O CORPO TRISTE
Um aluno de 16 anos me procura. No rosto dele uma tristeza indizível. Ele fala querer ficar todo o tempo debaixo de um cobertor. Diz que nada mais lhe dá prazer. Se sente o pior dos seres.
Eu tive 16 anos um dia. E estive dentro de uma crise como essa. Mas eu era outro e fui salvo por meu corpo. O sol me salvou. O hedonismo do corpo. Ficava o dia todo ao ar livre, corria, andava de skate, ia à praia, via as meninas... Contra a deprê eu me fiz um bicho. Mas eu sei que se isso funcionou para mim, pode nada dizer a ele.
Mas o que mais posso dizer...O garoto quer uma luz e nada de realmente útil tenho para falar. Não posso cair no chavão... E ele me fala da morte.
Aos 16 eu pensava todo o tempo na morte. Tudo me parecia fútil, pois tudo morre. Lhe falo que na verdade o problema é viver e não morrer. Que aos 16 eu já estava morto de certo modo, e que a vida, eu a negava por medo. Viver é grande, é vasto, e isso dá medo. ( Falo tudo isso sabendo que nada adianta. Falo ao vazio. Palavras só valem quando vividas e ele nunca as viveu ).
Queria que ele pudesse ver um filme de John Ford e o entender. Mas sei que Ford seria um tedio para ele. Cercado de discos hippies e de professores frios, ele só entende aquilo que em 2016 é palavra de ordem. Discursos da moda anti-moda. Vazios.
Queria que ele descobrisse Zorba, mas acho que ele vai achar que Zorba é apenas um velho reaça. Não vai compreender a liberdade do corpo.
Garoto, voce tem um corpo de 16 anos e lá fora faz sol. Ele quer pular, ficar livre. Ele quer se cansar, suar, gritar e acima de tudo desejar. Garoto, seja inconsequente, faça besteira e viva em grupo. O bando de bobos que voce detesta são exatamente o bando de alegres jovens que seu corpo deseja ser. Olhe-se no espelho e mude sua cara. Seja bonito. Tente ser bonito e pare de cultuar o feio. Deseje e seja desejável. Não pense que é fácil falar, fazer é mais fácil do que voce pensa. Tenha a coragem dos 16 anos. Voce nada tem a perder. Toda ação é um ganho.
Aja menino. Aja. É primavera. E ter 16 anos em outubro é a mais maravilhosa das alegrias.
Eu tive 16 anos um dia. E estive dentro de uma crise como essa. Mas eu era outro e fui salvo por meu corpo. O sol me salvou. O hedonismo do corpo. Ficava o dia todo ao ar livre, corria, andava de skate, ia à praia, via as meninas... Contra a deprê eu me fiz um bicho. Mas eu sei que se isso funcionou para mim, pode nada dizer a ele.
Mas o que mais posso dizer...O garoto quer uma luz e nada de realmente útil tenho para falar. Não posso cair no chavão... E ele me fala da morte.
Aos 16 eu pensava todo o tempo na morte. Tudo me parecia fútil, pois tudo morre. Lhe falo que na verdade o problema é viver e não morrer. Que aos 16 eu já estava morto de certo modo, e que a vida, eu a negava por medo. Viver é grande, é vasto, e isso dá medo. ( Falo tudo isso sabendo que nada adianta. Falo ao vazio. Palavras só valem quando vividas e ele nunca as viveu ).
Queria que ele pudesse ver um filme de John Ford e o entender. Mas sei que Ford seria um tedio para ele. Cercado de discos hippies e de professores frios, ele só entende aquilo que em 2016 é palavra de ordem. Discursos da moda anti-moda. Vazios.
Queria que ele descobrisse Zorba, mas acho que ele vai achar que Zorba é apenas um velho reaça. Não vai compreender a liberdade do corpo.
