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MEU NOME É COOGAN

   Assista este filme. Feito por Don Siegel em 1968, é, além de um ótimo filme policial, uma crônica sobre um tipo de sociedade que se estabeleceu no mundo desde então.
   Clint Eastwood é um sheriff que vive à vontade no Arizona. Mas ao cometer um erro, transar ´com uma mulher casada no horário de trabalho, é transferido para New York. Vestido como um cowboy chique dos anos de 1960, ele entra em choque e aprende tudo sobre a nova época, o tempo dos então hippies e que hoje seriam nossos jovens antenados de 2020.
  Primeira imensa surpresa: Já está tudo lá. O que vemos agora no enfrentamento Trump X Esquerda, está explícito no mundo da NY de 68. Drogas, sexo gay, feministas, tudo está nas ruas, tudo entra em conflito com o aturdido sheriff. Esperto, ele se aproveita do que aquele mundo pode lhe oferecer, tem uma noite de sexo com uma hippie, mas nunca deixa de ser o que ele é: um homem dos anos 50. O filme mostra que a lei já é relativa, os direitos são imperativos, e todo jovem se acha superior à qualquer ordem simplesmente por ser jovem. Mas vamos falar de cinema...
  O filme tem diálogos, muitos diálogos. E eles nunca são chatos. E jamais tentam ser brilhantes. Os personagens falam porque na vida nós falamos muito. É um filme de ação, mas a ação só aparece quando há um motivo construído para ela acontecer. Nada é gratuito. Don Siegel, grande diretor que só se tornou famoso em seus últimos dez anos de vida ( teve uma carreira de mais de 30 anos de filmes ), dirige sem afetação. Ele narra. Com imagens. E o filme não tem uma só cena que não seja parte da linha narrativa. Quanto à Eastwood...bem...ele acabara de voltar da Italia e começa aqui seu estrelato nos EUA. O resto do mundo já o conhecia. Nos EUA era ainda o canastrão da TV. Ele está perfeito. Impecável é a palavra.
  Aproveitei para rever no dia seguinte DIRTY HARRY. Mesmo diretor, mesmo ator, mesmo tema. Mas agora a cidade é San Francisco e o ano é 1971. Três anos mais tarde, a violência aumenta e o personagem, Harry Callahan é um cowboy que nasceu na cidade, é muito mais amargo. Dirty Harry inaugura tudo que se fez depois em filmes policiais. Em sua época nunca ninguém tinha pensado em botar na tela tudo o que lá se exibe: a figura do tira solitário, a ação como centro do roteiro e não mais o diálogo, um herói antipático, a completa ausência de cenas de alívio cômico, a pistola como peça de fetiche. Tudo criado neste soberbo filme, crônica brilhante sobre o conflito insolúvel entre a moral e a lei, a vingança e a bondade.
  Em ambos os filmes deve se dar valor à trilha sonora de Lalo Schiffrin. Não existem mais trilhas assim. Jazz e funk, sinfonia e Pop, horror e silêncios...gênio.

JOSEY WALES, UM GRANDE, MAJESTOSO, PERFEITO FILME.

   Ele cospe tabaco. Em cachorros, escorpiões, insetos, mortos. E tem os olhos apertados, olhos que nada mais dizem a não ser ódio. Ele lutou na guerra civil pelo lado perdedor. E não quis se render. A guerra acabou, mas ele continua sendo um perdedor. E é caçado. Do Kansas ao Texas.
  Seu nome é Josey Wales e na primeira cena do filme ele ara a terra. Na última ele retorna à terra. Clint Eastwood em 1976, ano do filme, não era levado à sério por crítico nenhum. Era o velho problema que só hoje eu percebo: a crítica era de esquerda e Clint era de direita. Então ele estava fora. Não era mais considerado que Burt Reynolds ou Robert Aldrich. Eram párias perante o povo bem pensante. Estes só tinham olhos para Robert Altman. E Redford. Quando lançado este filme foi visto apenas como mais um western violento para um público bronco. Nada mais. 
  Em 1990 Clint começou a ser levado à sério porque os ares políticos mudaram. Seu filme de então, Coração de Caçador, pagava tributo à John Huston e os críticos chatos começaram a achar o óbvio: havia muito cérebro em Eastwood. Em 1992 veio os Imperdoáveis e o resto voce sabe. Ele virou Mito. O último Mito do cinema ainda vivo.
  Josey Wales dura quase 3 horas, horas que passam em absoluto deslumbramento. Clint dirige com segurança de John Ford e enche o filme de humor misturado à muita raiva e drama. Recheado de personagens fantásticos: a velha, o índio easy going, o garoto, o vendedor de medicina, a índia que sabe fazer tudo, o filme nos hipnotiza a vista. A fotografia de Bruce Surtees é deslumbrante e Jerry Fielding fez uma trilha sonora que nunca invade a ação, ela a conduz. O roteiro, de Philip Kauffman ( diretor de Os Eleitos e de tantos outros filmes ), não se perde jamais. Os acontecimentos não cessam. Há muito de picaresco no filme, Josey é como um desses personagens do século XVI, um Lazarilo em USA.
  Um dos mais perfeitos westerns que já vi, este filme é porta de entrada para quem quiser conhecer o gênero. Talvez seja o mais amado dos filmes de Eastwood. Veja. Aproveite este prazer. Dê este presente a si mesmo.

 

ERA UMA VEZ EM HOLLYWOOD...QUENTIN TARANTINO

   1968 teve 2001 de Kubrick. Teorema de Pasolini. Planeta dos Macacos de Schaffner. E O Bebê de Rosemary de Polanski. O polonês era o diretor mais quente entre os bacanas. E sua esposa, Sharon Tate, era vista como sex symbol certo para os anos 70. Sharon havia feito apenas uns 4 filmes. Polanski e Hollywood eram totalmente apaixonados por ela. E então, grávida, ela é morta em casa, num ritual satânico feito por Charles Mason e sua família. ( A família era um bando de teens hippies ). O filme não é sobre isso.
  O filme é sobre o fim de uma era. Um tempo que nasceu mais ou menos em 1956 e durou até 1968. São os anos 60 inocentes. Batman na TV. Séries de faroeste ( chegou a ter 42 em produção ao mesmo tempo ). Tempo de Monkees. Beatles sem brigas. James Bond de Sean Connery. Tarantino ama esse tempo. Onde ainda se produziam os últimos filmes de Hawks. Onde havia dinheiro para aventuras de John Sturges, John Frankenheimer, ou policiais classudos com Steve McQueen.
  Em 1968 tudo mudou. Os hippies e as drogas em porções elefantinas vieram com tudo e a inocência se foi. As roupas também ficaram mais feias. As pessoas ficaram mais feias. Sharon Tate é a inocência que se vai. Trucidada com um filho que nunca vai nascer.
  Tem mais. Leo di Caprio é o ator feito no fim dos anos 50 e que em 68, provavelmente ainda na fase dos 35 anos, já é tratado como um vovô. Ele não entende os novos tempos, não quer entender e sabe que está acabado. Brad Pitt, magnífico, é o cara que anuncia os anos 70: ele se vira. Ele é violento. Ele é só ego. Brad sobreviverá como aquele que se move à margem de 68, fora do palco central. Nem decadente e longe de estar em casa. Ele é o cara de 1977 em 1968.
  Leo é a TV de 1966. Jamais dará o salto para 68. Uma legião de atores não deu. Bandas também.
  O filme não me agradou. Cheguei a sentir um profundo tédio. Adorei a gozação com Bruce Lee. Ele era daquele jeito mesmo, Hiper ego. Adorei a breve cena com Steve McQueen. O ator lembra ele e a fala é soberba. Steve era como o personagem de Brad Pitt, Estava lá em 68, famoso, o maior astro de então, mas ele nada tinha a ver com aquele mundo. Steve era também um cara de 1977.
  O que me entediou foram as longas cenas com filmes dentro de filmes. Não importa como é o western de Leo. Não importa. Queremos a vida deles no agora do filme. Em compensação, há uma cena magistral no reduto hippie da família Mason. Suspense de Hitchcock, Tarantino prova que poderia ir nessa toada em seu próximo filme. Suspense. Clima. Sem sangue. Nada gore.
  Hippies do mal. Tolos e ruins. Vemos seus descendentes pelas ruas até hoje. São aqueles adolescentes enfezados e sempre com ódio. Prontos para atear fogo em algum nazista ou porco. A cena á assustadora.
  Charles Mason tinha uma medíocre banda hippie. Foi recusado por Terry Melcher, produtor dos Byrds. Terry morava numa mansão em Hollywood. Terry alugou a casa para Polanski. A família de Mason trucidou todos na casa achando que eram Terry e seus amigos. Tarantino vai por outro caminho. Ele dá uma modificada. Mas o filme perturba em seu fim aberto...Leo vai para a casa e sabemos o que vai ocorrer lá....Leo vai morrer. Sharon vai morrer.
  Margot Robbie está maravilhosa quando vai ver seu filme no cinema. Sharon era aquilo: a garota pré hippie. A menina de 1966. Apenas alegria, cor e fé na vida.
  Disse que senti tédio. Mas essa é a magia do cinema. No dia seguinte lembro do filme como algo bom, forte, diferente.
  Há filmes que durante duas horas nos empolgam. E depois de poucas horas os esquecemos. E existem filmes que não nos empolgam. Até nos decepcionam. Mas que deixam alguma coisa dentro de nós que dura.
  Este é um desses.

