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MEU PAI ERA UM ESTOICO ( E EU ERA UM HEDONISTA ENVERGONHADO )

Se Portugal tivesse entrado na Segunda Guerra, meu pai teria idade para ter entrado nela em 1944. Ele foi pai aos 36 anos, ou seja, nossa diferença de idade era grande. O mundo onde meu pai viveu até os 30 anos não tinha TV, pouco rádio, sem telefone, quase sem jornais. Em 1950, aos 24 anos, ele pegou um navio e levou 10 dias de mar para chegar ao Brasil. Foi morar na Barra Funda, na época um lugar de fábricas e cortiços. Trabalhou com um primo, bar, prosperou e um dia se casou, em 1961. No ano seguinte eu nasci. No mundo que cresci, um baby boomer, já havia TV, muito rádio. Gosto de lembrar que nasci no ano em que os Beatles lançaram seu primeiro disco, Bob Dylan idem, ano do primeiro James Bond e da primeira Pantera Cor de Rosa. Psicose e Lawrence da Arabia eram os grandes filmes. Foi o ano de lançamento dos Flintstones. E os Rolling Stones faziam shows. No meu mundo a vida hedonista já dava as cartas. A ideia era: seja feliz, seja jovem, consuma sua juventude, viva intensamente. O mundo era vendido como shopping center, lugar das maravilhas, uma alegria ter 20 anos e poder estar vivo. --------------- Mas meu pai não era assim. Sua filosofia era radicalmente contra tudo isso. Na verdade nem era questão de ser contra, meu pai ignorava esse mundo. Ele era um estoico, e o mundo do estoicismo era o mundo de 99% das pessoas de sua geração. Não havia em meu pai nenhum traço da ideia de que o mundo era uma festa, ou de que todos nós tinhamos o direito de ser feliz. Sua filosofia era a de que nós dormimos e comemos e entre essas duas atividades, as mais importantes, nos distraímos com besteiras futeis da mente. Não havia como eu aceitar uma visão de vida tão antiga, daí nossas brigas eternas. Para meu pai, a vida era uma luta sem fim e sem trégua, felicidade era uma abstração vã e contentamento era sim uma ideia possível. Entenda: Felicidade está ligado à completa ausência de dúvida ou trsiteza, contentamento se liga ao repouso satisfeito. Meu pai não tinha neuroses visíveis, sua vida era simples, e apesar de ver o mundo como luta, ele era contente. Comida, sono e uma cerveja eram o que lhe bastava. Felicidade? Isso não existe. ---------------------- Ele estava certo e vejo isso pelo fato, simples, inquestionável, de que em casa ele foi o único "não ansioso". Ele não tinha esse sonho de felicidade, essa auto cobrança de alegria, ele não vivia a obrigação de ser jovem para sempre. Meu pai foi um senhor aos 40 anos, um senhor respeitável aos 50, um velho aos 60. Apesar de sempre aparentar menos idade do que tinha, isso para ele era indiferente. Seu contentamento era outro. Estoico sem o saber, crescido dentro do estoicismo, ele intuia que tudo era caminho para a morte e que a única coisa que contava era viver dentro dessa certeza. Tudo morre e nada dura, portanto a felicidade é impossível. Daí a ansiedade, pois se obrigar a ser feliz é uma luta perdida. Não há felicidade possível dentro de um corpo que morre a cada dia. ------------------- Triste ele? Nem um pouco. Entenda: ele não foi educado para ser estoico, não lhe impuseram isso. Ele era como seu pai, seu avô, seu bisavô, não havia ruptura alguma. A vida é isso e pronto, não se vai contra um fato tão óbvio. Apaixonado por filmes de faroeste, ele percebia naqueles cowboys a filosofia estoica colocada em termos claros: um homem solitário em briga eterna contra seu meio. Um cowboy não quer ser feliz, ele quer se safar ou resolver um conflito. E após vencer não alcança a felicidade. O cowboy fica contente e parte para a estrada. Só. ----------------- Ele também amava Sinatra, um estoico que vendia sonhos de felicidade. --------------- Minha tentativa de ser hedonista me levou ao vazio deseperado. O Paraíso não existe na Terra e ser um amante da alegria juvenil nos leva à burrice parva da busca sem fim. Ansiedade e uma decepção imensa: Me venderam a vida como festa, e ela é só isso?????? --------------------- Hoje eu entendo meu pai. E o entendi na hora certa.

O NATAL POSSÍVEL, O NATAL BONITO

Escrito em vinte minutos, por Irving Berlin, às pressas, para ser inserido no filme Natal Branco, white christmas é até hoje o single mais vendido da história. Até a última contagem eram 22 milhões. Essa canção, conhecida mesmo por aqueles que não sabem quem foram Bing Crosby e Irving Berlin, é o que nos resta em termos de Natal. Pois se a festa do nascimento de Cristo foi soterrada por dois séculos de modernismo, a celebração da família e da amizade conseguiu sobreviver até recentemente. Em 2022 o Natal é apenas um saudosismo. A modernidade não suportava uma festa onde a imagem mais bonita era uma família ao redor da mesa. Acusaram-na de tudo aquilo que acusam a classe média: consumismo, hipocrisia, centro de proliferação de neuroses. Mataram a coisa. Em troca deram o que? Vazio. Completo e absoluto vazio. ----------------- No clip que posto, de um especial de TV feito em 1957 ( em 57 os EUA, ricos até dizer chega, já tinham TV em cores ), vemos Bing e Frank, vestidos a rigor, mesa posta, celebrando o Natal como dois solteiros. O cenário e as roupas remetem à um mundo perdido. Mais incrível, não há a menor chance de suspeita de ser um casal gay. Crosby, que foi ídolo de Sinatra, domina a cena. Vai à janela e canta seu maior hit. Tudo é POP e tudo é classudo, chique, atemporal. Simples como é toda sofisticação, a canção é uma prece para um Natal que sobrevivia como festa sem religião. Ou melhor, festa para todas as religiões. Para aqueles que não podiam ou não queriam celebrar Jesus Cristo, que se celebrasse Bing e Frank, tudo aquilo que os dois representavam: família, classe, savoir faire, cultura popular em alto nível. Era esse o meu natal desde sempre. Era a noite em que eu me arrumava, melhor que nenhum outro dia do ano, para comemorar a chegada do dia 24 de dezembro. A casa era enfeitada, a família renovada, os amigos elogiados e os presentes guardados. Tudo era um ritual, obrigatório, felizmente obrigatório, onde uma espécie de limpeza moral era executada. Por isso Frank e Crosby: eles eram o símbolo da festa toda. A acusação moderna de cinismo era, como sempre é, uma acusação feita por quem é cínico. O cinismo deles não os deixava notar que era na verdade o momento de se matar o cinismo. A chance de recomeçar. A noite de abrir o coração. Nascer mais uma vez. ( Observe que toda acusação raivosa traz sempre dentro de si a auto revelação ). Foi o natal a última das grandes festas ocidentais a perder seu valor e seu sentido. Talvez por ter sido a mais forte e aquela que nos fundou. De todo modo, eu tenho a obrigação espiritual de manter a chama acesa. O Natal é para mim, e será até minha morte, a data central do ano e a noite que define minha vida. PAZ NA TERRA E FELIZ NATAL. Nada é mais belo que essa mensagem e nada é mais bonito que esse clip. ------------------ PS: Natal Branco não é um natal de raça branca. A neve é branca e nada pode ser feito quanto à isso. É NECESSÁRIA ESSA EXPLICAÇÃO PARA NÃO SER CENSURADO.

