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ABEL GANCE/ MELVILLE/ LOSEY/ WARREN BEATTY/ KUROSAWA

NAPOLEÃO de Abel Gance
O mítico filme de Gance, quatro horas de duração, restaurado por Coppolla e com linda trilha musical de Carmine Coppolla, pai de Francis. Não conheço filme silencioso melhor que este. Se o roteiro chega a ser piegas ( Napoleão é visto como um deus ) a forma como Abel conta a história é coisa de gênio consumado. Montagem caleidoscópica, câmera que voa sobre multidões, fusões violentas, tempestades no mar, a famosa batalha na neve, cavalos em carga, cenários imensos. Gance usa tudo o que era possível usar e inventa o que não existia. O filme é de um louco apaixonado por cinema e por Napoleão. Obra-prima. Nota DEZ.
JONES FAIXA PRETA de Robert Clouse com Jim Kelly
Blaxpoitation. Um filme ruim, mas que é uma delicia. Sobre escola de karatê que se defende de máfia. Roupas maravilhosas dos anos 70, trilha sonora black, cabelões afro, carrões. Um tipo de filme "pulgueiro", que alimentava as salas de bairro. Os velhos cines da Santo Amaro, São João, Ipiranga e de Pinheiros, Brás, Moóca e Lapa. É pra rir. Ah sim!!!! Dá pra se imaginar Tarantino vendo e revendo este filme vezes sem fim. Nota 5.
CORRIDA MORTAL de Paul W.S. Anderson com Jason Statham e Ian McShane
Aquela coisa. Se antes o filme pop era solar e cômico, hoje eles são sombrios e pessimistas. Um cara vai para a prisão e passa a correr em provas mortais. Um vale tudo das pistas. O filme é só edição. Quase nada se vê. Rostos, cenários e reações ficam em segundo plano, a velocidade é tudo. È mais um video-game que um filme ( assim como o cinema dos anos 30 era mais teatro, o dos 50 literatura ). É divertido, mas dificilmente voce vai conseguir lembrar de alguma cena no dia seguinte. Barulho e ação que nada significam. Nota 5.
O SAMURAI de Jean-Pierre Melville com Alain Delon
Melville tem estilo. Ele é ultra-cool. E Delon faz um assassino cool perseguido por delegado que o detesta. O filme é quieto, zen, lento. Mas é cheio de toques excêntricos. Não se compara a super obra-prima do cool, BOB LE FLAMBEUR, mas tem sua originalidade clean. Nota 7.
O MENSAGEIRO de Joseph Losey com Julie Christie, Alan Bates, Michael Redgrave, Margaret Leighton e Edward Fox
Com trilha sonora de Michel Legrand ( talvez sua melhor ), fotografia de Gerry Fisher e roteiro de Harold Pinter. Uma crítica ao sistema de classes inglês. Mas também ao modo como os adultos tratam adolescentes, como o amor é usado, uma exposição do egoísmo. O filme é moderno, nada tem desses filmes bonitos sobre a época vitoriana. Losey, sempre um rebelde, filma o passado de um modo arrojado. Sem pompa e sem cerimônia. O filme então nada tem de saudoso, ao contrário, ele abomina o que mostra. Marcante. Nota DEZ.
YOJIMBO de Akira Kurosawa com Toshiro Mifune
Uma das melhores aventuras já filmadas. É um samurai-western. Mifune tem momento de gênio, cria um mito. O filme, relaxado, foi o grande sucesso de Kurosawa. Sendo influenciado pelo cinema americano, acabou por mudar o próprio cinema de Hollywood. As cenas de ação são maravilhosas. Nota DEZ.
SANJURO de Akira Kurosawa com Toshiro Mifune
Um tipo de continuação de Yojimbo. Mas aqui a ação é menos elaborada e o filme é na verdade uma bela comédia. Algumas cenas são muito engraçadas. Mifune faz o personagem com carinho e exagerando seu lado "tosco". O capricho visual não é tão grande e este filme acaba tendo um jeitão de brincadeira feita às pressas. Nota 7. ( A cena final é pura genialidade ).