FILME CULT

   Filme de arte só será cult se em seu lançamento tiver sido um fracasso. Mas eu acho que mesmo assim não será um cult de verdade.
  Isso porque a mais bela característica do cult é ser atemporal por acidente. O autêntico cult é feito sem querer. Não existe cult feito com a intenção de ser cult ( muita gente faz com essa ideia, mas jamais consegue porque a gente percebe o fake em tudo ).
  O filme nasce como apenas mais um filme, passa meio despercebido, alguém o revê anos depois, e descobre que ali há algo de muito diferente. Vira cult quando um grupo grande pessoas concorda com essa descoberta e passam a citar esse filme como um tipo de sabor adquirido.
 Groundhog Day é um cult absoluto. Em seu tempo causou algum impacto, mas foi tratado como apenas mais uma comédia de Harold Ramis. Mas então algo estranho aconteceu. Primeiro os psicanalistas e depois os religiosos, principalmente os rabinos, descobriram o filme. Os cinemaníacos vieram em seguida.
  Voce conhece o filme. Bill Murray é um meteorologista de tv mal humorado e egoísta que vai à cidade do interior cobrir o dia da marmota. Mas acontece algo estranho, o dia se repete ao infinito. Todo dia ele acorda para viver mais uma vez o mesmo dia. O mesmo tempo, as mesmas pessoas falando as mesmas coisas. Tudo igual. Positivamente isto não é uma comédia.
  O filme incomoda muito e chega a causar angústia. Murray vai do puro desespero, ele se mata várias vezes, ao cinismo, ele usa a repetição para ganhar dinheiro e sexo. No final, numa cena de aterradora beleza, ele começa se curar ao descobrir a morte do outro. Morte contra a qual ele nada pode fazer.
  Psicanalistas logo notaram que o filme exibe o processo de análise como poucas vezes o cinema pode mostrar. Murray, como um analisando, revive no presente a memória, e passa a viver essa lembrança de todos os modos possíveis. O dia, eterno dia, pode ser visto como prisão, como dor, como angústia, mas também como apreciação, chance de recomeço, auto conhecimento.
  Já para os religiosos há a ideia preciosa de que sim, os dias são iguais, mas se voce souber enxergar o que há de sagrado neles, nenhum dia será como o outro. O pecado maior é exatamente não perceber que cada dia é a chance de se fazer algo de novo. Nunca tentado antes. Um dia é apenas uma tela, sempre uma tela, mas voce pode pintar algo de único sobre essa tela.
  Há muito o que dizer sobre esse filme. Desde o fato de que todos nós vivemos dias iguais, e nos esquecemos disso, até o fato de que eles são iguais para que possamos ter um mínimo de segurança para então poder tentar o novo.
  É o melhor desempenho na vida de Bill Murray e o filme toca fundo nossos piores medos.
  Veja.

EU VI 3 FILMES...

   Vi três filmes recentes ontem. E eles dão um bom exemplo do que o cinema é hoje.
   O novo filme de Todd Haynes é o atual filme de arte. Uma ótima ideia desperdiçada. Haynes estica tudo, enche de ambição desmedida, deixa o narciso à solta e perde nosso interesse. Falta vitalidade. Falta sangue. Falta culhão. O filme é flácido e mesmo cenas maravilhosas ( a parte de filme mudo, as cenas em Nova Iorque anos 70 ), se deixam esquecer perdidas sem rumo.
   Deadpool 2 é, como quase toda continuação, a morte de um excelente personagem. Sai a ousadia e entra o óbvio, sai o politicamente incorreto e vem a média geral, sai a zebra e entra a vaidade. O filme não é ruim não, mas é o fim. Depois dele não tem mais como continuar.
   E vi ainda um filme do Dwayne Johnson sobre uma fórmula que faz os bichos crescerem ( não é Viagra ). O filme é tão mal escrito, tão sem sentido, que parece ser feito para ser assistido enquanto se faz coisa melhor ao mesmo tempo.
  Que foi o que fiz.

FILMES

   Faz duas ou três décadas que o cinema, como arte relevante, morreu. Ainda se fazem bons filmes, alguns geniais, mas eles todos além de não repercutirem, possuem a tristeza de saber que seu mundo, o universo do cinema, é passado. Como o jazz, a ópera, o rádio ou mesmo o teatro, ir ao cinema é apenas um modo de digerir o jantar, passar duas horas com a namorada ou, pior de tudo, tentar dar sobrevida à um costume. Filmes de TV são apenas isso: Filmes de TV. São filmes, mas não é cinema. Podem ser bons programas para se ver na cama. Podem ser boas séries para se ver após o futebol, Mas por serem TV, já nascem sabendo que em duas décadas estarão completamente mortos. Ninguém assiste Os Sopranos hoje. Menos ainda assiste Friends.
   Um rápido comentário sobre o que assisti no último mês:
   PORTO, UMA HISTÓRIA DE AMOR de Gabe Klinger
Passado na cidade do Porto ( estrangeiros nunca acertam o nome da cidade! Ela se chama O Porto, nunca se diz Porto apenas. ), conta o encontro de um cara muito chato e uma moça muito triste. .
Voce já viu esse mesmo filme umas mil vezes. A cidade é exibida, claro, em seu lado mais soturno.
   OS AVENTUREIROS de Robert Enrico com Alain Delon, Lino Ventura e Joanna Shimkus.
O cenário é lindo mas a aventura é chata. Dois homens se envolvem na busca de um tesouro. Com eles vai uma mulher que eles partilham. É longo e tem a modernice de um filme de 1968. Ou seja, cansa. Mesmo com uma fotografia bonita, não vale a pena. E a trilha sonora é insuportável.
   ILHA DOS CACHORROS de Wes Anderson
Eu vejo várias qualidades em Wes Anderson. Mas ele está mergulhando em uma emboscada. Seu estilo virou maneirismo e aqui desce ao cliché. Ele precisa de uma dose de adrenalina e sair desse mundinho feito de vozes sem emoção, ações sem impetuosidade e humor fofo. Mesmo adorando cães, achei este filme bobo, vazio e incrivelmente feio. Não há porque se fazer uma coisa assim. Parece apenas um desenho da TV Cultura dos mais banais. ( Doug é melhor ).
   SOMENTE O MAR SABE de James Marsh com Colin Firth, Rachel Weisz
Baseado numa incrível história real. Em 1967, na Inglaterra, se estipula um prêmio para o homem que conseguir quebrar o recorde de navegação solitária. Um cara cheio de dívidas, que navega só em fins de semana, se lança ao mar. E enlouquece. Com uma história tão boa, este filme, chato, consegue naufragar. Ele é boring boring boring boring boring so boring.
   MISTER ROBERTS de Melvyn LeRoy e John Ford com Henry Fonda, William Powell, Jack Lemmon e James Cagney.
Foi uma peça de enorme sucesso e marca a estreia de Lemmon no cinema. E ele é a única coisa que presta aqui. É um filme longo, que deveria ser engraçado e heroico, mas que é apenas chato e aborrecido. Fala de um capitão que trata mal seus marujos. Fonda é o oficial que o enfrenta. Tudo em clima de farsa leve. Quer dizer, deveria ser leve, fica travado na verdade. Le Roy assumiu o filme depois que Ford perdeu o interesse. Ou foi o contrário?
   ATOS DE VIOLÊNCIA de who cares? com Bruce Willis, Cole Hauser, Mike Epps
Um bom filme de ação como aqueles que Willis fazia nos anos 90...não é o caso. Ele é um tira que procura um assassino sequestrador. Mas é lento, calmo, e dois irmãos assumem o controle da busca. Pois é.
   SURPRESAS DO CORAÇÃO de Lawrence Kasdan com Meg Ryan, Kevin Kline, Timothy Hutton
Kline está magnífico como um francês malandro que se envolve com uma americana que tem medo de voar. Se passa em Paris e na Riviera, e, óbvio, tenta resgatar a beleza charmosa dos filmes de Cary Grant e Audrey Hepburn. Fica a milhões de anos luz. Mas tem belas canções, bela imagem e não tem nada de burro ou forçado. E tem um casal que funciona bem.
  DESEJO DE MATAR de Eli Roth com Bruce Willis
E esse desejo se satisfaz. Ele mata um monte de gente. Bruce é um cidadão pacato que resolve ir à caça dos bandidos. O filme é ruim? Não. É bom? Não. Não é ruim por nunca ser chato. Não é bom por ser de uma tolice atroz. Bruce não parece muito interessado na coisa. Aliás, desde Pulp Fiction ele não parece muito a fim de trabalho.
  ANDREI RUBLEV de Andrei Tarkovski.
Sentiu a coisa? Eis a tal aura da arte, aquilo que Benjamin dizia que o mercado e a repetição destruía. Este filme de mais de 3 horas, fala da vida de um pintor de ícones do século XV. É um filme sobre pintura que não fala de pintura. Fala do momento em que a Russia nasce como nação. Mas vai além. É sobre a violência crua. Por isso ele é bem duro de se ver. As cenas de crueldade são cruas, rudes, e os atos de violência são vistos como ato banal. Claro que por ser Tarkovski, o filme é bem mais que isso. Há um conflito entre ideal e real, e em meio às loucuras dos homens paira sempre a calma beleza da natureza. A cena final justifica todo o filme. Ao lado de uma aldeia arrasada, dois cavalos namoram numa ilha fluvial. Tarkovski foi um gênio, um dos 5 ou 6 do cinema, e no documentário que vem com o filme vemos que ele parecia ser uma pessoa adorável.
 