Garoto, voce tem um corpo de 16 anos e lá fora faz sol. Ele quer pular, ficar livre. Ele quer se cansar, suar, gritar e acima de tudo desejar. Garoto, seja inconsequente, faça besteira e viva em grupo. O bando de bobos que voce detesta são exatamente o bando de alegres jovens que seu corpo deseja ser. Olhe-se no espelho e mude sua cara. Seja bonito. Tente ser bonito e pare de cultuar o feio. Deseje e seja desejável. Não pense que é fácil falar, fazer é mais fácil do que voce pensa. Tenha a coragem dos 16 anos. Voce nada tem a perder. Toda ação é um ganho.
Aja menino. Aja. É primavera. E ter 16 anos em outubro é a mais maravilhosa das alegrias.
O HOMEM QUE PODIA CURAR
Nunca mais haverá um homem como John Ford. Essa frase foi bastante repetida em 1973, ano de sua morte. E hoje, em 2016, não existe mais o mundo de Ford. Isso porque ninguém retratou melhor o mundo em grupo, a comunidade, o apelo à felicidade que para Ford, existia e só existia na vida em grupo, entre companheiros.
Veja um filme maravilhoso, como este LONGA VIAGEM DE VOLTA. Temos um bando de homens e suas histórias dentro de um navio cargueiro. O elenco é aquele grupo de atores irlandeses que Ford tanto amava. Alguns deles vindos do Abbey Theatre, de Yeats. Eles não interpretam, eles são as personas. E ao ver o filme, por mais que as histórias pareçam trágicas, o que testemunhamos é a felicidade da vida em grupo. Eles estão vivos de uma maneira que nenhum filme de nosso tempo consegue estar. Perto desse grupo de personagens todos os tipos do cinema atual parecem zumbis, ou pior, robots.
John Ford amava tudo aquilo que era feito em grupo. Desse modo, ele sempre dá um jeito de colocar em seus filmes cenas de enterros, casamentos, aniversários, natal, nascimentos, e também de brigas e bebedeiras. A alegria da vida reside no grupo e esse grupo é masculino. Ford ama as mulheres, mas em seu mundo são elas que tiram o homem do grupo e o levam à um tipo de reclusão. A reclusão do lar. Neste filme não há mulher, Por isso é um de seus filmes mais eufóricos. Sim, os homens em seus filmes são completos bobalhões, mas são felizes. O corpo lhes é amigo.
Mesmo em filmes onde há um herói solitário, e penso em RASTROS DE ÓDIO, esse herói é triste, amargurado, por ter se isolado da comunidade ou ter sido banido dela. Ford não dá escolha, a felicidade só pode existir na família, na cidade e na alegre camaradagem entre homens.
Esse mundo Fordiano está morto e esquecido. E nós deveríamos o resgatar. Hoje o que vemos são homens cuidando de seu nariz, vivendo no lar SEM A MULHER, fugindo de cerimônias em grupo, bebendo com um amigo se tanto, tendo dias de árida solidão. Existências tolhidas, sem cor, silenciosas, discretas, zeradas.
Se em 1895 cabia aos bons pensadores resgatar a individualidade humana em face da repressão de fábricas e de costumes, cabe a nós, em 2016 resgatar o grupo e colocar nele nossa individualidade. Exageramos na dose e fomos além da individuação. A saudável individuação se dá no grupo, dentro dele e NUNCA fugindo dele. Também nisso os hippies estavam errados. Cair na estrada e formar uma comunidade zumbi levou ao vazio.
Nunca mais haverá um John Ford. Tanto que quando penso em meus filmes favoritos NUNCA coloca um John Ford entre eles. Assim como Hitchcock, ele tem tantos filmes amados que os deixo de lado para não ser injusto com os outros diretores. John Ford retratou um mundo. E esse mundo é aquele que tem a correção, a alegria, a certeza do que é natural. Esse mundo é grupal.
Veja um filme maravilhoso, como este LONGA VIAGEM DE VOLTA. Temos um bando de homens e suas histórias dentro de um navio cargueiro. O elenco é aquele grupo de atores irlandeses que Ford tanto amava. Alguns deles vindos do Abbey Theatre, de Yeats. Eles não interpretam, eles são as personas. E ao ver o filme, por mais que as histórias pareçam trágicas, o que testemunhamos é a felicidade da vida em grupo. Eles estão vivos de uma maneira que nenhum filme de nosso tempo consegue estar. Perto desse grupo de personagens todos os tipos do cinema atual parecem zumbis, ou pior, robots.
