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AS VANTAGENS DO PESSIMISMO BY ROGER SCRUTON, TEXTO UM

   Eu poderia escrever um monte de páginas sobre este livro. Ele é ótimo. Scruton, grande encontro em minha vida, fala aquilo que eu queria poder dizer. Tudo. Mas não quero ser chato. Peço que leiam esse livro. Ele não é caro, está nas livrarias e é curto. Mas, se voce for fã de Foucault, Derrida ou da escola de Frankfurt, fuja! Scruton mostra o quanto vocês são lunáticos. E é claro, como bom morador da Lua, voce jamais sequer pensará no fato de poder estar errado.
  A base do pensamento de Scruton é o bom senso. E bom senso para ele é " aquilo que o povo crê e aquilo que o povo faz". Nem mais nem menos. Todo mal viria de "cima", ou seja, os planos criados por um EU que se acha muito acima do NÓS. Toda a civilização é feita por tentativa e erro, e essa tentativa e esse erro são feitos pelo povo, na intuição, no improviso. O que é bom, permanece. O erro do intelectual é sempre desconsiderar aquilo que o povo quer, ama, aquilo a que está acostumado. A proposta do intelectual é sempre a de destruir e construir O NOVO partindo do nada. Esse o otimismo e a utopia: crer no poder do EU em imaginar o futuro.
 As análises que Scruton faz da arquitetura da cidade, mostrando seu lado bom, humano, e seu lado ruim, abstrato, é brilhante. Assim como o modo como ele destrói os textos de intelectuais franceses. Scruton não tem medo de dizer a verdade: eles não dizem coisa com coisa. Usam palavras difíceis para esconder o absoluto vazio de suas propostas.
 Scruton é portanto um inglês do velho estilo. Ele acredita que a liberdade é viver dentro de limites claros e respeitosos. Dentro desse espaço, criado de comum acordo, somos livres para fazer a liberdade, ou seja, ser o que somos. A liberdade como a ideia de ausência de limites inviabiliza a sociedade e traz em seu rabo a criação do controle da liberdade. Liberdade imposta de cima para baixo. Para Scruton, toda civilização é criada de baixo para cima.
 A mais interessante das analises é a do Islamismo. Scruton diz aquilo que me parece obvio, mas que poucos aceitam ver: a questão é religiosa e não politica. O terrorismo destrói porque eles não podem aceitar a ideia de uma sociedade em que todos vivem juntos em respeito aos seus desejos e suas crenças. Muçulmanos vivendo ao lado de judeus e cristãos lhes é um pecado insuportável. O mundo da cidade, da comunidade urbana é seu inimigo.
 Há muito, muito mais nesse livro. A leitura ilumina.
 Ótimo conhecer uma mente como esta.

