NATAL

   Nada revela melhor o rancor dos inteligentinhos que o Natal. Eles assumem o papel do ex-namorado que foi ao casamento de sua antiga amada. Ele está lá, bebe, come e ri, mas fica o tempo todo cortando o barato de quem estiver por perto. E "sabe", em seu rancor pobre e ácido, que o casamento nunca dará certo. Incapaz de aceitar o amor dos noivos, ele nega esse amor usando sua "inteligência".
  Recebi ontem, dia 24, um texto de um amigo ateu. Ateu do tipo que prega e que tem fé na não-fé. O texto diz que Elon Musk descobriu que somos programados por ETs. Que eles dirigem nossas vidas. Que vivemos em um mundo ilusório. Virtual. Weeelll....
  Crer nisso é tão absurdo quanto crer na concepção virginal. Com uma diferença que para o ateu faz todo sentido: parece ciência. Mas não é. Trata-se apenas de fé religiosa sem ética. Nessa crença de Elon há muito de budismo, muito de cristianismo e até judaísmo. É uma forma pretensamente nova de contar o que é tão antigo quanto o homem.
  O Natal significa natalidade. É o dia em que se comemora o dom da vida. A capacidade de nascer todo ano. Sobreviver. É a vida nascendo da virgindade. Da pureza. É a realeza se curvando diante da simplicidade. É a benção dos animais na manjedoura. 
  Na verdade o Natal simboliza o sentido que existe na própria vida. Nascer, dar, crer, abraçar, olhar o céu, esperar, unir, seguir, ser humilde, permanecer.
  Elon e meu amigo são apenas crianças.
  Criam fés pretensamente novas.
  Prefiro as antigas. Séculos e multidões podem estar mais próximas da verdade.