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JULIA/ DAVID LEAN/ WELLMAN/ LUMET/ RINGO STARR/ RENOIR/ TATI

   JULIA de Fred Zinemann com Jane Fonda, Vanessa Redgrave, Jason Robards, Meryl Streep
Com uma belíssima fotografia de Douglas Slocombe, Julia foi o primeiro filme por que torci numa entrega de Oscar. Perdeu filme e direção para o Annie Hall de Woody Allen. Mas ganhou atriz coadj ( Vanessa Redgrave ) e ator coadj ( Jason Robards ). Revisto agora o filme parece ainda melhor. Baseado nas memórias de Lilian Hellman, o filme acompanha sua amizade com Julia, uma milionária judia que se envolve com a luta na Europa contra o nazismo. Jane faz Lilian. Jason é seu companheiro Dashiell Hammet. As cenas entre os dois são as melhores do filme. Eles discutem, brigam, ela tenta escrever, erra. Hammet já em sua fase impotente. Em sua segunda parte Lilian atravessa a Europa de trem para levar dinheiro a Julia em Berlim. As cenas no trem exibem suspense perfeito. Ficamos eletrizados. E o final, como no começo, Lilian só, num barco, num lago. Zinemann foi um dos maiores. Basta dizer que são dele Matar ou Morrer e A Um Passo da Eternidade. Julia é o fecho de ouro de sua carreira sem erros. Um filme que demonstra tudo aquilo que desejo ver no cinema. Nota 9.
   REDENÇÃO de Steven Knight com Jason Statham
A produção é de Joe Wright e a fotografia de Chris Menges, ou seja, é classe A. E demonstra pretensões artísticas. Mas é ralo, bobo e desagradável. Melhora no final, quando se torna uma simples aventura de ação. Nota 3.
   O VEREDITO de Sidney Lumet com Paul Newman, Charlotte Rampling, James Mason, Jack Warden
Escrevi sobre este filme abaixo em outro post. É um filme perfeito. Com roteiro de David Mamet, mostra a decadência de um advogado. Bebida, decisões erradas, mentiras, falsidades. Nota DEZ.
   UM BEATLE NO PARAÍSO de Joseph MacGrath com Peter Sellers e Ringo Starr.
Que coisa é essa??? Feito em 1968, com um roteiro caótico, esta comédia fala de um milionário que adota um mendigo. O milionário é Sellers, que está excelente, o mendigo é Ringo, que está Ringo. A trilha é de Paul MacCartney e é boa. As cenas são muito mal dirigidas, o filme é como um circo ruim. Ou um programa do Monty Python feito com mais LSD. Aliás, no roteiro vemos o nome de John Cleese. O incrível é que quando ele acaba pensamos: Não foi tão ruim! Nota 4.
   CARROSSEL DA ESPERANÇA de Jacques Tati
Primeiro filme dirigido pelo genial cômico da França. Suas caracterísitcas estão todas aqui. A vida como coisa simples, leve, comunal. ( Ao fim da carreira ele mudaria essa opinião com o filme Traffic ). Numa cidadezinha francesa chega uma quermesse. Vemos a vida dessa cidade. Um dia, uma noite, uma manhã. Quase sem falas, ver esse filme é como passear pela cidade. Galinhas, crianças, a praça, a fonte, o bar. Tati faz um carteiro que larga sua vida pacata e tenta ser um carteiro "à americana". Um filme adorável. Nota 7.
   SHE de Irving Pichel com Randolph Scott, Helen Mack
O filme, feito pela equipe de King Kong, mostra grupo de exploradores em busca da fonte da juventude. Encontram um reino onde a rainha vive a séculos. Não é ruim. Podia ter mais ação. Nota 5.
