, como foi Transformer, para aquele que é afinal seu mentor. Alguns jornalistas vão ao encontro, num restaurante, os dois estavam brigados a anos. Conversam amigavelmente, parece que o disco vai sair...Mas de repente Lou espanca Bowie e grita com ele...E o encontro vira uma briga onde várias pessoas os separam. Porque? Porque Bowie tocou no único assunto que Lou não admitia: pediu para ele parar de detonar antes de começarem as gravações. Lou se foi...Bowie partiu para Lets Dance...
Dave Thompson escreve então a última frase do livro, e aí vemos como ele escreve bem:
"David Bowie foi atrás de Lou Reed, e de Iggy também, exatamente porque os dois tinham a ira, a coragem e a audácia que o jovem Bowie tanto admirava. E as drogas faziam parte de todo esse pacote. Pedir para deixar isso de lado era como uma traição aquilo que Lou era. Hipocrisia.
Voce tem de ler este livro. Ele vai grudar em voce. Apaixonante...