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ZOOTOPIA....JERRY LEWIS....DANNY KAYE....WIDMARK...HESTON....

   MIDWAY de Jack Smight com Charlton Heston, Henry Fonda, Toshiro Mifune, Glenn Ford, Cliff Robertson, Pat Morita, Robert Mitchum, Robert Wagner, Erik Estrada, James Coburn.
Nos anos 70 superprodução era assim: filme com muito astro. De todos esses grandes nomes, só Heston e Fonda têm bons papéis. Coburn mal se vê e Mitchum tem apenas uma cena...O filme, longo e chato, fala da batalha que virou a guerra do Pacífico. As cenas de aviões são boas. O resto é um apanhado de clichés.
   O BAGUNCEIRO ARRUMADINHO de Frank Tashlin com Jerry Lewis, Glenda Farrell.
Jerry fez 91 anos esta semana. Vi este filme dúzias de vezes quando era criança. Passava direto na Sessão da Tarde entre 1975-1982. Jerry é um faz tudo numa clínica psiquiátrica. O filme envelheceu. Comédias só não envelhecem quando são geniais. Este não é. Mas tem bons momentos. Tashlin era um diretor amado pelos franceses. Ele começou como animador dos desenhos da Warner.
  O INSPETOR GERAL de Henry Koster com Danny Kaye.
A peça de Gogol vira filme americano. E não é ruim. Kaye é um vagabundo que é confundido com um fiscal da Coroa numa vila russa dos anos 1800. O texto de Gogol mal é aproveitado, o que se usa é seu tema geral. Agradável.
  BEIJO DA MORTE de Henry Hathaway com Victor Mature, Richard Widmark e Brian Donlevy.
Widmark virou estrela neste seu primeiro filme. Ele faz um assassino, com um sorriso inesquecível. Mature é um ladrão que para sair da prisão passa a dedurar seus comparsas. Dentre eles Widmark. Hathaway fez uma tonelada de filmes numa longa carreira. Vários de seus filmes são excelentes e ele sempre foi um diretor classe A. Este filme, escuro, pessimista, é excelente! Tem de ser visto e juro que não envelheceu um só dia. Até mesmo Mature está bem.
  ZOOTOPIA
Nem chega perto de ser ruim. Mas há algo de decadente neste desenho. Ele é estranhamente comum...parece um filme com atores, não ousa, não decola...É ok...mas me parece sem motivo, sem porque...

NINE - CLOONEY - TIM BURTON - KEVIN SPACEY

   JOGO DO DINHEIRO de Jodie Foster com George Clooney e Julia Roberts.
Quando Clooney faz filmes conscientes, típicos da esquerda americana, ele vira um chato. Aqui ele denuncia a tv. O filme é tão divertido quanto o noticiário de segunda-feira.
   O LAR DAS CRIANÇAS PECULIARES de Tim Burton com Eva Green e Terence Stamp.
Burton está sem estilo. Ok. O filme é comum. Tem um problema sério: os personagens são sem sal. A batalha final, num parque, é legal. Fala de um garoto desajustado que encontra uma fenda temporal.
  VIREI UM GATO de Barry Sonnenfeld com Kevin Spacey, Christopher Walken e Jennifer Garner
Sonnenfeld já foi um diretor bem bom. Perdeu toda a mão de uns anos pra cá. Esta é uma comédia muito sem graça. Spacey é um milionário sem coração que vira um gato pra aprender a ter bom coração. Pois é...
   NINE de Rob Marshall com Daniel Day Lewis, Penelope Cruz, Marion Cotillard, Judi Dench, Kate Hudson e Nicole Kidman.
Se voce esquecer Oito e Meio talvez dê pra gostar deste filme. A fotografia é belíssima, os cenários lindos e Penelope Cruz está no momento mais sexy de toda sua carreira. Ela rouba o filme com facilidade. Mas...como esquecer Marcello Mastroianni...Day Lewis faz com que a gente sinta saudades de Marcello! Oito e Meio é mais bonito, mais sexy, mais profundo e muito, muito, muito mais vivo. Este não é um filme ruim. Não é mesmo! Mas Fellini...

PETS....HUSTON....WOODY ALLEN...MARGOT ROBBIE...JUDY GARLAND

   JOHN CARTER de Andrew Stanton
Como diretor de desenhos animados, Stanton é ótimo. Mas aqui lhe deram um roteiro muito ruim. Conheço o personagem John Carter desde criança. Ele foi criado por Edgard Rice Burroughs, o autor do Tarzan. Carter é um terrestre que vai lutar em Marte. Aqui essa premissa, que poderia dar numa boa besteira, é jogada fora. O que vemos é um filme com visual feio, personagens ocos e ação sem sal. Esquece.
   ESQUADRÃO SUICIDA de David Ayers
O elenco é ótimo e se sai bem. Dentre eles, Margot Robbie se mostra uma presença luminosa! Sua personagem, das trevas, é louca, violenta ao extremos e muito sexy. O filme é um pouco violento demais, mas é tão aloucado que acaba funcionando. Os heróis são bandidos terríveis, Will Smith entre eles, que são usados pelo governo para lutar contra o Coringa. Pode ver que vale.
   VIZINHOS 2 de Nicholas Stoller com Seth Rogen, Zac Efron, Rose Byrne e Chloe Moretz.
Uma fraternidade de meninas aluga uma casa. Os vizinhos tentam sabotar suas festas. E é só isso. Uma comédia de pouca graça, mas que a gente vê meio que na boa...Na verdade é tão inofensivo que nem chega a irritar.
   PETS, A VIDA SECRETA DOS BICHOS de Chris Moyer
Roteiro bom. Tem alguns desenhos que têm roteiro muito melhor que 99% dos filmes feitos hoje. Inclusive alguns têm implicações bastante sérias. Este tem roteiro hábil, mas nada tem de sério. A história é boa porque sempre que pensamos adivinhar o que virá em seguida, ele dá uma volta inesperada e muda de direção. Fala sobre pets, a vida social desses pets. E de um cachorro que se perde na rua e encontra uma gangue de bichos revolucionários. É engraçado, é inteligente, é simpático, é bom.
   CIDADE DAS ILUSÕES de John Huston com Stacy Keach, Jeff Bridges e Candy Clark.
Uma quase reportagem sobre o fracasso. Tema favorito de Huston, observe que mesmo em Freud ele escolhe falar dos fracassos do médico alemão. São boxers numa pequena cidade da California. Boxeadores que fracassam, que bebem, que amam mulheres horrendas. O filme é de uma beleza triste. Mas não deprime. O tema musical é lindo. Os atores brilham intensamente.
   BONITA E AUDACIOSA de Lloyd Bacon com Jean Simmons e Robert Mitchum.
Que filme bobo!!!! Simmons é uma rica menina que resolve dar dinheiro ao povo de uma cidade caipira. Mitchum, bem sonolento aqui, é um médico que sabe o porque da menina querer dar dinheiro. So what...
   AS GARÇONETES DE HARVEY de George Sidney com Judy Garland.
Não, não é um grande musical. Se passa no mundo do western. Judy é parte de uma rede de restaurantes que se instala numa cidade de cowboys. Então tá...
  CENAS EM UM SHOPPING de Paul Mazursky com Woody Allen e Bette Midler.
Woody e Bette moram em L.A. São ricos e saudáveis. Imagino que a aposta do filme é que a gente deva rir com Woody dizendo que LA é melhor que NY. E vendo ele passear em shopping de bermudas e rabo de cavalo. Ou seja, sendo um cara do tipo que ele mais odeia. Ok, isso não funciona. O diálogo é raso, os personagens previsíveis e o filme acaba parecendo apenas um passeio à tarde com um casal chato.

OSCAR WILDE....LEE MARVIN...BERLIOZ...HITCHCOCK...FRY

   À QUEIMA ROUPA de John Boorman com Lee Marvin e Angie Dickinson.
Este filme, um original, começa bastante confuso. Isso porque Boorman mistura passado e presente, embaralha. Mas após 10 minutos as coisas começam a clarear. As pessoas falam que o filme tem influências da Nouvelle Vague, mas não, ele é puro Melville. Marvin, mais durão que nunca, é um bandido que foi traído. Procura vingança. Visual arrojado, trilha sonora invulgar, anguloso e estranhamente sexy. Tarantino ama esse filme. E faz tempo que Quentin não faz um filme tão bom quanto este. Obrigatório.
   SINFONIA FANTÁSTICA de Christian-Jaque com Barrault, Berry, St.Cyr e Blier.
Biografia de Berlioz. O filme é chavão, cliché, mas a gente ainda o assiste com prazer. Berlioz sofre pacas e fica famoso já velho. Mesmo assim, não é feliz. Barrault foi o maior ator do teatro francês. O Olivier de lá. Jaque foi o diretor mais odiado pela Nouvelle Vague. Ele era correto. Profissional.
   RETRATO DO ARTISTA QUANDO JOVEM de Joseph Strick
A adaptação do romance de Joyce até que funciona. Li o livro uns 20 anos atrás e detestei. O filme mostra toda a ira do jovem contra sua educação religiosa. Os padres são ruins pacas! Há um belo clima irlandês no filme e apesar de sua pobreza é um filme ok.
   OS 39 DEGRAUS de Hitchcock com Robert Donat e Madeleine Carroll.
Ao conhecer uma menina que é fã de Hitch, resolvo assistir mais uma vez este filme da fase inglesa do mestre. Devo já ter visto cinco vezes, e continua sendo um prazer. Trata do tema central de Hitch: culpa. Fuga. Injustiça. Clássico.
   OSCAR WILDE de Brian Gilbert com Stephen Fry e Jude Law.
Fry é Wilde. Nunca em um bio vi um ator tão adequado a um papel. Mas o filme, longe de ser ruim, não está à sua altura. Law é também perfeito como Bosie, o tolo amante mimado de Wilde. O clima de época é maravilhoso.
  TARKOVSKI
  O SACRIFÍCIO. No aniversário de um patriarca acontece a notícia do holocausto nuclear. É o mais assustador filme do russo. O cenário desaba em dor e em cenas quase incompreensíveis. Ele passa muito perto neste filme do absoluto fracasso, mas o filme acaba sendo salvo por algumas cenas inesquecíveis.
  NOSTALGIA. Este não. Ele passa do ponto, e aqui, em seu último filme, Tarkovski erra. O filme é chato, chato se recompensa. Não há como suportar cenas tão longas e tão sem por que. Falta a poesia que tudo redimia.
 