SUBLIME OBSESSÃO de John M.Stahl com Irenne Dunne e Robert Taylor
Inacreditávelmente antiquado. Uma patasquada melô. Não falarei do enredo, é risivel. Nunca é chato, nunca irrita, mas é de uma tolice atroz!!!! Douglas Sirk o refilmou, ainda não assisti o que o alemão talentoso fez com isto. Se conseguiu fazer um bom filme, é gênio. Mas este original é argh!!!!! Nota ZERO
REDS de Warren Beatty com Warren Beatty, Diane Keaton e Jack Nicholson
Houve um tempo, 1981, em que a Paramount ousava fazer um filme de quatro horas, caríssimo, sobre um herói do comunismo. Sim!!! John Reed foi um americano dos anos 10/30 que foi enterrado no Kremlim ( o único ). O filme defende os sindicatos, os vermelhos, a revolução russa, a liberdade de imprensa. Warren, e quem leu o livro de Peter Biskin sabe o quanto Warren é grande, ganhou um Oscar de direção com este filme. Simbolicamente, o prêmio homenageou a Hollywood liberal dando a láurea a seu maior batalhador. 1981 simboliza a renascença do cinema família, REDS é o epitáfio da rebeldia. Sabendo de tudo isso, queremos adorar o filme, mas, que chato, isso não acontece. O filme é aborrecido, longo demais, e Diane Keaton está perdida. Sua Louise Bryant é apenas uma histérica. Em compensação Beatty está comovente como o idealista e meio ingênuo Reed. Jack Nicholson faz um Eugene O'Neill bastante convincente. O melhor é a fotografia de Vittorio Storaro e os depoimentos dos personagens reais, gente que conheceu John Reed. Então vemos durante o filme as intervenções bem-vindas de Henry Miller, Will Durant, Rebecca West e vários outros. É o tipo de filme bem pensado, bem intensionado, corajoso, mas que não funciona. É o tipo de filme que abriu as portas para Spielberg. Nota 6.

O MENSAGEIRO- JOSEPH LOSEY E HAROLD PINTER, filme obrigatório para os que pensam

Água de chuva escorre em janela. É a primeira cena deste que é o mais perfeito retrato da era vitoriana. Porque não se atém apenas ao charme ou ao ridículo da época. Ele exibe a crueldade.
Um adolescente vai passar o verão em casa de muito rico e esnobe amigo. Sutilmente percebemos que por ele não ser tão "alta classe" como todos os outros, olham-no com curiosidade, condescendencia, e logo fazem dele "um ser util". Afinal, lhe outorgaram o privilégio de os frequentar.
O menino se apaixona pela irmã mais velha do amigo. Como estamos em 1900, nada sabe sobre amor, namoro ou sexo. É usado pela irmã, que percebe esse amor juvenil. Pois ela tem um caso com o vizinho, um muito grosso, muito sujo e muito sexy plebeu. Fazem então do menino o mensageiro de seu caso secreto. Caso recheado de sexo, caso à D.H.Lawrence. Nesse processo, o menino quase enlouquece.
Todo o sistema de classes inglês é exposto. Os dandys vivem em seu mundinho de charutos, jantares, e total incompetência para a vida. Mas se vêem como muito especiais e detém o dinheiro e os direitos. O vizinho aluga as terras dos "nobres". Esse é o sistema. É ele quem produz a terra, quem gera riqueza, quem tem idéias e quem tem ambição. Os dandys recebem seu aluguel. Ao menino, que não é dandy ou arrendatário, que nada sabe e não sabe querer, resta o anódino papel de mensageiro.
A moça acha no vizinho aquilo que não terá com seu noivo: animalidade. Mas a sociedade vencerá. Ao mensageiro resta confusão e amargor. Bem-vindo à vida!
Poucos filmes tiveram elenco tão perfeito. Julie Christie faz a moça. Bela e fria como aço. Ela é toda egoísmo. Atriz mais que perfeita, atriz que esnobou o star-system, ela, aqui no auge da fama, logo diminuiria suas aparições. Optaria por viver.
Alan Bates faz o vizinho. E ele tem toda a animalidade que o papel requer. Para esse tipo, que é o personagem que na verdade fez a riqueza do império, Bates é imbatível.
Temos ainda Margaret Leighton como a mãe ultra esnobe. Terrível em suas suspeitas, essa atriz de longa carreira está assustadoramente ultra-classe. Edward Fox faz o noivo, um bem intencionado e meio aéreo dandy, ferido de guerra.
E numa pequena aparição temos esse fenômeno da natureza chamado Michael Redgrave. O pai de Vanessa nos comove como o menino nos dias de hoje. Seu olhar, olhar parvo, tolo, de ainda apaixonado, de quem arruinou sua vida, é inesquecível. Com um olhar apenas, Sir Michael diz toda a tragédia de sua não-vida. Um gênio.
Poucos filmes têm um Nobel em sua equipe. Harold Pinter, nobel de 2005, fez o roteiro ( baseado em L P Hartley ) à seu modo: cruel, ferino e de poucos diálogos. Nada de panfletagem: tudo é subentendido. O roteiro brilha em chamas.
A trilha sonora de Michel Legrand é feita de fugas à Bach. Talvez a mais bela das trilhas. A música tema é obra de mestre erudito consumado. Perfeição.
A fotografia é do mestre Gerry Fisher, mestre que fotografou 2001 de Kubrick. Os campos, as casas, as roupas, os céus são quadros de retratistas ingleses, mas atenção!!!! Jamais têm aquele jeito arrumadinho demais, nunca parecem "moda".