ARETHA FRANKLYN SOUL 69

   Em 1969, no auge do movimento hippie, quando até o povo da soul music misturava sua música com som freak, Aretha, a maior cantora negra, mas não a de maior sucesso, essa era Diana Ross, lança Soul 69. E fazendo isso vai contra tudo o que se fazia no Pop de então.
   Acompanhada por músicos que tocavam com Miles Davis, e outros que tocaram com John Coltrane e Charles Mingus, ela canta aqui canções de jazz-blues, com big band e arranjos jazzísticos. Ela é produzida pelos cobras da gravadora Atlantic, a mesma de Ray Charles, a gravadora que criou a black music moderna: Tom Dowd, Jerry Wexler ( o boss ) e Arif Mardin. Vamos ouvir o disco então ( que vendeu bem, chegando ao segundo lugar em abril de 69 ):
   O som é redondo, viril, com destaque para a bateria, sempre em estilo jazz, Grady Tate, um cara que fez discos com Oscar Peterson, Mingus, Sonny Rollins. Pulsa, como pulsa o baixo de Ron Carter, ele mesmo, o homem de Miles. Os metais são ao estilo Sinatra, irrompem para dar mais gás, mais ritmo, mais fogo à coisa. E temos a voz de Aretha.
  Sim, ela é  a melhor cantora de soul da história, uma voz que estala nos ouvidos e bota fogo em tudo que canta. Respect é o Kilimanjaro do Pop feminino. Mas...a gente percebe que jazz...bom, jazz é outro mundo né meu nego...
  Ella Fitzgerald. Ouço o disco, que é excelente, e noto o quanto Ella é grande. E Sinatra também. O jazz revela cada canto do canto, até a respiração aparece, e Aretha não erra, mas também não chega lá. A dicção, o fôlego, ir lá do alto até lá embaixo, mudar de tom, voltar ao ritmo depois de improvisar, Aretha nem tenta nada disso e quando quase tenta perde a confiança. Sabiamente depois deste disco ela nunca mais tentou o jazz. Deixou a coisa para Ella, a cantora que em 50 anos jamais errou, em disco ou em palco.
  Mas este é um grande disco. Te dá um prazer do cacete. Tem bossa. Tem fogo e tem negritude. É fogo na jaca. Ouça. Voce vai amar. E se voce não gosta de jazz, vai gostar. E se voce gosta de jazz, vai amar.

BOCACCIO- O REGRESSO- MINELLI- TARANTINO- EVERESTE- GIGI- COLE PORTER

   OS 8 ODIADOS de Tarantino com Kurt Russell, Samuel L. Jackson e Tim Roth.
Logo no começo do filme a personagem de Jennifer Jason Leigh leva um soco na cara e cospe sangue. Imagino que Quentin tenha dado boas risadas com isso. Eu odiei. Quem me conhece sabe que estou longe de ser um "politicamente correto". Penso inclusive que o movimento merece ser gozado. Mas não assim. Tarantino tem um talento técnico imenso. Ele viu muito cinema e viu direito, com atenção. Mas ele tem um sério problema: é um homem vazio. Nada tem para contar. Assim como Fincher, Nolan ou tantos outros, Quentin cresceu na frente de uma tela e conhece quase nada da vida lá fora. Não há nele nada de vivo, tudo é uma grande piada. Quando o roteiro ajuda, como em Pulp Fiction, essa bobagem vira uma festa de esperteza e de humor; mas quando o roteiro é fraco, nada há que Quentin possa acrescentar. Este filme é bobagem teen bem filmada. Nota 3.
   O REGRESSO de Iñarritu com Leo di Caprio e Tom Hardy.
Sinto muito Leo. Não vi o filme sobre Dalton Trumbo, mas torço por Bryan no Oscar. Iñarritu tem um talento imenso, mas é uma pessoa chata. Apesar que....Será que essas estripulias de imagem e de montagem não seriam talentos do equipamento hoje disponível...e não do diretor que os utiliza....Penso no que Ophuls, Hitchcok ou Powell não fariam com câmeras tão leves e cores digitalizadas à vontade... Bom, este filme é uma bosta. Um monte de esterco fedido e bem grudento. Fezes com legendas que dizem ser "ouro". Mas é bosta mesmo. Uma câmera bêbada filmando gente suja cometendo barbaridades. Só isso. Não há invenção, criação ou imaginação. O cinema alcança assim o ponto onde as artes plásticas estiveram por volta de 1995, quando um artista italiano expôs merda enlatada num museu. Nota ZERO.
   MARAVILHOSO BOCACCIO dos Irmãos Taviani
Mais recente filme dos irmãos italianos, ele nada tem em comum com o famoso filme de Pasolini. Aqui a austeridade manda. É um Bocaccio distanciado, frio, rígido. Plasticamente é um belo filme, emocionalmente ele nada transmite. O filme começa exibindo a Peste Negra a dizimar Firenze e então vemos o grupo de jovens que foge da cidade e no campo contam histórias para passar o tempo. Creio que os Taviani estão muito mais distantes do espírito medieval que Pasolini. Eles filmam como italianos de 1650. Nota 5.
   EVERESTE de Baltasar Kormakur com Josh Brolin, Emily Watson e Jake Gyllenhaal.
Em 1996 vários grupos de turistas tentam atingir o topo do Evereste. Mas os acidentes acontecem. Finalmente chegou ao cinema o livro de Jon Krakauer. E o filme dá o que promete: emoção. Sabemos desde o começo quem vai morrer, afinal é uma história real, mas mesmo assim o filme nos faz entrar na montanha. O vento e a neve nos seduzem. Nota 6.
   O PRIMEIRO ASSALTO DE TREM de Michael Crichton com Sean Connery,  Donald Sutherland e Lesley Anne Down.
Crichton é sim o escritor. Pra quem não sabe ele dirigiu alguns filmes nos anos 70. Este, de 1978, conta um elaborado plano para se roubar um trem cheio de ouro na Inglaterra de 1860. Cenários vitorianos me seduzem e ainda há Sean Connery esbanjando charme como um ladrão seguro e criativo. Lesley foi das mais lindas atrizes britânicas e Donald faz um ajudante meio nervoso. Dá pro gasto, mas não espere muito. Nota 5.
  AGORA SEREMOS FELIZES ( MEET ME IN SAINT LOUIS ) de Vincente Minelli
Digamos assim: este é o oposto radical de O REGRESSO. No filme de Iñarritu temos o absurdo da pornografia. O mundo como sangue e dor mostrado em lentes objetivas e com uma falta de imaginação completa. O real escapa em meio ao exagero do sensacional. Aqui temos o absurdo da delicadeza extrema. O mundo como canção onde tudo se diz e nada fica nas sombras. Tudo mostrado com lentes rosadas, onde o real escapa porque jamais foi procurado. O roteiro: em 1903 uma família de St. Louis vive sua vida comum. Namoricos, jantares, festas, pequenas dores. E é pouco mais que isso. Mas esse mais faz toda a diferença! A Metro usa um lindo Technicolor, Judy Garland canta lindas canções, os cenários são familiares e você fica querendo que a vida fosse aquilo e sabendo que não é. Mas....quem sabe um dia seja.... Well....foi o primeiro grande sucesso de Minelli e é considerado hoje um dos filmes mais alto astral já feitos. Você quer ter uma família assim. O tipo de cinema que fez os EUA ganharem o mundo. Nota 8.
   GIGI de Vincente Minelli com Leslie Caron, Louis Jourdan, Maurice Chevalier e Hermione Gingould.
Se St. Louis é o primeiro sucesso de Minelli, este é o último. GIGI ganhou penca de Oscars  e levou multidões aos cinemas num tempo em que adultos iam ao cinema. O roteiro é do gênio Alan Jay Lerner e fala de uma menina que é treinada para ser cortesã na Paris de 1900. Ao redor dela o que vemos são tias e avós que querem vende-la, em ambiente de extremo luxo. As canções são de Frederick Lowe e toda a parte visual, roupas e cenários, são da lenda Cecil Beaton. Sim, a equipe é quase a mesma que faria MY FAIR LADY cinco anos mais tarde. E as canções são maravilhosas e recitativas, como serão as do filme baseado em Shaw ( este se baseia em Colette ). Chevalier tem momentos sublimes e o filme nos dá uma sensação de alegria leve e chique que não têm preço. O filme termina e nós vamos à vida com renovado charme e boas emoções. Uma aula de savoir faire. GIGI é uma festa! Nota DEZZZZZZZZ!!!!!!!
   ALTA SOCIEDADE de Charles Walters com Bing Crosby, Grace Kelly, Frank Sinatra e Louis Armstrong.
Rever este filme mais uma vez é como encontrar numa loja aquele vinho que você bebeu em 1995 e nunca esqueceu. Uma linda lembrança que se revela verdadeira. O filme continua lindo. Nunca uma atriz foi mais bonita que Grace aqui. As canções de Cole Porter são sublimes e todo o elenco nos dá diversão. O roteiro é fofo, vazio, bobo até, mas os diálogos são espertos e a inteligência do espectador nunca é ofendida. Um souflé. Delicioso. Nota 8.

