Em 2010 eu morava em uma casa pequena, simples, feita em 1950. Casa de gente da baixa classe média. Da mais baixa das médias. E mesmo assim aquele que a construiu teve um cuidado imenso em fazer coisas "inúteis", sem funcionalidade, para dar à modesta casa algo de "belo".
O teto da sala tinha um círculo de gesso ao redor do lustre. As paredes tinham molduras que acompanhavam as linhas das paredes. No lado de fora havia um trabalho esculpido emoldurando todas as janelas. Além disso, as grades do portão tinham voltas e círculos e claro, um jardim.
Vejamos agora uma outra residência feita para o mesmo tipo de pessoa. Só que construída em 1990. Sem jardim, a frente é ocupada por um coberto que serve para guardar o carro. O portão é reto e seguro. Cumpri sua função. Não há moldura nas janelas, pois esse seria um trabalho inútil. As paredes são lisas, pois a única preocupação é fazer com que elas segurem o teto. Mesmo na escolha das cores inexiste a preocupação com a beleza. São escolhidas porque acumulam calor ou não. São fáceis de lavar. Ou não.
Postei acima um video de Roger Scruton em que ele fala sobre a beleza. E, claro, só dou este exemplo, não vou repetir o que ele diz. Assista. Assino tudo o que ele fala.
Mais um exemplo então: Estudei numa escola pública em 1969. A escola tinha azulejos nas paredes dos corredores. E janelas de vidro opaco. Havia um vitral no pátio. E era cercada por um jardim. A visitei hoje. Os azulejos foram pintados. O vitral coberto por tijolos. O vidro opaco são hoje placas de ferro. E o jardim foi coberto por um puxadinho. Tudo mais util.
Termino este testemunho dizendo que a beleza é o consolo da vida e por isso ela é uma religião. E que um mundo sem o conceito de belo não vale a pena ser defendido. A arte moderna identificou o belo com a odiada burguesia. Burgueses amavam o belo. Mas esses artistas se esqueceram de que a arte também amava o belo. Nós todos amamos o belo. E sabemos o que é belo. Nosso instinto, nossa intuição diz o que é a beleza e o que é feio. É visceral. É espiritual. É humano.
Belo é tudo aquilo que reflete fora de nós o que há de melhor dentro de nós.
E eu tenho a certeza que o meu melhor não é uma lata de merda ou um monte de tijolos.
Mas pode ser tanto o Davi como a Guernica. A dor e a raiva são partes de meu melhor. Mas dor e raiva expressas usando o que de melhor há para se usar: criatividade e linguagem que transcende o banal. A arte e o belo nos erguem. Faz de nós seres menos miseráveis.
A arte de 2017 ( salvo exceções ) me lembra o rancoroso que por não conseguir cantar, grita que seus gemidos são música melhor. A arte se tornou um clube de rancorosos impotentes. Gente incapaz de amar a vida. E que tenta crer que a arte foi sempre assim.
Não meus queridos infelizes. A arte é homenagem à vida.
E sendo assim, é o mais belo dos presentes.
O teto da sala tinha um círculo de gesso ao redor do lustre. As paredes tinham molduras que acompanhavam as linhas das paredes. No lado de fora havia um trabalho esculpido emoldurando todas as janelas. Além disso, as grades do portão tinham voltas e círculos e claro, um jardim.
Vejamos agora uma outra residência feita para o mesmo tipo de pessoa. Só que construída em 1990. Sem jardim, a frente é ocupada por um coberto que serve para guardar o carro. O portão é reto e seguro. Cumpri sua função. Não há moldura nas janelas, pois esse seria um trabalho inútil. As paredes são lisas, pois a única preocupação é fazer com que elas segurem o teto. Mesmo na escolha das cores inexiste a preocupação com a beleza. São escolhidas porque acumulam calor ou não. São fáceis de lavar. Ou não.
Postei acima um video de Roger Scruton em que ele fala sobre a beleza. E, claro, só dou este exemplo, não vou repetir o que ele diz. Assista. Assino tudo o que ele fala.
Mais um exemplo então: Estudei numa escola pública em 1969. A escola tinha azulejos nas paredes dos corredores. E janelas de vidro opaco. Havia um vitral no pátio. E era cercada por um jardim. A visitei hoje. Os azulejos foram pintados. O vitral coberto por tijolos. O vidro opaco são hoje placas de ferro. E o jardim foi coberto por um puxadinho. Tudo mais util.
Termino este testemunho dizendo que a beleza é o consolo da vida e por isso ela é uma religião. E que um mundo sem o conceito de belo não vale a pena ser defendido. A arte moderna identificou o belo com a odiada burguesia. Burgueses amavam o belo. Mas esses artistas se esqueceram de que a arte também amava o belo. Nós todos amamos o belo. E sabemos o que é belo. Nosso instinto, nossa intuição diz o que é a beleza e o que é feio. É visceral. É espiritual. É humano.
Belo é tudo aquilo que reflete fora de nós o que há de melhor dentro de nós.
E eu tenho a certeza que o meu melhor não é uma lata de merda ou um monte de tijolos.
Mas pode ser tanto o Davi como a Guernica. A dor e a raiva são partes de meu melhor. Mas dor e raiva expressas usando o que de melhor há para se usar: criatividade e linguagem que transcende o banal. A arte e o belo nos erguem. Faz de nós seres menos miseráveis.
A arte de 2017 ( salvo exceções ) me lembra o rancoroso que por não conseguir cantar, grita que seus gemidos são música melhor. A arte se tornou um clube de rancorosos impotentes. Gente incapaz de amar a vida. E que tenta crer que a arte foi sempre assim.
Não meus queridos infelizes. A arte é homenagem à vida.
E sendo assim, é o mais belo dos presentes.