PROMETEU DESACORRENTADO E OUTROS POEMAS- SHELLEY

  Ah esses românticos.... Veja Shelley: Sua poesia é aquele samba do crioulo doido onde cabe de tudo um pouco e nada acaba por ficar de fora: Ele é ateu radical e militante, mas ao mesmo tempo parece crer em alma e fantasmas. Politicamente é anarquista. Mas ao mesmo tempo transparece a saudade dos heróis gregos e romanos. Feminista. E violentamente egoísta. A favor dos pobres e narcisista. De origem classe mèdia alta, e paladino da simplicidade. Com tudo isso ele se torna um exemplo clássico do pior e do melhor do movimento romântico. o mais adolescente dos estilos, e por isso, mutável, contraditório, auto-ilusório e corajoso.
   A poesia de Shelley varia do excelente ao erro. Mas é sempre interessante. Influenciou Drummond, muito. Desagradava Eliot. Bastante. Nunca alça vôo como Keats. Nunca é filosófica, como Goethe. Brilha, mais que Byron.
  Neste livro recém lançado temos uma peça para ser lida e não encenada, e ainda uma boa coletânea de poemas. O tema de Prometeu cai como luva para Shelley, ele se via como o herói grego que roubou de Zeus o segredo do fogo. A peça de Esquilo é de uma beleza arrebatadora. O trágico em osso e nervo. Shelley nunca é nervo. É pele e veia. Bonito.
  Nos demais textos temos momentos de brilho intenso ( Ozymandias, Alastor ) e alguns nem tanto.
  O tradutor é Adriano Scandolara. Um trabalho de detalhe e com excelente material de consulta.
  Espero uma edição cuidada de Keats agora. Ele merece. Mais.

TANGO SOLO, a bio de ANTHONY QUINN com DANILE PAISNER

   Se tudo for verdade a vida de Quinn é a mais rica de todos os atores.
   O pai foi um emigrante irlandês que acabou no México. A mãe era mexicana e a avó materna um tipo de nobre espanhola. Na infância ele vivia numa favela imunda, chão de terra e muita fome. Viu Pancho Villa e a revolução. Estudou e queria ser arquiteto. Conheceu Frank Lloyd Wright, o maior arquiteto do século e estagiou com ele. Virou ator meio sem querer. Casou com a filha de Cecil B. de Mille, o nome mais poderoso do cinema nos anos 20 e 30. Foi amigo de John Barrymore, o mito, já em sua decadência. Depois fez parte da turma de Erroll Flynn, isso tudo antes de ser famoso.
  Ao mesmo tempo era amigo de John Steinbeck, William Faulkner e de Saroyan. No cinema fazia papéis de índio e de mexicano, até que foi pro teatro. Na Broadway substituiu Marlon Brando em Um Bonde Chamado Desejo. Brando foi Kowalski por 4 meses apenas, Quinn por seis meses seguintes. Faz Viva Zapata com Marlon, ganha Oscar e vira ator respeitado.
  Muito bacana sua descrição de Brando. O cara que podia fazer tudo o que desejasse. E escolhia esculhambar sempre. Assim como o retrato de Barrymore, um mito alcoólatra que vivia para criar pegadinhas e dar festas.
  Depois vem Fellini, que Quinn considera o maior talento que conheceu e o sucesso de A Estrada da Vida. Vem ainda David Lean, o mais perfeccionista dos diretores, Lawrence da Arábia, uma filmagem toda desastrada. Vem sua amizade com Laurence Olivier, talvez o mais falso dos amigos, um homem que era fino e classudo no palco, mas um perfeito caipira na vida pessoal.
  Zorba então. E não vou falar de Zorba.
  O mais impressionante: apesar de se dizer tímido, Anthony Quinn teve incontáveis filhos com diversas mulheres. Desisti de contar, mas acho que chega a 14, os filhos. Ele viveu até mesmo um caso a quatro, uma esposa, uma amante, uma relação tórrida e ainda uma paixão surpreendente. Todas ao mesmo tempo. O cara era um Zorba!
  Tudo contado em flash back enquanto ele pedala sua bike pelas colinas próximas a Roma, onde viveu seus derradeiros 40 anos. É um livro ótimo para ler descontraidamente, ao sol, crendo ou não em tudo o que esse ator, sempre intenso, sempre vaidoso, diz.
  Saiu em 1995, mas é fácil de achar.