SINATRA, O CHEFÃO- JAMES KAPLAN, UMA MARAVILHA.

   Esta é uma obra de amor. James Kaplan ama a música de Sinatra. Mas, felizmente, não ama o homem. Isso faz desta biografia, a mais completa que já li, uma obra quase perfeita. Kaplan conta tudo o que é verdade, e aquilo que poderia ser verdadeiro é contado como aberta possibilidade, ou não. Espero que jamais filmem este livro.
 O livro começa onde o outro termina. É 1954 e Sinatra, após a decadência, renasce. Ganha um merecido Oscar e muda de gravadora. Volta a vender discos e a ser o REI de Las Vegas. A partir daí, são mais 1.100 páginas em que nunca se enche linguiça. A vida de Frank é a história do século XX. Aqui está o mais chique e o mais lixo.
 Como é impossível tentar abreviar a vida de Frank, prefiro falar muito por alto dos assuntos aqui tratados.
 A máfia nos EUA. Frank foi amigo de vários mafiosos e por isso era odiado e temido por muitas pessoas. Várias vezes ele foi investigado, e nesse pedaço de sua vida temos gente como J.Edgar Hoover, Sam Giancana, Jilly Rizzo, Mickey Rudin e toda a Las Vegas em seu auge, cidade que seria destruída pelas grandes empresas que tomariam conta dela a partir dos anos 60.
 A politica. Sinatra foi amigo de Kennedy. Faziam bacanais juntos. Frank trabalhou duro por Kennedy. Mas após a vitória, o novo presidente começou a se afastar, acabando por trair Frank. Bobby Kennedy, Jackie, Marilyn Monroe, Nixon, a CIA, Fidel Castro e Krushov são os personagens aqui. Talvez seja a mais fascinante parte do livro. Depois Frank vira casaca. Reagan passa a ser seu amigo.
 Mulheres. Sinatra teve caso com mais de 3.000 mulheres. Casou-se 4 vezes. Foi pai de 3 filhos. Ava foi uma paixão eterna. E o livro conta a bio dela também. Em 1966 ele se casou com Mia Farrow, a filha hippie-chic de 21 anos de John Farrow, um diretor bem doido de Hollywood, e de Maureen O'Sullivan, a melhor Jane de Tarzan e uma atriz lindíssima. O casamento durou quase dois anos e acabou com Frank a dispensando enciumado por seu sucesso no cinema em O Bebê de Rosemary. Aqui vemos o mundo de Beatles, Polanski, India, Maharishi, Londres em 1967, minissaias e boates. Mia, que Kaplan descreve muito e sobre a qual se estende, aparece como um enigma. Uma menina mimada que amou um cara 30 anos mais velho, e que sofria cercada por velhos, ou uma doida que se divertia com tudo aquilo que pudesse provar. Depois Frank, já idoso, se casa com Barbara Marx, ex-esposa do irmão Marx menos talentoso, Zeppo. Uma aproveitadora. Aqui temos ainda Angie Dickinson, Shirley MacLaine, Jill St.John, e mais uma multidão de starlets e etc.
 Amigos. Os mafiosos. Frank Sinatra não conseguia ficar só. Não dormia, bebia, saía, gastava, fazia shows, jogava. Tudo isso sempre cercado por dez, doze, vinte amigos. Acordava e já convocava os hóspedes, sempre em turma. Ficamos sabendo do tranquilo Dean Martin, um dos poucos caras que ele respeitava. Sammy Davis Jr., Peter Lawford, Kirk Douglas, Yul Brynner e uma multidão de milionários, músicos, produtores de shows, atores... Sinatra era um dínamo e poucos conseguiam o acompanhar.
 Cinema. Os filmes ruins, muitos, os bons, poucos. Frank odiava ensaiar. Queria sempre filmar em uma tomada, sem ensaio. Ia embora quando irritado, não esperava. Poucos filmes ele fez a sério. Otto Preminger, John Frankenheimer, Minelli, Raquel Welch...
 E a música...
 Na verdade era onde Frank Sinatra se sentia feliz. Homem ansioso, apressado, estourado, muito mandão, cheio de vontades e de mimos, cercado de puxa sacos, no estúdio ou no palco ele virava outro. Era gentil. Kaplan fala dos grandes discos, gravados em 3 ou 4 dias ( !!!!!!!! ), dos shows para 500, 800 pessoas, dos especiais de tv. E dos fracassos, dos singles medíocres, dos LPs que não venderam, do fim. Uma constatação: o movimento hippie matou sem dó toda aquela geração. Se hoje há espaço para diretores de cinema de 70 anos, cantores de 75, atores de 80, em 1965, rapidamente, toda a geração que tinha mais de 35 anos começou a ser chamada de DECADENTE, GAGÁ, IRRELEVANTE. Isso foi terrível para todos, e muito revoltante para Sinatra. Ele odiava rock, não entendia nada daquilo e passou, aos 39 anos, a ser visto como passado. Os discos começaram a vender pouco, mas no palco ele ainda era rei. O mais bem pago.
 Um belo dom de Kaplan é que ele ama Sinatra e gosta de rock. Ele elogia Beatles, Stones e Kinks. Compreende que sua qualidade, que Frank não podia ver, estava na sinceridade, na coisa visceral, e não na técnica e gosto, que era onde Sinatra se destacava. O rock era confessional, sanguíneo, dionisíaco, e a arte de Sinatra sempre fora Apolo, a perfeição.
 O Brasil aparece, e sempre bem, nesta obra. Kaplan chama Tom Jobim de gênio. Diz que suas canções eram tão maravilhosas quanto as de Porter ou Gershwin. Elogia até sua voz, pessoal. Sinatra o adorava, Jobim conseguia o acalmar. E também se fala do Maracanã, o show em 1980, Frank já sem voz, hesitante, e o público, 175.000 pessoas, carinhosos e cantando junto. Frank nunca foi cantor para multidões. Seu show sempre foi olho no olho, intimista, próximo, mas naquele tempo ele precisava de dinheiro, e doente, chegou a fazer 8 shows por semana. ( Em seu auge ele fazia até 9 shows de uma hora...POR NOITE!!!! ).
 Há ainda a história de Frank na TV, veículo que ele sempre desprezou. E mais....muito mais...
 A vida de Frank Sinatra não foi boa. Foi tensa. Os EUA amavam Frank, mas ao contrário de Bing Crosby ou de Elvis, que eram os filhos que toda mãe queria, havia em Sinatra uma mistura de paixão e raiva, de amor e ressentimento que o atingia em cheio. Ele era A VOZ, ele era o melhor e o maior, mas ao mesmo tempo era um carcamano, um mafioso, um convencido, um filhinho da mamãe. Estava longe de ser "o americano típico". E ele lutava contra isso. E venceu.
 Com o tempo os Beatles baixaram a guarda, o mundo mudou de novo, e em 1997, um ano antes de morrer, recebeu em casa a visita de Bob Dylan e de Bruce Springsteen. Ao piano conversaram. E confessaram: Todo rock star sempre quis ser só uma coisa: Frank Sinatra.