John Ford amava tudo aquilo que era feito em grupo. Desse modo, ele sempre dá um jeito de colocar em seus filmes cenas de enterros, casamentos, aniversários, natal, nascimentos, e também de brigas e bebedeiras. A alegria da vida reside no grupo e esse grupo é masculino. Ford ama as mulheres, mas em seu mundo são elas que tiram o homem do grupo e o levam à um tipo de reclusão. A reclusão do lar. Neste filme não há mulher, Por isso é um de seus filmes mais eufóricos. Sim, os homens em seus filmes são completos bobalhões, mas são felizes. O corpo lhes é amigo.
Mesmo em filmes onde há um herói solitário, e penso em RASTROS DE ÓDIO, esse herói é triste, amargurado, por ter se isolado da comunidade ou ter sido banido dela. Ford não dá escolha, a felicidade só pode existir na família, na cidade e na alegre camaradagem entre homens.
Esse mundo Fordiano está morto e esquecido. E nós deveríamos o resgatar. Hoje o que vemos são homens cuidando de seu nariz, vivendo no lar SEM A MULHER, fugindo de cerimônias em grupo, bebendo com um amigo se tanto, tendo dias de árida solidão. Existências tolhidas, sem cor, silenciosas, discretas, zeradas.
Se em 1895 cabia aos bons pensadores resgatar a individualidade humana em face da repressão de fábricas e de costumes, cabe a nós, em 2016 resgatar o grupo e colocar nele nossa individualidade. Exageramos na dose e fomos além da individuação. A saudável individuação se dá no grupo, dentro dele e NUNCA fugindo dele. Também nisso os hippies estavam errados. Cair na estrada e formar uma comunidade zumbi levou ao vazio.
Nunca mais haverá um John Ford. Tanto que quando penso em meus filmes favoritos NUNCA coloca um John Ford entre eles. Assim como Hitchcock, ele tem tantos filmes amados que os deixo de lado para não ser injusto com os outros diretores. John Ford retratou um mundo. E esse mundo é aquele que tem a correção, a alegria, a certeza do que é natural. Esse mundo é grupal.
O CORVO- POE E PESSOA....E AS LOJAS GEEK.
Num quarto no inverno, postado à janela, um homem lamenta a morte da mulher que ele ama. Então ele ouve um ruído e pensa ser um espectro. É um corvo que invade o quarto e se posta sobre um busto de mármore. Esse pássaro, que o faz rir, repete NUNCA MAIS...a repetição desse bordão, antes uma piada, começa a soar como maldição.
Leio O CORVO na tradução de Fernando Pessoa. O amaldiçoado POE traduzido pelo melancólico português. As imagens são lindas, sombras e vento, a expectativa do sublime. POE entendeu o sublime como poucos, a beleza encontrada, entre medo e dor, onde ela nunca seria antes esperada.
Os melhores adolescentes de 2016 cultuam este poema, mesmo que não saibam de sua existência. Entre mangás habitados por monstros, filmes de Tim Burton e de HQs, jogos tenebrosos e rituais de bruxaria, eles cultuam a sombra, aquilo que saiu do sol, o esquecido.
E há uma sinceridade amarga nisso; mesmo que seja produto, vendável em lojas GEEK.
Tivesse eu 16 anos seria um deles. Aliás, aos 16 eu era um deles.
Leio O CORVO na tradução de Fernando Pessoa. O amaldiçoado POE traduzido pelo melancólico português. As imagens são lindas, sombras e vento, a expectativa do sublime. POE entendeu o sublime como poucos, a beleza encontrada, entre medo e dor, onde ela nunca seria antes esperada.
Os melhores adolescentes de 2016 cultuam este poema, mesmo que não saibam de sua existência. Entre mangás habitados por monstros, filmes de Tim Burton e de HQs, jogos tenebrosos e rituais de bruxaria, eles cultuam a sombra, aquilo que saiu do sol, o esquecido.