   GELERIAS DO INFERNO de William Wellman com John Wayne
O avião de Wayne cai numa região do Canadá que ninguém conhece. Ele e seus companheiros esperam pelo socorro. Que bela aventura!!! Wellman, que foi aviador e lutou na Primeira Guerra adora filmar aviões. Eles passam a procura dos sobreviventes e os vemos lá embaixo, em meio a gelo e fome. Wayne tem uma grande atuação. Seu desespero é palpável. Belo filme. Nota 8.
   QUANDO SETEMBRO VIER de Robert Mulligan com Rock Hudson, Gina Lollobrigida e Walter Slezack
Hudson é um milionário que passa seus agostos na sua villa italiana. Mas resolve aparecer em julho e encontra seu mordomo usando a casa como hotel. Gina é sua namorada de agosto. Filme ao estilo Sessão da Tarde dos anos 70. Belas paisagens, Rock muito bem, Slezack dando um show como o mordomo. Este é o filme familia de então. Levemente apimentado, bobo e muito agradável. Nota 6.
   RENOIR de Gilles Bourdos
O filme fala de 3 grandes artistas. O pintor e seus filhos, Jean, diretor de cinema, e Claude, diretor de fotografia. E mesmo assim consegue ser um filme desinteressante. Nota ZERO
   GRANDES EXPECTATIVAS de David Lean com John Mills, Jean Simmons e Alec Guiness
Este filme feito pelo então jovem David Lean, é considerado com justiça a mais perfeita adaptação literária levada ao cinema. O tempo fez crescer sua beleza. Guy Green fotografou num preto e branco cheio de escuros e de brumas esta soberba história passada nos pântanos ingleses. Os primeiros trinta minutos são das coisas mais perfeitas já filmadas. É um filme que consegue nos levar ao mundo de Dickens com perfeição. Vi recentemente duas versões desse livro em cinema, um de 1998 e outra de 2012...Não servem nem como curiosidade. Este é o filme. Nota DEZ.



 
  

SOPHIA LOREN/ BILL MURRAY/ DASSIN/ BORZAGE/ ZINNEMANN/ HENRY KING

   UM FIM DE SEMANA NO HYDE PARK de Roger Michell com Bill Murray, Laura Linney, Samuel West e Olivia Colman
Que filme esquisito!!! Fala de um final de semana em que o rei da Inglaterra vem aos EUA com a rainha a fim de visitar o presidente Roosevelt. O rei deseja convencer os EUA a entrar na guerra. Adendo histórico: até então a politica americana era toda isolacionista. O país pouco ligava para a Europa. É aqui que o mundo muda e a América passa a se envolver com o planeta. O encontro é cômico. Roosevelt os recebe na casa de sua mãe, no campo. A realeza é abrigada em quarto comum e vão a pic nic. Esperteza de Roosevelt, assim a opinião pública americana, que odiava reis e Europeus, passa a ver o rei como "gente". O filme é esquisito por ser um  misto de drama e comédia, poesia e arte. É bonito de ver e tem ótimas atuações. Murray tem aqui seu melhor papel. Faz um presidente humano, simpático e mulherengo. Ele mantém um harém ao seu redor. O ator Samuel West faz o mesmo rei que Firth fez no ótimo Discurso do Rei. West está excelente. Hesitante, assustado, reprimido. Uma das amantes de Roosevelt morreu aos 100 anos e foi só então que encontraram esta história com ela. O filme é contado por seu ponto de vista. Aviso que ele começa meio chato e de repente te pega. Nota 6.
   O ÍDOLO DE CRISTAL de Henry King com Gregory Peck e Deborah Kerr
Uma chatice sobre Scott Fitzgerald e sua namorada Sheila Graham. Peck, que não está mal, bebe e bebe e bebe. Kerr é a amante que tenta o salvar. O filme é flácido, embolado, tolo. Nota 1.
   O CASTELO SINISTRO de George Marshall com Bob Hope e Paulette Goddard
Sátira aos filmes de horror. Tem um belo clima e é agradável. O humor de Hope envelheceu mal, o filme é alegre mas não nos faz rir. Dá pra ver. Nota 5.