FILMES

   GAUGUIN, VIAGEM AO TAHITI de Edouard Deluc com Vincent Cassel
Adivinha só...acertou! Uma bio de Paul Gauguin que o transforma num tipo de Cristo sofredor. Argh! O romantismo nunca vai morrer, continuamos a ver artistas como mártires sofredores. Neste filme medíocre, Gauguin sofre mais que Van Gogh. Tudo pela arte! Na verdade Gauguin era um pedófilo perdulário aproveitador e bem mentiroso. No filme até as taitianas estão vestidas e têm mais de 25 anos de idade. ( Elas andavam nuas e tinham 13 ). Vivemos um tempo hipócrita.
   TERMINAL de Vaughn Stein com Margot Robbie, Mike Myers e Simon Pegg.
Talvez seja o pior filme da história do cinema. É um mix do pior de Tarantino com o pior de Guy Ritchie e doses de sobras de Rodriguez. É nojento. É burro. É imbecil.
   MATADOURO CINCO de George Roy Hill com Michael Sacks e Ron Leibman
Escrevi por aí sobre este filme. Filmagem de uma história de Kurt Vonnegut Jr, ele é absolutamente moderno e completamente instigante. Fala das idas e vindas no tempo de um derrotado, um loser total. O filme é lindo e tem um retrato da segunda guerra duro e sem firulas. O filme nos pega e não o esquecemos. Por ele, volto a dar notas. 9.
   NO MUNDO DE 2020 de Richard Fleischer com Charlton Heston.
No mundo do futuro vemos um policial mudar de lado e começar a questionar o mundo onde vive. Não é um grande filme, mas é interessante. O final é triste pacas. Nota 5.
   REPO MAN de Alex Cox com Emilio Estevez e Harry Dean Stanton.
Caramba! Difícil falar deste filme. Ele tem o pior dos filmes cult e o melhor dos filmes jovens. De ruim: falas horrendas, críticas à sociedade banais e óbvias, atores mal dirigidos. De bom: algumas cenas acidentais que funcionam de modo original e livre. São dois caras que recuperam carros que não são pagos pelos donos. O filme começa mal e melhora quando enlouquece de vez. Nota 6.
   COLOSSUS de Joseph Sargent com Gordon Pinsent e Susan Clark.
No futuro, 1980, o filme é de 1970; um super computador passa a tomar conta da politica militar de EUA e URSS. Eu achei o filme frio e os cenários bobos. Mas hoje ele tem fama de cult. Sargent é o diretor de Sequestro do Metrô, ele está sendo reavaliado nos dias de hoje. Nota 4.
   PHASE IV de Saul Bass com Nigel Davenport e Michael Murphy.
Saul Bass dirigiu só este filme. Ele, em 1974, ano desta produção, já era famoso como o desenhista de produção e de títulos mais genial de Hollywood. Fizera esse trabalho em Psicose, Vertigo, Dr Fantástico, e mais uma montanha de clássicos feitos entre 1955-1972 . E então lança este pequeno clássico. Há uma explosão estelar e as formigas na Terra passam a se comportar de modo estranho. O filme, frio, lento, seco, simples, ainda provoca medo. E faz algo de muito perturbador: nos deixa olhar o planeta como se nós não fossemos a espécie mais importante. É um filme muito, muito original. Nota 7.
   IMPÉRIO DO CRIME de Joseph Lewis com Cornel Wilde e Richard Conte.
Policial contra mafioso. Entre os dois, uma mulher. Não envelheceu um dia este filme escuro e muito, muito sexy. Na verdade tudo gira ao redor do desejo pela mulher. A fotografia é uma das mais inventivas da história do cinema. É um desses filmes obrigatórios. Nota 9.
   MOEDA FALSA de Anthony Mann com Dennis O'Keefe.
Por falar em fotografia, John Alton fez deste filme uma aula de como criar grandes cenas com poucos recursos. Um belo filme noir! Nota 7.
   NAS GARRAS DE FATALIDADE de Alberto Cavalcanti com Sally Gray e Trevor Howard.
Cavalcanti, brasileiro do Rio, de família tradicional, é ainda o diretor de cinema com melhor carreira fora do Brasil. Nos anos 40 fez filmes na Inglaterra, antes estivera na França e depois filmaria na Alemanha. Que bom filme este!!!! Mostra uma rede de bandidos em Londres. A cidade parece de pesadelo e o filme tem suspense de sobra. ( Só as cenas de briga são muito ruins ). Nota 7.
 
  

THIS HAPPY BREED - DAVID LEAN ( CONSTELAÇÃO FAMILIAR ).

   Infeliz o povo que não consegue mais fazer filmes como este. Pior ainda, infeliz o povo que não vê mais sentido em histórias como esta. Do que trata, e por que "constelações familiares" ?
   Primeira cena do filme: Um jovem casal está de mudança para uma casa simples. É uma daquelas casas inglesas de tijolo marrom, uma fila sem fim de casas iguais: uma sala e uma cozinha; em cima, dois quartos, mais um jardinzinho nos fundos. A mudança é feita eles arrumam e limpam tudo, a casa é bem suja. Um filho e duas filhas, são os Gibbons e a história começa nos anos 20. A Inglaterra se encontra tomada por greves e desemprego.
  Um vizinho faz amizade com eles. Começam os namoros. Casamentos, vinte anos serão exibidos em duas horas de filme. Eles passam pela Segunda Guerra, passam pela morte de um membro da família, e depois de mais um. Uma filha foge de casa, e depois, muito depois retorna. E tudo é regado a chá, muito chá, dor contida, piadas, whisky, mais chá e o jardim do pai. E é aí que desejo chegar:
  Um namorado da filha é um jovem socialista anarquista, do tipo que havia aos montes nas ilhas dos anos 30. Numa discussão com o pai dos Gibbons, ele diz que "o mundo precisa mudar já!" O pai, cuidando das rosas, diz que "a Inglaterra ama jardinagem...e por isso somos do jeito que somos...temos paciência porque sabemos que as coisas têm um tempo para crescer, florir e morrer...quero que o mundo seja melhor...mas sei que a vida não é diferente deste jardim..." Robert Newton é o ator que diz esta frase simples, e muito do seu encanto se deve ao charme desse ator inglês. Talvez voce então já tenha notado o que desejo dizer... O filme, de uma forma discreta, leve e grave, sem apelos, mostra despudoradamente o VALOR SUPREMO DE UMA FAMÍLIA. O que vemos diante de nossos olhos, cheios de maravilhamento, é a mais simples, a mais banal das histórias: vinte anos na vida de uma família absolutamente comum. Nem ricos nem pobres, nem felizes, nem infelizes, sem bandidos ou santos. Banais, banais como todo pai é, banais como toda mãe é.
  Steven Spielberg gosta de dizer que David Lean nunca fez um filme menos que bom. Discordo. Ele tem um filme chato ( A Filha de Ryan ) e cinco obras primas. Este é talvez seu maior e melhor filme. E é o mais simples e modesto. This Happy Breed se tornou nos anos 2000 um clássico tão cult como Coronel Blimp, de Powell. São amados com carinho e com respeito.
  Voce tem de ver este filme. Para entender a IMPORTÂNCIA DE SUA VIDA. A dignidade da vida comum. A beleza do chá banal de toda hora. O pai modela toda a moralidade daquela família. E a mãe dá à todos a força física de uma presença real. O filme, feito em 1949, é retrato perfeito e doloroso de um mundo que morria após a guerra. Um mundo do qual sentimos falta. Não criamos ainda um melhor para colocar no vazio deixado.
  Não veja este filme esperando moral ou beleza fácil. A vida dos Gibbons é árida. Espere dele uma lição. Uma aula. Uma chamada à ação.
  Um dos mais belos filmes já feitos. E o mais comum entre os grandes.