Joseph Losey é um diretor americano de esquerda que fugiu do país no MacCarthismo. Se adaptou muito bem à Inglaterra, se tornando um dos melhores diretores ingleses da época ( 1960/1977 ). Ele tinha um soberbo senso visual e uma ferina ambição. Seus filmes são sempre ácidos e estranhamente etéreos.
O Mensageiro venceu Cannes em 1971.
Losey, Legrand, Pinter, Fisher, Julie, Redgrave, Leighton, Bates e Fox. Onde achar hoje uma equipe assim????
Ps. Foi este filme, visto na Globo em 1977 que me acendeu o amor por Julie Christie. Me vi como aquele menino mensageiro. Mais importante, me apaixonei não só por ela, mas pela música superior de Legrand e pelo cinema. Se hoje escrevo sobre filmes, muito se deve a este filme.
Sua primeira frase ( dita por Sir Michael ): " O passado é um país distante. Visitá-lo é sempre conhecer um lugar desconhecido. "

BALTHASAR/TOM JONES/CARY GRANT/RETRATO DE JENNIE

AU HASARD BALTHASAR de Robert Bresson
Um burrico mama o leite materno. Crianças fazem seu batismo. O filme é a história desse burro e dessas pessoas. Mas não é Disney: nunca se humaniza o burro, ele é apenas uma besta que vive como uma besta : sofre. Mas vem daí a pregação de Bresson ( e apenas Dreyer é tão crente quanto Bresson ) o bicho é um santo. Não que ele faça milagres ou seja mágico, não! A santidade para o diretor francês está no fato de que o burrico é isento de maldade e está, sublimemente, em comunhão com a vida.
Quando neva ele recebe a neve no lombo, quando chove ele se molha. Apanha dos donos, sofre no trabalho, mas é feliz ao comer sua relva : o animal está sempre em acordo com a vida, está em casa, na sua casa, esteja onde estiver. E acima de tudo, o bicho olha : e o que ele vê é o fato de que as pessoas são muito más! A maldade que o filme exibe não é a maldade cinematográfica de sádicos exageros, não é a maldade de bandidos ou de psicopatas, é pior : são as maldades, cruéis, do dia a dia de pessoas ignorantes, a maldade prazerosa, a maldade inutil, vazia, tola. Todos são ruins e os que não o são, se tornam vítimas idiotas, imbecís que se deixam usar. Balthasar olha, não julga, na verdade nada entende. E aí nasce a genialidade do filme : começamos a ver o mundo como o burro o vê : incompreensível vaidade e futilidade ! Todo ato humano como tentativa de afirmar uma vaidade, mesmo que seja a vaidade de sofrer, de fracassar, de ser humilde, vítima.
Balthasar nunca chora, não tem o orgulho da lágrima. Ele sobrevive. Ao fim, em bela e comovente cena, Balthasar se deita ao lado das ovelhas ( como um Jesus em seu calvário ) e morre. Fin.
O cinema de Bresson atinge aqui seu ponto radical : nada de interpretações. Seus atores nunca podem interpretar : dizem as falas como quem as lê. Bresson repetia as cenas até os deixar tão esgotados que desistiam de passar qualquer coisa, aí ele filmava. Para Bresson, uma idéia só pode ser passada se não houver uma "performance" do ator. Balthasar é um animal, é seu ator ideal. O filme tem também aquilo que o dogma copiaria : crueza fria. Os cenários são reais, a luz é a que existe na vida, nada é artifício. Mas o filme tem algo que o dogma nunca possuiu : verdade. Bresson realmente crê no que exibe : a realidade da maldade. Para Bresson ( como para Bergman e Dreyer ) o mal é dominante na Terra. O mal é mal absoluto. Existem muitas pessoas que existem para a maldade, têm prazer com a maldade e nada as detém. O bem, raro, está em Balthasar, um bicho que nada julga. Tudo que ele queria era ser deixado em paz. Conseguiu. Eis a maestria do filme : o mal perde PORQUE O MAL SÓ PODE EXISTIR EM VIDA. Com a morte o mal cessa. Com a morte Balthasar atingirá o paraíso.
Para mim, nenhum filme pode ter mensagem mais radical e mais terrível. Nota Dez!!!!
TOM JONES de Tony Richardson com Albert Finney, Susannah York, Edith Evans, Hugh Griffith, Joan Greenwood
Alegria! Tom nasce bastardo e tem apenas um defeito : não resiste a nenhuma mulher. E nenhuma mulher resiste a Tom. Vemos a Inglaterra de 1750 como em telejornal moderno : verdadeira, suja, viva, alegre, mortal. O filme é exemplo de juventude em cinema. Ele festeja a vida. A trilha de John Addison fez história. Finney ( o Peixe Grande ) está sublime : ele nos apaixona, é o amigo para toda vida que todos queríamos encontrar. nota 9.