O FIM DO MUNDO

   Tenho amigos de boa cultura que talvez não saibam disto. O que prova como a história tem sido jogada na lata de lixo. E se você não conhece aquilo que aconteceu, sinto muito, você vai repetir o mesmo erro pra sempre.
  Houve um momento, em 1962, em que o mundo poderia realmente ter acabado. A coisa foi tão séria que naquele dia, alertado pela Casa Branca, Frank Sinatra lotou seu avião de comida, pegou os filhos e se preparou para ficar voando, em círculos, pelo deserto, enquanto NY e Washington eram destruídas. E no resto do mundo, aturdidos, as pessoas, sem conseguir entender direito aquilo, se preparavam para a Terceira Guerra Mundial, que seria a última.
  Kruschov, primeiro ministro soviético, instalara misseis nucleares em Cuba. Apontados para a Europa e para os USA. John Kennedy mandar a marinha bloquear a ilha do Caribe. O impasse. Ou os russos tiravam os misseis, ou a ilha ficaria isolada do mundo. Krushov mandou a marinha russa para a ilha. Eles chegariam em 3 dias. A guerra tinha data para começar. A guerra nuclear.
  Se um comandante russo ou americano apertasse um simples gatilho de metralhadora tudo poderia se precipitar. Não era como hoje. Não era o terrorismo que nos dilacera lentamente. Seria um fim rápido. Uma guerra de poucas semanas. E se ela tivesse ocorrido eu e você não estaríamos aqui. Não só URSS e USA tinham bombas de sobra para acabar om tudo. China, França, Inglaterra e a India já as tinham.
   No fim Krushov tirou os misseis. E os USA relaxaram o bloqueio. Foi após esse alivio, alivio meia boca, que explodiu o hedonismo dos anos 65-68. A galera se pôs a viver a vida loucamente. Antes que tudo explodisse.
   Foram anos absurdos. Trágicos e patéticos. ( Falo de 60-63 ). Se aqui a gente tinha Jânio se embebedando e largando o emprego; nos EUA havia Kennedy, para Gore Vidal e Paulo Francis, o PIOR presidente da América até Bush filho.
   Tudo isto que conto está no livro sobre Sinatra. E Sinatra, amigo de Kennedy, está no centro do mundo. Nunca houve, até hoje, um cantor tão poderoso. Com tanta liberdade e tráfego em meio ao alto poder. Sinatra ajudou Kennedy a vencer. Sinatra sempre foi um democrata sincero. Amava Roosevelt, Truman e confiou na família Kennedy. Odiava os republicanos. Odiava Nixon. Mas Sinatra foi porcamente traído.
   O livro nos ajuda a entender a podridão que o Brasil parece descobrir só agora.
   Joe Kennedy, pai de John, fez fortuna vendendo bebida quando bebida era ilegal. Ganhou também com contrabando e cinema. Era um homem duro, rude e muito temido. Ficou tão rico que conseguiu ser considerado um tipo de aristocrata. Vejam só! Seu sonho era fazer de John presidente. John Kennedy era culto, educado, bonito, carismático e louco por sexo. Escreveu dois livros, foi herói de guerra e casou com Jacqueline Bouvier, essa sim, uma verdadeira aristocrata americana. A chifrava com atrizes, putas, cantoras, primas, empregadas, o que pudesse tocar. Ela sabia e sentia vergonha.
  Sinatra se apaixonou por John Kennedy. O americano-irlandês tinha aquilo que Frank não tinha: educação, berço, estilo seguro. Sinatra arrumava mulheres para John. O levava a festas. Hospedava. E nas eleições presidenciais convenceu seus contatos suspeitos a darem uma força.
  Os contatos de Sinatra roubaram a eleição. É duro dizer, mas Nixon foi roubado. Kennedy venceu por menos de 1% dos votos. E a Máfia, pressionando, batendo, fazendo boca de urna violenta, ajudou nessa vitória. Mas...e aí vem um dos mais belos dramas de Sinatra, após vencer Kennedy vira as costas à Frank. Não fica bem para um presidente ser amigo de um amigo de mafiosos. Frank fica doido de rejeição.
  Bela história não...tem muito mais! O livro é obrigatório.