PARAMOUNT, JOHN DOUGLAS EAMES

   Tem uma série de livros ingleses, enormes, de luxo, que contam a história dos grandes estúdios de Hollywood. Li os da Columbia, Universal e agora encontrei o da Paramount. Das grandes, fica faltando a MGM, a Warner e a Fox. Ah! Tem a RKO e a United Artists, que eram médias. Hoje a produção é pulverizada e as maiores seriam a Marvel e a Disney, mas tudo é feito por seis ou sete empresas juntas, e dessas, a maioria nem é de filmes, é apenas uma associação de acionistas. A Weinstein foi a última a pensar só em cinema.
  Cada empresa, nos golden years, tinha sua cara, voce sabia que um filme era MGM só de olhar cinco minutos de ação. A Warner era dos policiais escuros, da violência e dos dramas sórdidos. A Fox fazia filmes hiper coloridos, fantasiosos, alegres. A MGM era glamorosa, grande, bem careta, chique. A Columbia era tosca, feia de se olhar, mas rica em roteiros. A Universal era a dos filmes de horror, das aventuras no espaço. E a Paramount, a produtora das estrelas mais sexy, dos filmes mais "adultos". Cada uma tinha sua estrela da casa: Warner tinha Bogart e Bette Davis; a MGM Clark Gable e Garbo; a FOX tinha Tyrone Power e Jennifer Jones; a Columbia James Stewart e Frank Capra; a Universal era a casa do Dracula e do Frankenstein e a Paramount tinha Marlene Dietrich e Gary Cooper.
  O livro mostra, um por um, e com fotos, todas as produções da empresa. Desde Cecil B. de Mille em 1919 até Eddie Murphy nos anos 80. Chegaram a fazer 40 filmes por ano nos anos 30, até os 14 de 1985. É uma bela viagem, dos irmãos Marx até O Poderoso Chefão, de Jerry Lewis e Bob Hope até O Homem Elefante, de Alan Ladd e Preston Sturges até Al Pacino e Indiana Jones. Sim, o livro vai só até 1985, mas é correto isso. A partir de então não faz sentido falar de uma empresa. Warner ou Fox, o que as diferencia é apenas o logo no começo do filme. Talvez apenas a Universal ainda continuou sendo uma marca de personalidade graças a George Lucas. Mas logo perdeu o caráter também.
  O autor escreve com graça e ironia. E confessa ser fã da MGM. Bem, eu sou da Warner e mesmo assim gostei do livro.

CINEMA

Vejo alguns filmes...e sinto saudades do tempo em que formava minha coleção e via pelo menos uma obra-prima por semana...
   O GOLEM DE LIMEHOUSE de Juan Carlos Medina com Bill Nighy, Olivia Cooke e Douglas Booth.
Nada mal. Fala de uma série de crimes em Londres, 1880. Bom clima vitoriano, um bom ator e um final interessante.
   CORPO E ALMA de Ildiko Enyeki
Da Hungria, um filme que fala do flerte de um casal que trabalha num matadouro. Cenas de vacas sendo mortas e personagens zumbis. Pretensioso, glacial, chato, bobo.
   OS BELOS DIAS DE ARANJUEZ de Wim Wenders
E a carreira de todos os grandes revolucionários dos anos 60-70 tem terminado assim: filmes muito baratos, assuntos de auto reflexão, chatice onanística. Um casal conversa à mesa em um belo jardim. Falam de sexo. E é só isso.
   O GERENTE NOTURNO de esqueci de quem com Hugh Laurie, Tom Hiddleston, Tom Hollander
Thriller tolíssimo, veloz, rápido, cheio de bossas, sobre um ex soldado que toma conta de gente num hotel. Deus! Eu sei que o cinema acabou, mas suas cinzas não precisam ser tão opacas!
   PIRATAS DO CARIBE, A VINGANÇA DE SALAZAR
Esta série começou bem. Trazia Erroll Flynn para o século XXI. Para isso, dividia Flynn em duas partes: seu lado canastrão-carismático era de Depp, ótimo, e o lado heroico era feito pelo outro ator ( quem? ). Mas este filme dá vergonha. Depp passa do ponto e faz um tipo de imitação barata de um Bozo drunk. O roteiro é de uma pobreza infantil e a produção parece barata, vulgar. Chega!
   PARIS PODE ESPERAR de Eleanor Copolla com Diane Lane, Arnaud Viard e Alec Baldwin.
Que filme simples e que filme bom! Mais uma Copolla em um filme ótimo de olhar e delicado de observar. Não podia ser mais simples. Diane Lane, ainda bonita, é a esposa de Alec. Ele não tem tempo livre e deixa seu sócio, Viard, levar sua esposa a Paris. Eles vão de carro, e ele alonga a viagem parando em toda cidade do caminho. E é só isso. Lindas paisagens, flerte sutil, comida e vinho e leveza plena. É um grande filme? Claro que não! Mas a gente vê e crê naquilo tudo. Pode assistir.
   CLUBE DOS CINCO de John Hughes com Molly Ringwald, Ally Sheedy e Judd Nelson.
Que boa surpresa! O filme ainda é relevante! Teens tratados como gente em um filme que os ama e os compreende. Os atores estão excelentes, Ally apaixonante e as falas se tornaram icônicas. Não se faz mais um filme assim porque o cinema não é mais assim. Mas os jovens ainda são. Eu sempre gostei deste filme, mas nesta terceira vez eu o adorei.
   UM MILHÃO DE ANOS ANTES DE CRISTO de Hal Wallis
Uma raridade. Um filme de 1940 com um tema caro aos dias de hoje: monstros e trogloditas em ação sem falas. E é só isso. Incrível é que os efeitos são bons ( para a época ).
   A BRIGADA DO MAL de Andrew V. McLaglan com William Holden.
Nos anos 60 era moda fazer filmes assim. Sobre grupos de homens em uma missão arriscada. Todos esses filmes são filhos dos Samurais de Kurosawa. Este é bem banal. Um grupo de rebeldes deve criar disciplina para lutar contra os nazis. Hoje eles seriam um grupo de heróis de HQ.
   JARDIM DO PECADO de Henry Hathaway com Gary Cooper, Richard Widmark e Susan Hayward.
Produção classe A em um western standard. Cooper e Widmark vão ao México salvar o marido de Hayward, que está preso numa mina  de ouro. Tem índios, tem romance e tem Cooper. Mas há pouco Widmark e falta um bom vilão.
   O HOMEM COM A MORTE NOS OLHOS de Burt Kennedy com Henry Fonda.
As séries de TV de western mataram os faroestes de cinema. E saturaram os fãs. Houve um tempo em que 23 séries estavam no ar semanalmente nos EUA!!! Mas filmes ruins como este também ajudaram. Um filme dos anos 70 que imita a violência dos spaguetti western. É triste, chato, sem porque.
  

O CLUBE DOS CINCO ( THE BREAKFAST CLUB ), O QUE MUDOU EM 32 ANOS ?