UM ANJO CAIU DO CÉU de Henry Koster com Cary Grant, Loretta Young e David Niven
Sim! Um anjo vem a Terra e ajuda as pessoas sem fazer nenhum milagre. Tudo que ele faz é ser simpático e as ouvir. O anjo é Grant, ou seja, ele é muuuuito simpático. Niven faz o bispo que o emprega e que virá a detestá-lo e mandá-lo embora. Há uma cena num rinque de patinação que se tornou lenda: exemplo de beleza do cinema. O filme demora a começar, mas quando engrena emociona muito. Toca algo de muito doloroso em nós : a perda. Seja de um amigo, uma fé ou um anjo. Lindo filme que irei rever no Natal. Aconselho a que façam o mesmo. nota 9.
A MEGERA DOMADA de Franco Zeffirelli com Richard Burton e Elizabeth Taylor
Não dá certo. Zeffirelli deixa o filme tão enfeitado, tão bonitinho que se perde sua leveza. É pesadão, frouxo, chato. nota 1.
NANÁ de Jean Renoir com Catherine Hessling
Que filme esquisito!!! A atriz que faz Naná, a mulher destruidora de homens da história de Zola, é tão canastrona que transforma o filme em comédia crua. Será proposital ? O filme é longo, longo, longo...mas tem umas duas belas cenas. Mas que é esquisito, isso é! nota 2.
O JARDIM SECRETO de Agnieszka Holland
Você já deve ter visto na Sessão da Tarde. É chato pacas! nota 1.
AMAR FOI MINHA RUÍNA de John M. Stahl com Gene Tierney e Cornel Wilde
Filme kistch amado por Almodovar e que tais. É um novelão tão exagerado, com diálogos tão melodramáticos e com atores tão ruins ( Gene nunca esteve pior ) que se torna alegre diversão idiota. Fala de mulher que ama tanto seu marido que mata todos que possam lhe roubar sua atenção, inclusive o filho. Será que alguém um dia lhe levou a sério ? nota 5.
DODSWORTH de William Wyler com Walter Huston, Ruth Chatterton, Paul Lukas
Começo a notar o porque de Wyler ter tido tamanho prestígio : ele nunca erra ! Devo ter visto mais de quinze de seus filmes, entre dramas, westerns, comédias, policiais, e digo, não há erro.
Sinclair Lewis, primeiro autor americano a ganhar o nobel, escreveu esta história. Enquanto na época era moda escrever sobre americanos ricos como vilões e americanos morando na Europa como heróis, aqui, Sinclair fez o contrário : o industrial rico e simples, feito com maravilhosa graça e humanismo pelo pai de John Huston, é o herói. Ele viaja a Europa com sua esposa, aposentados, e lá, ela, deslumbrada pela cultura européia, chifra esse velho poderoso, o abandona e se torna "culta, fina, sofisticada". O industrial, que realmente a ama, espera, disfarça, se desilude e acaba por desistir. Reencontra o amor em Napoles, com uma americana amarga que enxerga seu valor. Parece uma xaropada ? Não é! Wyler filma sem jamais cair no melô. Nenhum diálogo é adocicado, burro, exagerado. Dodsworth é inocente, mas não idiota. Ele sabe o que acontece, mas não quer entender. O filme é bonito, adulto, fluido e é uma aula de direção e de roteiro. Huston está fantástico; seu Dodsworth, personagem muito sutil, é levado com bravura infinita. nota 9.
SHAMPOO de Hal Ashby com Warren Beaty, Julie Christie e Goldie Hawn
Um belo cabeleireiro de LA tem caso com todas as suas clientes. O filme, imenso sucesso em 1975, se passa em 68, portanto todos se drogam, todos fazem sexo e todos querem ser modernos. Mas o filme é algo mais : o cabeleireiro é um poço de solidão. Mais que traçar suas clientes, ele é usado por todas elas. Um boneco bonito para se ter prazer. Warren está perfeito, sempre foi melhor ator do que se pensou na época. Julie está bonita e Goldie uma bobinha ( faz tudo aquilo que sua filha faz hoje ). A trilha é super!!! nota 6.
O RETRATO DE JENNIE de William Dieterle com Joseph Cotten e Jennifer Jones
Primeiro um pouco de história : Selznick é considerado o produtor mais importante de toda a história do cinema. Porque ? Porque numa época em que produzir era amar a arte ( o produtor fazia tudo : escolhia elenco, cenário, roupas, músicas, roteiro, diretor, lançamento ) era Selznick aquele que mais se metia, mais acertava e mais arriscava. Mas aqui ele exagerou. O filme acabou com sua vida.
Levou dois anos em produção ( um absurdo ) e é um imenso fracasso que o fez falir. Mas é um filme lindo, uma obra-prima romântica, obrigatória para quem gosta e sabe "viajar" numa fantasia.