BEATLES, ELVIS E SINATRA

   Impressiona muito essa biografia de Sinatra recém lançada pela Companhia das Letras. James Kaplan, o autor, além de dar detalhes, deliciosos, sobre o cantor, fala de tudo o que rolava na América de então. E isso faz do livro, 1.200 páginas que são puro deleite, um tipo de filme super produção com o melhor elenco possível.
   Estou na metade, então ainda escreverei mais sobre a obra. O que desejo falar aqui é sobre Lennon e o rock. Quando Elvis surgiu, em 1956, Sinatra tinha 41 anos e estava no auge. Era o artista mais poderoso do mundo. E se irritou profundamente com o rock. E o motivo principal foi a fala. Elvis trouxe ao centro do mundo, pela primeira vez, a voz dos caipiras. Não era a voz de NY, o padrão de Manhattan. Era a voz inculta dos 95%. Sinatra, que lutou bravamente na infância para apagar seu sotaque suburbano-carcamano, se surpreendeu com aquela voz "selvagem e bárbara".
   É aí que entra John Lennon. Kaplan cita uma entrevista do inglês, onde ele diz que em 1956 ele e seus amigos levaram meses para entender o que Elvis falava. O sotaque "americano" era tão forte que parecia outra língua. Os ingleses, que pensavam que o "americano" era aquilo que o cinema e a música popular falavam, não entendiam nada. Mas adoraram. A letra pouco importava. O que era legal era o som.
   Sinatra era artista da Capitol e a dona da Capitol era a EMI. A empresa inglesa ficava doida com o fato de americanos venderem tanto na América e ingleses não venderem nos USA. Em 1955 um tal de George Martin, funcionário da EMI, foi aos USA assistir uma gravação de Sinatra e banda. Ficou doido com o apuro técnico. Voltou a Londres e nos anos seguintes lançou dúzias de novos Sinatras versão UK. Nenhum vendeu na terra americana. Mas em 1963 ele finalmente acertou...
   Uma coisa que nos esquecemos e que foi central na beatlemania era o fato de que Lennon e Paul tinham um sotaque "entendível". As pessoas conseguiam compreender o que eles falavam. Martin foi esperto e deu a eles a harmonia sonora que o rock não tinha.
   O mundo mudou e Sinatra gravaria Beatles no futuro. O rock mudaria e se sofisticaria. Muito graças aos caras de Liverpool.
   PS: como toque final um adendo: a TV dos anos 50 nos EUA....a NBC já transmitia a cores. Alguns shows usavam até cinco câmeras. Transmissões ao vivo das ruas. Mio Dio!!! Como o BR era atrasado!!!!!

New York, New York - On the Town



leia e escreva já!

A FELICIDADE EM FILME, OS MAIS FELIZES DOS FILMES

   Pegaram FANCY FREE, uma obra genial de Bernstein e Jerome Robbins e transformaram neste filme impactante. Criticos snobs da época torceram o nariz, afinal não respeitaram toda a obra-prima, mas caramba, que filme bom!
   A primeira cena, com a música de Lennie Bernstein, já conquista qualquer cara de gosto refinado. Um trabalhador se lamenta por ser segunda-feira. De um navio descem marinheiros em férias de 24 horas. Um luminoso marca o tempo:: segunda, 7 horas...
   New York, os 3 marinheiros andam pela cidade e cantam. É excitante, é feliz, é wonderful ! Gene Kelly é um entusiasmado rapaz que se apaixona pela Miss Metrô. Jules Munshin é um grandão que só pensa em garotas e Frank Sinatra faz o tipo de papel que ele fazia nos anos 40, um ingênuo desprotegido. A cidade, gloriosa, é percorrida pelos amigos e pelas mulheres que eles vão conquistando pelo caminho, uma taxista e uma antropóloga. Nesse frenesi alegre e atlético, o espectador acompanha o espírito do filme: alegria sem ironia. É o mais feliz filme já feito. 
   Sucesso em seu tempo, curto e direto, sem muita pieguice, e com um final perfeito, UM DIA EM NEW YORK é uma obra-prima de Gene Kelly e Stanley Donen. A primeira direção dos dois.
   Fariam alguns poucos anos mais tarde SINGIN IN THE RAIN.
   O cinema tem duas cenas que são seus emblemas: A cena no chuveiro de Psycho e Kelly dançando na chuva. Quem foi feliz sabe, quem é feliz sabe, aquela dança simboliza tudo o que sentimos aos nos descobrir felizes. Kelly canta, pula, chuta a água e em toque de sublime delicadeza termina a cena dando seu guarda-chuva para um senhor molhado que o agradece. A felicidade ignora a chuva, ignora o guarda, ignora a elegância ( é uma dança deslegante ), e se dá a um anônimo. Como Kelly e Donen conseguiram fazer algo de tamanha perfeição? É uma prova palpável de que milagres existem.
   Mas há mais! Bem mais!
   Make em Laugh, com Donald O`Connor é absurdamente alegre. Dança que faz rir, um artista dando o máximo e chegando ao pós-limite. Há Debbie Reynolds no simples e leve All I Wanna Do, lindo momento como noite de natal. Linda, ela, leve, brilha. Fadas existem?
   Uma subtrama séria ronda o filme: O quanto somos esmagados pelo star system. Nossos padrões são altos e irreais demais! Queremos ser charmosos como Fred Astaire, elegantes como Cary Grant, bonitos como Gary Cooper, másculos como Bogart e dispostos como Erroll Flynn. Esses os moldes, voce pode substituir pelo astro de seu tempo, Clooney, Pitt, Depp, Butler, MacConaughey... O padrão é muito alto, e ficamos frustrados.
   Mas nada impede que cantemos Good Morning! Tenho amigos que piram com essa cena! Como não pirar?
   No Oscar de 94 Stanley Donen finalmente ganhou seu Oscar. E dançou com ele! Se Kelly era o perfeccionista ( e são dois filmes absolutamente perfeitos ), Donen foi chique e feliz. 
   Um musical precisa de pelo menos três momentos tipo "Arrasa Quarteirão", aqueles apogeus em que o público se levanta e aplaude. Em que o show explode. Pois estes dois filmes têm mais de 6 desses momentos.

FRANK- JAMES KAPLAN, O INFERNO

   Abaixo eu escrevi sobre toda a primeira parte do livro de James Kaplan sobre Frank Sinatra. A segunda parte é o inferno. A partir de 1946, ou seja, após a guerra, o gosto médio americano muda. O grande centrão do país, o interior profundo, passa a ditar as regras e o que faz sucesso é menos sofisticado, menos urbano, mais simples. Cantores como Perry Como, Eddie Fisher, Frankie Laine...Como aconteceu com o Brasil a partir de 1990, o povão começa a ter acesso a cultura, e a cultura que eles consomem é a mais simples possível, quase infantil. Sinatra não quer e não pode se encaixar nesse mundo. Então ele desaba. E como nada vem só, tudo começa a desmoronar.
 Ele se apaixona por Ava Gardner. No começo tudo é lindo. Mas logo começam as brigas. Nesse terremoto, ele se separa de sua esposa ( o que gera a ira de 90% das mães americanas ), estreia um show de TV que é um fiasco, perde seu contrato de cinema e é acuado pela imprensa por suas ligações com a máfia e com a esquerda americana. Capacho de Ava, falido e sustentado por ela, despedido da gravadora, desesperado. Tenta se matar duas vezes, vaga solitário pelas ruas...
 Ava desiste dele. Dorme com contra-regras, atores, atletas e toureiros. Principalmente toureiros. Frank tenta a reconquistar. Patético. Ela faz dois abortos que o revoltam. ( O segundo não era dele, mas ela não conta...). Ava se torna a atriz mais quente do mundo. Sinatra o cantor que ninguem mais quer. 
 ( Uma frase de Humphrey Bogart para Ava nos bastidores de um filme que fizeram juntos: " Todas as mulheres querem dar pra Sinatra e voce prefere dormir com um cara que usa capa e sapatilhas!").
 Uma nova gravadora, a Capitol, tem um jovem diretor. Com menos de 30 anos, esse garoto fez a moral ao ser incumbido de criar um selo de discos infantis. O cara cria o Bozo! E estoura. Em seguida ele chama Nat King Cole, e faz dele um sucesso. E Frank Sinatra aparece, o cantor que ninguem mais queria. Alan Livingston, esse o jovem produtor, traz Sinatra e Nelson Riddle para os arranjos. E a coisa acontece. Nasce o cantor que conheceu o inferno, a dor,   nasce o homem forte, o cara que venceu o mal. Las Vegas, que nasce naquele tempo, se torna seu QG, Sinatra passa a ser o icone do big boss, o modelo a ser copiado, o cara que pode tudo, o adulto, o juiz, o fodao.
 Sinatra renasce. A maior volta por cima da historia da musica popular. Do desemprego ao topo do mundo. De novo.
   Ao mesmo tempo vem o cinema. Ele ganha o papel em A Um Passo da Eternidade ( sem a ajuda da mafia, com ajuda de Ava ), e leva o Oscar. O cara que toda Hollywood gostava de odiar vence. Porque ele mereceu, apenas por isso. As pessoas sabem que Sinatra tem tudo de um filho da puta: vaidade, infidelidade, teimosia, egoismo; e tambem genialidade, vulnerabilidade, timidez, generosidade e a VOZ. The Voice. Ele.
  A ultima cena do livro: Frank com seu Oscar, em 1954. Anda pelas ruas de Los Angeles, madrugada, com o Oscar em maos. Sozinho. Feliz. Novo. Aos 39 anos. 
  Um grande livro.

