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OLIMPÍADAS DE 2016. NADA DE NOVO NO PAÍS DO FUTURO.

   Brasileiro não gosta de esporte. Ele gosta de torcer. Não apreciamos o esporte, e por isso, não suportamos atletismo. No atletismo todos são colegas e não rivais. Brasileiro acha que tal coleguismo é lorota. Ou falta de garra. Atletas viajam juntos e treinam juntos. Muitos são amigos. O que eles querem é SER O MELHOR e isso é diferente de VENCER O OPONENTE. Uma ética educativa que o brasileiro não entende.
   Nunca houve tocha olímpica tão esculachada. Ela se tornou COADJUVANTE de sua própria festa. O estádio olímpico, retrato de nossa incompreensão ao atletismo, foi jogado lá pro engenhão e o palco maior virou o Maracanã. Esculacho foi pouco. As cadeiras nunca ficaram cheias. Deu tristeza ver Mo Farah correndo apenas para seus colegas. E mesmo Bolt não teve o público que merecia. Foi uma despedida protocolar.
   Phelps foi o cara da festa, mas as piscinas também estava a meia boca. Se a gente tirar os parentes e amigos dos atletas não tinha quase ninguém. E hoje, claro, o basquete dos EUA jogou para casa meia boca. Ingresso caro não é desculpa. A classe média lotaria tudo. O fato é que a gente não tá nem aí pra basquete ou corrida.
  Os americanos ganham porque se divertem em disputar. Phelps se divertiu pacas! Mas é diversão puritana, bem entendido, familiar. A equipe americana tem cara e alma de excursão escolar.
  Foi uma olimpíada triste. Ok, meio triste. Afinal, foi a olimpíada das despedidas. Phelps e Bolt, bye bye, Mo Farah e Gatlin, bye bye. E ninguém novo surgiu. Nenhum fenômeno. Daí uma certa melancolia de fim de era. E as arquibancadas vazias só não incomodam quem se acostumou ao campeonato brasileiro de futebol.
  A coisa mais emocionante que vi foi a disputa épica entre Andy Murray e Del Potro. O melhor brasileiro foi o cara da canoa. Que será tratado como o "brasileiro do povo cheio de garra e força ninguém pode com nós". Ok.
  Adorei o hipismo. E na maratona notei que toda cidade brasileira é igual. O Rio é como SP. É sim! O mesmo mal gosto. A mesma uniformidade em prédios com área gourmet. O que o Rio tem de lindo foi feito por Deus, não pelo brasileiro. O brasileiro apenas tenta estragar aquilo que a criação fez.
  O Brasil ganhou dos meninos da Alemanha. Na verdade empatou. A goleada tá zerada. Ok.
  PS: Volto à vida normal. Foi uma olimpíada sem graça. Só Atlanta foi pior.

CONSIDERAÇÕES SOBRE UM ESPORTE ESTÉTICO

   Li em algum lugar que em mundo sem religião e vazio de sentido o esporte se torna uma última tentativa de redenção. A nobreza de se tentar ser o melhor dentro de regras e de competição justa. Um objetivo que na verdade nada significa, uma realização que assume sua transitoriedade e seu futuro esquecimento. O esporte só poderia se tornar tão importante em realidade vazia onde a transcendencia se torna impossível e o tédio impera. O que seria passatempo fútil toma o posto de centro da vida, poder econômico e ícone de realização. Não mais um nobre e não mais um mártir, o herói é o homem que salta mais alto ou corre mais depressa. Mas se o esporte é central somente em universo vazio de sentido, podemos entender que ocasionalmente ele pode exibir uma fagulha de arte ou de espiritualidade. E nesses momentos ele vem como nostalgia. É como se por um segundo pudessemos pressentir alguma coisa que foi um dia. Uma imagem que não se verbaliza, mas que nos toca.
   Ésportes coletivos são dos mais pobres em sentido. O que eles simbolizam é apenas uma guerra tribal, ou mais óbvio, brincadeiras de pátio escolar ( que é onde eles nasceram ). O sentido que recorda arte e espírito se encontra mais facilmente nos esportes individuais. Eles trazem a marca do herói solitário, da responsabilidade por seus erros, da força perante o mundo adverso. Podem às vezes ser cheios de lembranças de sentidos perdidos, de atos esquecidos, emoções eufóricas.
   Existe toda uma educação estética no hipismo. Ele nos convida, como acontece com o melhor cinema, a admitir a existência de um outro modo de olhar e de vivenciar o tempo. Nele tudo é atenção ao detalhe. O que vemos é o mais belo dos animais sendo guiado pelo mais inteligente, mas nunca numa relação de mestre e servo, e sim numa parceria onde cada um dá o melhor que pode oferecer. As longas pernas se fazem energia e voam ou se disciplinam enquanto os olhos escuros arregalam-se em atenção absoluta. O sol brilha sobre o pelo do animal que é a obra-prima da elegãncia natural. E vence aquele que mais educado for. Cada pegada deve ser exata, cada movimento a repetição de uma exatidão, cada reação nervosa uma conclusão. A harmonia chega a ser musical, musica em que o som é a respiração do cavalo e seu trote ritmado. Tudo nesse esporte é arte, e essa arte nos ensina a ver. Usufruir.
   As provas hípicas são feitas em Greenwich Park. Para não se danificar o gramado, construiu-se uma plataforma a quatro metros de altura, onde a areia foi colocada e a pista construída. O gramado existe, cultivado e sempre verde, desde 1495. Em Londres, a mais de cinco séculos, se cuida de um gramado. Jamais se construiu nada naquele espaço, jamais se modificou seu design. E é lá que correm e trotam os cavalos.
   Nada pode dizer mais sobre o que seja a Inglaterra.