Cotten, excelente em seu aturdimento apaixonado, é um pintor fracassado em NY. Primeiro mérito : o filme é quase todo filmado em externas. A fotografia ( de Joseph August, sofreu tanta pressão que morreu nas filmagens ) é um primor. Raros filmes tem fotografia tão criativa e bonita. Nuvens no céu, neve que cai, a luz da Lua a noite, nunca ví cenas tão belas. Pois bem... esse pintor conhece uma menina no Central Park. A criança a cada encontro dos dois está mais velha. O pintor, inspirado por ela, pinta melhor e faz sucesso. Mas ela não existe, é um fantasma. Sim, é Ghost com Em algum lugar do Passado com uma infinidade de outros mais. Mas é de longe o melhor.
Veja o primeiro encontro : ele conversa com a criança. Ela canta uma canção. A cena é típica de Tim Burton, dark e poética. E o que a menina canta ? É incrível ! Uma canção pop de 2010 num filme de 1945 ! Bernard Herrman ( dos filmes de Hitch ) foi chamado só para escrever essa canção ( veja os custos subindo. O resto da trilha, ótima, é de Dimitri Tiomkim ). A canção é uma melodia gótica com harmonia de tons tecno e vocal à Patti Smith. Um milagre. Mas o filme é mais: A tempestade que separa os dois tem clima de sonho que nos faz pensar, após o filme terminar, que o próprio filme foi um sonho. E há Jennifer, uma atriz ainda viva, amante do casado Selznick na época, que produziu esta estravagância como homenagem à ela. Quando ele morreu, em 65, Jennifer foi achada louca numa praia da Califórnia. Se recuperou, voltou a estudar e é hoje uma famosa psicóloga. Era bela e boa atriz, ganhou um Oscar logo em sua estréia. O amor dos dois ( eram casados com outros. O marido dela ao descobrir sua traição bebeu até morrer ) era de verdade.
Assistam este filme que é diferente de tudo que você já viu. E vejam os extras de Rubens Ewald Filho. Ele confessa seu amor pelo filme, o primeiro que viu na vida. Lindo. Nota DEZ!
PENNY SERENADE de George Stevens com Cary Grant e Irenne Dunne
O único diretor que podia fazer frente a Wyler era Stevens. Veja este doloroso filme e saiba o porque. È a tocante história de um casamento banal. Cary, excelente e emocionante, é o marido. Um normal marido de classe média baixa. Irenne é sua esposa. Casam-se, perdem um filho e perdem um outro. E é só isso. Nada de muito incomum, de muito original. Mas o estilo de como isso é contado é genial.
O filme começa do fim : a esposa abandonando o lar e escutando discos. Daí vem um grande achado : cada disco é uma memória, um capítulo da história dos dois. O namoro, o casamento, a falta de dinheiro, a vida com um bebê ( são as melhores cenas. Você morre de vontade de ter um filho. São cenas longas, sem pressa, calmas e muito reais. ) Vem um forte drama, que o diretor sabiamente evita mostrar, e o final, que parece feliz, mas que na verdade é amargo. Simples. Mas que delicioso filme! Grant nos surpreende saindo de seu tipo malandro boa vida e sendo um ansioso jovem marido. Ele se mostra desajeitado, inseguro, apaixonado e até simplório. Irenne está como deve estar, mãe de férrea feminilidade, teimosa, impaciente. O filme é a vida que brota dessa mistura. Assistimos, sempre com prazer, seu cotidiano.
Entrar neste drama é como ver um album de retratos. Ou melhor, ouvir as canções que mais te marcaram. Melancólico. E uma delícia. E dizem que Hollywood não sabia ser "vida real"... uma obra-prima. Nota DEZ!!!!!!!!

TOURNEUR/MINELLI/JULIE CHRISTIE/NAVARONE/

O HOMEM LEOPARDO de Jacques Tourneur
Val Lewton produziu para a RKO uma série de filmes de suspense. Filmes baratos, com 70 minutos de duração e que acabaram marcando um lugar na história do filme b. Porque ? Porque como nos melhores filmes de Dracula ou Sherlock Holmes, o que importa não é o crime ou o mistério. O que nos seduz é cada sombra do cenário, cada travelling da câmera, os acordes da trilha sonora, o maravilhoso rosto dos atores ( irreais, sempre irreais ), as ruas cheias de neblina na madrugada deserta, a garoa e a luz dos postes, o som dos passos na calçada escorregadia, o grito agudo, a calma do herói teimoso. É uma fórmula. É quase perfeito. È para se ver numa noite gelada, vários cobertores sobre a cama, a casa vazia e escura, o cão roncando no tapete. Delicioso. Um adendo : Tourneur foi um diretor frances que sabia fazer filmes de suspense, polciais noir, filmes de pirata. Eis o cara ! nota 8.