   UMA AVENTURA EM PARIS de Jules Dassin com Joan Crawford, John Wayne e Philip Dorn
Assisti a caixa com seis filmes sobre a segunda-guerra. Dois deles são tão ruins que não consegui ver. Portanto não falo deles aqui. Este é bom. Mostra a Paris ocupada. Wayne é um piloto que tenta sair da cidade. Crawford ama um 'traidor". Dassin se tornaria depois um diretor maravilhoso. Aqui ele entrega um filme que se deixa ver. Há um belo suspense ao final. Nota 6.
   TEMPESTADES D'ALMA de Frank Borzage com James Stewart e Margaret Sullavan
Este é quase uma obra-prima. Na Alemanha, no começo do nazismo, vemos uma familia ser destruída. Filhos se tornam nazistas, crêem em Hitler e passam a perseguir amigos e vizinhos. Há um pai que é expulso da faculdade onde dava aula e acaba morto em campo de concentração. Stewart, sempre ótimo, é um vizinho que foge do país. Ele volta para salvar sua namorada. O final é bem triste. É um lindo filme. Borzage foi um dos grandes diretores do começo do cinema falado e do fim do silencioso. Nota 8.
   HORAS DE TORMENTA de Herman Shumlin com Bette Davis e Paul Lukas
Roteiro de Dashiell Hammet baseado em peça de Lillian Hellman. Paul Lukas ganhou um absurdo Oscar de melhor ator, batendo Bogey em Casablanca. O filme se passa na América e fala de refugiados. Lukas é um guerrilheiro anti-fascismo que é chantageado por canalha. O filme tem cena forte em que o canalha é morto a sangue-frio. Mas está longe de ser um grande filme. Nota 5.
   A SÉTIMA CRUZ de Fred Zinnemann com Spencer Tracy
Zinnemann sabia do que falava. Ele acabara de fugir do nazismo quando fez este filme. O futuro de Fred seria brilahnte: Julia, Um Passo Para a Eternidade, Matar ou Morrer... Tracy foge de campo de concentração com companheiros e tenta sobreviver. Todos são pegos e executados, ele não. Um achado do filme é mostrar sua reumanização. Algumas pessoas lhe ajudam e ele vai recuperando a fé nos homens. É um belo filme. Nota 6.
   A CIDADE DOS DESILUDIDOS de Vincente Minelli com Kirk Douglas, Edward G.Robinson, Cyd Charisse e Dahlia Lavi
Kirk é um ex-astro que está em clínica psiquiátrica. Tem alta e volta a ativa, Vai a Roma fazer filme com diretor americano decadente. O filme é tétrico. Todos são fracassados, destrutivos, amargos e vazios. Minelli via que seu tempo passara e faz um tipo de auto-retrato cruel. Estranho porque ele sempre foi um diretor amado pelo sistema que ele cospe em cima. Nota 3.
   JOÃO E MARIA CAÇADORES DE VAMPIROS de Tommy Wirkola com Jeremy Renner
Já esqueci deste filme. É um samba do crioulo doido. Se passa na idade média mas tem metralhadoras e roupas à Matrix. Eles NÂO caçam vampiros, são bruxas! Nota 2.
   SUAVE É A NOITE de Henry King com Jennifer Jones, Jason Robards e Joan Fontaine
Henry King novamente no mundo de Fitzgerald. É o último trabalho deste grande diretor. Robards faz o Dr. Diver que se destrói ao salvar Nicole da loucura. O filme se passa entre os muito ricos, hedonistas, futeis. A tragédia de Diver é lutar contra esse mundo, não aceitar o dinherio de sua esposa muito rica. O filme passa longe do romantismo de Scott, mas tem alguns momentos belos, fortes. Bons atores. Nota 7.
