Frank and Ella - Lady Is a Tramp



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Frank Sinatra Fly Me To The Moon



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URINA, SUOR E GOZO, FRANK, A BIO DE SINATRA ESCRITA POR JAMES KAPLAN

   Ele veio ao mundo via fórceps. E ganhou com isso uma cicatriz e uma orelha torta. Pior, foi jogado na pia, enquanto o médico tentava salvar a mãe. Filho único, era vestido como um pequeno Lord. Se tornou um grande pentelho. O baixinho nojento, com mania de limpeza. Com mesada grande ( Nunca foram ricos ), comprava roupas e amigos. O cara com medo de solidão, aquele que pagava sorvetes e hamburger pra todo mundo. Vaidoso e delicado e ao mesmo tempo explosivo. Complicado? Veja o resto...
   A mãe, uma italiana brava, fazia abortos e era conhecida em toda Jersey. Abortos e partos. O partido democrata, sabendo de sua fama no bairro a chamou para ser cabo eleitoral. Ela mandava. Uma mafiosa quase. O pai era um banana calado.
  Sinatra era mimado pela mãe, e apanhava dela também. De porrete.
  E tinha a voz. Dois fatos importantes. Sinatra era filho de italiano. E ser filho de italiano era ser negro. Eram chamados de escuros. Sinatra irá romper com isso. Tinha orgulho, muito orgulho.
  E havia Bing Crosby. O jovem Sinatra amava Crosby. E Crosby foi o maior cantor do mundo. Até surgir Frank. Crosby foi o primeiro a cantar suave, a saber usar o microfone. Mais que isso, Crosby tinha inteligência na voz, tinha ritmo, tinha gênio. A América o escutava e queria ser como ele. Inteligente, fino, educado e esperto.
  A vida de Sinatra parece ficção. Frank Sinatra desde cedo quis ser Sinatra. E tudo o que ele quis ele fez. Planejou cada passo. E cumpriu. Ia ao Harlem ver o jazz. Billie era seu modelo. Conseguir ser quente como ela. Cantou em rádios, em bares e foi crescendo. Cantou na banda de Harry James e aí a coisa começou a crescer. Viagens pelo país inteiro, de bus. Hotéis e mulheres, muitas mulheres. Sinatra era anormal, tinha um pau muito acima da média. Brigas com Buddy Rich, o batera estrela.
  Vai para a banda de Tommy Dorsey, a mais hot da época. E começa a roubar o show. Então muda tudo. É o primeiro cantor a sair de uma banda e se fazer solo. Um imenso risco. Vence. O que ele tinha?
  Frank Sinatra tinha aquilo que ninguém teve até então. Sua voz não era apenas bonita. Ele não cantava somente bem ou muito bem. Ele tinha sentimento. Passava fragilidade. Tudo o que ele cantava era de verdade. Frank Sinatra foi o primeiro cantor a interpretar as letras. Ele as estudava, as compreendia profundamente. Se preocupava em sentir o que o autor sentira. E milagrosamente conseguia passar isso ao público. Era mais que um cantor, era um fio que unia música a ouvinte. E sempre com extrema sinceridade. No palco ele se transformava. Se antes estivera briguento, chato, frio, distante, ao começar a cantar se tornava AQUILO QUE ELE ERA, frágil, vulnerável, e muito concentrado.
  Nesse processo as mulheres se apaixonavam por ele. Amavam sua fragilidade. E também os olhos que pareciam fortes. Um misto irresistível de força e dor. Foi o primeiro cantor a fazer com que milhares de meninas gritassem por horas sem parar. Foi rocknroll antes de Elvis. Histeria, excessos, festas, drogas, birita. E muito sexo. As mulheres queriam casar com Bing Crosby. Com Sinatra elas queriam ser putas.
  Espinhos existiram muitos. Dois filhos que ele mal via. A culpa por chifrar a boa esposa. Duas prisões por sedução de menores ( rock até nisso ). O preconceito racial. E o pior, por não ir para a guerra passou a ser odiado pelos soldados. "Nós morrendo aqui e ele comendo a Lana Turner..."
  A imprensa de direita o persegue. O FBI começa a investigar sua vida. Odeiam seus amigos italianos. Seus amigos judeus. Suas opiniões. Isso mesmo, Frank Sinatra lia muito e tinha ideias. Ia as escolas fazer palestras contra a segregação. Gravou discos pró-união racial e religiosa. O menino que só andava com puxa-sacos, o cara que tomava 6 banhos por dia, o chato perfeccionista que explodia com uma brisa de verão não convidada, o neurótico sempre nervoso e insone, era um homem que na verdade enfrentava uma oposição tremenda. Direita, militares, racistas, caipiras, todos odiavam aquele italiano escuro baixinho e convencido amigo de comunas. Mas, muito antes dos Stones, Sinatra podia ter dito, "Voces me odeiam mas suas filhas adoram!"
  Um empresário foi ver um show seu em 1940. Logo ao chegar ele percebeu que em meio aos gritos e desmaios se sentia um cheiro conhecido...o que era mesmo? ....Orgasmo!!! Cheiro de mulher! O teatro estava impregnado desse odor. As meninas gozavam nas calcinhas enquanto viam Sinatra cantar. Num tempo de teatros sem ar-condicionado, o cheiro era sufocante. Urina. suor e gozo. A América mudou para sempre.
  Esse o primeiro Sinatra. Bem mais tarde Ava Gardner, a idade e muitas desilusões mudariam Frank e fariam nascer o chefão, o super-macho. Mas isso fica para outro post...

