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FUN HOUSE, THE STOOGES, A SIMPLICIDADE

Esqueça o primeiro disco dos Stooges. A produção de John Cale estragou o som da banda. Cale limpou as arestas, tentou fazer arte. O segundo disco, Fun House, é o artigo de verdade. Há quem o considere o maior disco de rock de todos os tempos. Lançado em 1970, somente Lester Bangs notou o que ele era: uma obra prima. É o grande disco de Iggy Pop. E isso não é pouca coisa. ------------- Hoje todo crítico elogia este petardo. A faixa um é Down on the street. Uma insistente batida de bateria e o grito de Iggy. É perigosa. É o capítulo que Jim Morrison não escreveu. The Doors com anfetamina. Come on, come on....Iggy não grita cantando como gritam Plant ou Gillan, ele grita como um grito de verdade. Down on the street é o modo mais cru possível de se começar um disco. É primal. Faixa dois é Loose. MC5 em estilo. Só que com um vocal melhor. O solo de guitarra é uma navalha no olho. Tudo aqui é sexo, tudo aqui é tara, tudo aqui é desejo em forma pura. Iggy é o louco solto. A música é primitiva. Rocknroll sem psicodelia nem arte alguma. Então, na sequência, um grito de psicótico: T.V.Eye. Paranoia absoluta. She got tv eye sobre mim. Incrível! a melodia não muda. Quem liga? Que dure! Iggy grita a letra, a bateria marcha, a guitarra esparrama rajadas de metralhadora, o baixo dá o tom de fuga pelas ruas. Iggy perde o controle: não é forçado. Ele está doido. Depois tem Dirt que é uma daquela faixas longas e confessionais que os Doors faziam. Sim, Iggy era fã dos Doors, quem não era? Mas ele aumenta a coisa. É menos jazzy e mais punk, é mais suja e menos literatura ( o erro de Morrison, fazer literatura todo o tempo ). Dirt é uma maravilha hipnótica. 1970 vem agora. Kaos total. Aqui o ponto zero do punk rock. Ano de 1977 antecipado. Adoro o vocal de Iggy no disco todo, ele nunca mais cantaria assim. Fun House usa saxofone. Talvez o sax mais rocknroll da história do rock. Iggy insiste a faixa inteira em dizer que feel all right. Heroína. Esta faixa é uma obra prima. Talvez o ponto mais elevado de Iggy. O vocal é desafiador, sentimos que ele está realmente indo ao limite. As cordas vocais estão sendo destruídas. O sax está sendo destruído. A bateria está sendo destruída. Tudo aqui é destruição. E depois só poderia vir L.A. Blues, uma faixa impossível de ser escutada. Gritos como jamais gravados.----------------- Tantos anos depois FUN HOUSE continua sendo uma pedrada punk na mente de quem escuta. Melhor disco do rock? Não. Único disco do rock seria mais correto.

O PRAZER DE OUVIR MÚSICA ACOMPANHADO

Postei abaixo o JAMAL ouvindo música. Esse canal do Tube teve uma ideia muito básica e que funciona bem: gravar um cara ouvindo uma obra prima do rock PELA PRIMEIRA VEZ. Jamal gosta de música e cresceu ouvindo black music. Mas ele pouco sabia de rock antigo de branco. Então vamos gravar Jamal ouvindo a coisa pela primeira vez. E eu te digo meu camarada, pensei que ia ser bobo, mas ao assistir Jamal reagir, voce refresca sua audição. -------------- Postei ele escutando you shook me, mas nem é o video mais legal. In My Time Of Dying é sublime. Vejo Jamal descobrir Led Zeppelin e me revejo no dia em que descobri a mesma canção. Ele mergulha e a gente mergulha junto. Aquilo que escutei mil ou um milhão de vezes retorna à seu frescor original. É fantástico porque a gente fica esperando tipo: Vai Jamal!!!! Ouve agora essa levada do John Bonham!!!! Sente esse riff Jamal!!!!!! E vemos a cara dele....Jamal passa mal baby. Ele fica extasiado. E voce junto.---------- O mais legal foi ver ele descobrir Whipping Post dos Allman Brothers. Ele fica muito supreso com a negritude da voz do branco Greg Allman. É blues. E o cara a certa na mosca. --------- Jamal pira com a letra de We Dont Get Fooled Again do Who. E adivinha, logo no primeiro acorde, que LA Woman dos Doors é uma viagem de carro. Jamal sabe.------------- Esse programa lembra também como é bom ouvir música com alguém na mesma sintonia que voce. Melhor ainda, apresentar um disco para um amigo, algo que ele nunca ouviu, E VER ESSE CARA, NA SUA FRENTE, PIRAR COM O SOM ATÉ ENTÃO NÃO ESCUTADO. Tive muito essa experiência. Diógenes foi o amigo com quem mais dividi sons e descobertas. Lembro de dois anos em que juntos ouvimos meia história do rock. De Sly Stone à Stray Cats, de Black Uhuru à Jefferson Airplane, apresentei tudo ao meu amigo. Era muito demais ver a reação dele. Como ele sentiria aquele riff? Como ele absorveria aquele refrão? E melhor: através da reação dele, o que eu perceberia de novo? ------------- Assista.