   PENA QUE SEJA UMA CANALHA de Alessandro Blasetti com Sophia Loren, Marcello Mastroianni e Vittorio de Sica
Marcello é um taxista. Sophia uma ladra e Vittorio o pai que rouba malas na estação de trens. Apesar de ser sempre feito de trouxa por Sophia, Marcello não consegue a odiar e cai irremediávelmente em suas artimanhas, sempre. O filme é alegre, leve, bom de ver. Atinge magnificência no trabalho dos atores. Sophia, muito jovem, está linda e atua de modo tão fácil, tão prazeroso que faz com que sua arte pareça a coisa mais simples do mundo. O esforço é o que diferencia o talento do gênio. O talento demonstra esforço, o gênio faz o grande com facilidade, como a brincar. Sophia é genial. Assim como Marcello. Que estupendo bobo é esse taxista! Ele passa todo o filme resmungando contra Sophia, tentando se livrar dela, mas sempre volta, vencido, ingenuo, absurdo. Amamos Mastroianni. E há De Sica, o malandro veterano, playboy, fino e mentiroso. O filme mostra uma Itália onde todos são ladrões e todos são feitos de bobos por uma bela mulher. Verdade? Nota 7.

CHAPLIN/ WES ANDERSON/ DJANGO/ GARY COOPER/ JERRY LEWIS/ PAULO JOSÉ/ AUDREY

   UMA CRUZ À BEIRA DO ABISMO de Fred Zinnemann com Audrey Hepburn
Mulher jovem, viúva, resolve ser freira. Acompanhamos, em registro sóbrio, seu aprendizado e afinal a realização de seu sonho: trabalhar no Congo. Lá ela conhece médico ateu. Qual o tamanho de sua vocação? Zinnemann foi um gigante, A Um Passo da Eternidade, Julia, Matar ou Morrer e vasto etc. A palavra que o define: Precisão. Nada em excesso, nada de menos. Por incrivel que pareça, com  tema tão árido, o filme funciona. Peter Finch está ótimo como o medico materialista e ainda há Peggy Ashcroft. Vida dura....Nota 7.
   OS QUATRO GUERREIROS de Gordon Chau
Filme chinês de 2012 sobre kung fu. Adoro kung fu, detestei este filme! Em cinco minutos eu já me desinteressara. Tenta ser tão ágil, tão esperto, que se faz uma bagunça. Fuja! Nota ZERO
   WAY DOWN EAST de David Wark Griffith com Lillian Gish
O inventor do que entendemos por cinema com a atriz de rosto mais expressivo da história. É um drama sobre a incocência. O rosto de Gish, linda e extremamente frágil, comove. Ver este filme é ver o século XIX em movimento. Griffith é um homem do tempo de Twain e Whitman. Nota 6.
   O PRINCIPE DO DESERTO de Jean-Jacques Annaud com Antonio Banderas
Muito tempo atrás Annaud foi um bom diretor. A Guerra do Fogo é um bom filme. Este, seu mais recente, deve ter sido escrito por um menino de 8 anos. É tão tolo, tão banal que chega a dar raiva. Fala do começo daquilo que conhecemos como Mundo Árabe, petróleo e rivalidades tribais. É o tema de Lawrence da Arábia. Comparar os dois é como comparar vinho com Q.Suco de uva. Nota ZERO
   MOONRISE KINGDOM de Wes Anderson com Bruce Wiilis e Frances McDormand
O filme serve para explicitar o porque de Wes ser um "cineasta" que sempre me pareceu incompleto. Ele não é um cineasta na verdade! É um artista plástico! Veja bem, suas imagens não contém movimento, os atores não interpretam, tudo é na verdade uma coleção de imagens pop-art à Rauschemberg ou Hamilton. O que vemos são quadros, poses que tentam contar uma história. O filme é como um monte de slides. "Olha a lata!"; "Olha a barraca!".... Poderia até ser interessante, afinal, Bresson fez mais ou menos isso num espírito modernista, mas Wes não tem bons slides! Cada vez mais penso que ele nasceu para fazer desenhos e não filmes...A animação do Raposo é seu melhor trabalho. De longe!!!! Nota 2.