OLIMPÍADAS JUDÔ, CONSIDERAÇÕES SOBRE A BELEZA

   Na atual transformação que ocorre no bairro do Itaim em SP, gigantescos prédios de vidro estão nascendo. É óbvio que ao planejá-los tudo foi pensado, menos o supérfluo conceito de beleza. Eles são grandes, intimidadores, exibicionistas, funcionais, clean, moderninhos, simples, e é engraçado, nada disso significa beleza.
   Andando pelas ruas do Morumbi vemos uma sequência de muros e grades. Por detrás desses muros, lajes onde cinco carros são guardados. Não há jardim e quando há é apenas um gramado com pedras. Segurança, praticidade, conforto e solidez, mais uma vez nada remete ao conceito do belo.
   Falar em beleza hoje é parecer idiota. Interessante o fato de que as musas são gostosas e os musos um tesão. Se voce falar que tal atriz é linda parecerá pouco, ou pior, a pessoa que escuta o conceito "linda" fica com cara de bobo e te pergunta:" Mas ela é gostosa? " O que é a gostosa? O mesmo que o edificio de vidro ou o muros da casa, intimidante, poderosa, funcional e simples. Gostosa são peitos e bunda, a beleza é muito mais complexa.
   Mas é preciso, hoje mais que tudo, salvar a beleza e não se abalar quando voce for chamado de idiota ou de ingênuo por isso. Dizer que um filme ou uma canção é bonita se torna coisa em extinção. Dizem que o filme é sensacional, perturbador ou uma obra de arte, mas será bonito? Palavras morrem e seus conceitos morrem com elas. A beleza está em perigo. Em mundo onde a pornografia do imediato, do comum e do funcional dita a lei, o complexo e abstrato da beleza se faz cada vez mais indesejado. Pois a beleza faz pensar, faz parar para usufruir, faz crescer. Tudo o que nos torna mais humanos. Homens admiram o que é belo, inutilmente belo. Por mais que eu ame os bichos, jamais eles serão pegos admirando a estética de uma flor ou o lindo olhar de um gato. A beleza é sempre uma reflexão, um trabalho que mira o segredo, o escondido. É o oposto radical da exposição pornográfica, o anti-belo por odiar o segredo, o pensamento e a imaginação.
   Tudo isso para falar do judô. E do Japão, país que tem em sua base cultural a exarcebação do culto ao belo. Mas, aprendo agora, que existe o judô japonês, tradiconal, e o judô europeu, moderno. O europeu busca o acúmulo de pontos. O judoca faz pequenos golpes para ir marcando pontos. Mas não pode ser assim no judô nipônico. Nele, o judoca passa a luta toda sem se focar na pontuação, o que ele procura é o golpe perfeito, o yppon. Não são dados pequenos golpes para acumular pontos, tudo gira em torno da preparação do movimento correto, o momento supremo, a execução do "mais apurado, simples, puro e refinado golpe".
   Nasce então a explicação de minha aversão ao MMA. Golpes que podem fazer sangue, que podem quebrar são proibidos. O que se busca no judô não é a destruição do oponente, é a execução de um golpe. Entre o MMA e o judô há o conflito entre o pornográfico e o belo. E, triste dizer, o pornográfico vence, apoiado que é na radicalização da exposição pornográfica: sangue, suor, gemidos e dor. E principalmente, nenhum segredo.
   Beleza é tudo aquilo que pode nos salvar. Uma vida que não busca o belo não vale a pena ser vivida.

ABERTURA DOS JOGOS OLÍMPICOS EM LONDRES, SORTE DO BRASIL, FOI UM LIXO.