E há uma sinceridade amarga nisso; mesmo que seja produto, vendável em lojas GEEK.
Tivesse eu 16 anos seria um deles. Aliás, aos 16 eu era um deles.
A TRIBO
Me meti em aulas de Historiografia. Heródoto. Muito chato. Mas às vezes a gente tira algo de legal. Por exemplo o fato de que até o século XVII, sim, tipo 1690, todo mundo lia para ser ouvido. A ideia de se ler a sós, de boca fechada, seria considerada esquisitíssima. Mais que isso, até o século XIX, viver era um ato compartilhado. As pessoas viviam nas ruas e os poderosos tinham a casa sempre cheia. Comer, dormir, ler, passear, cozinhar, arrumar, tudo era em grupo. Para eles seria um castigo horroroso ter de ler sozinho, em quarto vazio, ou comer ou se banhar. Essa ideia de eu e minha alma era coisa apenas de frade ou de freira.
Nosso tempo criou a ideia de que até a religião pode ser a sós e que até mesmo a igreja pode ser individualizada. Temos a ideia, tola, de que a realização máxima seria possuir uma ilha só sua. Vaidosos, gostamos de pensar que somos um eu único, especial, uma coisa muito rara.
Para os antigos ser único, raro, seria o inferno. A vida só fazia sentido quando vivida em compartilhamento. O eu só era vivo e válido quando em relação aos companheiros de costume e de raiz.
Penso que a internet, as redes sociais, são a tentativa, válida, de compartilhar outra vez, de ser parte de tribo, de ter a sensação de nunca se estar só.
Algo de bom pode vir daí.
Espero.
Nosso tempo criou a ideia de que até a religião pode ser a sós e que até mesmo a igreja pode ser individualizada. Temos a ideia, tola, de que a realização máxima seria possuir uma ilha só sua. Vaidosos, gostamos de pensar que somos um eu único, especial, uma coisa muito rara.
Para os antigos ser único, raro, seria o inferno. A vida só fazia sentido quando vivida em compartilhamento. O eu só era vivo e válido quando em relação aos companheiros de costume e de raiz.
Penso que a internet, as redes sociais, são a tentativa, válida, de compartilhar outra vez, de ser parte de tribo, de ter a sensação de nunca se estar só.
Algo de bom pode vir daí.
Espero.
UM AMOR FELIZ - WISLAWA SZYMBORSKA
A poeta polonesa, Nobel de 1996, tem neste momento um segundo livro lançado no Brasil. Diz a Companhia das Letras que ela vende muito por aqui. Li o primeiro lançado e nele descobri uma poeta maravilhosa. Escrevi um texto que foi até que bem lido por aqui. Regina Przybycien traduz poemas tirados de vários de seus livros. Fico sabendo que Wislawa adorava química e lia Darwin. Seus poemas são assim:
Imagina uma mulher que olha as coisas de verdade. Olha as coisas vendo tudo com atenção, sem julgar, sem adjetivar. Coisas que nos são já indiferentes e que para ela sempre parecem novas. Então ela indaga o que elas são, como são e assim as faz ficarem outras sendo elas mesmas.
Ela vende e influencia poetas por aqui...acho que sei por que: sua escrita me lembra poetas brasileiros. Não sei se foi obra da tradução, mas lendo-a me peguei pensando em Manuel Bandeira. E até em Manoel de Barros ( mas aí já é viagem minha e só minha ).
Leio e fecho o livro. E na cama me vejo pensando nas coisas: cães, as folhas, minha mãe, um cobertor, vento, eu aos 18 anos, cabelos, um carro. Toda grande poesia inspira a olhar e a apreciar. Ela faz isso.
E é clara, simples. E deixa pergunta na boca muda.
Imagina uma mulher que olha as coisas de verdade. Olha as coisas vendo tudo com atenção, sem julgar, sem adjetivar. Coisas que nos são já indiferentes e que para ela sempre parecem novas. Então ela indaga o que elas são, como são e assim as faz ficarem outras sendo elas mesmas.