   A DAMA E O GANGSTER de Claude Lelouch com Lino Ventura e Françoise Fabien
Acho que voces esqueceram, mas na época de Godard e Truffaut, o diretor francês mais famoso era Lelouch. Ele filmava tudo na mão e contava belas histórias de amor. Aqui temos um ladrão e seu plano de assaltar uma joalheria. Ao mesmo tempo ele se apaixona por uma vendedora de móveis históricos. O filme é contado em flash-back e Lino é tão feio que fica sendo original. O plano de roubo é bastante engenhoso. Bom passatempo. Nota 6.
   TODAS AS MULHERES DO MUNDO de Domingos de Oliveira com Paulo José, Leila Diniz e a turma de Ipanema
A alegria de se estar vivo. Paulo Jose´está adorável como um homem que não pode deixar de ter todas as mulheres do mundo. Mas ele se apaixona, se casa e daí nascem os problemas. O filme confirma um fato: o homem que se dá bem com as mulheres é aquele que ama essas mulheres. Há no rosto de Paulo a alegria, a felicidade de se desejar, de se amar, de se sentir fascinado pelas mulheres. Ele é como um garoto, uma criança cercada por lindos brinquedos. Domingos sabe o que faz, os atores falam obviedades, porque é de obviedades que a vida é feita. O romance de Paulo e Leila é desajeitado, comum, banal, encantador. O filme é feito livremente, solto, transpira felicidade. Serve ainda para vermos a Ipanema de então ( 1967 ), a turma de Domingos ( os personagens do livro de Ruy Castro comparecem como "atores" ), não é um filme perfeito, erra bastante, tem um som ruim, mas é vivo, solto, pleno. Junto com O Bandido da Luz Vermelha é a melhor coisa do cinema nacional. Nota 9.
   AS AVENTURAS DE MARCO POLO de Archie Mayo com Gary Cooper
Cooper de malha justa fazendo um italiano? Parece um cowboy fantasiado. O filme mostra o lado ruim do cinema clássico dos anos 30, tudo parece falso demais! Veneza é um set de papelão e a China fica no quintal de Samuel Goldwyn. Além dos chineses, todos americanos com rosto maquiado. Bem, tudo isso seria esquecido se o roteiro fosse bom, mas não é. Cooper vê a pólvora pela primeira vez, o macarrão, o carvão, e faz cara de quem encontrou uma moeda na rua. Chato. Nota 1
   LUZES DA CIDADE de Charles Chaplin
Uma obra-prima. Se voce quer começar a entender o cinema sem voz, eis seu filme. É absolutamente perfeito. Da primeira a última cena, é um filme que corre e acontece em tempo próprio, ele passa voando. Chaplin é o mendigo que se apaixona por florista cega, que salva milionário bêbado do suicidio e que entra numa luta de boxe. A luta é uma das cenas mais soberbas da história, uma obra-prima de ação e de enquadramento. Mas as cenas da festa, da dança e o final também são perfeitos. Nada piegas, mas bastante romântico, o filme é uma aula de cinema. Tudo se encaixa de modo tão correto, as coisas se encadeiam de maneira tão natural, que o assistir é entender o porque de certos filmes não fluirem e outros voarem. Chaplin era um gênio. O filme, seu melhor, ano a ano vem subindo nas eleições de melhores de todos os tempos. Não me surpreenderá se um dia for o melhor. Nota DOIS MILHÔES. PS: Só consigo lembrar de dois filmes com finais melhores que este: Nada de Novo no Front ( com a cena da borboleta ) e Os 7 Samurais (  a cena das espadas na cova ). O reconhecimento da florista é não só emocionante, é um final aberto e muito moderno.