MICHAEL SCHUMACHER

   E enquanto corvos esfregam as mãos escrevendo manchetes e retrospectivas sobre um defunto ainda vivo, o cara em coma respira. E sonha sonhos que serão para sempre esquecidos.
   Uma vida vale pelo que dela foi feita. Um piloto chegou ao seu máximo e parou. Mas a vontade de ousar não morre. Como um viking seu Valhala era a crença em morrer lutando. Se as pistas nada mais tinham para ele, o mundo ainda era um campo de batalha. Um nórdico feito para a luta.
   E essa morte, se vier, será morte escolhida, nobre despedida. Em luta, sempre!
   E enquanto isso pilotos sem brio e frustrados covardes esfregam as mãos com suas lamentações bem ensaiadas.
   Filho de uma cultura latina, Senna morreu como um cristão numa cruz. E Gilles se foi como um celta enlouquecido. Mas Michael, se partir, irá numa barca em chamas rumo ao mar.
   A vida vale por aquilo que fizemos. O que tiramos de mais particular para nosso espírito. O que levamos conosco para sempre.
   A pedra em meio a neve o encontrou sorrindo...



NATAL

Pode chamar de consumismo, mas eu sinto saudade daquele monte de gente na rua batendo sacolas contra sacolas, sacolas cheias de compras de natal.
As filas doidas nos caixas e os pacotes embrulhados com fitas.
Se o natal se tornou puro comércio, que seja pelo menos um grande comércio!

THOR FOI UM ET.