BORN TO BE BLUE, A VIDA DE CHET BAKER, FILME COM ETHAN HAWKE.

   Se voce é fã de Chet Baker vai gostar do filme. E irá se emocionar com uma cena que resume todo o encanto de sua arte. É quando já ao fim do filme ele canta My Funny Valentine.
  Se voce é fã de jazz vai sentir um incômodo. Jazz é acima de tudo vida e todos esses filmes sobre jazz são incapazes de mostrar a festa, a extrema alegria do jazz. Eles se concentram na dor. Sempre na dor. Como se jazz fosse um tipo de angústia. Ou doença.
  Se voce é fã de cinema vai achar o filme ok. E vai pensar, de novo, que o cinema morreu. Os grandes temas são hoje filmes modestos e os grandes filmes falam de bobagens. Voce vai se indagar: Quem vai assistir este filme...Ninguém, ou quase ninguém.
  E dirá que Ethan Hawke não é um grande ator, mas é esforçado e aqui talvez esteja seu melhor desempenho.
  Juro que não falarei de novo do artigo de Matinas Suzuki escrito no dia em que Chet morreu. E nem do documentário de Bruce Weber. O que sei é que a arte de Chet nada tem a ver com o mundo de 2016. E nisso o filme está fora de sincronia.
  Pois se hoje todos são suaves e sussurrantes como Chet, eles são acima de tudo mimados e sem espinha, como Chet nunca foi.
  Vale ver.

CARMEN MIRANDA SPENCER TRACY HILLARY SWANK CLIVE OWEN LIZ TAYLOR

   ENTRE A LOURA E A MORENA de Busby Berkeley com Alice Faye e Carmen Miranda
Um roteiro bobo num musical hiper colorido da Fox. Busby Berkeley era completamente louco. Seus números musicais são imagens de LSD antes da invenção do psicodelismo. Carmen Miranda era genial. O filme abre com Aquarela do Brasil. Emociona. Tem ainda a orquestra de Benny Goodman. E eu adoro Benny! E Edward Everett Horton. Mas o roteiro podia ser um pouquinho melhor... Nota 4
   DÍVIDA DE HONRA de Tommy Lee Jones com Hillary Swank, Tommy Lee Jones e Meryl Streep
Aff...no tempo do oeste, em Nebraska, uma mulher parte sozinha para resgatar mulheres que enlouqueceram em outro estado. O filme é um pé no saco. Hillary faz seu papel de machona, Tommy é um velho esquisito e todo o filme nada tem de atraente ou de novo. Tédio, puro tédio.
   DEPOIS DA VIDA de Hirokazu Kore-Eda
Os países que perderam a guerra tiveram de se reinventar. Mantiveram a tradição, mas ao mesmo tempo zeraram sua história. Li isso no livro sobre o Kraftwerk. Este filme, extremamente chato, extremamente gratificante, é aquilo que o Japão é: uma cultura em construção eterna, ou: o mesmo de sempre se vestindo de novo. Passei todo o filme em quase transe, minha memória trazia de volta coisas que eu achava ter esquecido. É um filme que tem esse poder, ele nos faz mergulhar dentro de nós mesmos. Japonês. Os atores são sublimes.
   POR AQUI E POR ALI de Ken Kwapis com Robert Redford e Nick Nolte
Um filme bem simples. Um velho escritor de viagens resolve fazer uma viagem pelos EUA a pé. Sua esposa, Emma Thompson, só o deixa ir se for com companhia. Ele convida um monte de amigos e nenhum aceita. Mas do passado surge um amigo esquisitão, um bêbado meio sujo. Os dois partem então. Well...a geração baby boomer ficou velha e os filmes geriátricos abundam. Quando minha geração chegar aos 70 esse tipo de filme será maioria. Este é ok. Não é comédia, é apenas um filme leve, tranquilo e alto astral. Redford está um caco. Mas envelhece dignamente. Nota 5.
   A CONFIRMAÇÃO de Bob Nelson com Clive Owen e Maria Bello.
Na verdade é Ladrão de Bicicletas em versão 2016. O que vemos é um pai fracassado perder suas ferramentas de carpinteiro. Com o filho ele parte numa busca por quem as roubou. Emoção zero. O filme é bem bobo. Se a América é hoje desse jeito, estamos ferrados.
   ESPOSA SÓ NO NOME de John Cromwell com Cary Grant, Carole Lombard e Kay Francis.
Melodrama pavoroso! Cary é um homem casado que conhece Carole. Se apaixonam. A esposa de Cary, uma megera, faz de tudo para os separar. Uma pena ver dois atores tão geniais num roteiro tão ruim. O filme é velho, mofado, quase inacreditável.
   A GAROTA DOS OLHOS DE OURO de Jean Gabriel Albicocco com Marie Laforet, Françoise Dorleac e Paul Guers
Em 1961 este filme causou sensação. A fotografia era ousada, esquisita, bela. Hoje ela ainda impressiona...por dez minutos. O filme é insuportável. Uma mixórdia sobre um playboy que se apaixona por uma mulher misteriosa. Tudo contado de um modo truncado, torto, abrupto, bem à moda de então: nouvelle vague. Duvido que alguém consiga o ver até o fim.
   NO CAMINHO DOS ELEFANTES de William Dieterle com Elizabeth Taylor e Peter Finch
Uma inglesa jovem vai morar com seu marido rico no Ceilão. Lá ele se revela um doido. machista e beberrão. E há ainda os elefantes que ameaçam destruir a casa... Este filme dá pra passar o tempo. O cenário é bonito, Liz está linda e a direção faz a coisa fluir.
   A SELVA NUA de Byron Haskin com Eleanor Parker e Charlton Heston
Agora é na Amazônia. Uma moça se casa por procuração e vai à selva encontrar o marido que nunca viu. Ele a trata muito mal e aos poucos os dois se aproximam. Enquanto isso formigas ameaçam a fazenda...Quase a mesma história. Este é pior. Algumas falas são de doer! Eleanor Parker exala desejo por todos os poros...isso é fascinante.
   AMOR ELETRÔNICO de Walter Lang com Kate Hepburn e Spencer Tracy
Numa emissora de TV se instala um computador. As funcionárias não aceitam isso, têm medo de perder o lugar...É 1956, o computador ocupa toda a sala e faz ruídos " de computador". Kate e Spencer são tão bons que a coisa funciona! É um gostoso passatempo. E uma doce curiosidade. O computador é da IBM.

PIRANHA- GARBO´MINELLI- JOHN FORD- LUCILLE- JOHN BARRYMORE

   GRANDE HOTEL de Edmund Goulding com John Barrymore, Greta Garbo, Joan Crawford, Lionel Barrymore e Wallace Beery.
Grande sucesso da MGM, este filme inaugura todo um gênero, o filme onde vários personagens vivem vidas paralelas num mesmo local. Navios, aviões, lojas, ruas, o cinema passou a usar a mesma fórmula por décadas. Aqui, num hotel de luxo em Berlin, acompanhamos uma bailarina em crise, um nobre falido que se tornou ladrão, um operário condenado que torra suas economias, uma secretária cortejada e um industrial corrupto. Bonito de se olhar, o filme, apesar de didático, envelheceu pouco. É um belo exemplo da arte hollywoodiana. Barrymore dá um show como o ladrão. O olhar comove. Seu irmão, Lionel está ótimo como o operário deslumbrado com o luxo. E temos Garbo. Sua forma de interpretar é terrivelmente exagerada, antiquada, mas quando ela se cala e atua apenas com o corpo, ela nos derrota. Sentimos estar diante de algo único. Sua beleza frágil e andrógina é ainda um enigma. Nunca haverá nada parecido. Nota 7.
   PIRANHA de Alexandre Aja com Elizabeth Shue, Eli Roth e Christopher Lloyd.
Os anos 70 criaram o gênero "massacre". Um tipo de filme onde vemos gente sendo atacada e morrendo. O ataque pode ser de bichos, um desastre natural ou aliens. Hitchcock antecipou esse estilo com a obra-prima Os Pássaros. Ninguém chegou perto. Este filme é recente. Piranhas monstruosas atacam adolescentes num lago. O puritanismo americano faz com que todos que fazem sexo morram. Temos cenas de nudez nada sensuais, piadas toscas e nenhum suspense. Vemos inclusive uma piranha engolir um pênis. O filme nem aversão causa. Esse tipo de filme só mantém interesse se tiver um personagem ao menos simpático. Não é o caso. O herói é patético. Em meio a um lago cheio de gente sendo comida ele pega um revólver e dá tiros na água voando sobre um barco...Please!
   OS ÚLTIMOS NA TERRA de Craig Zobel com Chiwetel Ejiofor, Margot Robbie e Chris Pine.
Por falar em anos 70...este filminho barato de 2015 lembra os piores filminhos baratos de 1976. Aqui, em cenário florestal, o mundo acabou. Uma garota vive só com um cão. Encontra outro sobrevivente. Depois mais um. Se forma um triângulo. Eles falam muito. E a gente sente mais tédio que eles. Tipo do filme porcaria.
   O INFORMANTE de John Ford com Victor McLaglen
McLaglen ganhou o Oscar em 1935 por este filme. Ele é um delator, um bêbado que entrega um amigo em troca de dinheiro. Estamos na Irlanda, e os inimigos são os ingleses. Os primeiros 30 minutos são exemplares. Ford faz um filme que é só sombra e mistério, miséria e medo. Mas depois ele se alonga um pouco demais. De qualquer modo é um filme forte e McLaglen está sensacional. Na época este filme foi considerado uma obra-prima. Não é. Mas continua sendo forte. Nota 7.
  LUA DE MEL AGITADA de Vincente Minelli com Lucille Ball e Desi Arnaz
Mais um filme que inaugura um novo filão. No caso, temos a história de um casal que em lua de mel resolve conhecer os EUA num trailer. Claro que tudo dá errado. Feito em 1954, ainda diverte. Lucy é a melhor das humoristas e Desi não está mal. Na época eles faziam sucesso na TV com I Love Lucy. Minelli dirige com leveza e a fotografia é ótima. Boa diversão. Nota 7.
 