   BANCANDO A AMA-SECA de Frank Tashlin com Jerry Lewis
Na Sessão da Tarde dos anos 70/80 só dava Jerry...e Elvis. Mas seus filmes, hoje, só podem funcionar como pura nostalgia. É um humorista, um grande humorista, que perdeu a graça. O tipo de humor que ele fazia era aquele que hoje é lei: um pastelão retardado careteiro e desenfreado, lembra Adam Sandler e Jim Carrey. O problema é que Adam e Jim foram ao limite, e homenageando Jerry Lewis eles destruíram Jerry Lewis. Peter Sellers por exemplo, sobreviveu melhor porque ninguém tentou o imitar. Jerry foi tão seguido que hoje se parece com um Jim Carrey piorado. Que injustiça!!! Jerry era uma fonte de ideias, de coragem e de multi-talentos. O tempo lhe foi cruel. Bem... se este texto parecer confuso é porque meus sentimentos em relação a Jerry são confusos....
   DJANGO de Sergio Corbucci com Franco Nero
Falarei mais deste filme acima...Tarantino está lançando um filme com este nome.... Nota 5.

MANKIEWICZ/ REX HARRISON/ BRUCE WILLIS/ BING CROSBY/ HUSTON/ SINATRA/ OKLAHOMA!

   CHARADA EM VENEZA de Joseph L. Mankiewicz com Rex Harrison, Susan Hayward e Cliff Robertson
Um velho milionário em Veneza se finge de doente terminal para avaliar a reação de suas três ex-mulheres. Mankiewicz, o grande diretor de A Malvada, famoso por seus roteiros exemplares, não consegue criar aqui o interesse para manter o filme de pé. Sua intenção é a de fazer uma sofisticada comédia levemente cínica. Cínica ela é. De qualquer modo, Rex Harrison é sempre um mestre nesse tipo de personagem. Vê-lo atuar salva o filme do meramente ruim. Nota 5.
   CATCH.44 de Aaron Harvey com Bruce Willis, Forest Whitaker e Malin Akerman
É um compêndio de cenas roubadas de filmes de Tarantino e Rodriguez. Será que esse Aaron é um pseudônimo de um dos dois? Este filme não tem história, são apenas cenas de diálogos pseudo-espertos e tiros sanguinolentos. Forest faz seu tipo "sou um pobre diabo" e Bruce Willis faz Bruce Willis. Mas... que diabos, é divertido! E dura apenas oitenta minutos. Nada de tentativa de fazer arte, nada de tristezinhos sensíveis, nada de denúncias para festivais. É apenas um filme adolescente-macho, cheio de rocknroll ( tem Bowie cantando Queen Bitch ). E eu adoro Bruce Willis!!!! Nota sei lá....cinco tá bom.
   O BOM PASTOR de Leo McCarey com Bing Crosby e Barry Fitzgerald
É um dos filmes mais detestados pelos críticos moderninhos. Isso acontece por ele ter, no Oscar de 1944, "roubado" os prêmios de PACTO DE SANGUE, a obra-prima de Billy Wilder. Que culpa este filme tem? É um bom filme otimista e tolo. Bing, muito bem, faz um padre moderno e sempre de bom humor, que é enviado a paróquia decadente para a salvar. Fitzgerald, ator irlandês que chegou a trabalhar no Abbey Theatre, é o velho padre veterano e antiquado. Acontece um milagre no filme: ele não é meloso e nem chato. Tem uma leveza, uma falta de pretensão maravilhosa. Mérito de Leo MacCarey, diretor formado em filmes de Harold Lloyd, e diretor dos irmãos Marx em Duck Soup. Bing Crosby canta Swimming on a Star...é divino!!! A perfeita canção pop. Delicioso passatempo. Nota 8.
   A BÍBLIA, NO INÍCIO de John Huston com George C.Scott, Ava Gardner, Peter O'Toole...