AS VANTAGENS DO PESSIMISMO - ROGER SCRUTON

   Tive aulas sobre Rousseau na USP. E por ser uma professora de exatas, tive a chance de não ser colocado sob o endeusamento da teoria do "bom selvagem". Segundo Rousseau, todo homem é por natureza bom e pacífico, a sociedade, vil, é que o corrompe. Scruton, esperto, diz não saber se o homem Rousseau era um otimista. Parece que não. Mas essa teoria deu estatuto à uma ideia que não morreu em dois séculos, a ideia de que todos são bons, a sociedade é que nos faz ruins. Esse, para Scruton, é o otimismo nocivo, aquele que deu vez ao nazismo, ao fascismo e ao comunismo.
  Sob esse pensamento, simplório, pode-se concluir que se a tal sociedade faz tanto mal ao bom homem, que se destrua então a sociedade. O fim da sociedade daria vez à bondade na Terra. Eis a UTOPIA. A crença de que neste mundo se pode ter a perfeição. Seja via seleção genética, ódio ao estrangeiro, ódio aos que possuem bens, ódio aos infiéis. Toda utopia tem em seu oposto um foco de ressentimento, um culpado a ser exterminado. E esse crime é alegremente aceito, pois decapitações, campos de concentração ou fuzilamentos são cometidos em nome do bem maior: a Utopia.
  Não se pode criticar a Utopia. Ela é perfeita, pois vive no mundo das ideias. Um socialista te dirá que a URSS não era socialista, que Cuba foi maculada pelos EUA ou que a Coreia do Norte é um segredo. Sua crença sempre estará salva pois ela não existe. E na verdade nunca poderá existir. É da natureza da utopia ser sempre um sonho. É a cenoura na frente do cavalo. O capitalismo é facilmente criticável por nunca ter sido utopia de ninguém, ele nasce já como prática, e por ser real, é falho, sujo e corrupto. O capitalismo é uma realidade.
  Na raiz de toda utopia há essa crença de Rousseau. O homem bom, camarada, companheiro. E, na vida real, é claro que esse homem não existe. Quem observa uma criança brincando sabe que há nela um egoísmo nato, um desejo em se destacar, em ser mais amado, mais percebido, mais protegido. O mesmo vale ao selvagem aborígene. Não há sociedade primitiva que não faça guerra, não mate, não lute por mais terra. Mais caça e mais mulheres. Somos assim. A utopia ODEIA nossa natureza.
  Scruton diz que na verdade é a sociedade que melhora o homem. A manutenção do costume, da lei, do interesse comum, do bom senso, faz do homem um ser melhor. Pois na sociedade há a prevalência do NÓS e não do EU. A sociedade só funciona na relação do eu com voce. Cada um em sua função, em seu papel, não sendo igual, pois a igualdade só existe como Utopia, mas tendo seu devido RESPEITO.
  A análise de Scruton sobre os fundamentalistas árabes é certeira. O que eles mais odeiam nos EUA é o fato de que lá judeus e islamitas vivem lado a lado. Isso vai contra toda sua utopia. É inaceitável. Um escândalo.
  Admirável livro de um grande pensador.
  Voce pode estar pensando: mas Scruton defende o cristianismo, essa grande utopia.
  Sim, Deus pode ser uma utopia, mas essa utopia aceita a imperfeição da vida, vê os defeitos do homem como indivíduo, prega uma prática diária. É uma utopia do aqui e agora, uma utopia que existe para quem crê, existe no mundo real. Os cristãos não esperam a construção de um outro mundo, isso seria heresia, eles aceitam este pobre mundo doente, e dentro dele tentam fazer o bem. Ao contrário dos utópicos, os meios são tudo que importa. O dia a dia é o objetivo.
  Um obrigatório autor.

A DOR

   O mundo moderno não aceita a dor. Há a ilusão, presente no consumo, na ciência, na droga, de que a vida sem dor é alcançável. Corre-se para se fugir da dor. Da lembrança da dor, da herança da dor. A ciência procura outro planeta, um planeta zero, um planeta onde não exista história, passado, dor. Casas antigas, monumentos, tudo que possa recordar uma história dolorosa é destruído. Fugimos. O tempo todo engolindo festas, séries, pílulas, sexo, compras, tudo para não sentir, ou para sentir só prazer.
  Mas a conta não fecha. A dor continua existindo. Uma dor cinza, mal aceita, negada, somatizada, emburrecida, pior de tudo: dor sem sentido. Não sabemos mais reconhecer a nossa própria dor.
  E é ela que nos dá humanidade. Nossa dor é aquela que nos diferencia radicalmente dos animais. O humano é o bicho que sofre. Nossa ilusão é voltar a ser macaco. O humano sofre porque pensa. Sabe que morrerá. Mais: o humano sente-se só. Por mais que ele faça sexo, por mais que se case, por mais que ande em grupo, o humano é o bicho que sente o abismo que existe entre seu EU e as coisas ao seu redor. Esse abismo só é transposto pelo amor. Mas amar dói. Sim, o amor é companheiro da dor. ( Mas pode ser vencida essa dor. A dor quando aceita e purgada vence a dor. Esse o preço que ninguém mais quer pagar. )
  Nietzsche errou o alvo. Como um adolescente que culpa os velhos pelo mal do mundo, ele teve a ilusão de que a dor foi inventada pelo cristianismo. A dor sempre existiu, Desde o primeiro homem a pensar na morte. Judeus não criaram a culpa. A culpa vive na consciência de que os olhos dos outros nos julgam. Humanos avaliam seus atos e portanto sentem vergonha e culpa. Nietzsche não queria aceitar a dor. Morreu brigando com sua humanidade.
  Freud, outro adolescente briguento, queria crer que toda dor vem da repressão dos impulsos e do instinto vital. Humanos reprimem seu corpo. Se humanos não reprimissem desejos e instintos seriam bichos. Essa divisão vem da divisão entre corpo e  mente, ou entre corpo e alma. Nosso EU estranha seu corpo. Não aceitamos suas fraquezas e suas necessidades. Fome, doença, dor. Essa divisão não foi inventada pela sociedade. Ela é humanidade.
  No mundo de 2016, o mundo do prazer sem culpa, a religião só é aceita se for uma religião que nos livre da dor. Que resolva problemas. Que nos faça feliz. Nada mais idiota. Nenhuma religião verdadeira livra alguém da dor. Ao contrário, toda religião é um sacrifício. A procura da graça que vem após a vivencia da dor. Ser religioso é aceitar e viver a dor de estar vivo e de ser humano. E dentro da dor sentir o porque da dor de viver.
  O que nenhuma religião ocidental tem a coragem de dizer, não mais, é que religião é dor. Por isso nosso profundo incômodo com o Islã. E com Israel.
  Quando voce sofre porque um bosque foi derrubado, uma espécie extinta, uma rua apagada, seu sofrimento é sagrado. Voce pressente que um pecado foi cometido. A ligação do humano com seu ambiente é a ligação da vida com o sagrado. A terra é voce. A terra é o outro humano que te olha. A terra é onde nossos mortos foram enterrados. É onde suas almas vivem.
  Tudo isso é uma dor. Fugir dela só te leva à essa tristeza cinzenta, vaga, que voce tenta curar com bebida, droga, risos bobos, festas, roupas novas. Encare-a de frente. Tenha a humildade de aceitar sua dor. Ame-a. E ajude o outro, sofrido como voce, a carregar sua dor. Que é sua. Que é nossa. Humana.
  PS: Mais um texto inspirado pelo filósofo inglês, vivo, Roger Scruton.

