LONGINO

   Ninguém sabe se Longino realmente existiu. O que se sabe é que o autor desses textos viveu no século I. E que seus escritos são incrivelmente modernos. Longino comenta autores do passado e explica o que seria o belo e o sublime. Schiller, por exemplo, falou das mesmas coisas 16 séculos mais tarde. E Schiller parece hoje muito mais velho.
  Não falarei aqui sobre suas opiniões a cerca de Hesíodo ou de Homero. Destaco esta sua ideia:
  Para ele, o que Não importa na vida " é tudo aquilo que ao abrirmos mão recebemos elogios ou o despeito dos mais fracos"; por exemplo, se um homem rico abre mão de sua fortuna em prol de uma vida simples, será esse homem chamado de nobre, de alma livre, de desapegado. O mesmo se um homem desprezar a fama, a liderança, o sexo ou o vinho. Mas JAMAIS será elogiado um homem que desprezar a justiça, o amor, a amizade sincera ou a honra. É esse tipo de valor, que não pode ser perdido, jogado fora ou desvalorizado por pessoas de valor, que dão sentido à vida.
  Em outro assunto, bem diferente desse, Longino fala que a beleza é um valor do corpo. Que o belo, valor importante, é um assunto do corpo, dos sentidos, da pele, do gosto, e que é ao corpo que ele fala. Mas o sublime, bem mais forte, é um valor da alma, porque o sublime não é belo ou útil, não é agradável ou confiável, antes, ele nos aterroriza, nos seduz e nos faz "deixar este mundo, perder o eu e ascender ao cosmos".
  A beleza reafirma e nos deixa em conforto neste mundo. O sublime nos arranca do aqui e agora e nos conduz a um outro universo. O homem, um ser com uma mente infinita, é ele mesmo, ele pleno, quando em contato com o sublime.
  Por fim, quero dizer que Longino antecipa a crítica moderna em 2000 anos, ao dizer que um autor não olha a vida e se inspira. Diz que todo autor tem em vista outro autor. Que um escritor conhece a vida pela lente de outro escritor. E que escrever é escrever para esse autor-rival-guia.
  Grandes autores escrevem para grandes autores. Pensam todo o tempo naquilo que Platão ou Ésquilo pensariam sobre sua obra. Isso é Harold Bloom no ano 80 DC. Incrível.