   Assistir este filme depois de 7 anos de estudos em educação e 9 anos de prática...é doloroso. Se em 1984 a coisa era dura, hoje piorou muito. Vamos ao filme.
   Cinco alunos que não se conhecem são obrigados a passar o sábado na escola. Eles não se conhecem e cada um representa um dos chavões da adolescência. A primeira sacada do filme, ótima, e que vem na citação de Bowie, é a de que adolescência é uma invenção de adultos. Uma criação feita para reduzir adolescentes a tipos catalogáveis. Temos então o rebelde, o esportista, o nerd, a patricinha e a esquisita. Não há  nenhum tipo em 2017 para se encaixar aí. Fora da adolescência, olhando de longe, esses são os tipos. Digamos apenas que a esquisita hoje engloba um espectro maior de esquisitices. E que o rebelde diminuiu muito.
  Judd Nelson faz o rebelde e no começo ele é tão cliché que ameaça afundar o filme. Mas é proposital. Nos anos 80 o rebelde já era um cliché criado por conformistas. Bem escrito por John Hughes, esse personagem consegue se humanizar sem mudar ou suavizar, o que é bem difícil de fazer. Anthony Michael Hall quase rouba o filme como o nerd. Temos pena dele. E rimos com ele. Fico pensando qual deles eu fui. Não, nunca fui um nerd. Eu teria sido o esquisito?
  Ally Sheedy tem menos falas, mas rouba o filme. Ela faz com que a gente se apaixone por ela. Com sua timidez mórbida, ela se esconde detrás de cabelo e capuz. Quando fica mais normal rola uma decepção, ela se enfeia na verdade. É um papel maravilhoso para uma atriz brilhante.
  Molly Ringwald faz uma mágica. A patricinha não é odiável. Aliás, o elenco está tão bem afinado que nenhum é adorável fofo e nem detestável símbolo. O filme faz o que propõe: eles são muito mais que cinco tipos.
  Molly é uma patricinha. Mas é acima de tudo uma menina. Assim como Emilio Estevez, que está ok, mas é de longe o menos bom.
  Eu fui os cinco. E a mensagem do filme é que todo adolescente é os cinco. Uma mistura de tudo aquilo, e de ainda mais. Uma pessoa cheia de medo, de raiva, de amor e de vontade de viver. Nós judiamos deles. Muito. Damos a eles uma vida indesejada. Mas o pior é que os vemos como personagens, tipos muito bem definidos.
  Hoje ainda é assim. Todas as salas que olhos tem a popular, os esquisitos, os rebeldes, os nerds e os caras do esporte. Não consigo ver mais nada além disso. Minto, vejo sim, quando me dou ao trabalho de olhar um pouco mais. Percebo então que a popular é esquisita. Que o esportista é nerd. Ou que eles não são nada disso. São mais, muito mais.
  Tive a sorte de ver este filme em 1985. E me identifiquei muito com o rebelde. Revi nos anos 90 e achei que a esquisita era linda. E agora eu amo todos os cinco.
  Falar a real: John Hughes fez aqui um grande filme. Muito maior do que percebemos então. Ele atingiu um tipo de perfeição.

TOM CRUISE - JERRY LEWIS - GLENN FORD - JEREMY RENNER

FEITO NA AMÉRICA de Doug Liman com Tom Cruise.
O traficante como um cara legal. Ok, o filme é amoral. Mas é bom pra caramba. É uma história real daquelas que só poderiam ter acontecido na América. Cruise, ótimo, é um piloto comercial em 1976. Contrabandista leve, ele é cooptado pela CIA para levar armas para os "contras" na Nicarágua. Mas logo o vemos enganando a CIA e fazendo contato com o cartel de Medellin. Ele leva armas à Colombia e drogas para os EUA. O dinheiro flui e o filme é uma comédia excelente. Sim, a moral do filme é "seja esperto e se divirta" .Mas com tantos filmes tendo por moral um tipo de culpa pós-cristã tipo " Deus não existe, a vida é um lixo", é uma alegria achar um filme que é seu oposto exato. A vida é uma festa, aproveite enquanto o tiro na cara não vem. A história desse otário-esperto adentra os anos 80 e ele se vê trabalhando para Reagan!!! Creia, os anos 80 não fizeram o menor sentido...Grande filme!
A MÚMIA de Alex Kurtzman com Tom Cruise e Russell Crowe.
Muito ruim. O roteiro não faz sentido, a ação é óbvia, as falas são ridículas. Para quem conhece A Múmia de 1936, filme cheio de erotismo e de mistério, esta balbúrdia é uma ofensa. Lixo.
ALMAS SELVAGENS de Jacques Tourneur com Glenn Ford e Ann Sheridan.
O filme se passa em 1900 na América Central. Um americano amotina um navio com a ajuda de alguns bandidos. Adentram Honduras, os bandidos achando que é por tesouro, o americano sabendo que tudo é feito para derrubar o ditador de plantão. O velho Tourneur de guerra em mais um de seus filme simples e bons.
O DIA EM QUE A TERRA SE INCENDIOU de Val Guest
Este filme inglês, de 1960, é talvez o primeiro filme a falar do fim do mundo do modo como entendemos isso hoje. Explosões nucleares desestabilizam o eixo da Terra e o clima entra em colapso. Mesmo para os padrões da época, os efeitos são ruins e o personagem principal, um jornalista beberrão, é um chato engraçadinho. O filme não é bom.
TERRA SELVAGEM de Taylor Sheridan com Jeremy Renner
Dão milhões na mão de diretores novatos e depois reclama do lixo que se produz. Hollywood tirou o poder dos individualistas e o negócio, a longo prazo, não é bom. Vemos uma manada de diretores com estilo idêntico e ideias feitas por molde de cera. Frio, caçadas, busca implacável, clima de niilismo, chatice atroz. Este é mais um.
O HERÓI de Brett Haley com Sam Elliott e Katharine Ross.
O projeto de vida do bom ator Sam Elliott. Ele é um ator esquecido que descobre ter câncer ( sim, mais um filme sobre doença ). Resolve tentar fazer um último filme enquanto reencontra a ex esposa, filho etc etc etc. Voce já viu isso milhares de vezes. Pena Sam.
ARTISTAS E MODELOS de Frank Tashlin com Jerry Lewis, Dean Martin, Shirley MacLaine
Um dos 3 melhores filmes com a dupla. Jerry é um desenhista que sonha com quadrinhos de sua heroína favorita. Dean aproveita para usar isso como modo de ganhar dinheiro. A muito jovem MacLaine é a heroína. Tashlin foi da equipe de cartoons da Warner. Ele transforma seus filmes em desenhos do Bugs Bunny. O filme começa como uma obra prima, depois cai...tem canções demais...
DETETIVE MIXURUCA de Frank Tashlin com Jerry Lewis.
Um dos filmes menos lembrados de Jerry. Ele é um detetive que procura um herdeiro que é ele mesmo na verdade. Não é bom.

