PARIS É UMA FESTA - HEMINGUAY

Heminguay não tem sobrevivido ao mundo babaca de 2024. Os covardes da minha geração, que o leram e amaram a 40 anos atrás, hoje fingem preferir Zelda à Scott. Quanto aos novos leitores, bem... esses não pegam em livro algum que não tenha sido liberado pelo professor de sociologia ou o crítico da Folha. O horizonte desses caras não abrange escritores agressivamente heteros e que se ocupavam com o mundo da ação, jamais com a teoria absurda. Uma menina na Net fala de sua nova igreja, as Lesbotodistas, igreja feita para lésbicas, negras, tatuadas e "com óculos". Se essa igreja fosse uma piada seria supimpa, mas adivinhe: é a sério. -------------- O ocidente foi tomado pelos bundinhas e países como Russia e China riem disso. O complexo de culpa abriu espaço para que as pseudo vítimas tomassem todas as pautas da velha esquerda. O que vemos é o mundo deles não o meu ou o de Heminguay. PARIS É UMA FESTA era lido por todos que amavam ler e o que a obra transmite é uma bela vontade de viver. Lido por uma aluno que conheço, um jovem de 23, artista musical, tudo que é percebido é " a insuportável falta de consciência social desse autor branco e macho ". Toda beleza das descrições de Paris, toda o amor que o autor tem por seu trabalho é jogada no lixo. Se minha geração tinha o vício da arrogancia, sou de uma geração em que todos se viam como artistas, a atual nada mais é que um grupo de patrulheiros ideológicos. Nada criam, apenas vigiam e acusam. ------------------ Tenho um amigo que não toma banho porque limpeza é um valor da direita. Felizmente há cds de Miles Davis que posso ouvir quando quero.

PASSARINHO

leia e escreva já!

DERRUBAR ÁRVORES - THOMAS BERNHARD. A ARTE MORRE SEM A CORAGEM.

Causa nojo, ódio, vergonha, asco, ver um monte de artistas, mortos sem o saber, lambendo os pés, puxando o saco, sorrindo para um chefe de estado que lhe dá um dinheirinho para montar sua peça ou publicar seu livrinho. Não existe arte sem coragem, sem a coragem de não ser dependente de ninguém e esses mortos não sabem que fedem a cadáveres. Venderam sua alma, o talento, que talvez tenham tido um dia, foi destruído pelos sorrisos de prostituta barata dados ao deputado, ao industrial que premia os melhores, ao ministro que na verdade os odeia e ri deles em casa. Artistas que babam quando percebem um bolso cheio disposto a investir em sua alma podre. ---------------- Neste livro Thomas Bernhard solta seus cachorros sobre um grupo de pessoas em um jantar feito em honra a um ator famoso. Por mais de 250 páginas tudo o que acontece é um incessante ataque aos convidados desse jantar. Mas porque ele aceitou ir ao tal jantar? Porque um dia ele foi um deles e após 30 anos uma amiga em comum se matou. O enterro foi pela manhã e no cemitério ele não teve como dizer não. E foi. ---------------- A falsidade vaidosa de todos explode, os beija mão, os elogios sem fim que são derramados aos colegas, a falta de fibra, de caráter, de honra, de verdade. O texto, que não dá trégua, é um pesadelo que mistura rostos feios com cenas de morte, palavras falsas e agressividade mal disfarçada, hipocrisia e talento castrado. ------------ Para quem é do Brasil esse livro cai como uma luva pois não há país com uma arte mais impotente que este. Um Thomas Bernhard brasileiro é impossível pois toda nossa arte ( Okay, 95% ) puxa o saco de todo político que lhes dê dinheiro e lambe o pé da realeza baiana estabelecida. A arte do Brasil é um feudo. ------------- " Todos os artistas austríacos se deixam comprar pelo estado e assim, com o peito cheio de condecorações, jamais atingem o topo de sua arte, pois sabem que são indignos da arte que um dia juraram servir." Frase de Bernhard. Coloque a carapuça em todo artista brasileiro. Fim.

