Lloyd Cole, 'Perfect Blue', 1985



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CANÇÕES DE AMOR SÃO COMO AMAR O AMOR

   Para ninguém achar que eu escuto apenas Roxy e Ferry quando penso no amor ( isso está longe da verdade ), comento aqui, ou melhor, deliro aqui, sobre as músicas que me levam a esse mundo onde tudo voa ( como mostra o mais belo dos quadros, aquele de Chagall em que ele visita Bella Chagall ).
   O nascimento da minha percepção de que canções são hinos ao amor exibo na postagem abaixo. Gostaria que voces lessem o texto e que vissem os dois vídeos. E em meu sonho amoroso gosto de pensar que o garoto no video de Rod Stewart sou eu aos 9 anos. Aquelas imagens sintetizam toda a minha infância.
   Infância...O amor é um rememorar da infância e sei que o sexo é o brinquedo de adulto. A gente troca o autorama pelas comédias fantasias da cama. Casais em amor são crianças. Graças aos céus! São sinceros e verdadeiros, a minha babaquice infantil e adorável eu só mostro para quem eu amo. Têm elas feito o mesmo para mim. Nosso maior presente é nossa ingenuidade.
   Discos desse universo...Lloyd Cole and The Commotions. É tão belo que chega a doer. Violões e violinos, as músicas realmente voam. Rattlesnakes é um disco perfeito. E tudo soa a amor. Lembro também de Prefab Sprout com o disco que se chama Steve McQueen. É pop chic típico dos anos 80, mas é lindo demais. Marcou época. E se é pra falar dos anos 80 falo do Human League que nos deu Dare! um disco que voa entre suspiros e o Yazzo que trouxe Nobody's Diary.
   Mudo de clima e de mundo. The Crystal Ship dos Doors é uma das mais belas canções assim como Catch the Wind de Donovan. Nesse mundo hippie abundam canções sobre amor. O Traffic tem várias, assim como Hendrix. The Wind Cries Mary é uma das mais perfeitas. A gente levita quando a escuta.
   Várias vezes em que estive em êxtase amoroso escutei Happy dos Stones a todo volume. E já cantei Ruby Tuesday na rua bêbado. Happy dá tanta alegria por se saber dentro da loucura do amor!
    Bob Dylan é um caso a parte. Simple Twistof Fate é sobre ser adulto. Aliás, no mundo do amor, Dylan é a figura adulta. Ele sempre luta para não ser infantil. Sorria mais Bob! Outro geminiano é Brian Wilson e God Only Knows é algodão doce. Feito por um gênio da doçura.
    Não posso esquecer de Van Morrison. Astral Weeks é soberbo. Não se parece com nada. É alma falando com alma. Etéreo. Se anjos cantassem soariam terríveis e belos como Morrison. Ou como Annie Haslam em Ashes are Burning.  Ou Sandy Denny.
    Sei que nem todas essas canções falam de amor, mas o sentimento quando te toma faz com que toda bela música seja sobre o amor. Aquele concerto de piano de Mozart, o 20, é sobre amor. E talvez seja a mais bela obra já pensada e realizada sobre o tema. Ou sobre todo tema possível.
    Kevin Ayers tem montes de músicas amorosas. Gemini Child é das maiores. Kevin foi amoroso todo o tempo. Vivia em estado de apreciação. Alcoólica, carnal e amorosa. Ele continuou a tradição hedonista de poetas britãnicos que saíam da ilha fria atrás do sol do Mediterrâneo. E amavam até morrer. Kevin foi um gigante.
    Forever Changes talvez seja o melhor disco de rock sobre o amor. Arthur Lee ultrapassa tudo e chega ao auge da inspiração. A obra-prima é tão vasta, tão complexa que se torna inesgotável. Caleidoscópica. Não por acaso sua banda se chamava Love.
   Chris Isaak teve um auge de dez anos. Entre 1988 e 1998 ele foi o cantor do amor. E como canta bem! Nesse perídodo eu o escutei como um vicio. Amor dos anos 90, cheio de bossa, de referências ao passado. Estradeiro e ingênuo. Suave, sexy, lindo.
   E foi nessa década que descobri o amor adulto. E com ele veio aquele repertório que nada tem a ver com o rock. Sinatra, Chet Baker, Astaire, Crosby, Ella, Billie, Doris Day... o tesouro da canção popular americana: Cole Porter, os Gershwin, Rodgers e Hart, Irving Berlin... Bewitched, Night and Day, Never Gonna Dance, Funny Face, September Song... tantas jóias que me mudaram. Quando as descobri muita coisa do rock deixou de ter gosto para mim.
   Tento evitar falar do mundo da black music. Os gênios negros falam do amor como ninguém. Demonstram soberbo conhecimento. Marvin Gaye, Otis Redding, Smokey Robinson, Temptations, Aretha, Teddy Pendergrass, Al Green...a sensação é a de que eles são professores de amor.
    E há David Bowie. Ladystardust, Life on Mars, Wild is The Wind, Rock'n'Roll With Me, Sorrow, tanta coisa sobre amor, dor, ilusão, reconciliação, tempo, desejo, sexo, sonho...Não existisse Ferry seria Bowie o crooner do amor, mas ao contrário de Bryan, que parece viver pela musa, Bowie sempre parece viver pelo palco. Seu gênio para a canção de amor é imenso, mas não é exclusivo, ele sempre é dúbio.
   De quantos mais discos posso falar! J.J.Cale tem Grasshopper, um disco todo sobre um flerte e um amor. É dos meus mais queridos diários amorosos. Assim como Stephen Stills e seu primeiro disco solo. Neil Young e Harvest ou The Band com várias faixas de seus discos. Mas The Band não trata muito do amor-paixão, sua praia é a amizade. A bela amizade entre camaradas.
   Gram Parsons tinha o dom. Sincero ao extremo a gente ouve o amor nascer em sua voz. Comove sua fé amorosa. Ele foi um puro de coração. Não podia viver muito. Partiu.
    É engraçado como várias bandas que adoro não me trazem lembranças sobre canções de amor. The Kinks por exemplo. Existem belas faixas amorosas, mas seu espírito é outro. São satiristas, cronistas sociais. Como The Who, banda que consegue me levar as lágrimas. Mas do que eles falam? De solidão, de fé e de luta. Como o Led Zeppelin. Adoro o Led, mas a praia deles é outra. Tesão, amor de minutos, amor como conquista e posse.
    Nick Hornby tem razão. Décadas ao som de canções que falam de amor, que sonham com o ideal, deve ter modificado toda a minha visão de vida. Ninguém sai impune de I Started a Joke aos 6 anos!
    Tem muito mais, claro. Mas este desleixado texto conta apenas isso. Vou sentir pena dos esquecidos ( lembro agora de Quicksilver Girl de Steve Miller, do Steely Dan com Peg... ), mas é isso. Amar é amar o amor e se essas canções e esses caras me trazem o amor à vida eu os amo a todos. São lembretes, amplificadores, testemunhas, ecos. Escutar tudo isso é exercitar o coração, fazer falar a alma e viver melhor e mais.