HEMINGUAY- NATALIE PORTMAN- PIERCE BROSNAN- GUARDIÕES DA GALÁXIA

   AMELIA de Mira Nair com Hilary Swank e Richard Gere.
Ela foi uma pioneira da aviação dos anos 20. E o filme é um lixo xaroposo dos anos 2000. Não tem aventura, não tem suspense. É apenas um bombom com música exagerada e cenas óbvias.
   ALÉM DA ILUSÃO de Zlotowski com Natalie Portman, Emmanuel Salinger e Lily-Rose Depp.
Miss Portman é sempre um mal sinal. Ela faz uma quantidade absurda de filmes pretensiosos, bregas, infantis. Ela é irmã de uma vidente e faz shows na França da segunda guerra. O filme tenta falar de judaísmo, cinema e "o obscuro". Fala apenas de perda de tempo, ver esta coisa é perder tempo.
   GUARDIÕES DA GALÁXIA VOLUME 2 de James Gunn com Chris Pratt e Zoe Saldana.
Não é tão delicioso como o volume 1. Mas é ainda uma diversão que entrega aquilo que promete. O segredo são seus personagens, criações inspiradas. Cinema teen, cinema pop, cinema pipoca, quando bem feito não tem pra ninguém.
   UM LUGAR QUALQUER de Sofia Coppola com Stephen Dorff e Elle Fanning.
Uma Ferrari roda em círculos e voce fica de saco cheio de ver isso. Essa é a primeira cena do filme. É um filme sobre a rotina de um ator. E essa rotina não tem alma. Sua vida é uma espera vazia por alguma coisa que nunca vai ocorrer. O filme tem a cena de sexo menos erótica da história. Sofia, uma pessoa fascinada pelo vazio e pela inocência, consegue mostrar que todo aquele sexo, toda aquela vaidade, é profundamente infantil.
   UMA LONGA QUEDA de Pascal Chaumeil com Pierce Brosnan, Toni Collette, Imogen Potts e Aaron Paul.
Em Londres 4 pessoas se encontram acidentalmente no alto de um prédio. Todas as 4 pensam em pular de lá. Sim, é uma comédia amarga sobre o suicídio. E não é ruim. Imogen Potts é a mais interessante nova atriz da Inglaterra e Brosnan esbanja seu charme costumeiro. A gente gosta de ver esses atores em cena.
   UM HOMEM DE FAMÍLIA de Mark Willians com Gerard Butler, Gretchen Moll e Alison Brie.
Butler é um executivo hiper competitivo. Sua vida muda quando seu filho fica doente. Pois é...mais um filme pra chorar. Butler tá ficando feio. A idade está destruindo seu rosto. O filme é esquecível...tanto que já o esqueci.
   A ILHA DO ADEUS de Franklyn J. Schaffner com George C. Scott e Claire Bloom.
Baseado no último livro de Heminguay, é um filme que fala sobre a perda e sobre a maturidade. Bonito, com bela trilha sonora, sabe lidar com o vazio que há no livro. Revejo-o pela quarta vez e ele ainda me agrada.
Z, A CIDADE PERDIDA de James Gray com Tom Holland e Robert Pattinson.
O coronel Fawcett, soldado aventureiro inglês que se perdeu nas terras do Mato Grosso ganha um filme que não foi bem de bilheteria. A crítica gostou, eu achei este filme apenas morno. Li o livro e sei que Fawcett tinha uma personalidade muito mais rica do que o filme mostra. Falta mistério, falta o senso de desconhecido da loucura dele. Andar por onde ele andou quando andou é muito mais do que aparece aqui.
LOUCOS E PERIGOSOS de Mark Cullen com Bruce Willis e John Goodman.
Nas primeiras cenas Bruce Willis anda de skate pelado na rua. O filme é isso. Willis é um cara legal, mas sem nenhuma ambição como ator. Nunca teve. Penso que isso depõe a seu favor. Penso que ele viu a muito a futilidade de uma carreira. Ele ganha uma grana, paga as contas e tudo ok. Eu me diverti vendo o filme porque gosto do Bruce. Mas sei que o filme é uma zona.
UMA SUAVE MANHÃ de Neil LaBute com Stanley Tucci e Alice Eve.
Um cara e uma moça discutem. E falam. E se agridem. E enquanto isso voce morre de tédio. Não entendo pra que um filme desses!
MARIA ANTONIETA de Sofia Coppolla com Kirsten Dunst, Jason Schwartzmann e Steve Coogan.
Ótimo filme. A rainha fútil vira uma menina inocente dos anos 2000. E nossa identificação com ela aumenta muito. O filme tem uma trilha anos 80 muito boa. É melancólico, é belo e é um ato de coragem. Escrevi mais sobre ele abaixo. Procurem.
AS CRÔNICAS DE NARNIA de Andrew Adamson e Michael Apted
Janeiro de 2014 foi um tempo delicioso em que li os livros de CS Lewis. Os filme vejo agora. São como eu pensava, uma aventura Disney bem infantil. Aumentam o papel do Rato, dão alguns toques teens e jogam fora parte imensa do simbolismo cristão. Pois é.

O CINEMA DA NOVA HOLLYWOOD

   Eis o box que tenta exemplificar o que foi esse "novo" cinema de Hollywood. Um cinema bem explicado no livro de Biskind, cinema onde os loucos tomaram o controle da indústria. Foi a única vez em que o alternativo tomou posse do núcleo da coisa. Hoje existe cinema alternativo, sempre houve, mas esse cinema não está no centro, está nas bordas, no gueto intelectual. No centro da Fox, Warner, Sony, temos o grande empresário, o marketing, temos Harry Potter e heróis da Marvel. Entre 1969-1979, o centro era de gente doida, ex-hippies, suicidas financeiros, deslumbrados cheiradores, fãs de Godard, cinemaníacos ( hoje os chefões nem sabem quem foi Godard ou Murnau ), motoqueiros. Esse movimento navegou de vento em popa até 1976. A partir daí, os egos perderam o controle e os prejuízos bateram recordes. George Lucas salvou a indústria e o cinema em 1980 era outra vez o que sempre fora: negócio.
  O grande erro do livro de Biskind, erro que muita gente aponta, é que ele infla a importância de meia dúzia de diretores e roteiristas da mesma geração, e se esquece de que a revolução foi preparada pela geração anterior, o povo vindo da TV e da publicidade, gente como Sam Peckimpah, Arthur Penn, Peter Yates, John Frankenheimer, Franklyn J. Schaffner, Mike Nichols, Sidney Lumet, Sidney Pollack, Robert Aldrich. Na verdade os filmes desses diretores envelheceram muito melhor. Não são retratos de uma época, são atemporais. Eles mudaram o cinema de dentro pra fora, e nunca se esqueceram do lucro. Uniam arte com entretenimento. Foram grandes. E abriram os olhos do público para o que viria em seguida.
 Vamos ao box:
  CORRIDA SEM FIM de Monte Hellman com James Taylor, Warren Oates, Laurie Bird e Carl Wilson.
Hellman é um mito hoje. Começou fazendo westerns nos anos 60. Era da turma de Jack Nicholson. Seus filmes são estranhamente vazios. Este fala de um mecânico e um piloto que passam a vida rodando pelos EUA. Vivem de fazer apostas em corridas. E sempre ganham. As cenas são longas e quase não se fala. Os diálogos cabem em uma página. Estranho...enquanto eu via o filme pensei: Mas ele é só isso! Um monte de cenas lentas...Mas hoje, pensando nele, sinto carinho e vontade de rever. É enormemente influente. Lembro que ele passava muito na Tv Tupi. E que o crítico de filmes de Tv metia o pau. Chamava o filme de lixo incompreensível ( naquele tempo os críticos falavam o que queriam falar ). Mas ele estava errado. É um filme invulgar. Ainda original e como dizem nos extras, atemporal. Até as roupas não envelheceram!!! James Taylor era um cara absurdamente bonito. Tem presença. Carl Wilson é o Beach Boy baterista. Morreu afogado nos anos 80. É o único da banda que tem cara de roqueiro. Oates é grande ator. Podia roubar o filme. E Laurie Bird é uma figura apaixonante. Uma menina, jeito de  moleque, linda, ela encanta quem a olha. Podia ter sido uma estrela. Mas pirou, fez apenas mais dois filmes e se matou na casa de Art Garfunkel. Eram tempos de exageros. Laurie não quis ser uma estrela. Se voce gosta de cinema...eis um filme. Mas veja sem expectativas. Ele nada tem de sensacional. ( Faço uma piada: é o Velozes e Furiosos de 1971. Seria Lentos e Sombrios. )
  PROCURA INSACIÁVEL ( TAKING OFF ) de Milos Forman com Buck Henry, Lynn Carlin e Georgia Engel.
Escrevi bastante sobre esta pequena obra-prima abaixo. Uma menina foge de casa. Seus pais entram no mundo dos jovens para tentar a encontrar. O filme, vivo, brilhante, não toma partido. Forman ama pais e filhos. Não é um filme sobre hippies, é um filme sobre pais. Forman filma rostos, feios, com um amor sublime. É um maravilhoso passeio por um mundo que não existe mais. Filhos não fogem mais de casa. Mudam de endereço. Ou se escondem no quarto.
  O COMBOIO DO MEDO de William Friedkin com Roy Scheider e Bruno Cremer.
Quando li o livro de Peter, pensei: como pode um cara estourar o orçamento fazendo uma refilmagem de O Salário do Medo, a obra-prima de Clouzot, filme de 1954 que narra um bando de caminhoneiros transportando nitro por estradas ruins...Bem, Friedkin, entupido de cocaína, conseguiu. Em vinte minutos já percebemos o esbanjamento: cenas em Israel, Paris, América do Sul e numa ilha. Depois, cenas numa vila miserável que teve de ser toda construída. E vai por aí. Ele conseguiu isso por ser o jovem diretor que mudou o filme policial com Operação França, onde ganhou Oscar, e por vir do hit O Exorcista. Mas aqui ele jogou tudo no lixo. E após este fiasco, nunca mais recuperou seu poder. Virou um tipo de diretor pária. ( A 3 anos ele fez um grande filme que ninguém viu ). Pior de tudo: o filme é muito muito muito ruim! Não dá pra assistir. A miséria é caricata, não tem o menor suspense, e todos os personagens parecem fake. Nada se salva, nada. Se eu ainda desse notas seria um zero merecido. É óbvio que o diretor fez o filme sob efeito de muito pó. Lixo puro.
  ESSA PEQUENA É UMA PARADA ( WHAT'S UP DOC ) de Peter Bogdanovich com Ryan O'Neal, Barbra Streisand e Kenneth Mars.
Peter não errava! Fizera A Ùltima Sessão de Cinema, depois Paper Moon ( filme maravilhoso ), e então esta comédia que tenta reviver os filmes doidos e leves dos anos 30. Peter era um saudosista. Dizia em entrevistas que o cinema acabara em 1948. Todos os seus filmes, até hoje, são revisões de estilos antigos. Aqui ele homenageia Howard Hawks. Refaz Levada da Breca. Ryan é um musicólogo e Barbra uma ricaça doidinha que o persegue. Todos acabam em um hotel. Há uma montanha de personagens secundários excelentes. E perseguições em ruas de San Fran. Mas falta alguma coisa...Ryan não é Cary Grant. Bom...até Cary Grant dizia não ser Cary Grant. Mas Ryan não sabe fazer comédia. Ele se perde. Não parece natural. E Barbra faz o que pode. Mas contracena com um poste. ( Ryan era uma estrela em 1973. Love Story ). Do meio para o fim o filme melhora muito. É um bom filme, se voce esquecer Hawks vai parecer melhor. Em tempo: Peter era o caretão da turma. Sua carreira foi destruída em seu filme seguinte: Daisy Miller. Apaixonado por Cybbil Shepperd, ele começou a fazer filmes para ela e perdeu a mão. ) Esta comédia foi um sucesso enorme. Lembro dos cartazes deste filme no jornal do meu pai. Bons tempos, estavam em cartaz na cidade, além deste, Alice Não Mora Mais Aqui, A Conversação, O Fantasma da Ópera de De Palma, O Fantasma da Liberdade e A Última Noite de Boris Grushenko...além de Gritos e Sussurros...pois é.
  A OUTRA FACE DA VIOLÊNCIA ( ROLLING THUNDER )  de John Flynn com William Devane, Tommy Lee Jones e Linda Haynes.
Na famosa lista de seus 10 filmes favoritos, Tarantino cita este em décimo. Achei que jamais sairia aqui, é um filme bem pequeno de 1977. No Texas, dois soldados voltam do Vietnã. Então um deles sofre um assalto e parte pra vingança. Devane dá um desempenho brilhante, Linda é perfeita e Lee Jones, bem jovem, tem uma presença magnética. Violento, seco, viril, é um western passado nos anos 60. Pessimista. Um bom filme.
  VOAR É COM OS PÁSSAROS de Robert Altman com Bud Cort e Sally Kellerman.
Quase ao mesmo tempo que MASH, Altman fez este filme. ( Brewster MacLoud é o nome do filme ). E que filme doido!!! O assisti na Globo aos 14 anos de idade. Entendi nada. Revejo agora. Entendi, mas ainda não compreendi. René Auberjonois faz uma aula sobre pássaros. Ele vai pontuar todo o filme. Bud Cort é um menino, parece Wally de Onde Está Wally, que deseja poder voar. Sally é uma mulher misteriosa que ajuda o menino a voar. Tem um serial killer, uma menina que se masturba debaixo de panos, um policial suicida, um governador gay, uma groupie, um carro roubado e muito cocô de pássaros. Tudo misturado naquele estilo orquestral que Altman criou do nada e que tanta gente imitou depois. Este filme tem alguma coisa de Wes Anderson. É engraçado, sem noção, cheio de gente esquisita, leve, infantil, livre e bonito de ver em sua feiura estilizada. É um filme único. O público doidão da época gostou do que viu. Mas em seguida Altman destruiria sua carreira com o western deprimido McCabe e o experimental Imagens.