Frank and Ella - Lady Is a Tramp



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Frank Sinatra Fly Me To The Moon



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URINA, SUOR E GOZO, FRANK, A BIO DE SINATRA ESCRITA POR JAMES KAPLAN

   Ele veio ao mundo via fórceps. E ganhou com isso uma cicatriz e uma orelha torta. Pior, foi jogado na pia, enquanto o médico tentava salvar a mãe. Filho único, era vestido como um pequeno Lord. Se tornou um grande pentelho. O baixinho nojento, com mania de limpeza. Com mesada grande ( Nunca foram ricos ), comprava roupas e amigos. O cara com medo de solidão, aquele que pagava sorvetes e hamburger pra todo mundo. Vaidoso e delicado e ao mesmo tempo explosivo. Complicado? Veja o resto...
   A mãe, uma italiana brava, fazia abortos e era conhecida em toda Jersey. Abortos e partos. O partido democrata, sabendo de sua fama no bairro a chamou para ser cabo eleitoral. Ela mandava. Uma mafiosa quase. O pai era um banana calado.
  Sinatra era mimado pela mãe, e apanhava dela também. De porrete.
  E tinha a voz. Dois fatos importantes. Sinatra era filho de italiano. E ser filho de italiano era ser negro. Eram chamados de escuros. Sinatra irá romper com isso. Tinha orgulho, muito orgulho.
  E havia Bing Crosby. O jovem Sinatra amava Crosby. E Crosby foi o maior cantor do mundo. Até surgir Frank. Crosby foi o primeiro a cantar suave, a saber usar o microfone. Mais que isso, Crosby tinha inteligência na voz, tinha ritmo, tinha gênio. A América o escutava e queria ser como ele. Inteligente, fino, educado e esperto.
  A vida de Sinatra parece ficção. Frank Sinatra desde cedo quis ser Sinatra. E tudo o que ele quis ele fez. Planejou cada passo. E cumpriu. Ia ao Harlem ver o jazz. Billie era seu modelo. Conseguir ser quente como ela. Cantou em rádios, em bares e foi crescendo. Cantou na banda de Harry James e aí a coisa começou a crescer. Viagens pelo país inteiro, de bus. Hotéis e mulheres, muitas mulheres. Sinatra era anormal, tinha um pau muito acima da média. Brigas com Buddy Rich, o batera estrela.
  Vai para a banda de Tommy Dorsey, a mais hot da época. E começa a roubar o show. Então muda tudo. É o primeiro cantor a sair de uma banda e se fazer solo. Um imenso risco. Vence. O que ele tinha?
  Frank Sinatra tinha aquilo que ninguém teve até então. Sua voz não era apenas bonita. Ele não cantava somente bem ou muito bem. Ele tinha sentimento. Passava fragilidade. Tudo o que ele cantava era de verdade. Frank Sinatra foi o primeiro cantor a interpretar as letras. Ele as estudava, as compreendia profundamente. Se preocupava em sentir o que o autor sentira. E milagrosamente conseguia passar isso ao público. Era mais que um cantor, era um fio que unia música a ouvinte. E sempre com extrema sinceridade. No palco ele se transformava. Se antes estivera briguento, chato, frio, distante, ao começar a cantar se tornava AQUILO QUE ELE ERA, frágil, vulnerável, e muito concentrado.
  Nesse processo as mulheres se apaixonavam por ele. Amavam sua fragilidade. E também os olhos que pareciam fortes. Um misto irresistível de força e dor. Foi o primeiro cantor a fazer com que milhares de meninas gritassem por horas sem parar. Foi rocknroll antes de Elvis. Histeria, excessos, festas, drogas, birita. E muito sexo. As mulheres queriam casar com Bing Crosby. Com Sinatra elas queriam ser putas.
  Espinhos existiram muitos. Dois filhos que ele mal via. A culpa por chifrar a boa esposa. Duas prisões por sedução de menores ( rock até nisso ). O preconceito racial. E o pior, por não ir para a guerra passou a ser odiado pelos soldados. "Nós morrendo aqui e ele comendo a Lana Turner..."
  A imprensa de direita o persegue. O FBI começa a investigar sua vida. Odeiam seus amigos italianos. Seus amigos judeus. Suas opiniões. Isso mesmo, Frank Sinatra lia muito e tinha ideias. Ia as escolas fazer palestras contra a segregação. Gravou discos pró-união racial e religiosa. O menino que só andava com puxa-sacos, o cara que tomava 6 banhos por dia, o chato perfeccionista que explodia com uma brisa de verão não convidada, o neurótico sempre nervoso e insone, era um homem que na verdade enfrentava uma oposição tremenda. Direita, militares, racistas, caipiras, todos odiavam aquele italiano escuro baixinho e convencido amigo de comunas. Mas, muito antes dos Stones, Sinatra podia ter dito, "Voces me odeiam mas suas filhas adoram!"
  Um empresário foi ver um show seu em 1940. Logo ao chegar ele percebeu que em meio aos gritos e desmaios se sentia um cheiro conhecido...o que era mesmo? ....Orgasmo!!! Cheiro de mulher! O teatro estava impregnado desse odor. As meninas gozavam nas calcinhas enquanto viam Sinatra cantar. Num tempo de teatros sem ar-condicionado, o cheiro era sufocante. Urina. suor e gozo. A América mudou para sempre.
  Esse o primeiro Sinatra. Bem mais tarde Ava Gardner, a idade e muitas desilusões mudariam Frank e fariam nascer o chefão, o super-macho. Mas isso fica para outro post...