O PIRATA de Vincente Minelli com Judy Garland e Gene Kelly
Existem 3 níveis de amor ao cinema. O faroeste é o primeiro. Depois vem Buster Keaton e por fim o musical. Nada nesta arte dá maior prazer que o musical. Nada é mais refinado, civilizado, bem feito, artísticamente nobre que um grande musical. Tudo nele é artifício. Tudo nele é falso. E é na sua artificialidade que mora seu mérito. Um mundo ideal, perfeito, ilusório, um mundo como deveria ser, como achamos que poderia ser, e, em seus momentos mais sublimes, o musical nos faz crer que o mundo é O Musical. Nós é que não o percebemos. O Pirata é delicioso como um conto de fadas. Profundo como Mozart. Sublime como um amor aos 14 anos de idade. Eterno como a memória de uma paixão. Foram musicais como este, com seu capricho, sua beleza colorida, seus diálogos espertos, sua cultura vienense, que fizeram de mim um aficionado por cinema em geral. Gene sorrí como nenhum ator sorrí. O cenário é um carnaval de plantas, panos, janelas, biombos e muita gente. A música é mais que vibrante, é quente. Judy, etérea, paira soberana, hipnotizando nosso olhar com sua estranheza. Um gigantesco bolo de noiva, um revellon de luxo. nota 10 com muito louvor ! - informação : O musical terminou quando o talento minguou. Nada era mais dispendioso. Para se fazer um grande musical se precisava de atores famosos que interpretassem, cantassem e dançassem bem. E fossem engraçados e "adorados". Roteiristas treinados em comédia, afiados em diálogo rápido e leve. Compositores de sucessos. Arranjadores com técnica erudita. Orquestras gigantescas. Cenógrafos e coreógrafos da Broadway. Imensos estúdios. Tempo para ensaios. E um diretor que entenda de dança e de música. Quando juntar tanto talento se tornou um risco grande demais, o musical acabou. Sobreviveu, parcamente, em milagres feitos por um gênio solitário ( os de Bob Fosse ) e algum acaso fortuito.
OS CANHÕES DE NAVARONE de J. Lee Thompson com Gregory Peck, Anthony Quinn e David Niven.
Perfeição. Uma aventura com personagens bem delineados, excelentes diálogos, ação que emociona, suspense e diálogos que podem ser citados ( há um sobre a inutilidade da guerra que é genial ). Porque tudo deu tão certo ? O mérito é do roteirista, Carl Foreman, perseguido pelo MacCarthismo e brilhando como roteirista e produtor nesta aventura divetidíssima. Este filme é o parâmetro em que toda aventura deve ser julgada. Explosões, tiroteios, naufrágios, fugas, traições... maravilhoso!!!! nota 9.
DESPERATE JOURNEY de Raoul Walsh com Erroll Flynn e Ronald Reagan
Lixo. Uma imensa decepção!!!! Um roteiro patético, fazendo dos nazistas idiotas completos e dos americanos gente que sorrí durante tortura. Se a guerra fosse essa infantil piada... nota zero!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
DR. BULL de John Ford com Will Rogers
Não chega a ter a alegria de Juiz Priest, filme que Ford e Rogers fizeram no ano seguinte. Mas é um bom exemplo de filme rural, bucólico, lentamente agradável. Rogers tinha mágica simpatia e Ford, relaxado, lhe dá todo espaço e tempo para brilhar. nota 7.
VENUS de Roger Mitchell com Peter O'Toole e Jody Whattley
Nada revela mais o caráter aristocrático inglês que a classificação que eles dão à seus atores. Michael Caine, ator que trouxe o inglês cockney-malandro para as telas, jamais será visto, em Londres, como Gielgud ou Richardson. Pois John e Ralph são do mundo de Shakespeare, Michael não é. Dito isto, falo que Peter sempre foi um rei. Nada se compara a seu Beckett ou ao que ele faz em Leão no Inverno. Foi uma estrela maior, um conquistador compulsivo, um bebedor imbatível. E ocupa, na hierarquia britânica, um lugar dúbio. Apesar de ser um excelente ator teatral, por ter se popularizado demais no cinema, é colocado atrás de Paul Rogers ou Michael Redgrave. Absurdo!!! Falando deste filme... é triste ver seu rosto estragado. A bebida e a idade devastaram seu olhar de Lawrence da Arábia. Mas é belo ver como ele se diverte e dá conta deste papel difícil, sutil, e comicamente trágico. Fora Peter, é um filme tolo, frio, pretensioso, quase idiota. Ele foi indicado em 2007 por este papel, e perdeu o prêmio pela oitava vez ( um recorde de derrotas ). nota 1.
CINCO COVAS NO EGITO de Billy Wilder com Erich Von Stroheim, Franchot Tone e Anne Baxter.