   Um inacreditável programa do History Channel diz que Thor e Odin eram ETs e que os vikings chegaram a América porque foram instruídos por ETs. Essa bobageirada me recordou uma boa aula que tive sobre literatura.
   Nessa aula começamos a conversar ( toda a sala ), sobre a imensa dificuldade que certos críticos, leitores, cientistas, teóricos têm em entender o que seja a criatividade, imaginação. Como são pessoas totalmente desprovidas do dom de inventar, de transformar o Nada em Coisa ou ideia, eles jogam tudo na vala de "vida vivida". Assim, se um escritor escreve sobre violência só pode ser porque ele foi vitima da violência. Se um outro escreve sobre homossexuais com certeza ele tem tendências homo. Tudo para eles é reflexo da vida de quem cria, lhes é inimaginável o fato de que alguém pode criar algo em sua imaginação sem vinculo algum com a sua auto-biografia. Eles querem ver na vida do criador um retrato de experiências reais. Porque? Porque a vida desses críticos é assim. Eles nada imaginam, tiram conclusões daquilo que DEVE ser fato.
   Esse tipo de pesquisador é incapaz de aceitar o fato de que vikings criaram uma mitologia e de que conseguiram imaginar e executar um barco que cruzava o oceano. Desse modo, se eles ( os cientistas sem imaginação ), falam em Asgard é porque crêem que os vikings viram Asgard ( uma nave espacial spielbergniana ) e não porque imaginaram ou sonharam com Asgard. Thor seria um ET com uma arma laser e Odin uma estação espacial. Veja bem, o problema com essas teorias bestas não é que os caras viajam demais ou imaginam demais. É exatamente o contrário! Eles nada imaginam, pensam em termos somente daquilo que já conhecem. Conhecem a NASA e a realidade de hoje, portanto jogam tudo que não compreendem nessa linguagem conhecida.
   Não imaginam sequer que aquilo que falam são piadas e suas descobertas puro humor.

A NOITE EM QUE VI JOHN LENNON REBOLAR

   As boas e más linguas diziam que Mick Jagger vetara a exibição deste show de TV por perceber que o Who, só pra variar, roubara o palco. Quem mandou chamar os maiores ladrões de show da história do rock?
   Mas não é verdade. Acho que o que o fez vetar é que como espetáculo de TV ele é bem fraco. Senão veja. O Jethro Tull até que manda bem ( e com Tony Iommi na guitarra!!! ), mas quando vem o Taj Mahal a coisa começa a ficar very boring. John Lennon tá por lá, assim como Eric Clapton, e eles cantam, razoavelmente, Yer Blues, mas depois uma coisa, talvez uma cabra, começa a gemer e compromete a música seguinte. É instrutivo. Vendo Yoko Ono nesse show a gente percebe o que Lennon viu nela. O rapaz de Liverpool que queria ser aceito como High Art pelos High Brow se deslumbrou com as High Ideias da artista Yoko. Só não percebeu que ela era uma artista de terceira. Ela era do mundo de Beuys e de Christos, tinha desprezo pelo rock e pelos Beatles. O que ela faz/fez? Avacalhou. Lennon, um perturbado rapaz caipira da caipiríssima Liverpool entrou de gaiato. Well...Os Beatles iam acabar de qualquer jeito, mas a vida de Lennon seria diferente sem ela. Melhor talvez. Os discos solo seriam mais soltos, com certeza.
   The Who faz o seu normal. O seu normal é sempre anormal. Keith Moon maníaco e sendo Moon, o mais original dos bateristas ( e o mais show-man ), Pete estupra a guitarra e Roger canta como sempre, muito bem. Ponto educativo: Percebemos mais uma vez que o Who NADA tem a ver com a cultura hippie radical de 68. A viagem deles era bem outra.
   Marianne Faithfull, provavelmente a pessoa mais drunk da noite canta a mais pop das canções. Drogas nunca foram sinonimo de música ousada. Zappa e James Taylor provam isso.
   E vem os Stones. Bem, Mick tenta por fogo na banda o tempo todo, mas não rola. A coisa não decola. Brian Jones está em estado de catatonia. Keith parece preocupado. Bill está tipo Bill, ou seja, não está. E Charlie gostaria de estar na cama com a esposa. Dormindo. Que amanhã é dia de trabalho.
  É claro que NO EXPECTATIONS vale o dvd! A canção é tão genial, tão blue, fala tão dentro de quem já se fodeu, que é impossível ser estragada. Pois é....Dá pra ver John Lennon dançando em Sympathy for the Devil, e ver Lennon dançando...tirem as crianças da sala!
   No fim, uma patética versão de Salt of the Earth. Pete e Keith Moon roubam o show de novo, estão na platéia e começam a zoar. Legal, algum bom humor nesta noite baixo astral.
   Os anos 60 foi quando os loucos tomaram conta da zona. Alguns desses loucos enganam até hoje ( Timothy Leary, Che Guevara, filósofos pop star franceses ), os Stones sempre ficaram fora dessa. Aqui a gente vê o pior lado da década, ou seja, coisas sendo feitas na doideira, na curtição, bem louco, deixa fluir, numa nice. Claro que o perfeccionista Jagger ia vetar.
   O rock era um circo, hoje é um bordel, e Jagger sabe/soube sempre isso.