Elton John ~ Your Song



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Handbags & the Gladrags - Rod Stewart



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DE ROBERTO CARLOS A YEATS; DE BEATLES A PROUST

   Aquelas canções que são como velhos amigos, conhecem sua história e reencontrá-las é como olhar para sua casa ( a casa de verdade, não esse acampamento de trabalho a que hoje chamamos de casa ). Sons que vão direto pra alma e que por mais que as escutemos, e escutamos muito, parecem sempre com uma nova descoberta. Essas músicas se renovam, como o amor é uma renovação diária.
   São as canções que meus amigos deveriam cantar no dia em que eles jogarem minhas cinzas na Serra do Mar ( e isso nada tem de triste pois farei poesia mesmo após ir embora daqui ).
   No nascimento desta jornada recordo de minha mãe ouvindo rádio pela casa cheia de sol e de meu pai escutando discos nas manhãs de domingo. O que eles ouviam? If, da banda melosa Bread é possívelmente a coisa sobre o amor mais antiga em minha alma. Mas não é uma boa canção. Só uma criança de 5 anos poderia gostar de tal coisa. Mas também posso recordar de Roberto Carlos e essa lembrança é muito mais agradável. "Quando/ voce se separou/ de mim/ Quase/ que a minha vida teve/ um fim"; ou então: "As folhas caem/ Nascem outras no lugar"; nessas faixas nascia em mim um tipo de sentimento que iria desaguar em Yeats e em Proust.
   Beatles....Ah os Beatles...Cantei Help aos 6 anos, mas o que me deixava tonto era In My Life. Belo tempo em que In My Life tocava na Tupi AM. Bem mais tarde, aos 17 anos, eu descobriria que For No One era ainda melhor, e mais que isso, que For No One pode ser a melhor das melhores ( Neste texto, incorreto como o amor, muita coisa será the best of the best ). Mas em 1970, a voz de Paul já marcava presença em mim, mas era via Another Day, uma canção que me recorda a cama de meu quarto.
   O amor em canções. Daydream Believer na voz de David Jones, dos Monkees, e também Look Out, um amor muito feliz. Eu adorava ainda Rocknroll Lullaby com B.J.Thomas e Killing me Softly com Roberta Flack. E súbito tudo mudou quando um piano me fez comprar meu primeiro disco.
   Elton John cantando Your Song mudou minha vida. E ainda hoje vejo Elton como um dos reis da canção de amor. Se voce está in love e deseja ouvir alguém cantar só pra voce, Elton é o cara. Ele tem tantas grandes canções de amor que é impossível citar as melhores. São melodias simples, que grudam, mas ao mesmo tempo vão ao fundo da coisa e são cristalinas. Elton foi hiper-pop, mas jamais deixou de parecer sincero. E uma frase como : " A vida é maravilhosa porque voce faz parte do mundo", será sempre a tradução exata do que seja a alegria do amor. Ele é um longo capítulo em meu coração.
   Muito perto de Elton vem uma voz que em sua juventude foi mágica. Capaz de emocionar com apenas um "Oh!", Rod Stewart cantou Still Love You em 1976 e acabou com meu coração. Se Elton parecia sempre sincero, Rod Stewart conseguia personalizar nossa epopéia interna. Esqueça o Rod playboy que surgiu após 1977, ele foi antes disso o jovem faminto, o cara da estrada suja, o celebrador do amor eterno,e esse cara é do cacete! Sua regravação de The First Cut is The Deepest de Cat Stevens, fez com que eu me apaixonasse várias vezes. Já adulto descobri seus primeiros discos. Os 3 primeiros discos solo de sua carreira são crônicas sobre o amor simples, o amor de gente comum, o amor de jovens ingênuos e cheios de fé. São dos poucos discos do rock que nos fazem ter esperança. Isso não é pouca coisa. Rod é o menestrel do amor.
    Voltando a minha casa de criança ia esquecendo de dizer que hoje, aos 50 anos, quando leio poesia romântica, ou quando vejo imagens de jovens dandys morrendo de amor e de tuberculose, logo recordo de 3 canções de amor que entraram em meu DNA. Eu as ouvia naquele rádio antigo, em mono e AM, aos 5 anos...ou antes. Eram os hits de então: As Tears Go By, Lady Jane e She's a Rainbow. As 3 nada têm a ver, na verdade, com aquilo que os Stones eram. Ou talvez simbolizem o lado sombrio da banda, aquilo que eles escondem ou perderam. Mas a voz infantil de Mick em Tears, o arranjo de cravo de Lady Jane e o refrão de Rainbow são das mais poderosas sombras amorosas da minha mente.
   Pena que a banda tenha jogado fora esse tipo de romantismo flamboyant.
   Aqui então estão expostos os nomes e as canções de meu começo.  Acho que foi um bom inicio. E como em todo amor antigo, elas mexem comigo de uma forma muito visceral. Não admito que falem mal delas. As amo forever. Porque, meus amigos, amor quando é de verdade, é sempre para sempre.
   E a vida é maravilhosa porque essas canções estão nela.