Segundo filme americano de Billy. Um suspense de guerra em que o grande Erich rouba o filme em seu papel de Rommel, a raposa do deserto nazista. Um filme muito bem feito, muito bem escrito e com linda fotografia do mestre John Seitz. nota 7.
LONGE DELA de Sarah Polley com Julie Christie e Gordon Pinsent.
Preciso. Sarah Polley, atriz mirim do Munchausen de Gillian, se revela aqui muito boa diretora. Neste filme, triste, árido, geriátrico, tudo poderia levar às lágrimas fáceis ou às gracinhas de velhos bonzinhos. Sarah não faz nada disso. Conta sua história. Não força, não doura e nunca apela. Observa. Julie, que perdeu o seu segundo Oscar de forma injusta para Piaf, interpreta como só grandes atrizes podem : com os olhos, com as mãos, com o cabelo. Ela flutua, aturdida, medrosa, sedutora, completamente perdida, variando entre infantil e madura. Um desempenho feito de discreta elegancia. Uma lady. Mas eu já esperava isso de minha atriz musa-para sempre. De minha Kate Hepburn de Londres. Mas Gordon Pinsent arrasa. Seu desamparo, seu abandono e a teimosia de quem insiste em fazer o amor sobreviver é simplesmente acachapante. Um ator superlativo. E eis, ainda com o brilho de Olympia Dukakis e Michael Murphy ( antigo ator de Altman ) um simples e discreto drama outonal. Cheio de neve e de árvores. E em que a diretora, muito jovem, faz algo tão raro no cinema atual : conta a história e deixa que os atores brilhem. Parece tão pouco. Mas é tão raro. nota 8.

a bela julie christie, franz ferdinand e harold pinter

Nada confirma melhor a validade da postura filosófica sobre o tempo, na visão oriental, que o tipo de música pop que se faz na Grã-Bretanha desde 1984. Essa postura filosófica, seguida dentre outros por Eliot e Yeats, diz que o tempo é circular e que repisamos o mesmo caminho indefinidamente. Londres 1963 foi o último suspiro do leão agonizante. O império desmoronava de vez e desde então tudo, absolutamente tudo, com alguma validade, feito por um inglês, chora o final do apogeu britânico.
Aconselho dois filmes : Billy Liar e Darling. São filmes do movimento angry-free-cinema, que evoluiu por lá entre 59/65. Um cinema que é exatamente aquilo que a Inglaterra de hoje tenta e nunca consegue ser : jovem, descompromissada, revolucionária, alegre e sexy. São filmes com imagens das chaminés de Manchester, de garotas de minissaia andando pelas ruas, de garotos de cabelo despenteado reclamando do desemprego, de gigolôs charmosos, de brigas no pub, de correr atrás do double-decker-bus... de mini-cooper e lambretas, e de bikes em Oxford. É o tempo da sofisticação ultrajante de Joe Orton e Harold Pinter no teatro, dos atores inconformados e belamente decadentes : Peter O'Toole, Alan Bates, Terence Stamp, Tom Courtney; e das musas das musas : Vanessa Redgrave, Jane Asher, Judy Geeson, e a incomparável Julie Christie, a imagem definitiva.
Quando aconteceram Beatles, Stones, Yardbirds e Them, o momento já era passado e eles haviam se tornado estranhamente saudosistas. No momento de Carnaby street e Mary Quant, Londres já tinha vivido seu apogeu e já contabilizava um glamour do passado. Não por acaso, tudo de melhor que essas bandas fizeram foi chorar pelo leite derramado ( no caso, leite com chá ).
Tudo, desde então, é um repisar de fontes anteriormente bebidas. Smiths e Morrissey são a saudade de Wilde, de Oxford, o prazer de se tomar chá lendo Evelyn Waugh e Foster. The Jam´são terninhos eduardianos, cabelos eduardianos e o radicalismo da esquerda eduardiana. Com um som todo aspirando ser Who e Small Faces. Jesus and Mary Chain é a saudade do rouxinol de Keats, trespassado pelo som elétrico do Velvet com a voz de Ian Curtis. Nem vou falar de Oasis, uma banda doentia, que obriga o baterista a tocar como Ringo e faz a mixagem de seus discos com técnicas de 68. Ou o Blur, sempre tentando ser Oasis com sexo.
Pois assisto doze clips do Franz Ferdinand. Bem... o nome da banda já é saudade, nome do arqui-duque morto em Sarajevo, 1914... os clips são citações sobre citações dos tais filmes ingleses de 59/64. Moças que são a cara de Rita Tushingham, moços que se parecem com o jovem John Hurt e roupas como a swinging London... velho, velho,velho demais... O som é Small Faces mais Kinks com toques de Roxy Music. O de sempre...