FINALMENTE ALGUÉM VERBALIZA O QUE SINTO DIANTE DA ARQUITETURA DESTRUTIVA DE HOJE

   O problema se chama ADEREÇO. A fachada de uma casa, por mais simples que fosse, tinha marcas de mãos. Algum detalhe, nem que fosse uma lata com uma muda de couve, que bradava ao universo: AQUI VIVE UMA PESSOA! A casa, o prédio, era uma face. Coisa encaixada em coisa como se houvesse lá uma vida em crescimento. Nos prédios antigos há uma raiz e uma ramificação que se espalha no design das janelas e ruma ao topo. A construção procura falar. E fala.
 No bloco de aço e vidro há a monotonia do sempre igual. Cada centímetro é igual ao centímetro do topo. Nada cresce e nada tem rosto. Mas, pior ainda, quando há uma invenção, um arrojo de construção, o modelo é a máquina, a fábrica, e jamais a COISA VIVA. Eis o mal estar que alguns-muitos sentem na moderna cidade. Ela é morta e fala sempre da morte. Não a morte dos cemitérios, muito mais radical, é a morte daquilo que nunca viveu. A absoluta negação da vida e da possibilidade de viver.
 ( R. Scruton ).
 Na fachada de casas velhas abandonadas, nas ruínas, vemos os ecos finais de lugares sagrados que se perdem para sempre.

O ROSTO DE DEUS--- ROGER SCRUTON, MEU ROSTO E O SEU.

   O rosto é aquilo que faz de nós seres distantes dos objetos. Por causa dele, de sua individualidade e de sua mutabilidade, sentimos uma insuperável distância dos animais. Bichos não têm rosto. Apenas no mundo da Disney. Ou quando os enfeitamos com nosso olhar amoroso.
  Um corpo, mesmo o corpo humano, é objeto. Olhamos para um corpo sem cabeça como olhamos para uma coisa. Esse corpo pode ser belo ou feio, grande ou pequeno, mas nada diz. Um corpo desperta apenas dois sentimentos: indiferença ou desejo de posse. O corpo sem rosto é quase o mesmo que a comida. Fome que pode ser saciada por qualquer outro alimento.
  O amor é rosto, porque ao contrário do alimento, da comida e da fome, somente aquele único rosto pode saciar meu amor. O amor individualiza a pessoa. Só ela é o que ela é. O corpo é intercambiável. O rosto jamais.
  Em nossa sociedade astros pop escondem o rosto por detrás de óculos ou numa pose "de gato morto". O rosto torna-se um vazio. Modelos de passarela usam o rosto como fantasma. E pior que tudo, na pornografia o rosto só aparece para ser humilhado, profanado, escarrado. Vivemos a ditadura do corpo e a negação do rosto. E isso se liga diretamente a negação da individualidade, da alma, do sagrado. O corpo é animal. O rosto é o mistério, e por isso, é o rosto o centro do erótico.
  Roger Scruton desenvolve com simplicidade e clareza esse argumento. Ele baseia suas ideias em pensadores: Kant, Platão, Merleau-Ponty, Hegel, Wittgeinstein...Scruton desmascara a neurociência, a psicanálise, o marxismo. Para ele todas essas "ciências" são como brinquedos, fáceis de usar e de fantasiar com elas. Elas alimentam a ilusão. Mas trazem um perigo: a transformação do homem numa "sopa química", num acidente genético, num símio que pensa que sabe, numa máquina de desejo.
  Sabemos que algo em nós não aceita a sopa e a máquina. Sentimos que o rosto é mais que o corpo. Que o eu é único, particular, ilimitado. E que esse eu só existe perante um "você", o outro rosto, também mistério e particular. Para Scruton o ato de ser humano se explica pelo EU, a identidade que não existe em nenhum animal, o ato de observar a si-mesmo. O eu vive no limite, à margem das coisas, fora do mundo, fora inclusive do corpo. O eu olha de fora, percebe, sente, decide, analisa. Fora, fora e dentro, indefinido quanto a lugar e tempo.
  Um livro de 200 páginas de um autor central de nosso tempo e que só agora, agora que a direita deixou de ser um palavrão, começa a ser lido neste Brasil véio. Bem vindo ingleses. Vocês sabem pensar.

