CLAUDIA CARDINALE

Claudia Cardinale foi mais famosa do que voce imagina. Não pense que virou letra de Caetano à toa. Ela conseguiu estar nos mais poipulares filmes italianos e franceses e nas mais absolutas obras primas de seu tempo. Esteve na comédia mais amada por mim mesmo, OS ETERNOS DESCONHECIDOS, novinha, em 1958, com Gassman, Totó e Mastroianni sob a régia de Monicelli. E ao mesmo tempo estrelou os melhores Visconti e o melhor Fellini. Ela teve a sorte de ser atriz no auge do cinema europeu, e os diretores tiveram a sorte de contar com ela. Claudia não era exuberante como Sophia ou Gina e nem tão explosiva como Sandrelli ou Vitti. Ela tinha algo só dela, uma certa inocência apimentada, a promessa de algo que nunca se revelava. Em Oito e Meio o personagem de Mastroianni via nela a sua chance de redenção. Fellini percebeu que ela tinha o estilo e o corpo perfeito para isso. No mais, ela esteve em westerns, filmes americanos, franceses, alemães. Sua vida, discreta, nunca foi usada para ajudar seu estrelato. Ela era estrela por aquilo que fazia na tela e só por isso. Nunca usou muito seu corpo, da sua geração é das que menos mostrou seu físico. Sua aura foi construída pelo modo levemente ausente que ela emitia. Por isso era perfeita para encarnar a mulher que não se conhece, a mulher idealizada. Claudia não morre pois sua imagem é tão não carnal que pode viver para sempre. Uma musa então.