Á MESA COM MONET, DE CLAIRE JOYES, NAUDIN E ROBUCHON, VIVER COM GOSTO

   A editora Sextante lança dois livros nesse estilo ( e cheios do mais graúdo style ), "'A mesa com Proust", que ainda não li, e este. Terei de ser didático com voce? Penso que voce sabe da história desse admirável homem chamado Claude Monet. Então, claro, voce conhecer Giverny, a casa de campo, perto de Paris, que ele construiu. O jardim, as hortas, e o lago, tudo feito como se fosse "selvagem", natural, a toa; e tudo de uma precisão estética insuperável.
   O título engana. Não vamos apenas a mesa, entramos no dia a dia do pintor. Sua rotina é descrita. Seus pic nics e seus jantares. O que ele comia, bebia, pedia. Comida feita por batalhões. Comer bem em 1900 dava trabalho e levava tempo. Aliás, o texto, belo e com sabor francês em ritmo e dicção, de Joyes, ressalta o tempo. Ela nos recorda que Monet foi dos primeiros franceses a ter automóveis em casa. Sua esposa amava a velocidade dos carros. Monet foi dono de três máquinas fumarentas. Um de seus amigos, um dos muitos, Heredia, abominava. Numa bela frase do livro ele diz que passear de automóvel destruia a capacidade de apreciar a viagem. Num carro toda árvore deixa de ter individualidade, ela vira apenas mais uma árvore. seja castanheira ou carvalho, apenas um monte de folhas que passa...
  A obra, em capa e fotos bem cuidadas, é um prazer. Os amigos entram na casa, louças amarelas e azuis, paredes amarelas, lilás, e sentem o aroma: patos, tomates, vitela, galinhas, omeletes, saladas, sorvetes, tortas, frutas. Pêssegos, uvas, bananas, melão. Vinhos e champagnes. O marc e o calvados. Chá e café. Chocolate. O dandy Whistler, o melhor amigo, Rodin, o bem-vindo Mallarmé, Paul Valéry, Clemenceau, Sacha Guitry...e Degas, Renoir, Pissarro...Se come, se canta, se caça, se ri muito. A familia enorme, os genros americanos, ingleses, Sargent.
   Terminar 2013 lendo esta delicia é uma homenagem a este belo ano que se vai e a este belo ano de 14 que começará.
   Paz, cor e calma. Luxo. É isso.

LITORAL E VALE DO PARAIBA- FOTOS DE IATA CANNABRAVA, TEXTO DE MARGARIDA GORDINHO

   Termino esse delicioso livro. Montes de fotos, de 2012, das cidades do litoral de SP. Tudo que foi tombado. Santos tem dezenas de coisas interessantes, mas Lorena, Bananal, Pindamonhangaba...que beleza! Eu amo essa mata invadindo tudo. Entrando pelas entranhas, pelas rachaduras, pelas pedras. Fazendas de uma estonteante beleza. Ruas pacatas. E sempre a Serra ao fundo. E a chuva que vem.
   Comprado na Fnac, editado pela Secretaria de Cultura, eis um lindo presente de Natal. 