MEDO E AMOR, LONGE E DE PERTO, ROXY MUSIC- COUNTRY LIFE, O QUARTO DISCO, 1974

   Havia uma menina que eu conhecia...
   Havia uma banda que eu sempre ouvia, e existiam lugares onde eu ia...
   Ouvir certas bandas ás vezes é impossível. Isso acontece quando me sinto longe, distante, exilado do universo em que aquela banda habita. Tão longe que aquela lingua, que antes me seduzia, agora me irrita. Ou pior, me assusta.
   Roxy só é possível quando amo. E o amor se revela já revelado.
   Percebi... As pessoas sentem amor por aquele que ama. O que não deixa de ser uma ironia, para ser amado é preciso estar amando. Bobos vêm com essa conversa de que alianças atraem, de que mulheres gostam de quem está comprometido. Besteira! O amor é atraído pelo próprio amor.
   Então voce ama e passa a chamar olhares amorosos. ( E um dia poderá vir a tragédia, o amor se vai e sua dor passa a repelir ). Mas se voce alimentar, cultivar, embelezar...
   Porque tudo no mundo quer aquilo que o alimenta.
   O Roxy foi minha filosofia amorosa. Bem antes de Shelley ou de Keats, foi o Roxy que me ensinou que amar independe. Amar é ato de coragem e de disciplina.
   Tudo no mundo quer aquilo que o alimenta. Mas esse alimento tem um preço.
   Coisas fáceis não possuem valor. O amor pede muito. Exige.
   Houve uma menina em minha vida, por ela eu morri, por ela matei, por ela deixei de ser.
   E agora inteiro, pleno, cheio, eu posso voltar.
   O Roxy aqui, comigo, e indo, rondando, voando, conduzindo, guiando
   O amor ama apenas o amor.
   there`s a girl i used to know...

Roxy Music - A Really Good Time



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PRESTON STURGES/ VICTOR FLEMING/ JOHN TRAVOLTA/ JERRY LEWIS/ GENE TIERNEY/ HENRY JAMES

