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A DITADURA SEMPRE VENCE ( MESMO QUANDO PERDE )

   É claro que havia uma imensa massa de gente faminta e ignorante. Mas é fato também que a elite tinha uma educação e uma elegância que se perdeu. Mario Simonsen, dono da TV Excelsior e um dos donos da Panair era de uma finésse hoje impensáveis. Ser saudosista é crer que tudo era melhor. A vida é assim, se perde para se ganhar, a questão é entender se valeu a pena.
  Ditaduras sempre ganham. Mesmo quando derrubadas a vitória é definitiva. Porque aquilo que elas querem destruir é para sempre estragado. Nunca saberemos o que seria a Rússia dos czares. O que Lenine queria ele conseguiu, destruir a elite europeizada ( velha guerra eslava que se repete na Ucrânia agora, a luta do eslavismo contra a corrente européia ). Jamais iremos saber como seria a Alemanha, e o mundo, sem a ditadura Nazi. Eles conseguiram o que desejavam, matar a velha Europa da Belle Époque.
  Aqui o movimento de 64 desejava destruir todo o liberalismo de JK que se implantava. Jango foi uma desculpa, o ódio era do novo Brasil, o Brasil que podia ter dado certo e que nunca vamos saber. A Panair é um exemplo disso. Ontem assisti um doc sobre sua história.
  A Panair tinha aeroportos construídas por ela mesma. Linhas que ligavam o país a Europa. Tinha fábricas e oficinas. E levava remédios, via aviões anfibios, a Amazônia e Mato-Grosso. Sem a Panair, o Brasil não tinha contato algum com o mundo além do rio Negro. Em seus vôos havia uma elegância cortês que ainda não foi, e pelo jeito não será, repetida. Seus Constellations eram servidos pelas melhores aeromoças. Champagne e luxo, calma e tratamento caloroso. A companhia mantinha uma sala no melhor hotel de Paris. Lá, brasileiros podiam ir e passar o dia matando as saudades, conversando, bebendo e tendo atenção e socorro para qualquer problema. O mesmo em Roma e Londres.
  Pois bem, em 1965, da noite para o dia, os militares resolvem que a Panair não pode mais voar. Suas linhas são dadas a Varig. Os aviões e as posses são vendidas em leilões fajutos a preço de banana. Sem indenização, 5000 funcionários perdem o emprego. Um dos donos, dono também dos seguros Ajax, que fazia o seguro das docas de Santos, perde seus direitos. Coisa incrível, uma empresa é falida dando lucro!
  A Panair, como a TV Excelsior, desaparece para sempre. Com ela se vai o Brasil de JK. Um certo Brasil cortês, calmo, ainda inocente. Abre-se o caminho para o descaramento, para a lei que pode tudo, para a elite revanchista, burra, deslumbrada, arrogante. Os velhos militares democratas são exonerados. Morre um país que nunca mais irá voltar. A Panair, para toda uma geração, simbolizava esse mundo. O Constellation voando até o mundo, sobre o Rio, sobre Minas, sobre SP.