O MEU ESPORTE : CAMINHAR POR ENTRE OS TUMULOS DAQUELES QUE FIZERAM ESPORTES POR TODA A VIDA

""o meu esporte favorito é caminhar entre os túmulos daqueles que passaram a vida fazendo esportes". Essa frase é de Peter O`Toole e eu não a conhecia. Leio hoje, na nova Isto É, um texto muito bom de Giron sobre Peter. 
  Conheço Giron desde 1987. Dele foi o melhor texto sobre Bryan Ferry escrito no Brasil. Na Folha. A Ilustrada de Suzuki. 
  "Produtores de cinema de Hollywood são todos porcos. Nunca conheci um que não fosse." Essa frase deve explicar as oito vezes em que Peter perdeu o Oscar. Well, ela condiz com aquilo que Peter dizia ser ( e era ), um esquerdista radical que amava tanto os grandes sucessos como as vaias apaixonadas. Teve logo os dois. Aplausos pelo Hamlet que fez em Londres, dirigido por Olivier, em 1964, e vaias em seguida, por um texto de vanguarda, feito em 65. Tomates voaram ao palco e o acertaram. De verdade!
  Giron descreve maravilhosamente o modo como Peter atuava. Vendo-o logo sentiamos sua fragilidade. Apesar de alto, ele era quase feminino. Noel Coward chamou seu Lawrence da Arabia de Nancy da Arabia. Para fazer o papel, eu desconhecia isso, ele passou meses vivendo com beduinos. 
  Mas tudo mudava quando ele abria a boca e atuava. Era viril, mais que isso, agressivo. Gestos amplos, falas altas, quase a histeria. Giron atenta para os olhos de Peter. Belos. 
  Fiel a sua classe social e sua Irlanda natal, Peter sempre uniu esse seu espirito etereo com a agressividade da anarquia. Foi fiel a si-mesmo. Tinha de ser posto em geladeira. E nunca deixou de provocar.
  Queria ser jornalista quando jovem. Aos 15 anos estava empregado. Mas foi ver Michael Redgrave em Lear e isso mudou sua vida. Quis ser ator! Na escola dramatica conheceu Alan Bates e Albert Finney. A melhor das turmas desde 1925. E os excessos vieram, bebida, mulheres, brigas. 
  Hollywood o queria como um novo Cary Grant. Ele foi ser Peter O`Toole.
  Como disse Giron, sossego post-morten. Peter se cala agora.
  Foi grande em tudo. Nunca no meio, nunca o banal.
  Na mesma revista...
  Quem viu o filme CADA UM FAZ O QUE QUER ( FIVE EASY PIECES ), de Bob Rafelson, sabe o que Belchior sentiu. Como Jack Nicholson, como Larry em O Fio da Navalha, ele se desvencilha das coisas da vida e acha seu mundo.
  Em tempos mais liberais seria tudo bem aceito e nada misterioso. Em 2013 se torna o graaaande misterio!
   Deu?

England 1-2 Scotland, International 1977 (Wembley pitch invasion)



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EM QUE SE TERMINA DE LER O ESTUPENDO LIVRO DE ROD STEWART EM QUE ENSINA O QUE É IMPORTANTE NA VIDA DE UM HOMEM E PORQUE ELE SEMPRE FOI UM CARA DE SORTE!

