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FREUD/ COCO CHANEL/ O CORVO/ SHANGHAI MARLENE

O CORVO de Henri-Georges Clouzot
Cartas são enviadas anonimamente e deixam pessoas muuuuito nervosas. Mestre Henri toca em ferida de franceses de 1944 : a delação. O filme, labirintico, envolvente, nervoso e maravilhosamente belo, é obra de diretor inesquecível. Clouzot domina toda a técnica mas vai além, tem muito o que falar. Não é seu melhor filme ( O SALARIO DO MEDO é imbatível ) mas fornece pistas do quanto ele é grande. Nota 8.
A ÚLTIMA MISSÃO de Hal Ashby com Jack Nicholson, Otis Young e Randy Quaid
No livro de Peter Biskind se fala muito deste filme. Exemplo do moderno filme americano da época : sem herói, sem grandes cenas, sem enfeites. Jack tem talvez seu melhor desempenho e a história fala de dois marinheiros que devem levar marujo, preso por ter roubado, de base naval até policia. Acabam desviando do caminho e se encantando pelo prisioneiro, um ingênuo caipirão. O filme tem a virtude de ser honesto, crú. Ashby foi mais um talento destruído pelo pó. Nota 7.
A GAIOLA DAS LOUCAS de Edouard Molinaro com Ugo Tognazzi e Michel Serrault
Perdeu a graça. Baseado numa peça de imenso sucesso de Jean Poiret, fala de casal gay que irá receber a visita da ultra-conservadora família da noiva do filho de um deles ( o filho foi concebido em noite de fraqueza ). Assisti este sucesso ( filmes europeus faziam sucesso popular nos anos 70/80 ) no cine Cal-Center. Achei hilário na época. Era um tempo em que assistir alguém desmunhecar era engraçado. Não sei se somos mais tristes ou menos ingênuos, mas esse tipo de humor não provoca nada hoje. Tognazzi está muito bem, Serrault nem tanto. A refilmagem de Nichols com Robin Willians não é melhor. Este vale como lembrança do luxo dos anos 70. Caraca ! Como as pessoas se vestiam com cuidado !!!! Nota 4.
O EXPRESSO DE SHANGHAI de Josef Von Sternberg com Marlene Dietrich e Anna May Wong
Cada close em Marlene é sonho de beleza ( e como ela está canastrona ! ). Sternberg era apaixonado por ela e fez sequencia de filmes só para a homenagear. Este é o mais famoso, mas não o melhor. O estilo das imagens ainda impressiona : barroquismo puro. Sternberg enche a tela de gente andando, de carroças, cavalos, carros, malas, véus e móveis. As estações de trem e o próprio veículo são completamente falsos, mas são ao mesmo tempo aquilo que sonhamos como certo. É o mundo como ele deveria ser, não como é. Cada escada e cada roupa é obra de mil detalhes. Sternberg era louco. O filme é velho como diamante. E ainda brilha. Nota 7.
COCO ANTES DE CHANEL de Anne Fontaine com Audrey Tautou
Lixo. Lindos cenários que nada significam em historinha boba sobre a vida de Chanel em seus começos. Chega a ser desagradável de tão vazio. Nota 1.
HOMEM DE FERRO II de Jon Favreau com Robert Downey e Mickey Rourke
Um filme tipo Amaury Junior. Voce olha um bando de celebridades se divertir ( eles riem, se exibem, brincam, são sexy ) enquanto voce baba fingindo se divertir também. Não dá pra dizer que o cinema está em crise de talento. Terminou. O que era lixo é hoje top, o que foi top é feito com vergonha e sensação de fracasso. A inteligência artística morreu, viva a esperteza bancária.
FREUD de John Huston com Montgomery Clift e Susannah York
Em seu livro Huston diz ter péssimas lembranças deste filme. Atores com estrelismo e sets tensos. Mas valeu a pena : o olhar de Clift é poder transcendente. Ele é Freud sem imitar Freud. Ele cria seu Freud, ou seja, interpreta. Penso que se refizessem este filme fariam de Freud um tipo de cheirador doidão. Aqui ele é um neurótico muito curioso, que enfrenta a descrença de seu meio. As cenas de sonho são inesquecíveis e todo o filme, fotografado em p/b por Douglas Slocombe, tem a irrealidade de fotos perdidas. Assisti pela primeira vez em 1978 na Globo. Foi paulada tão forte que não pude dormir. Revisto algumas vezes desde então ele mantém seu poder. É filme sério, sisudo até. Como Freud o foi. Huston dirige de seu modo rápido e sem frescura, funciona. Aqueles cenários de ruas enevoadas e os hospitais com seus loucos perdidos nos hipnotizam. Freud se perde dentro de si-mesmo e volta à tona com a chave do inconsciente. Se a sua descoberta é válida ou não, não importa. Ele mudou nosso modo de ver a vida. O filme é digno disso. Nota DEZ.