Um dos grandes desastres de Huston. Mas este não é um soberbo desastre, é apenas um filme muito ruim. O antigo testamento é infilmável. Ele é poesia, feito de imagens simbólicas e prosa intrincada, nada menos filmável. Mas Huston amava textos não-filmáveis. Aqui quebrou a cara. O filme é chato, longo, tolo, infantil e feio de se ver. Um caos. Nota Zero.
   JACK, O MATADOR DE GIGANTES de Nathan Juran
Na época em que este filme foi feito ( 1962 ), Ray Harryhausen era o rei dos efeitos especiais ( Ray é o ídolo de Tim Burton ). George Pal vinha logo em seguida. Pois bem, este filme tem efeitos que Não são de Ray ou de George. Portanto são efeitos muito ruins. Não possuem a perfeição de Ray e nem a poesia de George. Isso derruba esta aventura cheia de bruxos, monstros e que tais. Tudo tem jeito de carnaval e nunca de magia. Nota 2.
   ROBIN HOOD DE CHICAGO de Gordon Douglas com Frank Sinatra, Peter Falk, Dean Martin
Chicago dos anos 30. Falk e Sinatra estão em gangues rivais. Sinatra acaba por se tornar um tipo de Robin Hood da máfia. E o roteiro é só isso. Não fossem duas coisas geniais: Peter Falk faz um mafioso "italiano" hilário!!! Tudo que De Niro faria depois está aqui. A voz enrolada e as palavras saindo como cascata, os trejeitos das mãos, o modo debochado de sorrir, é uma criação maravilhosa de um grande ator. E há Bing Crosby, que faz um almofadinha nerd, que acaba por se unir ao grupo. A cena em que Sinatra e Dean ensinam a Bing como se vestir para sair é ótima. O filme, fora isso, é bastante assistível. E ainda vemos os Rat Packs fazerem seus tipos espertinhos de sempre. Nota 6.
   OKLAHOMA! de Fred Zinnemann com Gordon McRae, Shirley Jones e Gloria Grahame
Agnes de Mille fez as coreografias e isso é muito bom. As cenas de dança, infelizmente poucas, são fascinantes. Este filme mostra o porque dos musicais começarem a ruir em cinema. Deixou-se de criar musicais para cinema, e apostando no certo, se começou a transpor para a tela sucessos da Broadway. O que funciona no palco pode ser um fiasco na tela. Este filme, imenso, caríssimo, não foi um fiasco, mas foi pensado como um clássico, e nem sequer é um bom filme. Como cinema, as cenas melhores são aquelas com Gloria Grahame, que faz uma moça incapaz de dizer não a um moço. Gloria foi uma atriz original, meia feinha e muito sexy. Sua vida pessoal foi mais interessante ainda... Zinnemann que é um grande diretor, não sabe fazer um musical. Percebemos seu desconforto, ele não corta quando devia, não estica o que merece ser apreciado. Tudo isso faz deste filme uma coisa esquizo, sem rumo, artificial. Nota 4.
   MILAGRE NA RUA 34 de George Seaton com Maureen O'Hara, Edmund Gwenn e Natalie Wood
É a história do velhinho que pensa ser Papai Noel. Ele passa a trabalhar na Macy's, onde conhece mãe solteira que tem um filha sem ilusões sobre a vida. Este filme, simples e bonito, ganhou um Oscar de roteiro. Mereceu. Embora pareça apenas um filme bacaninha de natal, ele é na verdade um muito sério debate sobre o que é real e o que parece ser a verdade. Seaton, que escreveu a história, dirige tudo como um quase documentário, cenas cruas, sem muita produção. Para quem quiser ver um filme de natal sem nada de piegas ou de bobo, este é o filme. Encantador. PS: Natalie Wood, ainda criança, dá um show como a menina "realista". Gwenn faz um Santa Claus próximo do perfeito. Nota 8.