O DEMÔNIO DA MEIA NOITE - HERVÉ BAZIN

Hervé Bazin foi presidente da academia francesa por volta de 1970. Eu sei que academia nada significa, fazer parte dela é apenas uma questão de saber puxar o saco do governa da vez, mas destaco esse dado sobre Bazin para salientar que apesar de ser pouco conhecido por aqui, sim, ele é popular. Este seu livro, triste, raivoso e escrito à francesa, ou seja, com meticulosidade, conta a saga de Gerard, um homem rico e sua vida dos 40 aos mais de 70 anos. A última ex esposa, a nova esposa, as filhas, os irmãos, casos amorosos, viagens, tudo embalado pelos pensamentos de Gerard, pelo ódio de sua ex, pela dedicação da nova muito jovem esposa, pela inveja dos amigos, pelo medo de morrer de Gerard. Ele luta para permanecer jovem e não titubeia em tingir seus pelos, fazer dieta, tomar remédios, comprar roupas caras. Não!, não pense que Bazin critica Gerard, saudavelmente ele o apoia. ----------------- No começo do livro Gerard sofre um enfarte enquanto corria e isso faz com que o medo de morrer irrompa forte. Pelas próximas décadas ele irá ver seus amigos morrerem, engordarem, desistirem. Ele, mesmo sendo um pensador pessimista, resiste. E ao seu modo, vence no fim. ( não direi como ). Fosse este romance um texto mais POP, veríamos Gerard como uma lição de otimismo e de força. Mas não! Envelhecer doi. Mesmo que se seja como ele o é.

céu

leia e escreva já!

A INGÊNUA LIBERTINA - COLETTE

E finalmente leio Colette! Tive uma amiga que a adorava. Dizia ela que Colette havia feito muito mais pelo feminismo que Simone de Beauvoir. Sim, ela fez, e este livro o prova. -------------- Acompanhamos Minne, uma bela menina de 14 anos. Vivendo com a mãe, orfã de pai, eles não têm problemas financeiros, e a mãe, sempre perfeita, vive por ela. Minna sonha em conhecer Cabelo de Anjo, um ladrão que vive nas ruas. Ela sente desejo por esse aventureiro perigoso e ousado, por esse rapaz temido e odiado por sua mãe seus tios. Então um dia ela foge de casa de noite e se perde nas ruas. Quer beijar o tal ladrão e óbvio, não o encontra. Volta para casa enlameada, assustada, imunda. Nada sucedeu com ela, mas é criada uma fama de que ela "se perdeu". ---------------- Na segunda parte ela está casada com seu primo que a adora. Aos 20 anos, Minne já teve 4 amantes e descobre que nunca gozou. O romance vai em frente e mais eu não conto. Escrito em 1909, é um livro que só seria possível na França. A história de uma mulher em busca do gozo na cama seria censurada na Inglaterra e tratada como pornô nos EUA. Na França, Colette logo se tornou ícone, best seller popular e querida de críticos. A escrita dela é de uma elegância absoluta, ela trata temas "baixos" com sabedoria, charme, retidão de estilo. Ler Colette dá prazer mas também dá entendimento psicológico. O primo, Antoine, se revela um belo personagem e Minne é uma mulher mentirosa, fria e infiel, porém, adorável. ---------------- Hoje pouco lida, Colette liberou a mulher para o prazer e mais que isso, lutou para lhes tirar a culpa. Leve e sério, risonho e sofrido, este livro é escrito com prazer e lido com tranquila cumplicidade. Muito bom.