...E POR FALAR EM PESSOA COOL.....

Ontem fez 7 anos que o cara mais cool do rocknroll morreu. Ele nasceu rico e por ser muito efeminado, o pai o internou e autorizou várias sessões de eletrochoque. Saiu de casa e ganhava a vida escrevendo canções pop que eram vendidas a artistas mega pop. Se enturmou com a galera das artes visuais, video e pintura, e o pai do POP ART lhe montou uma banda. A ideia era fazer trilha sonora para happenings. Vaidoso, ele logo se livrou da cantora e depois da banda inteira. Falido, lançou um disco super fiasco e foi salvo por um fã. Daí pra frente fez sempre o que quis. Sem jamais posar de vítima, sem jamais perder a pose, sem nunca apelar para a emoção dos fãs. Ao contrário de Bruce Springsteen ou dos Rolling Stones, ele jamais parece querer agradar. Como Miles Davis fazia, ele apresentava seu show e fuck you para quem não gostasse. Fãs inclusos. Sim my man, é Lou Reed o cara. Antes de, digamos 1970, mesmo artistas super inteligentes, gente como Ray Davies ou Pete Townshend, tinham sempre uma certa postura de: Poxa! Se eu fizer isso voces vão me amar? Quando não a performance tipo: Não sou mesmo o máximo? Jim Morrison foi o primeiro cara no rock a usar a indiferença como charme e Lou Reed deu o passo adiante. Lou não era indiferente, era ausente. Ele gravou vários discos chatos e várias obras geniais. Todos são extra cool. A voz gelada. As letras distanciadas. O som sob controle. Mesmo o ruído em White Light White Heat é não casual. Há método ali. Hoje até Snoopy Dog é chamado de cool. Como disse em outro post, o adjetivo cool se tornou sinônimo de " eu gosto". Mas se voce quer saber o que é cool como estilo de viver, ao ver um artista, pense sempre: Qual seu coeficiente de Lou Reed?