Ela vende e influencia poetas por aqui...acho que sei por que: sua escrita me lembra poetas brasileiros. Não sei se foi obra da tradução, mas lendo-a me peguei pensando em Manuel Bandeira. E até em Manoel de Barros ( mas aí já é viagem minha e só minha ).
Leio e fecho o livro. E na cama me vejo pensando nas coisas: cães, as folhas, minha mãe, um cobertor, vento, eu aos 18 anos, cabelos, um carro. Toda grande poesia inspira a olhar e a apreciar. Ela faz isso.
E é clara, simples. E deixa pergunta na boca muda.
FANTASIA....MERYL....CHET....HUSTON.....PORKY'S....GABLE....BARBARA....
FANTASIA 2000
A versão de 1940 é melhor. Vale lembrar que em 40 era uma ideia muito original, pegar música e construir imagens ou uma história. Clips antes do tempo. Disney sonhava popularizar a música erudita, mas o filme foi um fracasso. Em 2000 fizeram esta nova versão. O espírito de novidade já se fora, mas existem dois segmentos excelentes. A história sobre Rhapsody in Blue de George Gershwin é deliciosa. São cenas de NY nos anos 30. Além do que, a música de Gershwin é uma das 10 melhores coisas que já escutei. Melhor ainda são as imagens de baleias voadoras ( ver para crer ). Sobre a música de Respighi, imagens sensacionais de baleias que voam no mar, no gelo e nos céus. Temos ainda uma bela sequência de Saint-Saens e a reprise do Aprendiz de Feiticeiro, de Dukas. O resto é mais ou menos... Mas vale muito ver!!!! Nos extras um curta dos anos 50 de Ward Kimball. A História da música em sketches bem humorados. Muito bom!
FLORENCE, QUEM É ESSA MULHER... de Stephen Frears com Meryl Streep, Hugh Grant e Simon Helberg.
Frears tem uma obra longa e no geral sempre interessante. Nos anos 80 ele fez instigantes filmes sobre o preconceito, comédias azedas, e o sucesso Ligações Perigosas. Talvez seu melhor filme seja The Hit. Nos anos 90 ele fez muita TV e se alternou entre filmes Pop e outros esquisitos. Neste século ele tem mergulhado em estranhas histórias reais ( A Rainha tem vários personagens estranhos... ). Incrível mas esta senhora Florence existiu. Uma milionária que amava a música, tinha sífilis, e queria ser cantora. O filme toca numa ferida funda: aqueles que amam a arte mas não possuem talento. Mais que isso: a diferença entre fazer e realizar. Alguns críticos reclamam da mistura de drama e comédia. Maus tempos estes, essa mistura não é um defeito, é um dom! O filme é muito bom! Divertido, me fez chorar, ridículo, bonito. Tem uma atuação contida e brilhante de Grant, um ator subestimado, revela o ótimo Simon Helberg e dá a Meryl mais uma grande atuação. Florence é patética, Meryl não. Adorei este filme!!!!
BORN TO BE BLUE de Robert Budreau com Ethan Hawke e Carmen Ejogo.
A música é ótima e quando se ouve My Funny Valentine voce se arrepia. Ethan está bem, mas o filme é menos do que deveria ser. Jazz é joy!!!!! Uma boa fala: Chet diz que se droga porque é bom. Eu gostei do filme, mas penso que aqueles que não gostam de jazz irão achar ele banal. Tem boa fotografia.
PORKY'S de Bob Clark
Enorme sucesso em 1981, é o pai dos filmes teen grosseiros. Fala de um bando de estudantes à procura de sexo, vingança e risos. Dá ainda pra rir, mas o roteiro é um quase nada. O elenco não vingou. O filme se passa em 1954, mas tudo parece com 1981 mesmo.
MY GAL SAL de Irving Cummings com Victor Mature e Rita Hayworth.
A história de um compositor dos anos 1890. O filme é alegre, leve, divertido e bem bobo. Apenas mais um musical da Fox... Mature, famoso canastrão, não está mal.
FOLIAS NA PRAIA de William Asher com Avalon e Funicello.
