É muito impressionante. A primeira imagem é de uma reportagem de 1973, onde se anuncia que o Led Zeppelin, em tour pelos USA, andava quebrando todos os recordes dos Beatles em shows. Daí se vê o palco escuro. De repente a explosão de um riff. Voce sabe, aquele tipo de riff que apenas Jimi Page consegue tocar. Mais que isso, o som metálico, sinfônico da Gibson, o som de puro volume, de estridência semi-indisciplinada, o som do Led Zeppelin. Eles estão no palco, um palco pequeno, sem frescuras, porque a banda sempre se garantiu pelo som. E a gente sabe, estamos lá para ver os caras.
A vida inteira tenho repetido que minha banda favorita se chama Rolling Stones. Mas o Led Zeppelin é como uma familia para mim. E os caras só me lembram bons momentos. Sério, nunca tive um momento ruim ouvindo Led Zeppelin, e que coisa mágica, recordo a primeira vez em que escutei cada um dos discos deles. Sim, desde o primeiro que comprei, o Led II, até o último, In Through The Outdoor. Lembro com detalhes do lugar onde ouvi, o que senti, quem estava comigo, como estava o tempo, que horas eram. Isso só acontece com eles. Dos Stones só me recordo da primeira vez em que ouvi It'Only Rocknroll, do Roxy só de Avalon. Dizem que esse tipo de memória significa amor. Well, foi o que senti ontem. A segunda música do show foi Ramble On e nessa hora meus olhos ficaram molhados.
Todo show de veterano tem muito de prestação de tributo. Voce aplaude e se emociona com aquilo que eles representam em sua vida e não com aquilo que eles fazem ali, naquele segundo. O Led Zeppelin me surpreendeu, é um grande show! Jimi Page continua se arriscando. As músicas da banda são muito dificeis de tocar ao vivo, todas são obras de estúdio, e Jimi se vira como só ele pode. Sola, dá riffs, harmoniza. Erra muito, acerta muito, alucina. O ataque que ele executa é único. Mesmo coroa, ele faz muito barulho, solta ruídos, piruetas. O slide em In My Time of Dying é divino. E além de tudo lá está John Paul Jones, o gênio. Ele manda bala com seu dedo. Toca baixo com um dedo esticado e fica inquieto, é essa uma das melhores coisas do show, JP Jones fica tenso, há ali, ainda, um certo receio, no rosto do contrabaixista se percebe uma dúvida: será que Jimi vai se perder? Jones é um maestro, o melhor baixo da história do rock.
Cada música é um desafio. Assisti o show com um músico ao lado e ele me conta como é dificil tocar aquele repertório. As músicas mudam de andamento todo o tempo, há paradas e retornos, voltas e sinuosidades, riscos constantes. São músicas que convidam ao erro, a anarquia, armadilhas. Eles não se perdem.
Robert Plant é o cara boa-gente. Perdeu o sex-appeal, perdeu parte da voz. Compensa com inteligência. Coloca a voz no ponto exato e sabe poupar. Fica no palco como um dos fãs. Se diverte e jamais passa a impressão de estar com o ego inflado. Poderia. Ele tem esse direito. ( E falo aqui de Jason. Ele tocou como seu pai. Sem o peso do old John Bonham, mas fez justiça ao pai. )
Misty Montain Hop foi o auge do show. Puro fun.
O público esteve em transe. Há algo de sublime naquela audiência. Sei o que é: a consciência de se estar num momento histórico. É um dos melhores shows já vistos. Espertamente eles não farão outro. Seria um anticlimax.
O Led Zeppelin sempre foi uma banda muito bem dirigida. Se expunham pouco. Não lançavam singles, não apareciam na TV, pararam quando Bonham morreu. Quem quiser saber o que eles significam para minha geração basta ver QUASE FAMOSOS. Tá tudo lá.
Recentemente os Stones fizeram um bom show de 50 anos da banda. Foi bacana, mas não foi emocionante. Eles são tão cool, tão blasé, que a emoção sempre é a de se estar numa festa e apenas isso.
No show do Led Zeppelin vi muito mais que isso. Risco, celebração, reencontro com amigos, amor, muita, muita emoção. É a maior banda da história do rock. E o mais lindo é que desde o começo, lá nos idos de 1968, Jimi, John, Plant e Bonham sabiam disso. Eles entraram no rock como arrogantes deuses gregos de falo ereto. E saem como senhores muito relax, que sabem fazer e sabem dar, possuem fé em si-mesmos e tem a plena convicção de que após tantos anos e tantas bandas, Clash, Oasis, Aerosmith, Queen, Metallica, U2, são eles ainda o Led Zeppelin, os originais, os machos, os donos da coisa, o modelo a ser seguido ou a ser negado. A maior das bandas. Amo esses caras. Valeu.