AS AFINIDADES ELETIVAS - GOETHE

Harold Bloom dizia não haver autor mais fora de moda que Goethe. Isso era um elogio. Isso foi dito em 1990. --------------- Isso porque Goethe não usa o sentimentalismo. Ou melhor, ele foi sentimental em Werther, sua pior obra e a única que ainda é lida. Goethe não se repetia e Werther é sua obra romântica. Ao ler Goethe nunca se esqueça, acima de tudo ele se via como um cientista. Cada obra sua é uma experiência. Fausto é sua obra mais conhecida, mas isso não significa que alguém ainda a leia. E muito menos que ela seja produzida em algum teatro. A poesia de Goethe é maravilhosa. -------------- Afinidades Eletivas é um romance sobre química. E ele causou mal estar quando lançado em 1808. Isso porque ele fala de um casal, Eduard e Charlotte, nobres, ricos, vivendo no campo, cuidando do jardim, imenso, que abrigam em seu palácio duas pessoas: o Capitão, homem prático, que surge para ajudar nas reformas de estradas, e Otillie, sobrinha de Charlotte, menina tímida e cheia de bons sentimentos. A história é toda feita como uma exposição sobre elementos químicos. Uma dupla de elementos, unida e equilibrada, é desfeita quando em contato com uma reagente, unindo-se a esse novo elemento e formando uma nova molécula. Eduard se une a Otillie e Charlotte ao Capitão. Um novo mundo se abre aos quatro, eles se transormam em outra coisa. -------------- O mal estar se deve ao fato de que tudo é feito as claras e sem sofrimento nenhum. Como as novas uniões são feitas com partículas afim, é tudo natural e correto. Charlotte sabe que seu marido se une agora a sua sobrinha, mas ela se ocupa do Capitão e não dp final de sua antiga união. Do mesmo modo, Eduard se alegra com a união de Charlotte e de seu amigo, o Capitão. Mesmo lido em 2024, espanta a naturalidade educada com que tudo ocorre. ------------------------ Goethe era um homem do século XVIII, e por isso seu texto sempre causa espanto para nós, filhos do hiper romantismo. Os personagens parecem frios, racionais demais, contidos. Tudo segue um código de conduta e todos se portam, no público e no privado, como se espera que se portem. Escrito já na época de Napoleão, ápice do romantismo heroico, esta obra é ainda 100% clássica. Toda ação se desenvolve de modo inexorável, as pessoas mal percebem para onde vão e não têm poder algum sobre aquilo que desejam. Entenda, é o costume, os bons modos que as guiam em ação, e esse não poder sobre seus desejos é formatado dentro do costume. Isso se chama cultura, civilização. O romantismo inverteria tudo colocando o desejo acima do costume. --------------------- O texto é rico em pequenas pistas que fariam a delícia de um psicólogo. O que se faz nos jardins, estradas, fontes, mirantes, é reflexo e acontece ao mesmo tempo que as reformas dentro de cada um dos quatro personagens. Cada ato na natureza é uma ação no coração e cada percepção na paisagem é uma descoberta interna. Goethe já sabia que o ambiente nos forma e nós formamos o ambiente. ------------- Atenção! Não espere aqui um romance de infidelidades e de amor. Tudo é seco como um texto de química e tudo é claro como uma equação algébrica. Goethe nunca quis nos emocionar, seu objetivo sempre foi educar.