Buster Keaton, já bem velho, tem algumas cenas, boas. É o melhor filme da "turma da praia", e quem tem mais de 40 anos sabe do que falo. Um filme que é uma peça de pura saudade. Mundo de extrema inocência que não sei se um dia existiu. As músicas são OK.
FUGA PARA A VITÓRIA de John Huston com Michael Caine, Sylvester Stallone e Pelé.
Num campo de prisioneiros, na segunda guerra, um general alemão ( Max Von Sydow ) , desafia um inglês, Caine, a formar um time de futebol e jogar contra os nazistas. O filme é bem pior do que parece. Huston estava bêbado e o que dizer de Stallone...Pelé atua bem melhor que ele! Juro! O roteiro é constrangedor...
SONHAREI COM VOCÊ de Michael Curtiz com Danny Thomas e Doris Day.
A história do compositor Gus Kahn deu um filme OK da Warner. Doris Day está brilhante como sempre e Danny é o ator mais esquisito da história ( tem a cara do Luciano Huck ). Curtiz, diretor de Casablanca, leva tudo com a precisão de um relógio.
SEIS DESTINOS de Julien Duvivier com Charles Boyer, Henry Fonda e vasto elenco.
Excelente filme que acompanha a história de um paletó. Primeiro com seu dono muito rico, até terminar numa favela de negros. Duvivier era um grande diretor francês que foi trabalhar nos EUA durante a guerra. Todas as 6 histórias são boas, algumas ótimas, e o clima é de alegria amarga. Há muito do cinema de Clair e de Carné aqui. Belo!!!!
BABY FACE de Alfred E. Green com Barbara Stanwyck
Feito antes do invento da censura nos EUA ( 1934 ), o filme acompanha uma moça que transa com todos os homens que encontra para subir na vida. E sobe, como ela sobe!!!! Stanwyck está sexy e esperta, o olhar de uma vulgaridade absoluta. Mas o filme, curto, não é muito mais que isso.
ALMAS REBELDES de Frank Borzage com Clark Gable e Joan Crawford.
Um filme muito, muito estranho. Joan é uma prostituta num porto tropical. Gable um presidiário. Ele foge da prisão e ela se junta à ele. No caminho se juntam à um tipo de "Cristo", um fugitivo feito por Ian Hunter. O filme se torna então uma alegoria cristã. Gostar deste filme depende muito de seu espírito. Pode parecer ridículo ou sublime.
A versão de 1940 é melhor. Vale lembrar que em 40 era uma ideia muito original, pegar música e construir imagens ou uma história. Clips antes do tempo. Disney sonhava popularizar a música erudita, mas o filme foi um fracasso. Em 2000 fizeram esta nova versão. O espírito de novidade já se fora, mas existem dois segmentos excelentes. A história sobre Rhapsody in Blue de George Gershwin é deliciosa. São cenas de NY nos anos 30. Além do que, a música de Gershwin é uma das 10 melhores coisas que já escutei. Melhor ainda são as imagens de baleias voadoras ( ver para crer ). Sobre a música de Respighi, imagens sensacionais de baleias que voam no mar, no gelo e nos céus. Temos ainda uma bela sequência de Saint-Saens e a reprise do Aprendiz de Feiticeiro, de Dukas. O resto é mais ou menos... Mas vale muito ver!!!! Nos extras um curta dos anos 50 de Ward Kimball. A História da música em sketches bem humorados. Muito bom!
FLORENCE, QUEM É ESSA MULHER... de Stephen Frears com Meryl Streep, Hugh Grant e Simon Helberg.
Frears tem uma obra longa e no geral sempre interessante. Nos anos 80 ele fez instigantes filmes sobre o preconceito, comédias azedas, e o sucesso Ligações Perigosas. Talvez seu melhor filme seja The Hit. Nos anos 90 ele fez muita TV e se alternou entre filmes Pop e outros esquisitos. Neste século ele tem mergulhado em estranhas histórias reais ( A Rainha tem vários personagens estranhos... ). Incrível mas esta senhora Florence existiu. Uma milionária que amava a música, tinha sífilis, e queria ser cantora. O filme toca numa ferida funda: aqueles que amam a arte mas não possuem talento. Mais que isso: a diferença entre fazer e realizar. Alguns críticos reclamam da mistura de drama e comédia. Maus tempos estes, essa mistura não é um defeito, é um dom! O filme é muito bom! Divertido, me fez chorar, ridículo, bonito. Tem uma atuação contida e brilhante de Grant, um ator subestimado, revela o ótimo Simon Helberg e dá a Meryl mais uma grande atuação. Florence é patética, Meryl não. Adorei este filme!!!!