Algo de jovem nas ilhas britânicas, somente quando parte dos negros ( que querem soar como americanos- e conseguem ) dos indianos e dos africanos que lá vivem. Ingleses brancos, esquálidos e anglicanos, continuam a chorar e chorar os velhos tempos, a repetir a mesma poesia de ancião impotente e a encher de mofo uma cidade já bastante mofada.

MAMMA MIA!/MYRNA LOY/POWELL/PETER WEIR

Freeway de mathew bright
o que leva alguém a fazer tamanho lixo? feito por imbecis e recomendado a retardados.
Pic nic na montanha encantada de peter weir
primeiro filme da digna carreira de weir. e que filme! é de longe seu melhor trabalho e o assistí por recomendação do grande crítico roger ebbert. muita sensualidade ( sem nenhuma nudez ), na história de uma excursão escolar onde 3 alunas desaparecem. a austrália nunca foi filmada de modo mais bonito e mais assustador. o filme tem algo de muito oriental, muito ancestral, muito profundo mas é de uma simplicidade chocante. nota 8.
Ensaio sobre a cegueira de meirelles.
fui raptado e levado ao cinema para assistir esta coisa enfadonha. excelente sonífero de um diretor que se revela um grande chato. cidade de deus foi um acidente ( talvez seus méritos fossem unicamente a fotografia e a edição ). nota zero.
Linha de passe de walter salles.
o cinema de salles é extremamente conservador. ele faz filmes que remetem a de sica e o bunuel do méxico. em seu cinema nada surpreende, todos são bacanas e de coração puro ( mesmo os maus têm pureza ). ele é um disney dos estudantes de sociologia. nota 3.
Longe dela de sarah polley com julie christie.
maravilhoso. polley dirige com maestria este filme de tema tão duro e tratado de maneira sóbria e adulta. podem escrever : assim como previ que keira knightley era a nova meryl streep ( oscars certos no futuro próximo ) e que joe wright é um diretor que construirá uma grande obra; prevejo um futuro brilhante para esta ótima diretora. julie dá show, mas isto é o esperado. nota 7.
Mamma mia!!!! philida lloyd com meryl streep
que delícia! existir um filme como este é um atestado de que as pessoas ainda sabem sorrir. que prazer ver meryl atuar! como ela é maravilhosa, uma atriz que nos deu tanto!!! que bela banda pop o abba foi e que maravilhosa ironia eles serem tão cult enquanto rush, genesis e yes estão totalmente esquecidos. o filme é chacrinha em seus melhores dias. nota 7.
O centro do mundo de wayne wang
gosto muito dos filmes de wang. mas este... insuportávelmente maneiroso. nota 1.
Desejo voce de michael winterbotton com rachel weisz
este diretor tem algum talento, mas para seu mal ele carrega os piores vícios de sua ( minha ) geração: preguiça, pretensão, muita tv e pouco livro. este filme tem os primeiros 30 minutos muito bons, mas ele é tomado pela falta de convicção e naufraga em tédio mortal. nota 4.
Uma leitora particular de michel deville com miou-miou
afetadíssima fita de arte sobre o prazer erótico que há na leitura. nota 2.
Casado com minha noiva de jack conway com jean harlow, spencer tracy, clarck gable e myrna loy.
um jornalista inventa uma história falsa sobre herdeira. temendo o processo, ele faz com que essa falsa notícia se torne verdade. para isso contrata um malandro que deverá seduzir a herdeira. era este tipo de bobagem que roteiristas geniais transformavam em deliciosas comédias nos anos 30. tudo acontece em ritmo de correria, as falas são vomitadas como metralhadoras e os atores fazem aquilo que seus fâs esperam: harlow é bonita e burrinha, spencer é agressivo e frio, powell é fino e levemente alcoolizado e loy é linda e esperta. diversão garantida para quem procura escapismo inteligente. nota 8.
Contos de hoffmann de michael powell.
powell é o diretor que martin scorsese mais admira. e é, ao mesmo tempo, o menos parecido com martin. durante os anos 40/50, powell fez uma série de maravilhosos filmes fantasiosos na inglaterra. filmes caros, luxuosos, metidos a grande arte e que nos anos 60/70 se tornaram símbolo de tudo aquilo que o cinema não deveria ser: gigantesco. Na década de 80, scorsese promoveu uma mostra no moma de seus filmes e nasceu aí a recuperação do nome de michael powell. hoje ele é considerado um dos grandes e o melhor cineasta que a inglaterra já possuiu ( visto que hitchcock é apátrida ). este filme é a transposicção de uma estupenda ópera para a tela. sim! uma ópera. filmado em forma de sonho, com a fotografia maravilhosa que powell sempre apresenta, o filme é um longo poema sobre a dor de amar. nos dá um imenso prazer, uma euforia visual e a sensação de atemporalidade absoluta. lindo, antiquado, datado e arrogantemente metido. soberbo. nota dez.