ROGER SCRUTON

   Meu amigo Léo. Que maravilha esse livro do Roger Scruton ! Bom ler um cara vivo que fala como um mestre. Ele é um dos maiores intelectuais conservadores do mundo. Inglês. Diz que a filosofia inglesa se baseia na discussão que busca a verdade. E que existem filosofias que aumentam a nuvem da confusão.
  Scruton fala aqui de religião. Sem ortodoxia. Aliás, ele tem um pensamento, dentre vários, brilhante: "Toda crença que persegue seus desafetos não tem certeza de sua verdade". Ele cita o marxismo e o freudismo como exemplo de fés inseguras.
  Ele fala de rostos. E critica a pornografia, imagens sem rosto, mais que isso, que odeiam a face humana.
  Ainda estou na página 50. Mas caramba!!!! É bom pacas!

ROGER SCRUTON E A VERDADE DO QUE É BELO

   André Assi Barreto escreve na revista Filosofia sobre Roger Scruton. Eu nunca tinha ouvido falar de Scruton, pensador inglês nascido em 1944. E já aviso: sou partidário dele. Outra coisa, ele é considerado um "lutador por causa perdida". Ótimo. Eu também sou. Vamos ao que André fala sobre Roger.
   Marcel Duchamp colocou um mictório como obra de arte. E a partir de então, tudo pode ser arte. Em 1960 chegou-se ao ponto de lata cheia de bosta de um artista ser exposta como arte. Arte passou a se confundir com "chamar a atenção da midia", criar algo de sensacional, e convenhamos, é muito mais fácil criar sensação mostrando merda ou vísceras podres de um boi, que criando beleza original. Esse é o ponto central de Roger Scruton. O mundo só poderá ser salvo se o conceito de belo for salvo.
   Artistas modernos se defendem dizendo que o público que os renega não tem a linguagem e a sensibilidade para os entender. Desculpa tola. Picasso era moderno e belo, assim como Pollock e Kandinsky. Não se trata de negar toda a arte do século XX, mas sim separar os espertalhões dos artistas.
   Scruton foi tema de programa na BBC. Sua tese central é a de que a beleza é tão verdadeira e eterna no homem como é a bondade e a verdade. O homem aspira a beleza como aspira ao bem e a verdade. Em 15000 anos de cultura esse valor sempre esteve presente e não são meros cem anos que podem destruir esse fato. O homem tanto aspira ao belo que assim que pode,  procura praias, montanhas ou recantos "belos". Há em Londres um fenômeno interessante, lojas que estão instaladas em imóveis vitorianos são muito mais valorizadas que aquelas em locais modernos-feios.
   Mas desde ao menos 1910 se faz essa confusão entre o sensacional e a beleza. Artistas incapazes de produzir qualquer coisa verdadeiramente artística passaram a desvalorizar e a zombar do que fosse "apenas" bonito. O feio passou a significar coragem e verdade, a beleza seria mentirososa e passadista. Ora, por mais de dois mil anos a arte serviu como consolo, elevação espiritual, meio de refinar o gosto. Pois a arte hoje aumenta a dor, promove o rebaixamento e esteriliza a sensibilidade. É como se ela tivesse a função de nos acostumar ao pior, ao mínimo, a conformidade da vida das fábricas, da violência e da dor. Seria isso por acaso?
   Se antes a arte dava sentido a vida, hoje ela quer apenas causar impacto. Profanar o sacro, cultuar o feio, promovendo assim a confusão, o vale tudo, o tudo pode ser arte. Isso nos lembra algo? Não é essa exatamente a tese do mercado? Tudo pode ser um produto, desde que bem divulgado. Sendo agressiva, sensacional, contra alguma coisa, a arter se torna "útil". Como dizia Oscar Wilde, o primeiro mandamento do belo e da arte é ser "completamente inutil". O que há de útil em uma música bonita, uma pintura bela ou um filme lindo? Mas "os artistas" fazem músicas sujas, pinturas terríveis, filmes duros e violentos, seriam obras úteis, ou são assim vendidas. Teriam a função de abrir olhos. Olhos para ver o que? Mais coisas feias.
