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JAMES BOND/ CRONENBERG/ PAUL LENI/ PERSON/ STANLEY KRAMER

   OO7 A SERVIÇO SECRETO DE SUA MAJESTADE de Peter Hunt com George Lazenby, Diana Rigg e Telly Savallas
Aquele que é considerado o pior James Bond, Lazenby, ( teve a missão de fazer o público esquecer Connery...), num filme que é bastante divertido. Rigg, que era uma diva da BBC, é a melhor das Bond Girls, não por ser a mais bonita, mas por ser a mais esperta. O filme tem cenas de ação estupendas. Savallas, que eu adoro, aparece pouco. Um belo James Bond! Nota 7
   A ILHA DO TESOURO de Steve Barron
Recente adaptação da obra de Stevenson. Carrega no horror, não tem nenhuma magia. Nota 1.
   COSMÓPOLIS de David Cornenberg com Robert Pattison
Um vampiro anda de carro pelas ruas de NY e desata a falar tolices óbvias. Ou, dentro de uma geladeira, um representante do impessoal fluxo de capital discorre sobre o mundo sem tempo e sem "sentido". Argh.
   DEU A LOUCA NO MUNDO de Stanley Kramer com Spencer Tracy, Mickey Rooney e imenso etc
Sucesso nos anos 60, visto hoje ele decepciona, e muito. Trata de uma busca ao tesouro nos EUA de agora. Os vários participantes fazem de tudo para chegar ao dinheiro primeiro. Talvez em 1963 causasse surpresa a amoralidade dos personagens, hoje soa banal. No elenco, imenso, estão todos os grandes humoristas americanos clássicos, de Jimmy Durante à Milton Berle. Pena que os 3 Patetas apareçam por apenas 2 segundos! Buster Keaton faz uma figuração ( !!!!!! ) e Joe E. Brown tem só uma fala.... Nota 4
   O GABINETE DAS FIGURAS DE CERA de Paul Leni com Emil Jannings e Conrad Veidt
Clássico alemão expressionista. Cenários tortos criam sensação de pesadelo, luzes cheias de sombras, artificialidade total. Conta 3 histórias sobre 3 tiranos. Leni foi um dos grandes da Alemanha pré-nazista, por azar, nosso, morreu muito cedo. Nota 6
   O HOMEM QUE RI de Paul Leni com Conrad Veidt
Uma obra-prima do cinema mudo. Leni filma na Universal esta rica produção americana baseada em Victor Hugo. Uma criança é raptada e tem o rosto deformado. Ficará para sempre com um sorriso rasgado na face. Vira um palhaço-freak. Bob Kane se inspirou neste filme para seu Coringa. Veidt, usando prótese bucal, cria um personagem inesquecível. Triste ao limite e com o sorriso terrível estampado no rosto. O filme é cheio de cenários imensos, ação e melodrama. Leni faria apenas mais um filme e morreria em seguida. Um grande talento perdido. A fotografia é deslumbrante. Nota DEZ.
   OS MERCENÁRIOS 2 de Simon West com Stallone, Statham, Li, Willis, Van Damme
Gosto de filmes como este. Prometem pouco e entregam aquilo que prometem, são honestos. Tiros? Temos. Ação? Boa quando feita por Statham. Humor? Sim, eles brincam com a idade. E há uma hilária e "mitica" aparição de Chuck Norris. Um defeito: é muito curto! Só 82 minutos! Nota 6
   SÃO PAULO S.A. de Luiz Sergio Person com Walmor Chagas e Eva Wilma
Belas cenas da cidade em 1965. Fora isso, e apesar de sua fama, é um drama sobre a desumanização da cidade grande. Dinheiro, sexo e poder. Impressiona o momento de crescimento do Brasil de então. Mas o filme tem "Antonioni" demais e se arrasta. Eva era uma mulher linda! Nota 4

ARTE OU DIVERSÃO, O QUE É O CINEMA? 007 E COSMÓPOLIS.