BIG GUNS - (1973) Trailer

SENTENÇA DE MORTE - DUCCIO TESSARI E ALAIN DELON

Enquanto um carro anda pelas ruas, de noite, ouvimos uma canção. Ornella Vanoni canta a versão italiana de Sentado a Beira do Caminho, de Roberto Carlos e Erasmo. Quando nos extras os críticos analisam este filme, essa canção é citada, a canção brasileira de Roberto "Carlôs". Essa belíssima canção dá o tom a um filme policial, que teria tudo para ser apenas mais um filme sobre vingança, mas que graças a presença de Delon, se transforma em uma obra magnífica sobre a melancolia de viver. ---------------- Ele é um matador profissional. Casado, com um filho. Ele quer largar a profissão, os mafiosos não deixam e dinamitam seu carro. A mulher e filho morrem por engano, ele resolve matar cada um dos chefes do crime. --------------- Voce já viu filmes assim. E eles eram muito ruins, às vezes bons. Este é fantástico. Por que? Porque a câmera ama Delon e o segue pelo filme inteiro. E o ator, na época, 1973, o mais famoso ator do planeta, última vez que um europeu teve esse status, consegue, de modo misterioso, pois o carisma é um enigma, fazer de cada cena algo muito maior do que ela é. --------------- Veja a cena da explosão de sua família. Delon está na janela, vendo mãe e filho indo á escola. Os dois entram no carro e ele explode. Um ator, hoje, teria dois modos de interpretar: 1- daria um berro e com lágriams nos olhos se atiraria pela janela tentando salvar os entes amados em meio às chamas. 2- Expressão de louca incredulidade e um rosto onde se vê imenso sofrimento. ----------- O que faz Delon? Ele olha e não emite um som ou produz uma expressão facial. Ele olha e no olhar está todo o segredo desse ator. Nós não sabemos o que aquele olhar diz, o que exatamente ele sente, mas "NOS INTERESSAMOS EM SABER, E ASSIM, SOMOS CAPTURADOS POR ELE". Cativos, iremos atrás dele o filme inteiro. ----------------- Outro exemplo? No que Delon se transforma após a tragédia? De novo cito duas opções; 1- Um furioso e maníaco animal assassino. 2- Um ser destruído, barba por fazer, bêbado, se arrastando em sua vingança sem esperança. Ok? O que faz Delon? Mais uma vez, nada. E tudo. O homem pós tragèdia é o mesmo em aparência e em modos, com uma única diferença: ele está só, há um vazio ao seu redor, e como sabemos disso? Pelo olhar do ator. Não, não há como eu explicar. Veja e perceba. --------------- Um dos críticos diz que viu Delon em um festival de Cinema antes de ele ser famoso, em 1956. Esse crítico morava perto, era adolescente ainda, e estava numa movimentada rua em Cannes, cheia de bares e shows. Pois bem. Ele se lembra de Delon descer a rua e súbito todas as mesas se calarem e o olharem. Entenda, não era uma estrela passando, ele era um nada então. Era o tal do carisma, da beleza irresistível, do mistério. Todos esperaram sua passagem para continuar a "agir". Esse o dom da estrela: cessar o tempo. E estrelas são raras. Ele é um dos poucos. ------------------ Entre 1965 e 1975 não houve estrela maior. Com excessão dos EUA, país que nunca aceita um ator estrangeiro, Delon foi o maior na China, Japão, Europa e sim, no Brasil, onde recordo que ele era mais famoso que Brando, Newman ou Redford. Seu nome passou aqui a ser sinônimo de homem bonito. "Esse cara parece um Alain Delon", ou então " Eu não sou um Alain Delon mas dou pro gasto". Como Steve McQueen, Warren Beaty e depois Clint Eastwood, ele era ator de falar pouco, mas seus olhos diziam mais que as mãos de McQueen ou o sorriso de Warren. ( Todo ator quieto fala com algo do corpo. Gary Cooper falava com o andar e Clint fala com certos sons que emite, gemidos, urros, bufadas ). ------------- Em 1972 Alain Delon havia feito com Zurlini A ULTIMA NOITE DE TRANQUILIDADE, um dos mais melancólicos dos filmes e uma das mais belas atuações de qualquer ator. Este policial tem o mesmo espírito. Magnético, triste e belo.

O PRAZER ESTÁ NO CAMINHO. E ISSO É VERDADE.