STAR WARS- JEAN COCTEAU- PIERCE BROSNAN- DEADPOOL- MAGGIE SMITH

Voltei a ter tempo livre para ver alguns filmes. Então vamos lá...
   STAR WARS-O DESPERTAR DA FORÇA de J J Abrams
O diretor Abrams possui um dom que me agrada muito: ele faz com que os efeitos digitais não pareçam digitais e sim se pareçam com coisas naturais, os velhos efeitos com stunts. Melhor ainda, ele ama cenas de ação ensolaradas, cores claras, vivas, alegres. Há uma convenção, tola, de que toda cena de ação atualmente deva ser dark. Pois Abrams sempre vai contra isso. Seus filmes são mais felizes, leves que a média. Este é uma grande aventura com sabor de anos 50. Às vezes lembra Lawrence da Arábia ( que é de 1962, eu sei ), o deserto, o clima; depois vai às aventuras de pirata com Burt Lancaster e aos filmes de Ray Harryhausen. Bem legal. Harrison Ford volta e volta bem. Carrie Fisher volta melhor ainda. Tem até Max Von Sydow, o ator de O Sétimo Selo, do Bergman. A trilha sonora de John Willians é ótima e a fotografia é lindíssima. Nota 8.
   ENSINA-ME O AMOR de Tim Vaughan com Pierce Brosnan, Salma Hayek e Jessica Alba.
Sempre bom ver Pierce num filme. Ele sabe atuar e consegue parecer estiloso e real ao mesmo tempo. Aqui ele é um professor que se envolve com irmã da esposa. Malcolm McDowell aparece como o pai de Pierce. Tem poema de Yeats sendo recitado. O filme nada tem de especial, mas também nunca ofende. Nada de idiota, o que hoje já é um alivio. Salma continua uma beleza. Nota 5.
   DEADPOOL de Tim Miller com Ryan Reynolds
Um super-herói ruim...Nem tanto...talvez um super-herói demente...também não...é um filme estranho. Tem cenas de violência mas parece infantil, é um herói nada heroico. Sei lá! O filme é bem feito, engraçado às vezes, mas esquecemos dele depois de dois dias. Nota 5.
   ZOOLANDER 2
Ben Stiller e Owen Wilson voltam a atacar. Owen Wilson....como pode isso!!! O filme é tão bobo, tão sem graça, tão insuportável...Um lixo.
   A SENHORA DA VAN de Nicholas Hytner com Maggie Smith, Alex Jennings e Jim Broadbent.
Dizem ser uma história real. Nos anos 50 uma mulher atropela alguém dentro de uma van. Ela pira e passa a viver dentro dessa van. Nos anos 70 ela estaciona na rua de um escritor gay. E ele passa a cuidar dela. Maggie Smith está realmente suja! Faz um retrato exato de uma moradora de rua. A gente quase sente o cheiro. Alex Jennings, sutil e contido, lhe faz um par a altura. O autor real, Alan Bennet, aparece como ele mesmo ao final. O humor é bem negro e o drama quando vem é pesado. O retrato da sociedade inglesa é perfeito. Nota 6.
   O SANGUE DE UM POETA de Jean Cocteau
Feito em 1930, este é o primeiro filme de Cocteau, na época já um autor famoso. Não procure entender, são imagens de sonho, de passagem para o mundo da inconsciência.
   TESTAMENTO DE ORFEU de Jean Cocteau
E aqui, em 1959, seu último filme. Feito para a TV, é apenas um blá blá blá sobre sua obra surrealista. Tem momentos muito bons, outros bem chatos. Ele foi um grande diretor, mas aqui, já doente, vemos apenas isso, um testamento sendo lido e exibido. Picasso, Yul Brynner e Jean Marais aparecem no filme.

NWA- SPIELBERG- HERZOG- TOM HANKS

   STRAIGHT OUTTA COMPTON, A HISTÓRIA DO NWA
Escrevi sobre esse bom filme abaixo. O assunto é muito interessante e o roteiro não se prende a draminhas chorosos, coisa tão comum em biografias na tela. O elenco está afiado e o filme flui. Melhor que os dois vencedores do Oscar. Nota 8.
   SNOOPY E CHARLIE BROWN, PEANUTS O FILME
Eu adoro as tiras de Schulz. Estou lendo sua bio nestes dias, ele foi um grande homem. Mas este longa é muito estranho. Tempos caretas estes em que Charlie Brown acaba se dando bem e sendo feliz...Mais estranho ainda são os traços do desenho....com detalhes e belos cenários a impressão fica fake. É como se os personagens estivessem disfarçados, vestidos com roupas erradas. Well...o melhor é Snoopy, ele é um personagem tão forte que se mostra indestrutível. Charlie Brown perde aqui seu amargor e Linus quase desaparece. Entendam, é uma linda homenagem, mas não parece Schulz.
   PONTE DOS ESPIÕES de Steven Spielberg com Tom Hanks, Mark Rylance e Amy Ryan.
Um belo filme!!!! Nos EUA dos anos 50 um espião é pego. Hanks é o advogado que o defende. Depois acontece uma troca de espiões. Spielberg faz um de seus melhores filmes. A primeira parte é drama sóbrio e depois temos suspense e clima fatalista. Hanks é o Spencer Tracy de sua geração, faz tudo parecer fácil. O filme tem classe, é uma aula de elegância e discrição. Nota 9.
   RAINHA DO DESERTO de Werner Herzog com Nicole Kidman, James Franco e Robert Pattinson.
Deus! Herzog!!!! O filme fala de uma aventureira que trabalha como um tipo de Lawrence da Arábia. Nada funciona aqui. O filme é desinteressante, chato, tolo, mal interpretado, vazio, e o pior de tudo: tenta ser um épico estilo David Lean....Inacreditavelmente ruim....

STRAIGHT OUTTA COMPTON, O MELHOR FILME DO "OSCAR 2016"

   Agora entendo a ira dos negros. Este filme é muito mais relevante, interessante e divertido que qualquer outro filme do Oscar. ( Ok, Mad Max é mais divertido e filosófico ). O diretor F. Gary Gray dirige de forma quadrada, não inventa nada, e nem precisa: a história é muito boa. É a história da última grande revolução da música, uma revolução tão grande que ainda hoje, 30 anos depois, os mais conservadores ainda têm dificuldade em chamar de "música" aquilo que é ritmo com poesia, a mais visceral das músicas.
  Lembro bem do NWA. Li uma matéria irada na Rolling Stone gringa, em 1989. O autor, num canto de página, chamava atenção para a revolução do gueto. Fogo e ira em shows. Como não se via desde....nunca. O RAP se firmara em 1985, RUN DMC, Beastie Boys, Public Enemy. Depois LL COOL J, Fat Boys, EricB e Hakim. Eu estava lá e vi tudo. Roqueiros odiavam rap. Odiavam muito. Achavam fácil de fazer ( nunca conseguiram fazer igual ). Falavam tudo aquilo que seus pais haviam falado sobre o rock 30 anos antes. Não percebiam que eles estavam muito, muito velhos, e pior, inofensivos. O rap os ofendia por jogar sua bunda molice em sua cara. Entre 1985-1995 nada no mundo era mais vivo, jovem, influente e interessante que o rap. E o NWA, dentro do rap, foi a mais odiada das bandas.
  O mundo mudou com eles. Você que tem menos de 40 anos não sabe disso. Mas o mundo antes do hip hop era outro. Cabelos, roupas, modo de falar, a cultura DJ, mix, modo de se mover, dança, cinema, graffitti, a fala, tudo foi mudado por eles. Do tênis que você usa, do modo como você dança, a camiseta que você veste, o jeito como se produz um disco, as letras, o sotaque do inglês de rua, cortes de cabelo, e principalmente, o modo agressivo e intrusivo como os negros aprenderam a se afirmar. O rap anunciou Obama, mas também abriu caminho para Chris Rock e Will Smith.
   O NWA inventou a mais odiada forma de rap, o gangsta. Dr, Dre, um gênio musical, com Ice Cube, Eazy E e REN, criou o som em 1987. Era pra dar tudo errado. Na era Reagan, eles falavam em matar a policia e no orgulho em ser traficante, gigolô e ladrão. ( Sim, eles abriram caminho para o funk brasileiro ). Afirmavam ter um pênis maior, armas maiores e mulheres mais gostosas. Esse discurso, amoral, e muito verdadeiro, eles se diziam jornalistas, caiu feito bomba no meio musical. Ice Cube disse que eles nada elogiavam, apenas diziam o que todo mundo falava. Os brancos é que não sabiam disso. Essa a verdade. O gangsta quando chegou no Brasil virou funk. O funk não faz o crime maior. Ele o traz para os holofotes.
  Em termos musicais DR. Dre tem um bom gosto impressionante. Ele une batidas de George Clinton com acordes de Disco Music. Isso é arte. Tanto como Duchamp ou Mondrian. Ele pega o detalhe ínfimo e lhe dá relevância e estatuto de museu. Muda o que entendemos por "músico". Um bom DJ é muito melhor que um bom guitarrista. Os dois repetem fórmulas. Mas o DJ é muito mais livre e aberto. ( Falo dos bons DJs. Existem os enganadores. Como existem os guitarristas banais ).
  Drogas, muito sexo, muita policia, grana, brigas. O filme flui. O elenco dá conta. O ator que faz Eazy E. domina o filme. Ele é excelente. Pra finalizar:
  Perto deste filme, que nada tem de genial, aviso, o filme do caçador, o filme do padre e o filme do menino nada têm a dizer. São pálidos. Se você quer ver um filme que faça diferença, este é o filme.