PETER O`TOOLE/ ALFONSO CUARÓN/ SINATRA/ ROBERT RODRIGUEZ/ FELICITY JONES/ OS DOUGLAS

   GRAVIDADE de Alfonso Cuarón com Sandra Bullock e George Clooney
Ao contrário do que fez Isabela Boscov, não vou comparar este filme de aventuras com a peça de arte conceitual chamada 2001. O filme de Kubrick está no mesmo saco dos filmes de Malick, são refelxões sobre a vida. No caso, 2001 talvez seja o mais profundo dos filmes. Este belo filme do muito bom Cuarón, está na senda de Star Wars ou de Alien, apuros espaciais. E eu adorei isto aqui. Há alguns anos escrevi que o cinema moderno nada mais era que um retorno ao cinema mudo. Primeiro tivemos a era de imagem e ação, filmes de Keaton, Chaplin, Murnau e Lang. A pureza do visual, as elaborações de cenários, atores que eram acrobatas e mestres em maquiagem. Depois veio a época do falado, a arte dos grandes diálogos, das belas vozes, de Mankiewicz, de Wilder, Bergman e Woody Allen. Gênios continuaram a misturar os dois, o visual e a voz, Fellini, Welles, Kurosawa etc. E hoje o que temos, já desde algum tempo, é a primazia da imagem sobre a voz. Os filmes que não revisitam o passado, que não tentam reviver Altman, Scorsese, Godard ou Peckimpah são visual e movimento a serviço do deslumbramento. Quem quiser entender o cinema de hoje deve procurar, e levar a sério, esse tipo de filme. São eles que contam nosso testemunho sobre este mundo. A verborragia dos anos 50 e 60 está viva apenas nos pseudo-novos cineastas cultores de um passado muito distante. Cuarón sabe disso. Seu filme, de uma simplicidade de A General, mostra uma habilidade com a câmera ( Emmanuel Luzbecki, Oscar certo ), raras vezes igualada. Os rodopios no espaço são um ballet dos mais apurados, belíssimos. A Terra é linda! A luz angelical do Sol banhando todo nosso organismo, tudo o que existe na nossa morada. E há o final, claro. Sandra Bullock na cápsula como um bebê com seu cordão umbilical, o parto, dificil, que é a queda na Terra e a saída da água, um nascer, um estar vivo. Ela anda hesitante, e o que sentimos é a alegria pelo nosso mundo existir. O filme atinge seu alvo, ao final estamos gratos pela vida. Confesso que chorei, um lago e uma árvore nunca me pareceram tão lindas. Esse final, uma simplificação do bebê de 2001, é perfeito. O filme, símbolo nobre daquilo que só o cinema ainda pode ser, é um filme anti-tv, deve e precisa ser visto. Nota DEZ.
   MACHETE MATA! de Robert Rodriguez com Danny Trejo, Michelle Rodriguez, Charlie Sheen, Sofia Vergara, Antonio Banderas e Mel Gibson
Uma decepção. O primeiro é uma divertida festa de violência camp e nudez alegre. Este é mais sério e bem menos inspirado. De bom só o presidente feito por Sheen e o vilão, ótimo, de Gibson. Chega a ser bem chato e parece looooongo....Nota 3.
   UM NOVO FÔLEGO de Drake Doremus com Guy Pearce e Felicity Jones
Um músico, cello, recebe em intercâmbio uma aluna inglesa ( ele dá aulas ). Óbvio que os dois vão se apaixonar. Óbvio que a familia vai vencer e os separar. E um diretor que se chama Drake Doremus!!! se acha um artista e vai filmar como tal. Ou seja, é um filme lento, triste, frio, mal filmado e silencioso. Há um desejo imenso de ser Bergman, mas o roteiro nada tem a dizer, então fica sendo um Bergman burro. Os atores estão muito bem, Felicity tem uma beleza de gente de verdade.Não passou aqui, mas deve passar lá por março ou abril. Nota 3.
   OS 4 HERÓIS DO TEXAS de Robert Aldrich com Sinatra, Dean Martin, Ursula Andress
Aldrich foi um grande diretor de filmes de ação. Mas aqui, a serviço da turma de Sinatra, ele nada pode fazer. Sinatra filmava só para se divertir, e ás vezes ele se esquecia do público. Acontece isso aqui, ficamos vendo Frank e Dean, como dois cowboys, se divertirem com tiros, piadas, muitas mulheres e cavalgadas. Mas nós não nos ligamos em nada! Parece com assistir uma festa pela janela. Nota 1.
   AVATAR de James Cameron
Reassisti Avatar. Belo visual, história sem emoção. O filme é gelado como um picolé...de xuxú. Não há nada com que se apegar e a história é a mesma de milhares de westerns pró-indio dos anos 50. Belas imagens a serviço do tédio. Nota 4.
   DESBRAVANDO O OESTE de Andrew V. McLaglen com Kirk Douglas, Robert Mitchum, Richard Widmark e Sally Fields
Uma Sally Fields adolescente faz aqui sua estreia em tela grande. Bonita e com rosto de caipira do sul, ela enfrenta um trio de atores muito fortes. Kirk faz um deputado rico, que leva bando de colonos para o Oregon. No caminho, indios, desertos, montanhas e neve. Mitchum faz o guia, um mestiço cool que está ficando cego. Widmark é o explosivo rival de Kirk, um cara do povão. Os cenários são maravilhosos, faz com que a gente pensa nos estragos que tais lugares devem ter causados em europeus de 1800 acostumados aos cenários civilizados de sua terra. Tudo aqui é vasto, sem fim, extremo. O roteiro não dá conta de tanto assunto. Coisas se perdem sem serem desenvolvidas. Dá pro gasto e esses atores são como parentes queridos, é bom os ver na sala de casa. Nota 6.
   A ESTALAGEM VERMELHA de Claude Autant-Lara com Fernandel
Fuja. Nota 1.
   A JÓIA DO NILO de Lewis Teague com Michael Douglas, Kathleen Turner e Danny de Vito.
Continuação do ótimo Tudo Por Uma Esmeralda, um dos grandes sucessos dos anos 80. Este é bem pior. Turner é raptada por um árabe e Douglas vai atrás. A dupla é ótima, Douglas nasceu para ser um herói safado e Turner foi a maior estrela do inicio dos anos 80. Mas o roteiro tem aquele que é o pior defeito dos anos 80, é metido a ser mais chique e engraçado do que é na verdade. Nota 4.
   WHATS NEW PUSSYCAT?de Clive Donner com Peter O`Toole, Romy Schneider, Peter Sellers
Revi como homenagem ao grande Peter O`Toole. Roteiro de Woody Allen e uma trilha sonora espetacular de Burt Bacharach. Um retrato do que era o tal espirito groovy da época. Peter estava no auge da fama, e o cinema inglês nunca mais teve tantas estrelas ( e bons atores ). Alan Bates, Michael Caine, Sean Connery, Richard Burton, Richard Harris, Oliver Reed, Terence Stamp, Peter Sellers, Tom Courtenay, James Mason, Laurence Olivier, Michael Redgrave, John Hurt, Albert Finney, todos em forma e trabalahndo muito.  O Oscar esnobou todos eles. Boa diversão ingênua. Nota 6.

CATHERINE KEENER/ HUGH LAURIE/ JANE FONDA/ MICHAEL CAINE/ BOB FOSSE/ BRANCA!!!!