   MARUJO INTRÉPIDO de Victor Fleming com Freddie Bartholomew, Spencer Tracy, Lionel Barrymore, Melvyn Douglas e Mickey Rooney
Se voce não conhece o cinema americano dos anos 30 e deseja saber porque ele é tão valorizado, comece por este filme. Baseado em obra de Kipling, conta a saga de um menino mimado, egoísta, milionário, que ao ser resgatado no mar por pescador de bacalhau, aprende a viver e a ser parte de uma equipe. O filme tem cenas documentais da pesca em mares frios que são fantásticas. A procução tem o luxo da Metro e a direção é de Fleming, o diretor que fez E O Vento Levou e OMágico de Oz, só isso. O elenco chega a ser covardia. Tracy, como o pescador Manuel, levou  o Oscar, mas todos os atores são o máximo dos máximos. O segredo desse tipo de cinema é aqui explicitado: cinema sem vergonha de ser Pop, mas esse Pop é feito com gosto, baseado em roteiro e estrelas. O modo econômico e direto com que se narra o roteiro é uma aula de direção e de produção. È um filme perfeito. Nota DEZ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
   PELOS OLHOS DE MAISIE de McGehe e Slegel com Julianne Moore, Steve Coogan, Alexander Skarsgard e Onata Aprile
Livremente baseado em Henry James ( é seu livro mais seco e cruel ), o filme fala de uma menina jogada ao sabor das emoções de sua familia. A mãe é uma rockeira cheia de dinheiro que vive em meio a histeria e carência. O pai é um hedonista egoísta. O filme se põe no ponto de vista da menina. Vemos sua solidão e meio a casa imensa mas desleixada, os pais ocupados em serem felizes e o desarranjo geral. É um bom filme? Não. Tudo isso é temperado com musicas fofinhas, cenas infantilóides e uma sensibilidade gracinha que é irritante. Retrato de nosso tempo, é sintoma daquilo que denuncia, um mundo onde todos estão largados e perdidos em meio a prazeres sem valor. Nota 2.
   NATAL EM JULHO de Preston Sturges com Dick Powell e Ellen Drew
Segundo filme de Sturges, dura apenas 62 minutos. Mas que bons minutos! Um cara concorre num concurso de slogans. Colegas lhe pregam uma peça, mandam aviso dizendo que ele venceu. O trouxa passa a gastar o dinheiro que não tem. O roteiro de Sturges não poupa ninguém, todos são idiotas, e humanos. Na época, 1940, não se deixava um roteirista dirigir, Preston Sturges quebrou essa regra, abriu o caminho para Wilder e Huston. Finalmente recebendo hoje o valor que lhe é devido, ele foi um mestre da comédia. O filme tem um final tão bem preparado que é impossível não rir. Nota DEZ.
   BORN FREE de James Hill com Virginia McKenna e Bill Travers
A trilha do gênio John Barry levou Oscar. Não há quem não a conheça. O filme mostra um casal na África criando um filhote de leão, uma leoa. Nada de gracinhas, em 1966 animais ainda eram filmados como bichos e não como bebês. O filme, cheio de falhas, tem ainda encanto. Nota 6.
   TEMPORADA DE CAÇA de Mark Steven Johnson com Robert de Niro e John Travolta