FRED ASTAIRE- TOM CRUISE- GEORGE CUKOR- DORIS DAY- PETER CUSHING

   DUAS SEMANAS DE PRAZER ( HOLIDAY INN ) de Mark Sandrich com Bing Crosby, Fred Astaire e Marjorie Reynolds.
Um triângulo amoroso entre um cantor, um dançarino e uma novata. O cantor larga a vida na cidade e monta uma pousada no campo. Essa pousada vira um hotel-show. E o amigo vai se apresentar lá e disputar sua garota. O filme é uma delicia. Todas as canções são de Irving Berlin e cada uma fala de um feriado. Fred Astaire está ótimo como um dançarino meio safo. Tem três números espetaculares. Mas o filme se sustenta graças a direção do mestre Sandrich, diretor dos melhores filmes da dupla Astaire-Rogers e que morreria nesse mesmo ano. Bing Crosby transpira calma. Um paizão. Poucos anos depois este filme seria refeito com pequenas mudanças...e com resultado bem mais pálido. Nota 8.
   ROMANCE INACABADO de Stuart Heisler com Bing Crosby e Fred Astaire.
Usando as mesmas canções de Irving Berlin, os produtores refazem Holiday Inn. As mudanças são poucas: o ambiente é todo de cidade e Bing é um cara que vive mudando de endereço. Fred disputa uma mulher com ele... Há o Puttin on The Ritz de Fred, e isso sempre nos faz sorrir de satisfação. Mas é um filme de segunda. Nota 5.
   UM PIJAMA PARA DOIS ( THE PAJAMA GAME ) de Stanley Donen com Doris Day, John Raitt e Carol Haney.
Um sucesso na Broadway, este musical trata de um tema incomum: uma greve. O ambiente é todo de fábrica e de gente "comum". O filme foi um fracasso em 1959. Já se sentia o fim do mundo dos musicais. É um filme estranho...as músicas são excelentes, algumas danças são boas ( duas são ótimas ), mas ele não funciona. Simplesmente desistimos dele. A coreografia é de Bob Fosse, o gênio, e em duas cenas percebemos o futuro monstro que ele seria. Os corpos voam, as mãos falam, é o modo único de Bob Fosse fazer dança. Mas o filme...Donen, um dos meus diretores favoritos, dirige sem paixão. Pena...Nota 3.
   A MALDIÇÃO DE FRANKENSTEIN de Terence Fisher com Peter Cushing e Christopher Lee.
O primeiro filme da Hammer. Uma produtora inglesa, barata, que em 1957 resolveu fazer filmes de terror de bom nível. Pegou o ciclo dos anos 30 da Universal e os refilmou de outro jeito. Mais explícitos e coloridos. Este foi o primeiro e como vendeu bem, abriu o caminho para o filão que duraria quase vinte anos. Os atores estão maravilhosos e confesso que senti um certo incômodo vendo o filme. É doentio. Nota 5.
   MISSÃO IMPOSSÍVEL de Christopher McQuarrie com Tom Cruise, Jeremy Renner, Simon Pegg e Rebecca Ferguson.
Apesar da história ser completamente inverossímil, é um filme de ação muito bom. Todas as cenas têm o ponto certo, nunca parecem longas, nunca são velozes demais. Você consegue ver gente em meio ao fogo e às explosões. Tom nasceu para esse filme, está perfeito. O vilão é terrível no ponto exato e a heroína é bonita e convence. Tipo de diversão que vale cada centavo gasto. Nota 7.
   O CAVALO CAMPEÃO de Anthony Pelissier com John Mills, John Howard Davies e Valerie Hobson
Um filme muuuuuito estranho. Numa família de classe média, o pai gasta muito dinheiro no jogo, a mãe é consumista ao extremo e o único filho desmorona vendo o desastre que se aproxima. Mas eles têm um jardineiro que lhe apresenta o jockey club e o menino aposta e começa a ganhar... Poucos filmes demonstram com mais distanciamento o desastre de uma criança. Pais que dão ao filho toda a tensão do lar. O filme é esquisito, árido, simples e muito duro. Hoje é considerado uma pequena jóia do cinema inglês.
   NASCE UMA ESTRELA de George Cukor com James Mason e Judy Garland.
Um filme maldito. Cukor fez um filme de 4 horas. A Warner cortou para duas e meia. E, apesar das indicações ao Oscar, foi um fracasso. Aqui temos ele refeito em 3 horas e pouco. Visualmente é um primor. O colorido brilha em tons de azul e preto, ângulos de câmera ousados e movimentos súbitos. Mas a história é difícil de acompanhar. Talvez por sabermos toda a história do ator bêbado que descobre cantora genial e a lança ao estrelato. O filme é pesado, triste, mórbido até. Judy perdeu o Oscar para Grace Kelly e jamais se recuperou. James Mason está bem, mas nunca emociona. Um grande erro. Dos poucos de Cukor.
   PAPAI PERNILONGO de Jean Negulesco com Fred Astaire e Leslie Caron.
Sempre que Astaire se afasta do tipo continental, o cara da cidade, meio safo, esperto e vaporoso, o filme parece se ressentir disso. Aqui nada convence. Ele é um ricaço que adota uma francesa pobre de 18 anos....Aff...Ela não pode saber e depois de anos ele se aproxima dela sem que ela saiba que ele é o benfeitor que pagou tudo para ela. Sim, é uma bobagem xaroposa. Fuja!

FRANK OZ- MERYL STREEP- HUGH JACKMAN- KIRK DOUGLAS- AL PACINO- PAN

   PAN de Joe Wright com Hugh Jackman, Amanda Seyfried, Rooney Mara...
Para que serve mais um Peter Pan: para nos deixar entediados. Joe Wright comete um enorme fiasco de bilheteria e uma chatice sem fim. O roteiro fala da segunda-guerra. Num orfanato onde vive Peter Pan, piratas raptam crianças...e por aí vai. Parece um desfile de escola de samba, nada faz muito sentido mas é colorido e se sacode sem parar. Difícil imaginar que alguém um dia tenha achado que isso pudesse funcionar! Joe corre o risco de jogar fora sua boa carreira. Jackman está over!
   RICKI AND THE FLASH, DE VOLTA PARA CASA de Jonathan Demme com Meryl Streep, Kevin Kline e Rick Springfield.
Ricki é uma cantora sessentona. Um dia, nos anos 80, ela lançou um LP de algum sucesso. Hoje ela vive tocando em botecos. A banda, velhos roqueiros como ela, toca bem, mas eles jamais sairão daquele bar. Para sobreviver ela é caixa de supermercado. Então descobrimos que ela tem um ex-marido, careta e rico, e 3 filhos que a odeiam. Ela os abandonou. Quando a filha entra em crise Ricki vai visitar sua ex-família. Ok. Não estamos mais nos anos 70, então não vamos esperar que esse niilismo dure muito tempo. Logo tudo começa a se acertar. Não é um filme de rock. É mais um pequeno filme sobre família. O roteiro é óbvio ( de Diablo Cody ) e Meryl está fora de lugar. Ela nunca convence como pobre. Na banda vemos Bernie Worrell e Steve Rosas. Os dois tocaram com George Clinton, Talking Heads e Los Lobos. Springfield foi um tipo de Springsteen australiano. Foi estrela sexy lá por 1981. Demme foi o mais poderoso diretor de Hollywood...nos tempos do Silêncio dos Inocentes...
   AUTOR EM FAMÍLIA  de Arthur Hiller com Al Pacino, Dyan Cannon e Tuesday Weld.
O filme começa e já sabemos: foi feito entre 1978-1982. O grande tema dessa época logo é revelado: gente tentando se encontrar. Um pai divorciado que cuida de um monte de jovens e ainda escreve peças. Tema em moda na época: o novo homem, o homem mãe. Mas o filme é bobo. E Pacino não ajuda. Nenhum grande ator é pior quando está ruim que Pacino. Em seus dias ruins ele é muito ruim! O namoro entre ele e Cannon é repugnante de tão artificial.
   MORTE NO FUNERAL de Frank Oz com Rupert Graves, Matthew MacFadyen, Ewen Bremmer
Oz, um ótimo diretor americano de humor, vai à Inglaterra e faz com equipe toda inglesa um filme de humor muito negro. Todo passado durante um enterro, tem anão gay, assassinato, vaidade, ciúmes e muito mal gosto. Longe de ser um bom filme, mas também não é ruim. Digamos que é o tipo de erro interessante...
   CACTUS JACK, O VILÃO de Hal Needham com Kirk Douglas, Ann Margret e Schwarzennegger.
O jovem Arnold é o fortão-burro que nesta comédia western faz com que o vilão feito por Kirk se dê sempre mal. É um dos mais vergonhosos filmes já feitos! Não tem graça e dá pena de ver Kirk e Ann em coisa tão desajeitada. Inacreditável de tão bobo!