David Bowie - Modern Love



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Charles and Sebastian Alone in Brideshead



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REFILMAGENS

   A coisa tá pobre demais. Refilmagens estão acontecendo a rodo. Nada errado. refilmagens sempre aconteceram e algumas são melhores que a original. O próprio Hitchcock refilmou para melhor um filme seu. Mas... depois de assistir as péssimas reprises de O MENSAGEIRO ( o de Losey é um belíssimo drama com soberbas atuações e uma trilha sonora de gênio ), e de LONGE DESTE INSENSATO MUNDO, ( o de Schlesinger esfria o drama de Thomas Hardy e o transforma num perfeito painel sobre o amor e as relações sociais, o novo é apenas um veículo que tenta dar a uma jovem atriz um grande papel ), assisto agora a heresia suprema: ousaram tocar em BRIDESHEAD REVISITED, obra sagrada da minha geração snob.
  Vou falar por partes. O pior nessas refilmagens é que elas não retrabalham uma história. Esses filmes copiam. Todos eles copiam movimentos de câmera, cenários, movimentação dos atores e pasmem!!!!, até mesmo as expressões faciais! A impressão é que os atores não precisaram ler um roteiro, apenas decoraram um dvd. Em Brideshead isso chega ao cômico.
  BRIDESHEAD é um livro problema de Evelyn Waugh. E Waugh, para quem não sabe, foi um dos mais populares dos escritores ingleses dos anos 40-60. Fazia parte da turma conservadora, a turma que nasce com Eliot e segue com Greene, Chesterton, Lewis, Tolkien, Orwell. Em 1981, seguindo o clima do tempo novo Thatcher, a BBC 2 produz e exibe a série de Waugh em 18 capítulos. No elenco o novato Jeremy Irons, a sagrada Claire Bloom e os dois maiores mitos do teatro inglês do século: John Gielgud e Laurence Olivier. Imediatamente a série virou mania inglesa e uma febre Brideshead se instaurou. A nova geração encontrava seu mundo: Oxford, campos verdes, bissexualismo, amor a tradição aristocrática e requinte no vestir. Até no rock a coisa chegou! Em 1983 David Bowie se veste em toda a excursão Serious Moolight como o Sebastian Flyte de Brideshead e grupos como Style Council, Depeche Mode, Spandau Ballet adotam clima e roupas da série. Bryan Ferry não. Ele vivia em Brideshead desde 1974.
  Tudo isso chegou ao Brasil, em tempos pré TV a cabo e internet, em 1988. A TV Cultura, despretensiosamente comprou a série, não dublou e passou às quintas, 20 horas. Estourou no boca a boca. Logo o povo fashion estava se reunindo para assistir a série em grupo. Com chá e morangos com creme. A Folha deu a notícia. A coisa cresceu e em 1991 houve uma reprise.
  Eu fui pego em 1988. Gravava em VHS e reassistia. N vezes. Para aquele tempo, alguma coisa ali nos seduzia como religião. Era o escape de um mundo feio e pobre. A série tinha Jeremy Irons como Charles Ryder, o estudante de classe média que se deixa seduzir pela família de seu amigo aristocrata, Sebastian Flyte. Flyte, gay, infantil e muito bêbado, seduziu toda a audiência. A frescura suave de Flyte virou mania. Uma frescura feita de paletós listrados, cabelo na testa, ursinho de pelúcia na mão, cardigans pendurados nos ombros e cílios longos. Anthony Andrews teve o papel de sua vida e nunca mais conseguiu se livrar dele.
  Mas havia mais. O pai de Irons, um lunático hiper vitoriano, era feito pelo mito John Gielgud, numa atuação genial, e o pai de Sebastian era Laurence Olivier, em uma de suas últimas atuações. Claire Bloom era a mãe carola de Flyte. E a linda Diana Quick fazia a irmã sedutora de Sebastian. Havia ainda uma trilha sonora absolutamente mágica e imagens estupendas de Oxford e de Veneza. Uma série de TV digna dos maiores filmes da época.
  Dito tudo isso, vejo a refilmagem para o cinema, de 2014. E logo vejo a repetição do vício: as cenas são idênticas! A câmera se coloca no mesmo lugar, os sets são os mesmos, e ridículo supremo: os atores imitam até as expressões faciais dos atores de 1981 !!!!!!!!
  Não devem ter lido um roteiro, apenas assistido o dvd da série original !!!!!!
  Mathew Goode no papel que foi de Jeremy Irons até se sai bem. Boa imitação. Mas o Sebastian Flyte da nova versão é um vexame... Anthony Andrews era uma criança grande, seu homossexualismo era sedutor por ser inocente. Ele tinha trejeitos de fragilidade, de mimo. de aristocrata. A gente nunca sabia se ele era gay de verdade ou apenas brincava de fazer sexo com um amigo. E mesmo assim, as cenas de 1981 eram mais explícitas. Beijocas e cama.
  Aqui Ben Whishaw faz um Sebastian Flyte desmunhecado, uma bicha louca exagerada. Nada há de sedutor nele, é apenas ridículo. Emma Thompson consegue ser pior. O papel da mãe é feito de forma caricata. Uma máscara que nunca se move, fria, desumana, nunca convence. A pior atuação da ótima atriz.
  Waaaallll.....mesmo assim, se você tem menos de 40 anos, aconselho que assista. Para quem não viveu a série em seu tempo, pode ser uma bela experiência. O filme, como o livro, fala de fé e de sua perda. Fala da decadência de uma civilização. Falsidade e desejo. E se eu conseguisse esquecer a série ( e é mágica a maneira como fui lembrando de falas e de cenas inteiras ), poderia ter achado este um muito bom filme.
  PS: Só para comparação. No segundo capítulo se mostra pela primeira vez Oxford. A câmera voa sobre a cidade e vemos depois Charles Ryder chegando com bagagens à seu alojamento. A sensação é de êxtase. Aqui repetem toda cena. Tentam fazer igual. A sensação é de ....Ok, vamos em frente....
  Esse o mistério da arte.