   Construir e vender um prédio feio como moderno e social é muito mais fácil que tentar construir um prédio belo e apenas isso, Belo. Não se esqueçam disso.
   Fruir o belo é uma atividade inutil. Desinteressada. Como o amor ou a amizade, não há um objetivo aqui. A utilidade prática fica em segundíssimo plano. Na arte clássica esse era o objetivo: a arte como bálsamo e elevação de consciência. A criação era valorizada. Belo era o criativo, o vitalista, o potente. Agora se valoriza o banal, a quebra de tabús, a exaltação de sentidos. Tudo isso parece útil e criativo, Scruton mostra que o banal é realmente banal e a quebra de tabús é apenas histeria impotente. Não se cria, se odeia aquilo que outro criou.
   Roger Scruton só poderia ter nascido na Inglaterra. Dou um exemplo do que isso significa. Tenho um professor que em aula de literatura exaltou Balzac e Stendhal ( que adoro ), às custas da Inglaterra. Para ele, a literatura inglesa do século XIX é um nada absoluto, enquanto a francesa é o máximo. Sua explicação é a de que "enquanto a França fala de temas modernos, a Inglaterra ficou presa ao passado e a livros infantis!". Pois eu disse, isso é um ponto de vista. Posso dizer que a literatura francesa se resume ao tédio de esposas traindo maridos e caipiras querendo viver em Paris. Enquanto que a Inglaterra se preocupava muito mais com a criatividade, com o absurdo, o excêntrico e o humor. A resposta de meu mestre? Conforme-se então com seu David Copperfield.........
   Falei isso para voltar a Roger Scruton e dizer que ele culpa Foucault, Deleuze e que tais pela filosofia que prega o "tudo é válido, nada tem hierarquia, cada voz deve ser ouvida". Scruton vai ao cerne: Se tudo é válido então ouvir um Nobel falar sobre a escrita tem o mesmo valor que um semi-analfabeto?
   Estamos proibidos de falar que uma cultura é superior a outra. Não podemos condenar a escravidão feminina em certas nações, "pois é a cultura deles". Tudo se tornou relativo, e nesse universo não se pode dizer que o belo é melhor que o feio. A resposta do fã de Foucault sempre será: "O que é o belo? .."..E após essa pergunta ( na verdade sem sentido ), o relativismo se impõe e o belo se perde. Todos sabem o que é belo como sabemos o que seja bom ou verdadeiro. Relativizar é fugir da verdade.
   Dizer, como dizem os franceses, que só existe Gosto e não o Bom Gosto é falso. É como falar que não existe o bom e o mal, o feliz e o triste, o certo e o errado.  Esse relativismo é um totalitarismo. Brutal.
   Com a palavra Scruton: " A beleza pode ser consoladora, perturbadora, sagrada, profana, hilariante, atraente, inspiradora. Afeta-nos em variadas maneiras. Mas nunca é vista com indiferença. Fala a nós como um amigo íntimo. Se existem pessoas indiferentes à ela, é porque perderam o poder de olhar."
   Roger Scruton é filósofo por Cambridge. Segue Platão e Kant. Acredita na aristocracia pré-Segunda guerra. Reacinonário assumido, rejeita toda militãncia politica. Como todo reacionário, Scruton é "santo padroeiro das causas perdidas". Tem livros sobre música, o pessimismo, e a supremacia da cultura Ocidental.  Altamente rejeitado pela inteligência acadêmica oficial, principalmente por suas críticas ferozes a Foucault, Derrida e o multi-culturalismo.
  Seu jogo já está perdido. Mas quem ganhou, ganhou o que???