   Em 1992 fiquei emocionado, muito emocionado com a cerimônia de abertura olímpica em Barcelona. Eles aproveitaram a chance e exibiram sua cultura. Foi uma festa que misturava deuses gregos, o Mediterrâneo, mitos e monstros. Tudo temperado com um visual digno da terra de Miró. Na Coréia em 1988 a coisa chegou a extremo refinamento com uma festa toda baseada no Ying e no Yang, na dualidade da vida.
   A China nos deixou estarrecidos com uma saga vinda desde a origem do reino dos Chin até o Confucionismo. O que quero dizer é que todas essas festas exibiram ao mundo a profunda riqueza de cada cultura. E agora Londres...e que vexame!
   Deram para Danny Boyle a direção da coisa e o que ele fez? Nada. Não tenho quase nada a dizer. Ele poderia falar de celtas, de Shakespeare, do romantismo, da marinha inglesa, de Arthur e Lancelot. Ele poderia viajar na origem dos esportes criados pelos ingleses. Poderia até usar Lewis Carroll e o nonsense inglês. Mas o que ele fez? Uma bobagem sobre a revolução industrial e uma tolíssima e longa cena em que foi exibida a "música inglesa". Well...Eu adoro rock, mas porque não um pop mais folclórico, mais inglês? Porque não a verdadeira música inglesa? Será que eles não têm música própria, só o rocknroll de Memphis, Tennessee?
   Se um marciano visse a cerimônia sem saber nada sobre a Terra pensaria que culturalmente a Inglaterra é apenas um tipo de jukebox. Um fiasco! Digno de Boyle.
   De qualquer modo foi legal lembrarem dos Kinks e do The Jam. Mas é símbolo de algo muito estranho ver a rainha diante dos Sex Pistols. O Queen foi de longe o mais aplaudido. Eu ouso dizer que é a banda mais amada na ilha.
    E passaram trechos de uns filmes ingleses. Passou Kes de Ken Loach e uma cena de um filme de Michael Powell. Bacana lembrarem desses filmes. Mas é isso a Inglaterra? Cinema e rock? Então não é mais um país, é um simples estado americano! Sem cultura própria, sem ter criado nada de original a não ser a revolução industrial....
    Fico puto porque eu admiro muito a Inglaterra. Eles nos salvaram do nazismo. Eles ousaram falar em constituição antes de todos pensarem nisso. Criaram o que entendemos por imprensa livre. Os esportes com regras e campeonatos. E literatura como nenhuma outra. Mr.Boyle tinha Robin Hood para brincar. Peter Pan. Os piratas. Churchill. Mas não, nada de nada.
    Bom pro Brasil. Daqui a 4 anos qualquer coisa será melhor que isso.

OLIMPIADAS

Posso dizer que a China fez tudo bonitinho e bem feito. Leio e fico sabendo que o povo chinês tem um terrível complexo de inferioridade ( consequencia do fato de jamais terem ganho uma guerra e nunca terem conhecido algo diferente da servidão ). A olímpiada mostrou isso : um enorme desejo de agradar.
Mas não deixa de ser triste um povo ter como grandes contribuições ao mundo, a pólvora, a prensa e o confucionismo. De 1.400 pra cá, um absoluto vazio...
DESTAQUES:
-os computadores da imprensa, que não conseguiam acessar sites censurados pelos donos do país ( anistia internacional era um deles ). nenhum povo merece isso, mas os chineses dizem que reclamar não é seu hábito... China, o paraíso dos néscios!
-o dono do Irã proibiu que seu nadador dividisse uma piscina com um nadador de Israel ! E existem imbecis tupis que acham o Irã um barato...o nadador abandonou a prova e perdeu por wo.
- tem coisa pior que futebol feminino? os gols saem sempre de falhas das zagas ( com não mais que dez por cento de excessões ), toda bola sai pela lateral, passes errados incontáveis... Brasil versus EUA, uma chatice!!!! nosso time, sem tática, sem plano de vitória; mandava bicos pra frente, enquanto as americanas, com um plano claro de jogo, assistiam nosso destempero. Pregadas aos 35 do segundo tempo, assistimos a vitória americana, que poderia ter sido de goleada. Quem achar o resultado injusto, peço que reveja o tape. Brasil, duas chances reais de gol; EUA, quatro gols feitos.
- os peões da fazenda caribenha de charutos estão enlouquecendo. sentem desamparo com a morte do grã-senhor, do bwana, do feitor-mor. No boxe, um lutador ao perder deu uma cabeçada na cara do oponente; em outra luta, o cubanito desferiu 5 socos no vencedor com o assalto encerrado, e no tae-kwon-do, o perdedor bateu no juiz!!!!! sem as chibatadas do sinhô, Cuba se torna um antro de piratas e gatunos de quinta categoria.
- um chinês se perde na pista do estádio. não sabe onde levar o carrinho de mão. confuso, estaciona onde estava, esperando que seu superior diga o que fazer : este é o retrato de um país de abelhas, de formigas. A Europa ensinou ao mundo o que é ser uma cigarra.