   A segunda metade do livro de Rod, como era de se esperar, é muito pior que a primeira. Ela assim reflete sua carreira. Começa genial, daí cai no banal. E o livro, que continua agradável, cheio de humor e auto-irônico, mostra o porque: após os 35 anos Rod Stewart se dedica a apenas uma coisa na vida, conquistar e descartar modelos loiras. Oito filhos, dois casamentos, montes e montes de namoros. Para quem lê fica fácil perceber, nos deslumbrados anos 80, o oriundo da classe trabalhadora cai de boca. Festas, festas e mulheres!
   Algumas surpresas. O melhor amigo de Rod é Elton John! Que o irrita com sua facilidade de compor, o que para Rod sempre foi um tormento.
   A lição que o pai de Rod lhe deixou: para um homem ser feliz ele tem de ter 3 coisas, um trabalho, um esporte e um hobby. O esporte é o futebol. Fã do Celtic, chegou a invadir o gramado de Wembley numa vitória da Escócia sobre a Inglaterra por dois a um. Em 1977. Joga bola toda a semana. Desde 1960!
   O hobby é montar maquetes de estações de trem. E as cidades ao redor. Ocupando salas e salas, Rod monta prédios de metro e meio em escala. Há uma foto no livro. Show! Roger Daltrey tem o mesmo hobby.
   Profissão: cantor.
   A série songbooks vendeu 20 milhões de discos! Em 2006! E o acústico MTV foi seu auge como voz. Também acho. Insuperável, sua voz nunca esteve tão bem.
   Um cara de sorte. Curou um câncer em dois dias! Encontrou seu maior amor aos 60 anos. Foi pai, mais uma vez aos 65. Abandonou uma filha quando ele tinha 18, e hoje ela é sua amiga. Ex-pobre deslumbrado, hoje coleciona pinturas pré-rafaelitas e Lamborghinis. Cheirou sempre de forma social e nunca se viciou. Passou limpo pelos anos 80, sem aids e sem internações. E diz, sem inventar nada, que não é um vencedor, porque nunca lutou contra nada, tudo lhe veio por pura sorte. E por sua voz, com a qual nasceu.
   Sou fã de Rod desde 1975. Quando comprei Atlantic Crossing. Comprei porque ouvia Sailing no rádio e adorava. Sailing não era a melhor canção do disco. Eu o escutei muito no verão de 75 para 76. Foi quando meu pai comprou um apto na praia e o disco de Rod passou a ser associado com ir pra praia. Alegria total. Ainda hoje ele me é símbolo de alegria. Depois comprei em 77 o Tonights The Night, que não gostei e Fancy Free, que era mais ou menos. Mas em 79 descobri o Thruth do Jeff Beck Group e Rod renasceu pra mim.
   Só neste século comprei seus primeiros discos solo e os discos do Faces. Entendi então porque tanto sucesso em 70/74. Sucesso de crítica. São retratos perfeitos de sentimentos sinceros. Puros e simples. Comoventes. E heróicos. A gente sente que é um bando de amigos dando o máximo. Um momento em que um cara com uma puta voz atinge o topo. E cai desde então, graciosamente.
   E sempre vendeu bem. Seja em 71, 89 ou 2004. Mas sua praia é o palco. Nele, ele foi mais quente que os melhores. E com uma voz que punha Roger, Robert e Mick no chinelo.
   Em 1995, julho, vi o Acoustic de Rod na MTV. Mais um renascimento pra mim. Não pensava em Rod desde 83, época em que o imitava no quarto cantando Hot Legs. Rod é ótimo para se imitar!!! Voce bota tudo pra fora! E esse acústico foi duca!!!! Chorei com Handbags e com Every Picture...Ronnie e Roddy juntos again!
   ( Rod é tão gente boa que não culpa Ron pelo fim dos Faces. Diz:"ora, quem não trocaria o velho Rod pelo grupo de Keith e Mick? Ron Wood nasceu para tocar nos Stones!").
   Hilário quando Rod leva um pé na bunda e pensa em fazer terapia. Tenta 3 terapeutas e desiste. Faz aquilo que todo inglês faz ( terapeutas não são muito populares na Inglaterra ao contrário da Argentina ), quando um inglês tem problema, senta-se a lareira com um chá bem forte e fica parado com os lábios duros e franzidos! Hahah!
   Bela conversa Rod!!! Voce é exatamente o que eu pensava! Um cara normal, um dos rapazes.
   E como diz seu livro ao final: "Bem, vou fazer um chá...tchau!"