PAULO FRANCIS - DANIEL PIZA

Acho que para quem, como eu, conhece bem Francis, é um livro dispensável. Para quem quer começar a conhecer, ótimo.
Francis precisa de uma bia de 800 páginas. Há muito o que contar e falar sobre ele. Este tem apenas 120. O próprio autor diz ser este apenas um convite para que se escreva mais. No futuro.
Bom saber alguns dados da infância que eu não sabia: o apego a mãe que morreu quando ele tinha 14 anos. O pai distante e a educação em internatos: um dominicano e o pior. jesuíta.
Francis foi boa vida até os 27 anos. Queria ser escritor. Ou ator. Tentou ambos e falhou. Foi escrever em jornal. Sua geração modernizou o país. Depois o desgosto. 1964 os fez cair na real. A realidade da burrice humana. Francis foi trotkysta. Depois um desiludido. Por fim um liberal.
Defendeu Collor. Depois o atacou. Achava Itamar melhor que FHC. Lula lhe era uma piada. Sarney foi Sir Ney. Viu, antes de todos, que os militares não sabiam o que fazer, era uma ditadura improvisada, mal feita, sem plano. Uma direita estatizante.
A Petrobrás o matou.
Adorava Bernard Shaw. Huxley. Pepys. Orwell. Edmund Wilson. George Jean Nathan.
Amava Casablanca e Erroll Flynn. E Bergman.
E Wagner, Sinatra.
E as brigas, várias imensas: Tonia, Autran, Caetano, e mais um milhão ou dois.
A relação com a esposa e com seus gatos, o homem carinhoso, atencioso.
Um livro que se lê em duas horas, um livro que abre o apetite para ler mais Francis, e PF foi um homem que nos dava vontade de ler de tudo.
Não foi pouco.