Os primeiros vinte minutos prometem um bom filme. De Niro vive isolado no campo, vemos seu cotidiano. Um tipo de Jheremiah Johnson. Mas como o filme é de 2013, logo surge o super-mal, na figura de Travolta, um sérvio que deseja se vingar do ex-soldado De Niro. Travolta vai ao campo e começa a ação. O filme passa a exibir cena sobre cena de torturas, sangue, sadismo e exageros. Porque? Porque esta é a cultura do sensacional, e também porque estamos sendo educados a tolerar a violência. De Niro está ok, Travolta está ridiculo. Usa um sotaque hilário, maquiagem pesada, tudo errado. Adoro Travolta quando ele é apenas Travolta, um tipo, como Willis ou Gibson. Quando tenta atuar vem o desastre. O filme é pior que lixo, é mal intencionado. Nota ZERO.
   ALLOSANFAN de Paolo e Vittório Taviani com Marcello Mastroianni e Lea Massari
Um homem no tempo imediatamente pós revolução francesa. Ele é um tipo de ex-terrorista. Tenta voltar a ser um homem tranquilo de familia, mas o passado o persegue e lhe cobra ação. Começa muito bem e Marcello é sempre ótimo, mas os Taviani se perdem do meio para o final. Bela fotografia. Nota 5.
   VELOZES E FURIOSOS 6 de Justin Lin com Vin Diesel, Michelle Rodriguez e Paul Walker
Gostei do primeiro e do terceiro. O quinto foi um lixo, este é ainda pior. Tentam fazer drama, tentam dar alguma profundidade ao que era apenas diversão sem peso. Erram. O roteiro é cheio de furos, voce tem de aceitar decisões sempre erradas. Posso dizer que é uma porcaria de filme. Diesel começa a envelhecer e ao contrário de Willis, envelhece mal. Nota ZERO.
   A FARRA DOS MALANDROS de Norman Taurog com Jerry Lewis, Dean Martin e Janet Leigh
Ruy Castro diz que em 1956, para sua geração, a separação da dupla Martin e Lewis foi tão doída quanto seria a separação Lennon e MacCartney em 1969. Eles foram os ídolos top dos teens de então. Essa popularidade é atestada, hoje se fazem filmes na TV sobre a dupla. E quando fui um teen, nos anos 70, Jerry Lewis ainda era uma hiper-estrela, um Will Smith exagerado. Seu estilo é puro Jim Carrey, mas um Carrey ainda mais infantil. Martin era o rei do cool, sempre calmo e paquerador. Envelheceu melhor. Este filme não é bom. Jerry finge estar contaminado por radiação e é mimado pela imprensa. Nota 3.
   THE GEISHA BOY de Frank Tashlin com Jerry Lewis
Porque Jerry não ousou crescer? Ele era tão bom, inventivo, mas sempre insistiu em não sair dos 12 anos. E essa mania de agradar, de imitar o pior de Chaplin, a melança... Este tem seus momentos, mas quando ele começa a tentar nos comover...socorro! Nota 4.
   ELA QUERIA RIQUEZAS de Rouben Mamoulian com Gene Tierney e Henry Fonda
Às vezes me perguntam: Qual a atriz mais bonita do cinema? Respondo, Grace Kelly. Mas falo isso porque esqueço de Gene Tierney. Ela foi a mais linda e aqui está divina, mais simples e menos fria. Não é um grande filme apesar dos nomes envolvidos. Na verdade ninguém queria fazer esta obra farsesca. Gene dá golpes em namorados ricos, Fonda não é rico, o resto é facil de prever. Mamoulian fez filmes deliciosos, não é este o caso. Fonda está distante, este filme fez com que ele começasse a desistir do cinema. Sobra Gene, que parece se divertir. Nota 4.
   O CAPANGA DE HITLER de Douglas Sirk
Muito pobre, é um dos primeiros filmes americanos de Sirk. Sem Nota.