CAMERON CROWE- WILLIAM POWELL- MYRNA LOY- PAUL RUDD- WILLIAM H. MACY- DISCO MUSIC

DEU A LOUCA NOS ASTROS de David Mamet com William H. Macy, Alec Baldwin, Sarah Jessica Parker, Philip Seymour Hoffman, Julia Stiles e Charles Durning.
Uma equipe de cinema invade uma cidade para fazer um filme. O diretor não sabe o que fazer e só pensa em dinheiro. O ator estrela é pedófilo. O escritor é inseguro. E a cidade se vende baratinho....É um anti-A Noite Americana, de Truffaut. Ao contrário do filme francês, aqui o cinema é apenas um ato de histeria. E no oposto a Oito e Meio, o diretor é somente um burocrata. O filme é tão desencantado que se torna vazio. Os atores dão o máximo, mas sei lá...é um filme bastante frouxo. Nota 3.
FÉRIAS FRUSTRADAS de Goldstein e Daley com Ed Helms e Christina Applegate.
Oh God! Uma semi refilmagem do velho filme de Chevy Chase ( que aparece aqui chocantemente mudado ). Seria ok se tivesse uma cena engraçada...Não tem. Algumas até nos deixam constrangido. A comédia, esse filho bastardo, está num de seus piores momentos neste século sofrido. Christina foi a Bundy-filha na maravilhosa série Um Amor de Família...bons tempos do politicamente incorreto. ZERO.
A CEIA DOS ACUSADOS de W.S.Van Dyke com William Powell, Myrna Loy e Maureen O'Sullivan.
Revi, pela quarta vez, o filme alcoólico baseado no livro de Hammett que criou o moderno casal americano. Os dois, Powell e Loy, inventam sem querer, aqui, o modelo daquilo que todo casal almeja, ou o modo como se vê: alegre, meio infantil, elegante e apaixonado de um modo irônico. É um prazer ver os dois na tela. Eles brilham como luar em oceano. Pena a história, policial, ser tão fraca...Mas há genialidade na construção, intuitiva, desse casal divisor de águas. Uma boa introdução ao cinema dos anos 30.
THANKS GOD! IT'S FRIDAY! de Robert Klane com Donna Summer, Jeff Goldblum, Debra Winger, Terri Nunn, Commodores.
Um lixo adorável. Pura nostalgia neste filme barato de 1978 que foi malhado então e que continua sendo desprezado como aquilo que ele é: lixo. Mas ao mesmo tempo ele é um retrato tão fiel do que era estar vivo e solto e leve em 1978! Goldblum e Debra estreiam aqui e ambos estão muito bem. A trilha sonora é um desbunde e a pobreza da produção favorece o documentarismo involuntário do momento. È um dos piores filmes da história que eu adoro. Questão pessoal: eu estava lá. O mundo era outro nos anos 70, e apesar de sempre desejar voltar a ser tão livre e tolo como foi, nunca mais o será.
BRIDESHEAD, DESEJO E PODER de Julian Jarrold com Mathew Goode, Ben Whishaw, Hayley Atwell, Michael Gambom e Emma Thompson.
Apesar de bonito de se olhar, esta nova adaptação ( de 2008 ) do livro de Evelyn Waugh não se compara a mítica série de 1981. Escrevi em outro post, longamente, sobre as duas versões. Aqui tudo é mais bobo, Sebastian vira uma bicha louca e a mãe uma histérica carola. Meu medo é: será que hoje tudo tem de ser explicitado ou então ninguém mais consegue perceber nada... Mas, se você não teve o prazer de ver a série, irá gostar deste desfile de belos cenários e de emoções reprimidas.
HOMEM FORMIGA de Peyton Reed com Paul Rudd, Michael Douglas
Muito bom. O melhor filme Marvel do ano. Tem humor, ótimos efeitos e um herói muito gostável. E um bom vilão. Não é longo demais e a impressão que tenho é que os melhores filmes de herói são aqueles que se levam menos a sério. Um filme para ser visto numa tarde de férias. Pode confiar. Paul Rudd faz com leveza o "cara do bem" que vive uma vida "não tão legal". É um perdedor. Assista.
A BELA DO PALCO de Richard Eyre com Billy Crudup, Claire Danes, Rupert Everett.
Eyre deve se achar um grande talento. Todos os seus filmes caem sob o peso desse talento pretensioso. Este é tão pedante que nos esmaga. Tudo é "arte". E tudo aqui é chatice sem fim. Os atores estão risíveis, o roteiro é desinteressante, as cenas são longas e vazias. Fuja correndo!
THE CHOCOLATE SOLDIER de Roy Del Ruth com Nelson Eddy, Rise Stevens
Jeannette e Nelson brigaram e então a MGM o uniu a cantora de ópera Rise. E ela se revelou uma atriz amadora. Fica todo o filme com a mesma expressão: um sorriso de não-atriz. Nelson se esforça. O filme, opereta barata, é menos ruim do que eu temia. Bobo. Mas bem feito.
SOB O MESMO CÉU de Cameron Crowe com Bradley Cooper, Emma Stone, Rachel McAdams e Bill Murray
Crowe e mais um de seus filmes "alto astral". É muito bom ter um cara que ainda faz filmes genuinamente alto astral. Crowe crê no bem, na bondade, na alegria. Pena que seus filmes façam tão pouco sentido. A história parece muito mal escrita, tudo rola sem rumo, sem muito porquê. Mas então surge o trunfo: os personagens. São gente legal, gente que gostamos de ver, pessoas que adoraríamos ter por perto. Crowe não sabe criar uma trama, mas sabe imaginar pessoas. Ele é o último dos hippies no cinema, seu estilo é "paz e amor". Tão sincero que terminamos de ver o filme e queremos amar mais. Ele não tem vergonha de apostar no bem. Adorei.

DWAYNE- BILL CONDON- PETER BOGDANOVICH-WIM WENDERS- GUY RITCHIE- LAWRENCE- GUERRA

   UM AMOR A CADA ESQUINA de Peter Bogdanovich com Imogen Poots, Owen Wilson, Jennifer Aniston, Rhys Ifans, Will Forte, Cybill Shepard.
A produção é de Wes Anderson e de Noah Baumbach. Tem participação, como ator, de Tarantino. Ou seja, a nata do cinema de 2015 dando uma força para Peter, o grande diretor revelação de 1971 com A Última Sessão de Cinema. E que depois fez algumas excelentes comédias doidas, como aquelas que se faziam nos anos 30. Mas aqui nada funciona. É triste ver os atores se esforçando ao máximo para dar vida a personagens tão fake. Na comédia doida tudo é fantasia, tudo é exagerado, mas havia nelas uma inteligência, nas falas, que tornava tudo "verdadeiro". Pelo exagero se chegava à verdade final das relações. Aqui as pessoas são apenas loucas. Elas correm, gritam, mentem, fogem, voltam, e fazem com que nos sintamos indiferentes. Não chegam a ser antipáticos, são apenas chatos. Penso que deveríamos achar Imogen fofa. Ela é apenas bobinha. Owen deveria ser charmoso. É apenas oco. E a pobre Jennifer deveria ser divertida. É apenas sem peso. Triste ver um filme que pensa ser chique, leve, amoral, cínico, ser apenas infantil, truncado, espertinho e ingênuo. Um fiasco! ( Atenção a Imogen. Ela será uma estrela ).
   A ESTRADA 47 de Vicente Ferraz com Daniel de Oliveira
Bom tema: o brasileiro na guerra de Hitler. Penso que Ferraz tentou construir um clima à Kurosawa. A estética a serviço do absurdo. A guerra vista como confusão, medo, dor e niilismo completo. Mas falta muito para se chegar perto do mestre japonês ( ou de Naruse ), o filme não nos envolve. Histeria e frio que nunca vira narração.
   LADY CHATTERLEY'S LOVER de Jed Mercúrio com Holliday Grainger e Richard Madden.
Filme da BBC que foi exibido em setembro de 2015. Os filmes de TV da BBC nada mudaram. A Globo os exibia nos anos 70. Eram bem interpretados, solenes, adaptações de livros escritos no período vitoriano ou eduardiano. A única mudança foi nas cores dos sets: antes eram marrons e dourados, agora abusam do azul pálido e do cinza. Continuam sendo filmes bem feitos e meio mortos. Sem fibra e sem paixão. A antítese dos filmes de Boorman, Loach, Anderson, Schlesinger ou Losey.
   EVERYTHING WILL BE FINE de Wim Wenders com James Franco, Charlotte Gainsbourg, Rachel McAdams
Os primeiros dez minutos são ótimos. Neve e mais neve no Canadá do norte. Um homem atropela uma criança. Ele é escritor e é casado. E daí vem a crise... De admirável o fato de termos um filme "de arte" que não apela para sexo explícito, cenas de violência chocante ou um discurso calcado na velha ladainha de raiva adolescente. É adulto, lento, pausado, com imagens fortes, bem pensadas e nunca gratuitas. Mas é também insuportavelmente lento, escuro, triste e sussurrado. Não se pode dizer que não deu certo, ele é exatamente aquilo que Wenders imaginou.
   TERREMOTO, A FALHA DE SAN ANDREAS de Brad Peyton com Dwayne Johnson, Carla Gugino,  Ioan Gruffud e Paul Giamatti.
É bom poder dizer que este Terremoto é muito melhor que aquele de 1974. Não é uma refilmagem, mas tem o mesmo tema. Aqui os efeitos são ótimos, a ação vem na hora certa, nunca como única meta, mas sim como consequência, e ficamos muito satisfeitos com a diversão que ele nos dá. Sim, somos uma geração que se diverte vendo o fim do mundo...Quem sabe não sejamos no fundo uma geração descrente do mundo sólido e das cidades como centro da vida....Relaxe, enjoy!
   MR. HOLMES de Bill Condon com Ian McKellen, Laura Linney.
Já falei deste filme abaixo. Holmes está senil e luta para recordar a resolução de um crime de 30 anos atrás. Enquanto isso faz amizade com um menino e cria abelhas. Um bom filme com atuações ótimas. O final é bastante memorável.
  O AGENTE DA UNCLE de Guy Ritchie com Henry Cavill, Armie Hammer e Alicia Vikander.
Esperto, chique, divertido e charmoso. Tudo que imaginamos ter sido viver entre 1958-1965. Essa foi a época dos mais luxuosos filme. E foi o tempo do bom gosto. O filme tenta copiar esse tempo. E consegue! Os atores são bacanas, a trilha sonora imita Schiffrin e Barry, e Guy até diminui sua velocidade. Tipo do filme que te deixa de boas e faz com que você se sinta mais civilizado.