    Vou falar de dois filmes que vi ontem e os dois não poderiam ser mais diferentes.
    A SERVIÇO SECRETO DE SUA MAJESTADE é o mais desprezado dos filmes de James Bond. Isso porque ele carrega o peso de ser o primeiro sem Sean Connery. Em 1969 esse foi um assunto tão importante quanto o fim dos Beatles em 1970.
    Connery saiu do papel porque ele não queria passar a história como "o ator que é James Bond". Sean era ambicioso e assim que saiu foi logo fazendo um filme nada pop com Martin Ritt. Quem assumiu o papel? Chamaram um australiano de nome George Lazenby. Esse tal de George seria o único Bond a fazer apenas um filme. Ele foi execrado, ridicularizado, perseguido. Só agora, eu que adoro Bond, vejo George nesse papel. Ruim? O filme é ótimo. George faz um 007 deselegante, meio brega, tosco até. De certa forma ele antecipa Daniel Craig em seu tom anti-glamour.  O problema é que em 69 todo mundo lembrava de Connery... ninguém iria engolir Craig assim como não admitiram Lazenby. Connery voltaria em mais um filme e depois viria a era do gozador Roger Moore.
   Cada James Bond explicita seu tempo. Sean Connery era machista, cruel, politicamente incorreto e frio como aço. Sexista e sexy, nada bonito, muito bom ator. Roger Moore espelha os anos 70. Moore era gozador. Não levava nada a sério e brincava com o papel. Timothy Dalton foi a cara dos anos 80: insosso, arrumadinho, sem originalidade. Pierce Brosnan era indefinido. Mezzo Roger Moore, mezzo Dalton. E agora Craig, a cara de nosso tempo: Musculoso, frio, objetivo e bastante violento. Nada de elegãncia ou de safadeza, ele é um trabalhador.
   Quanto ao filme de Lazenby, ele tem cenas de ação enlouquecedoras. O estilo já é o hiper-editado, vemos flashs de ação, mas sem exagero, ainda dá pra saber quem é quem. Perseguição em esquis, perseguição em carros, perseguição em trenós. E a melhor Bond-girl da história: Diana Rigg, atriz que era mito na TV inglesa e que por isso foi chamada. Bond se casa com ela no final. E temos ainda a trilha do gênio John Barry. ( Aliás, 1962, ano da estreia de Bond, foi o ano das históricas trilhas sonoras de Bond, de Pink Panther por Henry Mancini e de Breakfast at Tiffanys... )
   Esse é o cinema diversão, hiper profissional e que eu considero dificílimo de fazer. No outro extremo temos o cinema arte, o cinema que pretensamente ignora o público.
   COSMÓPOLIS transpira "arte" em cada fotograma.  Tudo nele é artístico: os cenários, a trilha, a luz, e principalmente as falas. Ele tem aquele ar tristinho, escurinho-tipo: luz de geladeira, que todo filme de arte tem atualmente. Como julgar um filme tão "superior"?  Tão antenadinho? Superior em ambição, Cronenberg quer fazer uma crônica sobre tempos ruins. Portanto se em Bond o que nos pedem é: Divirtam-se; aqui ele pede: Pense. Pensamos, como pensamos. Pensamos tanto que dormimos. O filme é constrangedor. Explico.
   O que ele fala? Que o capital flui pelo mundo como um tipo de sangue venenoso que corrompe nossas vidas. Impessoal, ele obedece regras próprias. O carro flui pelas ruas, navega pelo oceano do mundo real, que sendo real é antigo, pois o mundo do dinheiro virtual é sempre o mundo do futuro. Vemos um tipo de vampiro, um morto vivo que flui nessa odisséia sem herói em busca de nadas que nada trazem. É um filme morto, tão vazio quanto seu tema. Cronenberg critica o mundo virtual, mas nada oferece em troca. Pior, coloca na boca dos personagens frases de um primarismo constrangedor. Personagens que são tão artificiais quanto um Schwarzenegger empunhando uma bazuca. Ah sim, o diretor de filme de arte sempre pode falar: "Tudo é proposital! Voce é que não entendeu"...Uma pinóia! Seu filme-funeral está longe de ser arte sem aspas, ele nada cria de novo, nada cria de perturbador, e passa longe da beleza, mesmo da beleza do horror. Há quem o aplauda. Como nos piores filmes de pseudo-arte, este filme possibilita a que qualquer um projete em suas imagens sentidos e simbolismos que ele não tem. Filmes de arte ruins podem ser como espelhos.
   O cinema atinge seu zênite quando une a arte de verdade com a diversão. Quando consegue perturbar e fazer o tempo voar. Quando o filme faz pensar e ao mesmo tempo dá prazer. O prazer do pensamento, da descoberta, da beleza ou da catarse.
   007 dá prazer e não faz pensar.
   Cosmópolis é um buraco. Masturbação chique travestida de discurso fatalista.
   Prefiro o prazer.