The Paris Match - The Style Council & Tracey Thorn



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A RAINHA DA NEVE- MICHAEL CUNNINGHAM

   São quatro personagens centrais vivendo num subúrbio de NY. Um músico que cheira coca e tenta compor a canção de sua vida. A mulher desse músico, que está morrendo de câncer. A sócia dessa doente, dona de uma loja cool, cinquentona que namora garotos bonitos e burros. E o irmão gay do músico, um fracassado que acabou de levar mais um pé na bunda via celular. Ele anda pelo Central Park e percebe algo no céu.
  O autor recebeu o Pulitzer por As Horas, o livro que foi destruído naquele filme que fez sucesso em 2000. A arquitetura deste seu novo livro é parecida: cenas curtas com personagens que se conectam. Morte, dor, redenção, epifania. Cunningham não tem uma escrita fria. Ele é gentil. Uma escrita gentil é o tipo da coisa que nunca pensei escrever. Os diálogos, muitos, são simples. Ninguém fala nada de brilhante, mas no conjunto dá pra perceber a humanidade por entre as falas. As pessoas são frágeis.
  No final é uma história sobre a amizade de dois irmãos. A relação deles é a mais forte e a única que dura. Quanto a tal visão no céu....ela fica sem explicação, é como deve ser. O livro passa perto da epifania, mas a recusa. Se há um milagre não cabe a nós o compreender, apenas usufruímos. E nem mesmo saberemos para que ele serviu, se é que existiu.
  Curto e simples, Cunningham consegue falar de coisas muito tristes de um modo leve.
  É isso.

FRANÇA

   Em 1975 minha família foi pela primeira vez à França. Lembro das cores do céu e do vento em Orly. Mas agora quero falar do era o aeroporto de então. Descemos do avião e fomos entrando no país. Um civil deu uma rápida olhada em nossos passaportes e passamos. Ninguém abriu nossa bagagem de mão, meu pai poderia ter uma bazuca ou meio quilo de pó, ninguém perceberia. Em todo o aeroporto, e minha mãe confirma que foi assim até recentemente, não se via um só policial. E assim foi por toda a Europa ocidental. Apenas na Espanha, ao entrar em San Sebastian, dois policiais olharam nossa cara e pediram para entrar.
  A pá de cal sobre esse mundo foi jogada ontem. Você meu jovem, que só conhece esse estranho mundo de câmeras, vigias, portões e grades, irá ter de se acostumar a mais vigilância. Os loucos das sombras querem nos fazer ovelhas assustadas, Faz tempo que conseguiram.
  Minha indignação é impossível de ser expressa. Estamos numa guerra contra as sombras que dura décadas. Mas os tolos relativistas colocam vendas de sofismo sobre nossos olhos. O mal está firme e unido, nós divididos e paralisados.
  Meu mundo nasceu com a dúvida de Sócrates. Depois recebeu o direito romano e a caritas cristã. Essa a trindade do ocidente que querem destruir. E sinto que conseguiram. A França não mais é A França. Ela perdeu.
Todos perdemos.

O ORANGOTANGO

No rosto daquele orangotango toda acusação estampada numa cara de desamparo.
E o desamparo do irracional é o pior de todos porque ele acusa sem racionalizar, fala sem mentir, diz em todos os símbolos: Vocês me traíram.
O orangotango, notícia da UOL que vejo e me comovo, foi espancado, ele e seu filho, até o desespero.
E como um Cristo ele nos faz murmurar: Minha culpa, minha máxima culpa.
Se Deus há ele nos fez jardineiros. Se diabo há ele nos dá uma serra.
Mas o orangotango, que não é divino e menos ainda diabólico, alheio a história e ao tempo, sofre sozinho agarrado a seu filho. E nem mesmo uma acusação ele pode formular.
Nem xingar ele pode!
Mas eu posso! Posso amar esse ser infeliz e chorar com ele o destino sem caminho.
E em nossa comunhão se refaz uma peça do tabuleiro sem lugar.
Eu falo por você, sem voz.
mesmo que não seja ouvido...