BRIAN WILSON- BOGEY- JASON STATHAM- VINGADORES- JURASSIC- BETTE DAVIS

   OS VINGADORES-A ERA DE ULTRON com os vingadores
Não rola. Ele começa já com ação, desinteressante, e rola ladeira abaixo. A história é sobre um super ser que toma a mente do Homem de Ferro. O filme falha no principal: pouco ligamos para os heróis. O primeiro filme da série era bem bom. Este é uma coisa perdida.
  OS ÚLTIMOS CAVALEIROS de Kaz I Kirya com Clive Owen e Morgan Freeman
Você vai achando que se trata de um gostoso filme medieval. Você quer um pouco de ação, heróis e magia pop. Mas então você descobre que o filme foi feito em Taiwan e que desse modo se trata de uma visão oriental sobre a idade média. E que no oriente não houve uma idade média. E que portanto o que temos é um carnaval de misturas mal feitas que tornam a coisa insuportável. Alguns personagens parecem do século XII, outros são de 1700 e alguns de Star Wars. Os nobres são negros, há ainda samurais e odaliscas. Nem Stan Lee foi tão doido. Pior de tudo, a ação é pífia.
  JURASSIC WORLD de Colin Trevorrow com Chris Pratt e Bryce Dallas Howard
Então vocês acham que sou um snob que não gosta de filmes pop...pois eu gostei muito deste. Os efeitos são ótimos, a mensagem ecológica é boa, a ação é bem dosada. Divertido e com suspense. Eis um filme digno. Pode ver que é bem legal.
  JOGO DURO de Megaton com Jason Statham e Hope Davis.
Um cara que trabalha em cassino ganha e perde uma fortuna. No meio tempo ele se mete em várias encrencas. Um filme de ação com aquele tipo de herói perdedor que era moda nos anos 90. Eu adoro. Jason é o melhor ator para esse tipo de filme. Ele nunca parece perfeito e sua voz demonstra fraqueza. Isso o humaniza. É um filme em que tudo é chavão, mas por causa de sua falta de pretensão nós desculpamos e relaxamos. Muito bom.
  AMOR E MISERICÓRDIA de Bill Pohlad com Paul Dano, John Cusak, Paul Giamatti e Elizabeth Banks.
Desde a obra-prima sobre Dylan é este filme a melhor bio sobre um rock star. Cusak e Dano dão um show fazendo Brian Wilson em idades diferentes. O filme não tenta mostrar tudo sobre o líder dos Beach Boys, ele se detém em dois momentos de sua vida: o auge em 1966 e o inferno nos anos 80. Todas as cenas no estúdio de gravação são fascinantes. O que vemos é um gênio louco criando magia. O filme consegue unir pesadelo à encanto. Brian conheceu o inferno e o psiquiatra feito por Giamatti é um dos piores vilões da história. E creia, foi isso mesmo o que aconteceu... Um filme que emociona e nos deixa nocauteados. Tem de ser visto. ( Cusak tem a melhor atuação de sua vida ).
  FLINT CONTRA O GÊNIO DO MAL de Daniel Mann com James Coburn e Lee J Cobb.
Quando James Bond se tornou em 1963, no seu segundo filme, uma mania mundial, imediatamente os USA começaram a procurar sua versão de 007. Dean Martin foi Matt Helm e James Coburn foi Flint. Os dois são gozações. Os USA não conseguiram jamais levar 007 a sério. A série de Martin é puro esculacho, esta é uma tentativa de ser engraçadinha com alguma dignidade. Não funciona. O filme em 1965 era moderninho e sexy, hoje é apenas museu vivo. James Coburn é um ator carismático, quem o viu em westerns jamais esqueceu, mas aqui ele parece apenas um adulto brincando com teenagers. Muito colorido, muito moderninho, ele parece agora apenas chato.
  O ROMANCE DE UM TRAPACEIRO de Sacha Guitry com Sacha Guitry e Jacqueline Delubac
Guitry foi um star na França dos anos 30. Ator, cantor, escritor, dramaturgo, diretor de cinema e compositor. Fez alguns filmes muito relax e muito originais. Veja esta pequena maravilha....Com humor soberbo, conta a saga de um trapaceiro. Da infância até a idade madura. O filme não tem um só diálogo, ele é todo narrado por ele mesmo, à mesa de um bar. Dessa forma, vemos as cenas enquanto escutamos sua narrativa. O efeito, que poderia ser chatérrimo, funciona muito bem. Os motivos: a história é excelente e a voz de Guitry é charmosa. O filme tem cenas sensacionais e dá um prazer imenso. Como sempre falei, a França fez os mais metidos e chatos filmes da história. E também os mais leves e bonitos dos filmes. Este é um souflé! Nota 9.
  3 ON A MATCH de Mervyn Leroy com Joan Blondell, Ann Dvorak, Bette Davis e Humphrey Bogart.
De 1932, da Warner, o filme conta a história de 3 amigas de escola. Uma vira cantora, outra vira manicure e outra alcoólatra. O filme é mal desenvolvido. O roteiro é bem tolo. O mais interessante é que Bette Davis, ainda uma novata, faz escada para Ann Dvorak e Joan Blondell. Pior ainda é Bogey, que aparece só em duas cenas, já fazendo o tipo de bandido que ele tão bem sabia fazer. Os dois parecem de outro mundo em meio a um filme tão datado. Parecem atemporais. Há um menino neste filme, que deveria parecer doce, que me deu instintos assassinos!
 

A DAMA DE OURO- LONGE DESTE INSENSATO MUNDO 2015- JASON SCHWARTZMAN- HUGH GRANT- HELEN MIRREN

   A DAMA DE OURO de Simon Curtis com Helen Mirren, Ryan Reynolds, Daniel Bruhl, Katie Holmes, Charles Dance e Johnathan Pryce.
Belíssimo! Contado com ritmo perfeito, temos a história, mais ou menos verídica, da herdeira do quadro de Klimt, Retrato de Miss Altmann. Morando em LA, ela parte com advogado novato, descendente de Schomberg, para Vienna, onde tentará reaver a obra e ajustar contas com sua história.
Nada neste filme é apelativo. Mesmo as cenas da perseguição aos judeus são suaves, exatas, e nunca exageradas, apelativas. Mas não pense que se suaviza para se evitar; antes a suavização é usada para avançar, para não se perder o foco. E ao final o efeito é glorioso: a cena da separação da família é antológica. Dói e dói muito. Vienna se apresenta como aquilo que ela é: uma detestável e velha viúva vaidosa. Seu pecado, irredimível, foi ter optado pelo pior. Era uma cidade que unia toda a Europa em suas ruas, judeus, eslavos, ciganos, alemães, católicos e latinos. Limpou essa mistura e se tornou múmia de uma pureza estéril. Vienna cheira a morte. Dizer que Helen está ótima é dizer o óbvio. Ela é brilhante. Mas todo o elenco tem sua parcela de brilho. Um belo filme que voa como pássaro e permanece como rocha. Nota 9.
   LONGE DESTE INSENSATO MUNDO de Thomas Vinterberg com Carey Mulligan, Mathias Schoenaerts. Michael Sheen e Tom Sturridge.
Adoro o filme de 1967, uma belíssima saga de John Schlesinger. E fico feliz em saber pela Net que tanta gente ama esse filme com Julie Christie. Bem, resolvi assistir esta refilmagem de 2015 porque o livro de Hardy pode comportar várias versões. Mas qual minha surpresa! O filme de 2015 é quase idêntico ao de 1967. Várias cenas são filmadas exatamente iguais! Mesmo angulo de câmera, mesma posição dos atores, tudo igual!!!! Com poucas e reveladoras diferenças. O final, que em 1967 é aberto, dúbio, quase triste, aqui é doce, redondo, certinho. O personagem do pastor de ovelhas em 1967 é frio, calado e nunca ri. Aqui ele é mais humano, fala mais e até mesmo sorri. A trilha sonora, que era uma releitura de folk inglês, aqui é apenas uma sinfonieta de temas românticos. E temos os atores....Carey Mulligan faz uma Bethsheba que nunca convence. Ela é pequena, fraca, bem vestida demais para ser uma camponesa. Michael Sheen é um vexame! Para azar dele, o soldado original era Terence Stamp, e Stamp era viril e delicado, ousado e louco, bonito e asqueroso. Sheen é apenas um rapazinho com roupas de soldado. Não há perigo nele. O capacete parece muito grande para sua minúscula cabeça. Quanto a Sturridge, que pegou o papel de Peter Finch....bem...ele super interpreta. Patético. Mathias se salva. Adoro Alan Bates, mas Mathias leva esse papel com dignidade. Quanto a fotografia é melhor não falar. Aqui ela é bonita. Muito bonita. Antes ela era grande, ampla, cheia de caráter. O dever da fotografia não é ser bonita, é criar o clima adequado ao filme. Em 1967 ela é dramática. Aqui temos verdes de cartão postal e azuis de edital de moda. Este filme é o exemplo daquilo que se chama mal caratismo. Um simples plágio empetecado. Um lixo.
   CALA A BOCA PHILIP de Alex Ross Perry com Jason Schwatzman e Johnathan Pryce.
Em certo momento, exausto de tédio, a gente olha o relógio e tem uma surpresa: passaram apenas 20 minutos de filme! E você tinha a certeza de que eram no mínimo 60. Imagine um filme feito por um fã da Nouvelle Vague. Um jovem de 2015 tentando reviver o tipo de filme que Rhomer e Godard faziam em 1968. Com personagens do século XXI, claro. É este filme. Fala de um escritor. Um agressivo,anti-social, chato, vaidoso, antipático e com cara de pedra. Vemos sua relação com um autor mais velho, editores, mulheres etc etc etc. Ou seja, são duas insuportáveis horas com um cara que seria melhor jamais ter nascido. Me pareceu que às vezes há uma tentativa de humor inteligente. Não é engraçado e muito menos inteligente. Mas no geral é aquilo mesmo: exibição de arte. Afetadíssimo! O filme mais chato do ano. E de vários anos. Nota Abaixo de Zero farenheit.
   VIRANDO A PÁGINA de Marc Lawrence com Hugh Grant, Marisa Tomei e J.K. Simmons
Gostei. Hugh Grant é sempre legal de se ver. Aqui ele é um escritor de um só sucesso ( sim, Hollywood adora fazer filmes sobre escritores. Parece cool.... ), que vai dar aulas para tentar ganhar algum dinheiro. Detesta o trabalho e dá péssimas aulas. Mas as coisas mudam...mas não muito. Marisa está ótima como uma aluna veterana que o atiça. E o roteiro sabe tirar o que pode de um plot simples. Bons atores, bons diálogos, um filme OK. Nota 6 quase 7.
   O ÚLTIMO ADEUS de Fred Schepisi com Michael Caine, Bob Hoskins, Helen Mirren, Tom Courtenay, David Hemmings
Amigos se reúnem num pub. Irão levar as cinzas de um amigo morto à praia. No trajeto eles discutem, recordam, brigam e bebem. Caine é o amigo que morreu. Um egoísta charmoso. Hoskins um apostador em cavalos. Hemmings um bêbado brigão. Mirren é a viúva que tem uma filha demente que Caine nunca aceitou. O roteiro é sobre um livro de Graham Swift. E, feito em 2001, ele é árduo, às vezes chato, triste, mas compensa. Os atores são mais que brilhantes e aquilo que se mostra é de uma verdade possível. Vida. Coisa tão rara no cinema deste século. Vida comum, pequena, estranha, vulgar. Um belo filme de um dos diretores da geração australiana de 1980. Sem nota.
  