KAUFMAN- CAINE- WILL SMITH- CLUZET

   UMA BELEZA FANTÁSTICA de Simon Aboud com Jessica Brown Findlay, Tom Wilkinson.
E Amélie Poulain viaja à England. Uma mocinha com problemas emocionais, uma gracinha frágil, trabalha numa biblioteca. Timidamente se apaixona por um nerd e se envolve com seu vizinho, um velho ranzinza que a ajuda a arrumar o jardim. Tudo é fofo, bacaninha. É um tipo de cinema que não existia 20 anos atrás. Bambi para adultos. Tudo muito bonito de se ver, mundo onde até a neurose é delicadinha e doce. Penso no porque desse tipo de filme e de gente me irritar tanto...Será que é porque sou assim...Será...Estranho é que até quase gostei deste filme. Vi inteiro e no dia seguinte lembrei com certo carinho...Ah sim! Ele é deste 2017 e creio que não vai ser exibido no cinema.
   BELEZA OCULTA de David Frankel com Will Smith, Edward Norton, Helen Mirren, Kate Winslet, Keira Knightley.
Aff...que filminho bobo!!! Will está em deprê por ter perdido sua filha de 6 anos. Seus colegas de agência querem vender o negócio. E inventam de contratar 3 atores para o enganar. Sim, esses colegas-amigos são uns crápulas! Mas o filme os trata como caras normais...Tudo é tão previsível, tolo, sem sal, sem magia, sem nada, que a gente se pega imaginando o porque de terem feito tamanha bobagem. O final é uma surpresa. Ok. Mas até aí o filme já afundou. Os caras parece que tiveram medo de filmar uma fantasia completa e assim ficaram num meio termo muito morno.
  INSUBSTITUÍVEL de Thomas Lilti com François Cluzet e Marianne Denicourt.
A França é um país muito esquisito. Sempre tem uma fase onde parece que todo filme tem o mesmo ator. Houve a fase Jean Gabin, Alain Delon, Michel Piccoli, Gerard Depardieu, Jean Reno e agora é Cluzet. A gente enjoa de ver sempre o mesmo cara! O engraçado é que Cluzet é um ator legal. O filme é que não é. Um médico tem câncer incurável. Continua a trabalhar com a ajuda de uma assistente. Chato e frio. De certo modo, muito francês. ( Invejem o sistema de saúde público da França! ).
   INVASORES DE CORPOS de Philip Kaufman com Donald Sutherland, Brooke Adams e Leonard Nimoy.
Refilmagem do mesmo livro que deu origem ao clássico de 1956, Vampiros de Almas, de Don Siegel. Vírus chegam à Terra e infectam plantas. Essas plantas destroem pessoas e ao mesmo tempo criam "duplos" dessas mesmas pessoas. Esses novos humanos são emocionalmente vegetais. Frios e sem reação. Desinteressados. Uma crítica aos tempos individualistas, este filme não perdeu nada de seu impacto. É quase uma obra-prima. Feito em 1978, tem uma das mais perfeitas atuações de Donald Sutherland. O final fez história. Impactua muito! Kaufman passaria os próximos 5 anos produzindo e dirigindo The Right Stuff ( Os Eleitos ), um dos maiores filmes de seu tempo. Em 1978, eu me lembro, este filme foi recebido pelos críticos com bocejos. Mas foi um sucesso de bilheteria. Hoje é cult. Os críticos erram demais!
   THE JIGSAW MAN de Terence Young com Michael Caine e Laurence Olivier.
Lixo!!!!!!!!!!!!!! Fala de espionagem. Caine é famoso por fazer todo filme para o qual é convidado. Nunca diz não. Olivier, a partir de 1970, começou a ter dívidas e assim passou ao modo Caine de ser.
  TE PEGO LÁ FORA de Phil Joanou
Revejo este clássico dos anos 80. Incrível ! Eu vivi essa época....os anos 80 me parecem muito mais remotos que os anos 70. Que é aquilo! As pessoas parecem inocentes, de plástico, diferentes de tudo que houve antes e que haveria depois...mas o filme é ok. Todo mundo conhece: um garoto é desafiado por um novo aluno valentão e grandão. A gente não ri. Mas também não se entedia.
  O LIVRO DO AMOR de Bill Purple com Jason Sudekis, Maisie Willians e Orlando Jones.
A esposa doidinha de um cara certinho morre num acidente de carro. Ele entra em colapso e conhece uma menina que recolhe lixo na rua. Ele a ajuda a fazer uma jangada. Querem ser Thor Heyedall...O filme tem todos os clichés dos anos 2010. É fofo, tristinho, fake pacas. Todos são bacaninhas e frágeis. Mas o final é bonito, meio surpreendente, e os dois atores, feinhos, são legaizinhos.
 QUATRO VIDAS DE UM CACHORRO de Lasse Hallstrom
Boa produção num filme que usa todas as armas para te fazer chorar. Demora um pouco, mas o choro vem. Um cão reencarna quatro vezes e na última volta a seu antigo dono. Lasse começou na Suécia e estourou em 1987 com Minha Vida de Cachorro. Depois de vários sucessos, e até uma indicação para o Oscar em 2000, ele anda fazendo filmes sobre cães. Uma lógica canina. Este, apesar de tão bobo, é legal. Poxa! Como falar mal de um filme que te emociona!
  A VIGILANTE DO AMANHÃ de Rupert Sanders com Scarlet Johansson
O famoso Ghost in The Shell vira este lixo sem nenhuma emoção e chato de doer. O famoso corpo de Scarlet é apenas um efeito digital, nem isso agrada. E toda a filosofia, corpo mecânico com cérebro humano, vira apenas uma aventura HQ de segunda. Um produto que mostra a que ponto baixo chegamos. Há uma corrente enorme da crítica americana que diz que o cinema acabou. São filmes como este que endossam essa tese.
OU VAI OU RACHA de Frank Tashlin com Jerry Lewis, Dean Martin e Anita Ekberg.
Ruy Castro diz que para os teens da geração dele, o fim da dupla Lewis e Martin foi tão dura como seria o fim da dupla Lennon e MacCartney para a geração seguinte. Este é o último filme dos dois juntos. É difícil gostar desse Jerry Lewis infantil e tão debilóide. Seu humor é ingênuo, bobo e as tintas gays hoje parecem super bandeirosas. ( Não, Jerry não é gay ). Mas, graças ao talento de Tashlin, este filme é até que ok. Dean é o malandro que trapaceia no jogo e ganha um carro. Jerry é o idiota que ganha o mesmo carro honestamente. Os dois vão pra Hollywood juntos.
ERRADO PRA CACHORRO de Frank Tashlin com Jerry Lewis e Jill St.John.
Aqui está o Jerry solo. Mais adulto, mas ainda bobo. Este filme passava todo mês na Sessão da Tarde entre 1975-1985. Só agora ele sai em dvd. Tashlin foi um dos caras da Warner que fazia os desenhos do Pernalonga. Depois virou diretor de filmes legais como este. Tolo, caipira, infantil, mas ainda bem assistível. Não sei o que dizer sobre Jerry. Seu ego é tão grande que quase o esmaga.
OS RUSSOS ESTÃO CHEGANDO!OS RUSSOS ESTÃO CHEGANDO! de Norman Jewison com Alan Arkin, Eva Marie Saint, Carl Reiner, Brian Keith.