DWAYNE- BILL CONDON- PETER BOGDANOVICH-WIM WENDERS- GUY RITCHIE- LAWRENCE- GUERRA

   UM AMOR A CADA ESQUINA de Peter Bogdanovich com Imogen Poots, Owen Wilson, Jennifer Aniston, Rhys Ifans, Will Forte, Cybill Shepard.
A produção é de Wes Anderson e de Noah Baumbach. Tem participação, como ator, de Tarantino. Ou seja, a nata do cinema de 2015 dando uma força para Peter, o grande diretor revelação de 1971 com A Última Sessão de Cinema. E que depois fez algumas excelentes comédias doidas, como aquelas que se faziam nos anos 30. Mas aqui nada funciona. É triste ver os atores se esforçando ao máximo para dar vida a personagens tão fake. Na comédia doida tudo é fantasia, tudo é exagerado, mas havia nelas uma inteligência, nas falas, que tornava tudo "verdadeiro". Pelo exagero se chegava à verdade final das relações. Aqui as pessoas são apenas loucas. Elas correm, gritam, mentem, fogem, voltam, e fazem com que nos sintamos indiferentes. Não chegam a ser antipáticos, são apenas chatos. Penso que deveríamos achar Imogen fofa. Ela é apenas bobinha. Owen deveria ser charmoso. É apenas oco. E a pobre Jennifer deveria ser divertida. É apenas sem peso. Triste ver um filme que pensa ser chique, leve, amoral, cínico, ser apenas infantil, truncado, espertinho e ingênuo. Um fiasco! ( Atenção a Imogen. Ela será uma estrela ).
   A ESTRADA 47 de Vicente Ferraz com Daniel de Oliveira
Bom tema: o brasileiro na guerra de Hitler. Penso que Ferraz tentou construir um clima à Kurosawa. A estética a serviço do absurdo. A guerra vista como confusão, medo, dor e niilismo completo. Mas falta muito para se chegar perto do mestre japonês ( ou de Naruse ), o filme não nos envolve. Histeria e frio que nunca vira narração.
   LADY CHATTERLEY'S LOVER de Jed Mercúrio com Holliday Grainger e Richard Madden.
Filme da BBC que foi exibido em setembro de 2015. Os filmes de TV da BBC nada mudaram. A Globo os exibia nos anos 70. Eram bem interpretados, solenes, adaptações de livros escritos no período vitoriano ou eduardiano. A única mudança foi nas cores dos sets: antes eram marrons e dourados, agora abusam do azul pálido e do cinza. Continuam sendo filmes bem feitos e meio mortos. Sem fibra e sem paixão. A antítese dos filmes de Boorman, Loach, Anderson, Schlesinger ou Losey.
   EVERYTHING WILL BE FINE de Wim Wenders com James Franco, Charlotte Gainsbourg, Rachel McAdams
Os primeiros dez minutos são ótimos. Neve e mais neve no Canadá do norte. Um homem atropela uma criança. Ele é escritor e é casado. E daí vem a crise... De admirável o fato de termos um filme "de arte" que não apela para sexo explícito, cenas de violência chocante ou um discurso calcado na velha ladainha de raiva adolescente. É adulto, lento, pausado, com imagens fortes, bem pensadas e nunca gratuitas. Mas é também insuportavelmente lento, escuro, triste e sussurrado. Não se pode dizer que não deu certo, ele é exatamente aquilo que Wenders imaginou.
   TERREMOTO, A FALHA DE SAN ANDREAS de Brad Peyton com Dwayne Johnson, Carla Gugino,  Ioan Gruffud e Paul Giamatti.
É bom poder dizer que este Terremoto é muito melhor que aquele de 1974. Não é uma refilmagem, mas tem o mesmo tema. Aqui os efeitos são ótimos, a ação vem na hora certa, nunca como única meta, mas sim como consequência, e ficamos muito satisfeitos com a diversão que ele nos dá. Sim, somos uma geração que se diverte vendo o fim do mundo...Quem sabe não sejamos no fundo uma geração descrente do mundo sólido e das cidades como centro da vida....Relaxe, enjoy!
   MR. HOLMES de Bill Condon com Ian McKellen, Laura Linney.
Já falei deste filme abaixo. Holmes está senil e luta para recordar a resolução de um crime de 30 anos atrás. Enquanto isso faz amizade com um menino e cria abelhas. Um bom filme com atuações ótimas. O final é bastante memorável.
  O AGENTE DA UNCLE de Guy Ritchie com Henry Cavill, Armie Hammer e Alicia Vikander.
Esperto, chique, divertido e charmoso. Tudo que imaginamos ter sido viver entre 1958-1965. Essa foi a época dos mais luxuosos filme. E foi o tempo do bom gosto. O filme tenta copiar esse tempo. E consegue! Os atores são bacanas, a trilha sonora imita Schiffrin e Barry, e Guy até diminui sua velocidade. Tipo do filme que te deixa de boas e faz com que você se sinta mais civilizado.