A vida inteira tenho repetido que minha banda favorita se chama Rolling Stones. Mas o Led Zeppelin é como uma familia para mim. E os caras só me lembram bons momentos. Sério, nunca tive um momento ruim ouvindo Led Zeppelin, e que coisa mágica, recordo a primeira vez em que escutei cada um dos discos deles. Sim, desde o primeiro que comprei, o Led II, até o último, In Through The Outdoor. Lembro com detalhes do lugar onde ouvi, o que senti, quem estava comigo, como estava o tempo, que horas eram. Isso só acontece com eles. Dos Stones só me recordo da primeira vez em que ouvi It'Only Rocknroll, do Roxy só de Avalon. Dizem que esse tipo de memória significa amor. Well, foi o que senti ontem. A segunda música do show foi Ramble On e nessa hora meus olhos ficaram molhados.
Todo show de veterano tem muito de prestação de tributo. Voce aplaude e se emociona com aquilo que eles representam em sua vida e não com aquilo que eles fazem ali, naquele segundo. O Led Zeppelin me surpreendeu, é um grande show! Jimi Page continua se arriscando. As músicas da banda são muito dificeis de tocar ao vivo, todas são obras de estúdio, e Jimi se vira como só ele pode. Sola, dá riffs, harmoniza. Erra muito, acerta muito, alucina. O ataque que ele executa é único. Mesmo coroa, ele faz muito barulho, solta ruídos, piruetas. O slide em In My Time of Dying é divino. E além de tudo lá está John Paul Jones, o gênio. Ele manda bala com seu dedo. Toca baixo com um dedo esticado e fica inquieto, é essa uma das melhores coisas do show, JP Jones fica tenso, há ali, ainda, um certo receio, no rosto do contrabaixista se percebe uma dúvida: será que Jimi vai se perder? Jones é um maestro, o melhor baixo da história do rock.
Cada música é um desafio. Assisti o show com um músico ao lado e ele me conta como é dificil tocar aquele repertório. As músicas mudam de andamento todo o tempo, há paradas e retornos, voltas e sinuosidades, riscos constantes. São músicas que convidam ao erro, a anarquia, armadilhas. Eles não se perdem.
Robert Plant é o cara boa-gente. Perdeu o sex-appeal, perdeu parte da voz. Compensa com inteligência. Coloca a voz no ponto exato e sabe poupar. Fica no palco como um dos fãs. Se diverte e jamais passa a impressão de estar com o ego inflado. Poderia. Ele tem esse direito. ( E falo aqui de Jason. Ele tocou como seu pai. Sem o peso do old John Bonham, mas fez justiça ao pai. )
Misty Montain Hop foi o auge do show. Puro fun.
O público esteve em transe. Há algo de sublime naquela audiência. Sei o que é: a consciência de se estar num momento histórico. É um dos melhores shows já vistos. Espertamente eles não farão outro. Seria um anticlimax.
O Led Zeppelin sempre foi uma banda muito bem dirigida. Se expunham pouco. Não lançavam singles, não apareciam na TV, pararam quando Bonham morreu. Quem quiser saber o que eles significam para minha geração basta ver QUASE FAMOSOS. Tá tudo lá.
Recentemente os Stones fizeram um bom show de 50 anos da banda. Foi bacana, mas não foi emocionante. Eles são tão cool, tão blasé, que a emoção sempre é a de se estar numa festa e apenas isso.
No show do Led Zeppelin vi muito mais que isso. Risco, celebração, reencontro com amigos, amor, muita, muita emoção. É a maior banda da história do rock. E o mais lindo é que desde o começo, lá nos idos de 1968, Jimi, John, Plant e Bonham sabiam disso. Eles entraram no rock como arrogantes deuses gregos de falo ereto. E saem como senhores muito relax, que sabem fazer e sabem dar, possuem fé em si-mesmos e tem a plena convicção de que após tantos anos e tantas bandas, Clash, Oasis, Aerosmith, Queen, Metallica, U2, são eles ainda o Led Zeppelin, os originais, os machos, os donos da coisa, o modelo a ser seguido ou a ser negado. A maior das bandas. Amo esses caras. Valeu.