DOIS MESES DE MÚSICA

   Neste meu reencontro com um tipo de rock "não filtrado pelo gosto da imprensa musical", eis o que andei ouvindo... ( Com notas e de forma objetiva )
   Arch Enemy- Rise of The Tyrant....2
  Jack Johnson...To The Sea......2
  Muse-The Second Law.....1
  Arch Enemy é metal sueco com cantora que tem voz de homem. É melódico e fala daquelas coisas medievais. Falta originalidade. Jack é apenas um Chris Isaak do mar. Prefiro o de San Francisco. Muse seria bom se o cantor não fosse um Bono Vox histérico.
  White Stripes- Elephant.....7
  Offspring- Americana.......1
  The Best of Jethro Tull....5
  White Stripes é legal. Envelheceu bem. Offspring eu não reouvia desde 1999. Vinte anos! Parece ter uns 50. Impossível de se escutar agora. O Jethro tem um album que gosto muito, Aqualung. Esta coletânea, 20 canções, tem 4 que são ótimas.
  Black Sabbath volume 4......8
  Sabbath Bloody Sabbath.....DEZ
  Sabotage........4
  Paranoid............7
  Black Sabbath first album.....5
  Eu sei que Paranoid foi eleito o maior album metal da história, mas não acho isso. Bloody é um maldito de um disco perfeito. E o Volume 4 é o ensaio para se fazer o Bloody. Sabotage é o mais pesado e é o menos criativo. Pior capa da história do mundo!
  The Doors.......8
  Morrison Hotel.....8
  LA Woman......9
  Redescobri que Jim foi o cara. The Doors tem a insuportável The End. Morrison Hotel é um belo album de estrada e LA Woman é quase perfeito.
  Gorillaz.......6
  Judas Priest-British Steel.....6
  Metallica Album Preto.....DEZ
  Jeff Beck-Blow by Blow......7
  Gorillaz eu nunca tinha escutado o disco inteiro. É uma versão inglesa dos discos do Beck. Ok. Judas Priest é considerado o terceiro maior disco de heavy da história. Não é heavy! É glitter. Lembra Sweet. Lembra até Suzi Quatro. Gostei. Mega POP. O Album Preto é imenso. Jeff Beck é o melhor guitarrista da história. E que nunca gravou um disco perfeito. Dizem que ele é impossível de conviver e por isso nunca durou numa banda. Este disco, instrumental, é jazz rock que dá pra ouvir. Jazz rock é muito chato, mas este é legal porque é bem funk. A versão dele de She's a Woman é de cair de quatro.
  Rush- 2112........6
  Genesis-Whutering and Wind.....ZERO
  Sim, até prog fui xeretar. O disco do Genesis é impossível de ouvir. Chaaaaaatooooooo. Já o Rush foi uma surpresa! Geddy Lee tem voz de pernilongo, mas o som é bem dinâmico. Não é chato não.
  ZZ Top- Tres Hombres......5
  Happy Mondays-Pills and Thrills.......6
  The Stone  Roses........5
  A banda de Shaun Ryder é mais divertida e muito mais dance. Os Roses são passado bem distante. A voz de Ian enche o saco. Já o ZZ é sempre o mesmo.

 
  

The Doors (The Crystal Ship)



leia e escreva já!

6) The Doors - Moonlight drive (R-Evolution)



leia e escreva já!

STRANGE DAYS- THE DOORS, NUM TEMPO BUNDA UM DISCO SOBRE A MORTE.

   Desde 1987 ! Desde 1987 eu não o escutava. Sabe como é, Jim Morrison foi moda demais nos anos 80 e acabou pagando um preço por isso. The Doors se tornou um tipo de banda clássica para quem não conhece bandas clássicas. Mas após tanto tempo já consigo ouvir a banda com isenção.
   Primeira coisa: Eles são muito bons músicos e seus discos são muito bem gravados. Eram a banda de ponta da Elektra e a gravadora não economizava com eles. Robby Krieger tinha um estilo limpo de guitarra, com acentos de flamenco. John Densmore conduz a bateria num estilo jazzy, discreto e com uso cristalino dos pratos que parecem brilhar. Não falarei sobre Ray Manzareck, irei direto ao símbolo dark Morrison.
   Jim Morrison pirou nas praias de Venice com seus livros de Rimbaud. Ele quis ser Rimbaud e foi a seu modo a versão pop do maldito francês. Jim não ria. A cara sofrida parece às vezes fake. Mas não era. Ele realmente sentia tormento. E obsessão pela morte.
   Impressionante como suas letras insistem nesse tema. Os personagens estão sempre a beira da morte. Quando não, eles estão se matando ou sendo assassinos seriais. A banda, esperta, sabe dar clima de horror a suas poesias. Mais que horror, perigo. Há algo de muito perigoso em sua voz. É preciso falar da voz. Barítono único em seu tempo, tempo de tenores suaves, a clareza da pronúncia denuncia cultura. Jim logo virou ídolo da UCLA. E sex-symbol.
   Devia ser um chato esse Jim. Não conseguia relaxar e gozar. Queria ser artista de verdade e não pop. Como? Ele morreu sem perceber que sua praia nunca seria a de Dylan. Sua genialidade foi dionisíaca. Ele antecipou Iggy e Ian Curtis. Deu fatalismo ao hedonismo de Jagger.
  Este disco é uma obra-prima. Se duvida o escute agora. É um tipo de pesadelo drunk e sexy sobre a morte. E ao mesmo tempo uma trip tonta sobre a liberdade de se destruir o que se ama. Oscar Wilde então. Moonlight Drive chega a ser uma ofensa, é boa demais, faz voce dançar a beira do abismo. E When the Music is Over torna atraente o momento da agonia.
  É um muito grande disco. E  agora, em pleno século bunda, tenho a certeza de que é para SEMPRE.