PELAS TRILHAS DE COMPOSTELA, O RELATO DE UMA VIAGEM LAICA - JEAN-CHRISTOPH RUFIN

   Rufin é diplomata e membro da academia francesa. Relata aqui sua primeira viagem à Santiago de Compostela, a pé, partindo da fronteira francesa e cruzando o país Basco, a Cantábria, Astúrias e por fim a Galizia. Rufin não é religioso, é francês, tenta ser objetivo. Começa a viagem falando de sujeira, frio, paisagens e fome. Com o tempo e os quilômetros, se torna humilde, se sente pobre, para de pensar demais, e tem quase uma experiência religiosa. Oviedo é a cidade que mais o impressiona e é lá que ele quase tem uma epifania. Mas ele a evita. Chama tudo de "budismo"... ( É engraçado como ateus fogem com nojo do cristianismo, mas aceitam alegremente o budismo ).
  Bem...o livro poderia ter sido bom, mas Rufin fica em cima do muro. Faz uma quase defesa do medievalismo, critica a modernidade, mas evita a igreja. O Caminho se torna assim uma busca pelo vazio budista. Penso ser o máximo a que um francês respeitável pode aspirar hoje.
  PS: Bela sacada dele! O pagão temia a mata e o deserto, reinos de deuses perigosos. O cristão, ao levar Deus consigo, se torna uma viajante sem medo.