IRMAOS MARX/ DENNIS QUAID/ ERROLL FLYNN/ GABLE/ A MÚMIA/

SMART PEOPLE de Noam Murro com Dennis Quaid, Sarah Jessica Parker, Ellen Page, Thomas Haden Church.
Um professor viúvo cuida dos dois filhos teens. Seu irmão esquisito vem o visitar. É um filme bacana. O professor é um arrogante babaca, mas há beleza na sua relação com sua nova namorada. Quaid envelheceu. É um choque para quem o viu em 1979, estreando no filme dos gazeteiros. Ellen Page é bem interessante. A trilha sonora quase mata o filme. Nota 6.
CAPITÃO BLOOD de Michael Curtiz com Erroll Flynn, Olivia de Havilland, Basil Rathbone.
E do nada um australiano chamado Erroll Flynn protagoniza a mais marcante das estréias. Vindo do nada, este filme faz dele o paradigma do herói de aventuras. Belo, alegre, ágil, esperto. Blood é um médico que vira escravo e depois pirata. O filme é origem de toda uma linhagem que passa por  filmes de ficção, piratas, policiais e até da Marvel. Um clássico. Nota dez!
A MÚMIA de Karl Freund com Boris Karloff e Zita Johann.
De todos os clássicos de terror da Universal, é este meu favorito. As imagens são deslizantes, as cenas parecem de sonho. Karloff jamais esteve melhor. Karl Freund foi um grande fotografo, mas dirigia mal. Mesmo assim, é um grande filme. Nota dez!
TRÁGICA DECISÃO de Sam Wood com Clark Gable, Walter Pigeon e Van Johnson
Tirado de uma peça, é um filme estático. Mostra que o bom general é aquele que não exita em sacrificar seus homens. Duro de ver.
TRINTA SEGUNDOS SOBRE TOKYO de Mervyn Leroy com Van Johnson e John Garfield
Pilotos são treinados e enviados para o Japão. Se trata do primeiro ataque à capital. O filme é todo OK, mas a cena da entrada no Japão, o vôo rasante e as explosões lá em baixo são de uma beleza terrível. É inesquecível.
UMA NOITE EM CASABLANCA de Archie Mayo com Groucho, Chico e Harpo.
Eles aprontam em hotel no Marrocos. Não é dos melhores. A gente percebe que Groucho está no automático.
NO CIRCO de Edward Buzzell com Os Irmãos Marx
Este é bom. Como diz o titulo, eles ajudam um circo a se manter. Não é um de seus clássicos, mas é digno do nome dos três. Harpo rouba o filme.

PAUL THOMAS ANDERSON/ JIM CARREY/ MYRNA LOY/ STEVE MARTIN/ TIM ALLEN

   VÍCIO INERENTE de Paul Thomas Anderson com Joaquim Phoenix, Owen Wilson, Reese Witherspoon, Josh Brolin, Benicio del Toro.
PT errou. De novo. Mas ao contrário de diretores como Fincher ou Nolan, ele corre riscos. PT tem um estilo desde sempre, uma visão de mundo, e principalmente, ele nunca baixa a guarda, o gosto do grupo comum não o toca. Aqui o livro de Thomas Pynchon é enfrentado. E PT se afoga. Pynchon escreve de um modo quase barroco, febril, modo que PT não consegue capturar. De qualquer modo, em seu estilo Altman de ser, ele tem alguns bons momentos. Mas o todo é desigual, e é triste dizer, o filme termina sendo chato. Os Coen nasceram para fazer este filme, PT não ousa injetar humor e escracho neste filme, fica tateando, empaca, quase se solta, volta a se prender. Pena. Os atores estão ok, e como Altman fazia, gente famosa em pontas brilhantes. Quase lá, filmes assim nunca são mais ou menos, querem muito e conseguem ou erram o alvo e se perdem. PT perdeu o rumo. Vale dizer, na trilha de Jonny Greenwood temos Can e Neil Young.
  FOXCATCHER de Bennet Miller com Steve Carrel, Channing Tatum e Mark Ruffalo.
Uff...Deve ser muito ruim ser Bennet Miller. Se ele percebe a vida como ela aparece em seus filmes, ele é um bolha deprimido. Se é tudo apenas um estilo escolhido, ele trabalha no mais entediante dos negócios. Isso porque este filme é tudo aquilo que detesto num filme: maneirista, oco, entediante, visualmente vulgar e muito, muito fake. Tudo é calculado. O silêncio berra por admiração, o tema mistura vida real com doença, no caso, doença mental, duas marcas infalíveis para o sucesso de arte em 2015. E o filme é isso, mais de duas horas de gelo, cinza, papo furado, ares de importância e ideias banais. Lixo. Lixo total. ZERO.
   DEBI E LOIDE 2 dos irmãos Farrely com Jeff Daniels e Jim Carrey.
Talvez a pior comédia em tempo de muitas comédias ruins. O roteiro é de uma burrice atroz, todas a piadas são sem graça e os atores sofrem com um roteiro tão pobre. Fim de linha para todos os envolvidos. ZERO.
   O PANACA de Carl Reiner com Steve Martin e Bernadette Peters.
É o primeiro filme de Martin e foi um grande sucesso em 1979. É bastante irregular. Tem momentos espantosamente ruins e alguns muito bons. Ele é um idiota que foi educado por uma familia negra. Sai de casa para tentar a vida e fica rico sem querer. Steve Martin é o melhor comediante da melhor geração de comediantes da América ( Murray, Short, Chevy, Belushi, Eddie Murphy, Aykroyd, Radner, Andy Kauffman, Dangerfeld ). O filme é apenas ok. Nota 5.
   GIRL CRAZY de Norman Taurog com Mickey Rooney e Judy Garland
Mickey é um rapaz rico que é mandado pelo pai à uma escola masculina. O objetivo é fazer com que ele pare de ser mulherengo. Na tal escola ele conhece a única garota do lugar. Musical com um astral tão alto que é duro ter de o criticar. Ok, o roteiro é fraco e tem dois números musicais fracos, mas...Mickey Rooney é um show de alegria, de garra e de simpatia e Judy está jovem e bonitinha. Um tipo de festa, leve, ritmada e nunca entediante. O grande cinema pop dos anos 40. Nota 7.
   TEST PILOT de Victor Fleming com Clark Gable, Myrna Loy e Spencer Tracy.
Para os olhos de hoje há um choque em acompanhar o machismo hiper confiante de Gable. Das grandes estrelas masculinas de sua geração é ele aquele que envelheceu pior. Isso porque Gary Cooper passa bem o teste do tempo por ser elegante e bonito, assim como Cary Grant, alegre e sempre chique, James Stewart, simpático e comum e Errol Flynn, atlético e sempre cool. Gable era o mais viril, o duro e grosseiro, o cara da classe baixa que subiu, e hoje ele parece apenas feio e machista. Entendendo isso é muito divertido este filme sobre um piloto de aviões de teste que se apaixona por uma rica fazendeira. Myrna Loy, que sempre é chique e bonita está aqui mais bonita que nunca. É ela o modelo primeiro das mulheres finas e engraçadas do cinema popular. Tracy faz o amigo de Gable, um papel ingrato. O diretor Fleming teria no ano seguinte a este filme o seu grande ano, faria O Mágico de Oz e E O Vento Levou quase ao mesmo tempo! Este é um filme que une drama e comédia e tem efeitos especiais muito bons para seu tempo. Nota 7.
   CHRISTMAS WITH THE KRANKS de Joe Roth com Tim Allen e Jamie Lee Curtis
É aquele filme do casal que tenta ignorar o Natal para poder usar o dinheiro em um cruzeiro. Mas a comunidade não os deixa em paz. O filme tem um tom estranho, afinal, ele é sobre a pressão da comunidade sobre o indivíduo. Ou não? Na verdade é uma comédia fraca sobre o valor do Natal e da amizade....que lixo! Este século tem sido árduo para se ver comédias....ZERO.
  