BORN TO BE BLUE de Robert Budreau com Ethan Hawke e Carmen Ejogo.
A música é ótima e quando se ouve My Funny Valentine voce se arrepia. Ethan está bem, mas o filme é menos do que deveria ser. Jazz é joy!!!!! Uma boa fala: Chet diz que se droga porque é bom. Eu gostei do filme, mas penso que aqueles que não gostam de jazz irão achar ele banal. Tem boa fotografia.
PORKY'S de Bob Clark
Enorme sucesso em 1981, é o pai dos filmes teen grosseiros. Fala de um bando de estudantes à procura de sexo, vingança e risos. Dá ainda pra rir, mas o roteiro é um quase nada. O elenco não vingou. O filme se passa em 1954, mas tudo parece com 1981 mesmo.
MY GAL SAL de Irving Cummings com Victor Mature e Rita Hayworth.
A história de um compositor dos anos 1890. O filme é alegre, leve, divertido e bem bobo. Apenas mais um musical da Fox... Mature, famoso canastrão, não está mal.
FOLIAS NA PRAIA de William Asher com Avalon e Funicello.
Buster Keaton, já bem velho, tem algumas cenas, boas. É o melhor filme da "turma da praia", e quem tem mais de 40 anos sabe do que falo. Um filme que é uma peça de pura saudade. Mundo de extrema inocência que não sei se um dia existiu. As músicas são OK.
FUGA PARA A VITÓRIA de John Huston com Michael Caine, Sylvester Stallone e Pelé.
Num campo de prisioneiros, na segunda guerra, um general alemão ( Max Von Sydow ) , desafia um inglês, Caine, a formar um time de futebol e jogar contra os nazistas. O filme é bem pior do que parece. Huston estava bêbado e o que dizer de Stallone...Pelé atua bem melhor que ele! Juro! O roteiro é constrangedor...
SONHAREI COM VOCÊ de Michael Curtiz com Danny Thomas e Doris Day.
A história do compositor Gus Kahn deu um filme OK da Warner. Doris Day está brilhante como sempre e Danny é o ator mais esquisito da história ( tem a cara do Luciano Huck ). Curtiz, diretor de Casablanca, leva tudo com a precisão de um relógio.
SEIS DESTINOS de Julien Duvivier com Charles Boyer, Henry Fonda e vasto elenco.
Excelente filme que acompanha a história de um paletó. Primeiro com seu dono muito rico, até terminar numa favela de negros. Duvivier era um grande diretor francês que foi trabalhar nos EUA durante a guerra. Todas as 6 histórias são boas, algumas ótimas, e o clima é de alegria amarga. Há muito do cinema de Clair e de Carné aqui. Belo!!!!
BABY FACE de Alfred E. Green com Barbara Stanwyck
Feito antes do invento da censura nos EUA ( 1934 ), o filme acompanha uma moça que transa com todos os homens que encontra para subir na vida. E sobe, como ela sobe!!!! Stanwyck está sexy e esperta, o olhar de uma vulgaridade absoluta. Mas o filme, curto, não é muito mais que isso.
ALMAS REBELDES de Frank Borzage com Clark Gable e Joan Crawford.
Um filme muito, muito estranho. Joan é uma prostituta num porto tropical. Gable um presidiário. Ele foge da prisão e ela se junta à ele. No caminho se juntam à um tipo de "Cristo", um fugitivo feito por Ian Hunter. O filme se torna então uma alegoria cristã. Gostar deste filme depende muito de seu espírito. Pode parecer ridículo ou sublime.