   A FILHA DO MEU MELHOR AMIGO de Julian Farino com Hugh Laurie, Catherine Keener, Oliver Pratt e Leighton Meester
Tinha tudo pra dar muito errado. A história de duas familias amigas. Os pais fazem corrida juntos, as mães se visitam, tudo normal. Então a filha de uma dessas familias volta pra casa. E o pai de meia-idade da familia "amiga" começa a namorar com a garota. Vem a separação, o ostracismo, a pressão social. O filme começa mal, parece ser mais um filme gracinha e jovenzinho tipo Miss Sunshine. Mas não é. A forma como os dois ficam é muito simples e muito real. O casal funciona, parecem de verdade. O namoro dos dois faz com que tudo mude na vida de todos os envolvidos. A rotina das familias muda, eles têm de acordar. E me peguei torcendo para que o filme não brochasse, que fosse nessa linha, a mudança nascendo do inesperado. Mas não. No final, e vou contar, a menina sai perdendo. Ela não suporta a pressão e vai embora. Todos voltam ao normal, todos se dão bem, ela perde. O filme acaba sendo uma grande defesa do maior dos valores da América ( não, jamais foi a familia ), a amizade entre os homens. Os dois pais voltam a ser amigos, a camaradagem masculina vence. O filme tem atenuantes. A menina tem 24 anos, ou seja, longe da pedofilia. E o estilo é todo de "comédia familiar", apesar do tema é um filme doce. A atriz que faz a menina, Leighton Meester é apaixonante. Natural, linda, alegre. O elenco é todo ok, e o filme é bem melhor do que parece ( apesar dos defeitos aqui apontados ). Se o final fosse menos óbvio seria um filme bastante invulgar. Mas vale muito ver. Nota 7.
   PAZ, AMOR E MUITO MAIS de Bruce Beresford com Jane Fonda e Catherine Keener
Beresford não muda. Todos os seus filmes são assim: mais ou menos, legaizinhos, do bem, esquecíveis. Este é bem assim. O fim de um casamento. A mulher leva o casal de filhos para a casa da avó, para dar um tempo. Essa avó mora em Woodstock e é uma lenda lá. Hippie radical, ela vende maconha, pinta homens nús e namorou Leonard Cohen entre muitos outros. A filha odeia essa mãe doidona. Os netos são logo conquistados. Fumam, bebem, festejam. O filme tem de bom Jane Fonda, a beleza do lugar e o fato de nada ser tipo "hippie chic". A casa tem galinhas nos quartos e é de uma bagunça exemplar. Mas o roteiro é hiper-pobre. Nada acontece de errado. Não há atrito, não há erro. A gente sabe todo o tempo tudo o que vai ocorrer. Jane brinca de ser Jane Fonda. Alguém ainda lembra que em 1973 ela era uma Angelina Jolie perseguida pela CIA ? Famosíssima  e muito politizada, ela era odiada pela direita americana. Depois se casou, largou o cinema e passou a viver em função do marido ( que sonhava em ser presidente ). Toda uma geração a desconhece. Este filme serve apenas para quem já a conhece. Woodstock é uma cidade linda!!!  PS: que bela atriz é Catherine Keener! Nota 4.
   O PARCEIRO DE SATANÁS de Stanley Donen com Gwen Verdon, Tab Hunter e Ray Walston
O diabo vem a Terra e tenta um fã de beisebol. Se ele lhe vender a alma será rejuvenescido e se tornará o maior jogador da história do esporte. Ele aceita. O filme não é bom. Porque? Tab Hunter é um péssimo ator e o roteiro, baseado em show da Broadway, se perde. Fica chato até. Mas, quase ao final, um milagre acontece. Bob Fosse entra em cena e faz um número com Gwen Verdon. São três minutos da mais absoluta genialidade. É alegre, é sexy, é criativo, é esperto. Dá vontade de ver pra sempre. Grande Bob Fosse, um gênio! Fora isso, todo o resto é absolutamente falho. Bola fora do grande Stanley Donen. Nota 3.
   UM GOLPE PERFEITO de Michael Hoffman com Colin Firth, Cameron Diaz, Alan Rickman, Tom Courtney, Stanley Tucci.
Nos anos 60 era moda um tipo de filme que era chamado de "filme sofisticado pop". Falava de gente malandra, de gente bem vestida, mentirosa, cheia de tramóias e planos de roubos ou golpes mentirosos. Tinham trilha sonora chiquérrima, cenários vastos e atores bacanas e extra cool. Pois bem, todos esses filmes foram refilmados nos últimos quinze anos. Desde Charada até Get Carter, todos foram destruídos em refilmagens terrivelmente ruins. A única excessão foi Oceans Eleven, cuja versão de Soderbergh é muito superior a original. Michael Caine fez vários desses filmes "espertos" originais. Que eu me recorde, seis foram refilmados nos últimos dez anos. Michael Caine já foi reinterpretado por Jude Law, Matt Damon, Mathew McConaughey e agora por Colin Firth. O original deste filme é uma maravilhosa sacanagem. Cheio de humor, de malicia e muito chique. Tem ritmo, tem savoir faire, tem estilo. E faz rir. Esta versão, escrita pelos irmãos Coen, que devem adorar o original, foi malhada pela Folha. Esqueça a Folha! Apesar de estar a milhas do original, este filme faz rir, dá prazer e é uma gostosura. Firth está ótimo como um bobo que se acha infalível, Alan Rickman rouba o filme como a vítima e Courtney é um grande mito do palco inglês. Cameron está bem ( mas as mulheres realmente piraram....que corpo hiper malhado é esse??? ). O filme tem 3 ótimas cenas. E um final fraco. Vale ver. Nota 6.
   FOGO CONTRA FOGO de David Barrett com Josh Duhamel, Bruce Willis e Rosario Dawson
Sobre testemunha de crime que resolve matar o bandidão. Eis o tipo de aventura que odeio. Porque o estilo é "metido a arte". Tudo é escuro, sombrio, trêmulo, cheio de sons esquisitos. A gente nada vê, e acaba por nada mais querer ver. O filme é muito, muito ruim. Bruce Willis participa como um policial veterano. Nada faz no filme. ZERO!
   O EXPRESSO DE VON RYAN de Mark Robson com Frank Sinatra e Trevor Howard
Na Itália dominada pelos alemães, prisioneiros ingleses escapam de um trem que os levava para a Alemanha. O filme começa devagar, mas então ele acelera e não perde mais o rumo. É uma bela aventura de guerra, cheia de suspense e com boa produção. O final é amargo e pode desagradar. Eu gostei. Inclusive do final. A trilha sonora de Jerry Goldsmith é uma obra-prima. Feito em 1965, segundo a dupla francesa pop Air, este é o grande ano das trilhas de cinema. Ouça esta e entenda porque. Nota 7.
   BRANCALEONE NAS CRUZADAS de Mario Monicelli com Vittorio Gassman e Stefania Sandrelli
O primeiro Brancaleone é talvez a melhor das comédias de cinema. Este, feito cinco anos depois, não chega nem perto. Mas é um prazer rever Gassman nesse papel. Ele nunca teme o exagero, vai fundo na doidice inocente de Branca e exercita seu talento infinito. Amamos Brancaleone, mas agora não amamos o filme. A soberba criatividade do primeiro não se repete aqui. PS: a estrela Stefania Sandrelli... chega a doer de tão bela !!! Nota 5.