BIRDMAN, UMA SURPRESA

   Desde o inicio o cinema tem sofrido de esquizofrenia. Nasceu como circo, curiosidade de feiras, e logo passou a aspirar ser arte. Buster Keaton e Douglas Fairbanks conviviam com Murnau e Pabst. Hoje sabemos que Buster Keaton era melhor que Pabst, e que as aventuras de Fairbanks parecem melhores que 90% dos filmes de arte. Mas essa divisão perdurou para sempre. Os filmes de Tarzan ou Jean Renoir, faroestes ou o neo-realismo italiano, James Bond ou a Nouvelle Vague, Herzog ou Spielberg, Bergman ou os Irmãos Marx. Eu amo todos esses nomes e por isso os citei, e sei que aqueles que amam filmes amam todos eles. John Ford, Hitchcock conseguiram unir os dois campos, mas são raros. É disso que este filme fala.
   Já aviso que se voce o assistir numa sala de cinema irá acompanhar vários corpos se movendo no escuro. Ele tem tudo para chatear e irritar muitos espectadores desavisados. Porque é um filme labiríntico. Estamos dentro de um teatro. Nos seus corredores, camarins, palco, porões se passa quase todo o filme. Um ator-celebridade produz, escreve e atua em uma peça. Com essa peça ele tenta renovar sua carreira e principalmente ser reconhecido como um ator de verdade. Ao seu redor vemos um outro ator, um tipo do ""método"", metido a artista, a cool, a realista. Há ainda uma atriz insegura, a ex-esposa que o visita, a filha junkie, uma crítica num bar. E a visita do Birdman, o personagem que fez desse ator um astro. Tudo isso é mostrado com câmera na mão, muitos travellings e um ambiente escuro, sujo, frio, sem glamour. Muito mais importante é o que se fala. E se fala tudo sobre o cinema de 2015. Birdman é o epitáfio do cinema de hoje. Ou não.
   Filmes de quadrinhos, comédias infames, atores mimados que dão prêmios para outros atores mimados, filmes vazios, draminhas bobocas, sobre todos os assuntos o roteiro, muito irado, mete a mão e o pé. E o personagem de Keaton, ansioso para conseguir prestigio, representa todos esses atores que se perderam ( e alguns ele cita explicitamente ), atores que se venderam por uma capa, por uma fortuna que será gasta em um fim de semana. Fassbender, Renner, Downey Jr., todos citados....""até neles botaram uma capa?""
   O filme é um labirinto, mas também tem uma beleza que chega ao sublime. Quando ele tem de cruzar a rua de cuecas, um vôo sobre a avenida, e o final, inesquecível. Voce pode até se chatear, mas não vai esquecer deste filme. Porque ele tem aquilo que muito poucos filmes têm hoje, ele é sincero. Iñarritu ama os filmes e passa uma enorme verdade neste filme. Por mais ridiculo que Keaton pareça às vezes, por mais idiota que Norton possa ser, eles são atores, e Iñarritu ama esses atores. Assim como ama o cinema, mesmo que seja um filme bobo do Birdman.
   Eu amo o cinema dos anos 30 e sinto tristeza por não termos mais roteiros como aqueles. Em 1930 o cinema era jovem, hoje ele é um senhor cínico e esse tempo de novidades jamais voltará. Mas mesmo assim, ainda me pego ocasionalmente vibrando com os X Men, adorando Os Guardiões da Galáxia e querendo rever a Vida de Pi. Se o filme de arte virou apenas jornalismo ( todo filme de arte hoje parece uma denúncia de jornal das oito ), o cinema popular ainda pode nos encantar. Este filme nada tem de cinema popular, mas ele encanta. E no final, inesperadamente nos faz sonhar.
   Durante a exibição eu pensei em Fellini, em Ophuls e em Carné. Mas pensei por pensar, este filme não cita ninguém, ele é original. E transborda talento. Iñarritu faz aqui seu melhor filme e Michael Keaton, sempre um ator subestimado, tem seu papel. Teatro, atores, sucesso, arte, familia, vida, morte, cinema. Ele cita tudo, entra dentro do espirito de tudo e sai com este filme. 
   Eu fiquei admirado. Surpreendido. E agradecido. É o filme do ano.
   

MAX OPHULS/ JASON REITMAN/ GEORGE CUKOR/ JAMES BROWN/ LUC BESSON/ MYRNA LOY/ JEAN RENOIR

   HOMENS, MULHERES E FILHOS de Jason Reitman
É um daqueles dramas que eu chamo de "drama do abat-jour pastel". Tudo filmado no escurinho, em tons pastéis, com as pessoas falando baixinho, com suas caras sem expressão. Tenho uma colega que é mormon. Incrível como a América é marcada por essas religiões da limpeza, do comedimento, da ordem. Tudo se parece com ela, as roupas, as caras, o modo de viver e de reagir. O filme tem cenas de sexo, claro que vestidas, o filme fala de um mundo interligado, claro que superficialmente. E ainda termina com cenas bastante apelativas, digna do pior de Party of Five. Aliás, eu tenho uma teoria de que Party of Five, com seus teens falando baixinho e seus climas pastéis ( e aqui as pessoas chegam a ler no escuro ), é a realização cultural americana mais influente dos últimos 30 anos. Mais que Sopranos, Pulp Fiction ou X Men. A trilha sonora é sonâmbula. Por outro lado, o filme não me cansou, não me entediou e me fez sentir pena daquilo que fazemos com os pobres adolescentes...pobrezinhos. Só que o buraco é bem mais embaixo. Nota 4.
   JAMES BROWN de Tate Taylor
Das biografias que não param de produzir, esta é das menos óbvias. Isso porque se evita a odisséia das drogas e álcool, que estragou a bio de tanta gente. O filme tem uma excelente recriação do Alabama negro da década de 30 e sabe usar as músicas sem exagero. Uma coisa ótima:: as cenas musicais sabem passar a energia do som de James Brown, o cara que mais mudou aquilo que se entende por pop music. Brown trouxe o ritmo para o centro do som e desse modo criou o som de nosso tempo. O filme não é triste, é bem editado e diverte. Legal. Nota 6.
   UM AMOR DE VIZINHA de Rob Reiner com Michael Douglas, Diane Keaton
Deus meu que filme vazio! O planeta está envelhecendo e é isto que oferecem a esse público? A batida história do cara viúvo, ranzinza, que conhece uma maluquinha divorciada e após muitas brigas ficam juntos. God! Isso já era velho em 1970! Tudo bem, nada impede mais um plot batido, desde que bem feito, fresh, vitalizado. Jack Nicholson e a mesma Diane fizeram isso muito bem em 2000. Aqui não! Nota 1.
   AS DUAS FACES DE JANEIRO de Houssein Amini com Viggo Mortensen e Kirsten Dunst.
Em 1960 René Clement fez o filme mais elegante da história do mundo. Com roteiro de Patricia Highsmith, O Sol Por Testemunha, um suspense digno de Hitch, teve a sorte de capturar a Europa em seu momento mais classudo. Era aquele classudo esportivo, leve, fresco, que foi destruído pela onda hippie a partir de 1966. Este filme, também baseado em Highsmith, tenta esse clima classudo todo o tempo. Se passa em 1962, a beira do Mediterrâneo, e os atores se vestem naquele estilo despojado com finésse da época. Mas assim como o suspense vira brutalidade, a elegância vira afetação. Fake ao extremo, mesmo o ótimo Viggo e uma Dunst linda de doer não salvam a gororoba. Fuja! Nota 1.
   3 DIAS PARA MATAR de Luc Besson com Kevin Costner, Amber Head e Connie Nielsen
Quer saber? Bom pacas! Muito bem dirigido em suas cenas de ação, que são poucas, o filme tem trama, tem suspense, surpresas e um Costner na ponta dos cascos. Vale muito a pena! É melhor que um monte de besteiras tratadas como arte só por sua lentidão e pretensão. Nota 7.
  NÚPCIAS DE ESCÂNDALO de George Cukor com Katharine Hepburn, Cary Grant, James Stewart.
A peça de Philip Barry deu dois filmes clássicos, este, o melhor, de 1940, e Alta Sociedade, de 1956. Kate fez a peça em NY e a comprou. O filme salvou sua carreira. Ela faz a mimada socialite prestes a se casar pela segunda vez. Cary, no auge do relax, é seu ex-marido e James Stewart ganhou um Oscar fazendo um repórter que vai cobrir a festa. Sinal dos tempos, um repórter num casamento rico é considerada coisa de extremo mal gosto! O filme é um souflé perfeitamente realizado: leve, gostoso, chic e inesquecível. Os diálogos voam como tiros de açucar e os atores parecem brilhar com papéis que pedem esse brilho. É um filme obrigatório para quem ama a palavra no cinema. A edição do dvd traz um doc sobre Kate que vale muito ser apreciado. Ela foi única! Nota DEZ.
  TOO HOT TO HANDLE de Jack Conway com Clark Gable, Myrna Loy e Walter Pigeon
Hummm....este filme choca um pouco por seu machismo, racismo, e sua defesa do mau caráter "legal". Se voce conseguir relativizar tudo isso terá um agitado filme de sucesso típico do mais pop dos anos 30. Clark é um fotógrafo de jornal que vive usando mentiras para vender suas fotos. Pigeon é seu rival. Myrna Loy é uma milionária que vai a Guiana para procurar o irmão perdido na selva. Clark era na época o modelo do macho sexy. Gary Cooper era mais bonzinho, Cary Grant mais chic, Charles Boyer o romantico, e Clark o homenzão. Dos 4 é hoje o mais ultrapassado. Mas o filme diverte, diverte como um tipo de cartoon absurdo, um pastelão onde tanta coisa acontece que a gente fica até tonto de ver. Nota 6.
   OS SETE SUSPEITOS de Johnathan Lynn com Tim Curry, Madeline Kahn, Christopher Lloyd
Um bando de tipos estranhos são convidados a uma casa. Lá, um por um começam a ser mortos. Vi o filme por causa de Tim Curry, ator que é sempre um show. Ele quase consegue salvar o filme, mas o roteiro, de John Landis, é um desastre! Mesmo o clima soturno é mal realizado. Nota 3.
   BOUDU SALVO DAS ÁGUAS de Jean Renoir com Michel Simon
Ah o sacrifício que a gente fazia pelo cinema....Eu tinha visto este filme numa cópia horrível nos anos 80, na TV. Era um borrão truncado. Aqui está a cópia nova! O filme brilha! É um dos clássicos de Renoir, e como todo filme de Renoir, ele nos desconcerta! Boudu é um vagabundo que cai no Senna. Recolhido por um senhor burguês, ele se mostra um homem irritante. Boudu seria um tipo de homem "foda-se", o cara que não tá nem aí, que não liga para educação ou bons modos. O filme fica assim duro de ver, porque Boudu nos irrita. Ele  mal agradecido, egoísta, sujo, mentiroso, um chato. Mas não sei porque, quando ele termina, e só quando termina, sentimos ter gostado do filme. Estranhamente, parece que pressentimos que havia algo ali. Bom, as cenas de rua são lindas! Renoir mostra a França de 1933, coisa rara então, e essas tomadas nos encantam. É um filme que preciso rever.
   LA RONDE de Max Ophuls com Simone Signoret, Gerard Philipe, Daniel Gelin, Danielle Darrieux, Simone Simon, Fernand Gravey e Jean-Louis Barrault
Lindo, alegre, mágico, encantador. Ophuls dá uma aula de cinema. Como diz PT Anderson no post abaixo, os personagens dão aos atores a possibilidade de atuar, Anderson mostra uma tomada, sem cortes, onde a câmera roda pelo set e deixa a atriz, Darrieux, atuar. Todd Haynes em outro post abaixo fala da beleza dos filmes de Ophuls. Este filme é uma dádiva, um presente, um prazer. Nota DEZ!