LOST....PAIXÃO É QUANDO PODEMOS SER AQUILO QUE SOMOS...
Querido Bryan
Voce conseguiu de novo! LOST é uma canção linda, tão linda que parece sua. Sublime. A mistura de tristeza e de beleza, dor e prazer.
Mas não é só disso que quero falar. Voce sabe, quando a gente ama, se apaixona, a gente se torna aquilo que é de verdade. As pessoas acham que é o contrário, que a gente fica doido quando ama. Não! O nosso normal, o que somos aparece na paixão e só nela.
Então Bryan, voce cantou para tantos amores meus e eu te digo que mais um milagre aconteceu na minha vida! Se voce não fosse voce, eu pensaria que voce agora estaria achando que vou me casar. Mas voce me conhece porque é do meu planeta. Eu apenas a vi, falei com ela e senti, na hora de partir, que ela e eu somos um. E foi só isso. E isso é tudo.
Lost é a trilha desse momento, desta despedida impossível. Eu parto e fico. Ela fica e se vai comigo.
Eu a amo. E com ela, para o mal e para o bem, eu sou eu.
Só isso Bryan.
Espero vê-lo em breve.
Amor, de teu discípulo Anthony R.
Voce conseguiu de novo! LOST é uma canção linda, tão linda que parece sua. Sublime. A mistura de tristeza e de beleza, dor e prazer.
Mas não é só disso que quero falar. Voce sabe, quando a gente ama, se apaixona, a gente se torna aquilo que é de verdade. As pessoas acham que é o contrário, que a gente fica doido quando ama. Não! O nosso normal, o que somos aparece na paixão e só nela.
Então Bryan, voce cantou para tantos amores meus e eu te digo que mais um milagre aconteceu na minha vida! Se voce não fosse voce, eu pensaria que voce agora estaria achando que vou me casar. Mas voce me conhece porque é do meu planeta. Eu apenas a vi, falei com ela e senti, na hora de partir, que ela e eu somos um. E foi só isso. E isso é tudo.
Lost é a trilha desse momento, desta despedida impossível. Eu parto e fico. Ela fica e se vai comigo.
Eu a amo. E com ela, para o mal e para o bem, eu sou eu.
Só isso Bryan.
Espero vê-lo em breve.
Amor, de teu discípulo Anthony R.
LER LENDO
Ando fazendo curso sobre Hesíodo. Não é fácil. Os gregos e os persas não ficavam quietos. Era guerra o tempo todo! Gente que conspira, que invade, que rapta, deuses que são da guerra, da intriga, ciumentos. Mas não é disso que falo aqui. O professor diz que gregos liam em voz alta. Sempre. A leitura calada, íntima, seria para eles algo completamente absurdo.
A vida era então toda compartilhamento. Viver em intimidade, ter uma vida secreta, fazer algo em segredo, eram conceitos e hábitos inexistentes. Tudo era em grupo e na comunidade. Inclusive a leitura.
A partir do século XVII começa a leitura calada, de boca fechada. Ler para voce e não para o outro. Começa então a caminhada rumo ao intimo, ao secreto, ao eu e o mundo como separação. No extremo temos a religião particular. A celebração solitária.
Para eles nada era pior que o isolamento, o estar só. Penso que a internet e suas redes sociais são um tipo de retorno do hábito grego. Compartilhar. Estar sempre dividindo. O meu grupo e os outros.
Há muito aqui a pensar.
A vida era então toda compartilhamento. Viver em intimidade, ter uma vida secreta, fazer algo em segredo, eram conceitos e hábitos inexistentes. Tudo era em grupo e na comunidade. Inclusive a leitura.
A partir do século XVII começa a leitura calada, de boca fechada. Ler para voce e não para o outro. Começa então a caminhada rumo ao intimo, ao secreto, ao eu e o mundo como separação. No extremo temos a religião particular. A celebração solitária.
Para eles nada era pior que o isolamento, o estar só. Penso que a internet e suas redes sociais são um tipo de retorno do hábito grego. Compartilhar. Estar sempre dividindo. O meu grupo e os outros.
Há muito aqui a pensar.
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