AMOR

  O amor existe e não é porque casais não dão certo que ele não existe.
  De volta ao Reino do Amor, estou em casa e como Ulysses volto a minha Ítaca e a minha Penélope.
  Argos...
  Pouco me importa se ela está aqui ou lá
  Pouco me importa se irei ficar
  O Amor volta a viver em mim
  E isso é o que vale!
  Deixo cair do céu a loucura sobre mim
  Deixo que o mar venha me levar
  Deixo que tudo vá me deixar
  Mas o Amor está aqui.
  Acordo agora da vida que não é vida
  Ergo meus olhos e posso ver a nova vida
  Eu continuo onde sempre estive ( e não sabia )
  Reino do Amor.
  PS. Sim, eu sei que o texto é ruim. Sim, mel com sentimentalismo. Eu sei. Acontece que eu sou sentimental e tenho vivido em mel. E conheço, sorry, O Reino do Amor.
  Se voce assistir os dois videos que postei abaixo. Roxy cantando Roxy e Bryan cantando Dylan...quem sabe voce entenda.
  Porque Amor existe. E tem seu mundo, sua lingua e seu ritual.
  O mundo numa flor.

Bryan Ferry - Make You Feel My Love



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Roxy Music - For Your Pleasure [Live at the Apollo, London 2000]



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O AMOR E A RAZÃO

   1
 + 1 = 2. Isso é verdade. Se eu somar um grama de ouro com um grama de ouro serão dois gramas. Mas no universo não existe um grama de ouro. O que existe é ouro, incontável em sua quantidade. Para contá-lo e estudá-lo precisamos separá-lo do todo. Nossa mente não consegue trabalhar sobre o absoluto. Por ser limitada, ela, para entender algo, deve reduzir e particularizar.
   Podemos somar a Terra a Marte e teremos dois planetas. É uma verdade, fato científico. Mas no cosmo não existe um planeta, o que existem são infinitos números de planetas. Assim como nada na realidade é um. Ou dois. Ou mil. O número, invenção que nos permite trabalhar sobre a matéria é arbitrário. Sempre. Voce nunca irá encontrar uma árvore. O que existem são árvores. Sua mente para poder compreender minimamente o que seja árvore irá particularizar e contar cada uma. Mas fora de sua mente não existe a árvore um e a dois...ou a bilhão.
   Se um dia contarmos todos os planetas, todas as estrelas e todas as pessoas do mundo, mesmo assim serão incontáveis. O resultado será arbitrário. Porque Mundos terão surgido no processo, outros desaparecido, pessoas nascido e morrido, e, mais perturbador, teremos de lidar com o Tempo futuro e o tempo passado. E o Tempo, esse dividimos em segundos ou em milênios. Mas fora de nós, como ele se divide?
   Não se divide. É uma continuidade infinita.
   Então, sim, é certo, para nossa razão 1 + 1 é 2. Isso se chama ciência. Reduzir o todo e dividir tudo em partes cada vez menores.
   Saber que o 1 e que o 2 são criações arbitrárias inventadas por nós e desconhecidas no universo fora de nós...isso se chama filosofia.
   Pensar na não existência do 2. Pensar que tudo é um incontado Um. Isso se chama religião.
   Intuir que no 1 existe um universo de possibilidades e que o 2 pode ser o inverso do todo...Isso é poesia.
   E  no extremo oposto da ciência, usar a Alquimia que transmuta o 2 em 1.
   Isso se chama Amor.