Claro que foi feito nos tempos da guerra fria. Um submarino russo encalha numa ilha nas costas dos EUA. Um grupo de marujos vai a terra para conseguir um novo motor. A população da ilha reage com medo e ataca. É uma comédia e Arkin está ótimo como o líder russo. Em 1966 os russos são tratados como gente boa e os americanos como doidos. Jewison teria uma bela carreira em filmes típicos da esquerda americana. Legal este filme.
THE ROOKIE de Clint Eastwood com Clint e Charlie Sheen.
Há quem diga ser o pior filme de Clint. Talvez seja.
CHARLIE CHAN AT THE OLYMPICS de H. Bruce Humberstone com Warner Oland.
Consigo 3 dvds de Charlie Chan. Foi uma série para cinema dos anos 30. Chan desvenda os crimes com muita calma e bom humor. Um tipo de Holmes bonachão. Este é chocante por ter sido feito em 1936 e falar das Olimpíadas de Berlin. Vemos um oficial das SS ajudar Chan na elucidação do caso!!! Assisti ainda Charlie Chan na Opera e Charlie Chan em Londres. Os dois são melhores que esse em Berlin. O londrino tem um delicioso clima de fog. Boa diversão para noites frias.
O ENIGMA DE OUTRO MUNDO de John Carpenter com Kurt Russell.
É a refilmagem explícita de um clássico de Howard Hawks. E talvez seja melhor que o filme anterior. Numa estação polar, um ET que plasma características de outros seres invade e mata todos que o encontram. É um filme barato, sem pudor, e bem bom. A crítica odiou em 1983. Hoje é um cult esperto.
CIDADE TENEBROSA de Andre de Toth com Sterling Hayden
Puro prazer! Hayden é um cop desalinhado que procura um ladrão barato. O filme é genial. Todo filmado na rua, tem um clima moderno, ágil, leve e crú. Está uma década adiante de seu tempo. Nos extras temos comentários de um crítico e do escritor James Ellroy. Uma maravilha de comentários dignos do filme. Procure assistir, é um prazer inesquecível. No elenco, além do mítico Hayden, temos Timothy Carey, um dos mais loucos atores da história e ainda Charles Bronson e Gene Nelson. Show.
O SÁDICO SELVAGEM de Don Siegel com Elli Wallach.
Um caso de tráfico de drogas em um gostoso filme policial. O clima é urgente e tudo flui magnificamente. Bacana ver Don Siegel filmando as ruas de San Francisco 13 anos antes de Dirty Harry. O cara tinha o dom! Veja!
   O CICLO DO PAVOR de Mario Bava
Bava hoje tem o status de ser cult. Bobagem. Ele é apenas um diretor ruim. O povo cult tem um desejo imenso de descobrir novos nomes e nos anos 80 encontraram este italiano, autor de filmes de horror gore. Se voce tiver muito bom humor dá até pra rir, mas é um filme ruim. Fala de um cara que chega numa cidade maldita.
  LOBO SAMURAI de Hideo Gosha
Feito em 1966, este maneiroso filme de samurai já apresenta influências do western italiano. Música alta e gritante, ângulos de câmera ousados, violência gráfica. Um samurai solitário e pobre chega a cidade e resolve a vida de uma moça cega. Engraçado que foi Kurosawa, com Yojimbo, quem criou o  molde de Leone e Clint, e aqui a influência volta ao Japão. Este é um filme barato, mas divertido.
  DERSU UZALA de Kurosawa
Em 1974, em crise moral, esquecido no Japão, o mestre foi à URSS filmar esta história simples e ecológica sobre um velho mongol que ajuda soldados russos na Sibéria. É um filme belíssimo e franciscano. Percebemos Kurosawa em seu momento de renascimento. Dersu é como uma vela na noite escura.
  CIÚME À ITALIANA  de Ettore Scola com Marcello Mastroianni, Monica Vitti e Giancarlo Giannini.
Era 1976, e eu assisti este filme com meu irmão na TV Sharp nova. Engraçado como tem coisas tão distantes que a gente não esquece. Eu e ele nos apaixonamos pelo filme, por Marcello e por Monica. Lembro de ficar imitando Oreste, o tipo de Mastroianni aqui. Nunca mais o revi. E agora penso ser difícil o rever, pois é um filme feito em 1970, no auge da Itália comunista, de Gramsci. E, sim, o filme é sujo, filmado em meio a pobreza, entre operários, Marcello faz um comunista típico. Mas o filme é tão bom que sobrevive. Marcello ama Monica que conhece Giancarlo e trai Marcello. Os atores brilham de um modo comovente. Oreste é patético, burro, sensível, tonto, correto, humano. É talvez a maior atuação de Marcello, esse ator, esse italiano, talvez o maior dos atores em qualquer língua. Mas Giancarlo é sublime. Seu pizzaiolo, malandro ingênuo, nos conquista. É o melhor filme de Scola.
   PROFISSÃO: LADRÃO de Michael Mann com James Caan e Tuesday Weld.
O primeiro filme de Mann é seu melhor. Caan faz um ladrão de joias que aceita um último trabalho. Todo noturno, feito em 1981, este filme antecipa o cinema policial da década inteira e ao mesmo tempo resume os anos 70. É quase uma obra-prima. Fatalista, simples, seco, bonito, com um Caan brilhante. ( Ele foi uma estrela tão Grande quanto Pacino, De Niro e Jack ).
  CAÇADOR DE MORTE de Walter Hill com Ryan O'Neal e Isabelle Adjani.
Continuo vendo o box policial e encontro este filme de 1978. Ryan faz um calado motorista de aluguel. Bruce Dern é o policial que tenta o pegar no flagra. Ryan aceita um grande assalto e os dois jogam o gato e rato. Hill tem uma imensa influência do cinema japonês. Suas personagens são samurais em roupas ocidentais. É um bom filme. O roteiro tem furos, mas a gente relaxa e se diverte.
   O HOMEM QUE BURLOU A MÁFIA de Don Siegel com Walter Matthau e Felicia Farr.
Numa cidade pequena acontece um roubo a banco. E sem saber, o dinheiro que eles roubam é da máfia. Agora eles devem escapar da policia e dos mafiosos. Matthau é o ladrão. Siegel é o cara que fez Dirty Harry. O filme é um dos bons policiais dos anos 70. A trilha sonora de Dave Grusin é brilhante. Aquele funk sincopado com piano elétrico da época. Tempo das grandes trilhas sonoras. O filme é divertido pacas.
   OS AMIGOS DE EDDIE COYLE de Peter Yates com Robert Mitchum e Peter Boyle.
Peter Yates é o inglês que fez com Steve McQueen o genial Bullit. Este é um policial soturno. Nos extras eles dizem que este filme lembra Grisbi, a obra prima de Jacques Becker sobre um gangster velho e cansado. Não. Este é muito mais trágico. Mitchum é um ladrão assustado. Ele está cercado por delatores e ladrões fracassados. O filme é lento, pesado, duro. Mitchum faz a perfeição esse homem em fim de linha. Um quase morto. veja.