Ir é sempre melhor que lá chegar, se a vida nos desse, no momento em que algo é desejado, sua satisfação, ela nada valeria. 2024 se aproxima cada vez mais da satisfação imediata. Pior, as pessoas não olham mais o caminho, elas focam o alvo e se distraem durante o caminho. Desse modo, um amor só vale se o sexo vier rapidamente, o diploma só interessa se o curso terminar depressa. Deixe eu explicar: havia um prazer em se conhecer alguém, em observar os modos desse alguém, em absorver sua história. Cada passo era usufruído. O mesmo se dava em uma escola, numa amizade, até mesmo no caminho que se fazia dentro da cidade. No trajeto entre o Itaim Bibi e minha casa, oito quilômetros, eu tinha gosto em olhar meus companheiros de veículo, os bares lotados, as lojas fechando, a vida nas ruas sempre cheias de coisas e de gente. A vida era um PERCURSO e nunca um fim. ------------------ Penso tudo isso ao ver fotos de um site sobre a cidade de Santos. Algumas fotos antigas, dos anos de 1970, mostram a alegria que eu testemunhei na estrada. Engarrafamentos monstruosos em que saíamos do carro e trocávamos água, comida e cerveja com os carros vizinhos. Parar no caminho, ficar preso, era motivo de reclamação, óbvio, mas lembro que quando não havia engarrafamento sentíamos que algo havia sido perdido. -------------- Nos túneis os carros buzinavam por pura alegria e era comum se parar nas bicas de água do caminho. Ou nos restaurantes. A viagem, falo da Anchieta, era parte da diversão, o prazer começava ao se colocar a mochila dentro do carro, ao ligar o motor, ao encher o tanque. Depois vinha fila na Ponte Pêncil e São Vicente, uma hora comprando água e queijadinhas, eu sentia que meu pai descia a Serra só pra comer as queijadinhas da Ponte. ---------------- Então surgia a cidade de praia, as lojas com pranchas e cadeiras de praia, a padaria onde a gente parava sempre. Pressa nenhuma de chegar, olhos, ouvidos e a alma despertos. O cheiro de mar, o calor aumentando, o trajeto como prazer, o objetivo como consequência e não como meta ansiosamente fixada. Como humanos, não nos prendíamos ao alvo, nos abríamos à tudo ao redor. ---------------- Era lindo.

O JARDIM DOS FINZI-CONTINI - GIORGIO BASSANI

Lançado em 1962, eis um dos mais tristes livros já escritos. ---------------- Antes falo do filme, que assisti em 1978, na TV, em um sábado de noite. De Sica o dirigiu e deu um destaque à Segunda Guerra, o que no livro não é tão destacado. De qualquer modo, se trata de um filme, feito em 1971, doloroso e de uma beleza inesquecível. Tanto trilha sonora como fotografia são sublimes. Na época ele me deixou comovido, revisto hoje é ainda uma joia da arte de Itália. ---------------------- O livro: O narrador é um jovem judeu que vive em Ferrara, na Itália dos anos que precedem a segunda guerra. Rico, ele conhece Micol, uma milionária judia quando ainda crianças. A princípio ambos mal se falam, mas na época de faculdade se tornam amigos. O que os aproxima é a proibição, pelos fascistas, de que os judeus joguem tênis com cristãos. Assim, vários jovens passam a jogar tênis na casa de Micol. ------------------------ O centro do livro é a casa. Imensa, riquíssima, tão bela como é Micol, os Finzi-Contini fazem parte de um ramo judaico-italiano que foi extinto na guerra. Nobres, muito pálidos, cultos, etéreos, eles advogam a vida no presente e no passado, o futuro não existe. E é por isso que riem das proibições e negam o pergigo até o fim. O romance cessa no momento em que a família Finzi-Contini desaparece. Não se fala dos campos de concentração, não há soldados, o foco é todo no cotidiano que muda lentamente e no amor do narrador ´por Micol. ----------------------- O passado é nosso, o presente só tem valor por se tornar nosso passado, o futuro não existe. Esse o credo de Micol. Esse o modo de viver que levará toda a família à morte. Eles esperam, não fogem. Eles continuam a viver, rindo do ridículo do estado que se intromete em tudo. Eles perdem. Serão eliminados. Meticuloso em suas lembranças, o autor tece o livro como homenagem à Micol e como poesia á um modo de viver desaparecido. ------------------- Micol rejeita o amor do narrador, e então ele quase deixa de frequentar a família. Sempre semi irreal, Micol se vai... O que fica é o passado, a lembrança de uma história feita de modos contidos, beleza sem limite e fé nos bons modos. Eles acreditam que Stalin se unirá à Churchill e De Gaule, e que unidos eles vencerão o fascismo. Se enganam. Stalin trai o Ocidente. ------------------------- Dados pesquisados dizem que hoje, em 2024, o número de judeus na Europa é ainda menor que aquele de 1930. Nisso, o nazismo venceu. A cultura judaica, central em países como Alemanha, Polônia, Hungria e Austria morreu para sempre. E os Finzi-Contini, ramo nobre de uma cultura judaico latina, se foi sem deixar um só descendente. Bassani fez aqui uma homenagem que doi em que lê. Um romance belíssimo!