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AMOR, ETERNO AMOR ( AT LONG LAST LOVE ), PETER BOGDANOVICH, COLE PORTER E A JOIE DE VIVRE

Em 1975, vindo do fracasso de Daisy Miller, Peter Bogdanovich lança este filme. Uma aposta muito arriscada! No momento mais amargo e político da história do cinema, ele apresenta um filme, musical, saudosista, que fala de amor. Críticos abominaram e o público ignorou. No momento em que os filmes da moda eram UM ESTRANHO NO NINHO, UM DIA DE CÃO, TAXI DRIVER E ROCKY, não havia espaço para uma pequena declaração de joie de vivre como é este filme. ------------------- São dois casais. Cybill Shepherd é uma mulher que recebe mesada da mãe. São os anos 30 e ela é o tipo Ginger Rogers: loira, esquentada, indecisa, e muito, muito rica. Burt Reynolds faz um tipo Gary Cooper: milionário, elegante e bobinho. Reclamaram muito de dar à Burt, na época o ator mais popular dos EUA, famoso por filmes de ação, ídolo do povo country, um papel que seria muito mais adequado à Ryan O'Neal ou Robert Redford. Seria como dar para The Rock um papel de bailarino russo. Mas esse é um dos charmes do filme, nos divertimos vendo um machão como Burt tendo de ser Fred Astaire. Ele tem de cantar e arriscar um sapateado. Tudo fica "simpático", tolinho, bobinho e muito, muito alegre. Burt se esforça, ri, faz expressões faciais divertidíssimas! É um prazer de observar. Cybill não. Ela revela aquilo que sempre atrapalhou sua carreira: parece enjoada demais. Antipática. Cybill passa do ponto. Mas surpreendentemente, ela canta bem. Aliás, para os padrões de 2023, todos cantam bem. Este filme é bem melhor, muito melhor, incomparavelmente melhor que LA LA LAND e é tão delicioso como o musical de Woody Allen, EVERYBODY SAYS I LOVE YOU, filme que bebeu sua ideia aqui. ---------------------- O outro casal tem Madeline Kahn, sempre engraçada, e Duilio Del Prete, ator italiano que faz um malandro de Veneza. Um cara que tenta enriquecer no jogo. Há ainda um muito, muito divertido casal feito pelo mordomo de Burt, John Hillerman, e Eillen Brenan, a amiga-secretária de Cybill. A história, em cenários maravilhosos ao estilo RKO anos 30, é a mais comum: Burt se apaixona por Madeline, muda de ideia e fica com Cybill, volta pra Madeline, mas talvez ame mesmo à Cybill. Quem sabe? Peter Bogdanovich era um homem que se apaixonava por suas atrizes e mergulhava no amor sem pudor algum. A mensagem do filme é: o amor muda, ame enquanto pode e mude com ele. ----------------- Todas as canções são de Cole Porter, ou seja, é a trilha sonora do Paraíso. Nunca houve ou há letrista como ele. Suas letras são hiper cultas sem jamais parecer intelectuais, são chiques sem forçar o luxo, são alegres com ironia e dançam na voz de quem as canta. Cole, que era hiper sexualizado, dormia com duques e com marinheiros, adiciona pimenta à cada frase. Sabemos que o tempo todo ele fala de uma boa trepada, mas isso é dito com beleza que brilha, com laços de seda e melodias que são um convite à viver bem e viver feliz. Não há como um filme embalado à Cole Porter ser de todo ruim, e este filme é encantador. ---------------- Joie de Vivre, bebê. Um conceito que hoje parece anacrônico. O dom de tirar da vida aquilo que ela tem de bom. Ter prazer em cada raio de sol e em poder andar na chuva também. Sorrir para a história de seu destino. Apreciar. Este filme tem tudo isso porque tanto Cole Porter como Peter Bogdanovich entendiam que a vida era um presente. Com etiqueta da Chanel.------------------------ Mas os deuses cobram seu preço. Cole Porter teve um acidente se equitação e com as pernas esmagadas, passou os últimos 20 anos de sua vida com muletas e sentindo dor. Já Peter viveu o caso Stratten, viu sua paixão ser morta por marido ciumento e segundo suas palavras, "nunca mais foi feliz". Well....deuses são ciumentos e não suportam ver humanos que se sentem divinos. ---------------------------- Eu adoro musicais, voce sabe disso, e a coisa mais adorável sobre esse estilo de filme, é que quando ele nos enfeitiça queremos asssitir à obra todo dia e toda hora. São como albuns que amamos, companheiros do dia a dia. Este filme, hoje reabilitado, é um desses voodoos. Eu amei. Um voodoo que foi feito tão certo que nos faz viver melhor.

JÕ E O GÊNIO DO HUMOR

Conheço gente que trabalhou com Jô. Dizem que ele era um escroto. Nesse meio todos são. Todos ou quase todos. Dizem que Chico Anysio era boa gente. Não sei. Lembro de Jô desde mais ou menos 1973. É tempo pacas. Ele fazia na época o FAÇA HUMOR NÃO FAÇA GUERRA, com o Renato Corte Real. Renato era um neurótico na vida real. E tentava, já em 1973, fazer humor inteligente. Nas partes dele havia influência explícita de Woody Allen e dos Monty Python. Em 73!!!!! Mas Renato não tinha graça nenhum. Era chato de doer. Aliás eu odeio esse papo de humor inteligente. Monty Python não é nada inteligente, é piada de quem tem 12 anos de idade e bebeu whisky do pai. Woody só tem graça quando faz chanchada. Humor inteligente o que é? Humorista que cita seu escritor favorito? Piada que o motorista do ônibus odeia? Isso não é inteligente, isso é pedantismo. Uma bosta. ------------------------- Jô em 73 fazia o de sempre. humor que se dizia ser inteligente mas que na verdade era apenas bem feito. Seu roteirista, Max Nunes, hiper veterano, era a graça popular, e Jô era a pseudo inteligência. Eu gostava. Gostava aos 11 anos de idade porque eu ria. Daí veio Satiricon e depois O Planeta dos Homens. Até 1980 ele era engraçado porque era despretensioso. Depois começou a querer ser mais "adulto" e ficou um chato de galochas número 45. Perdeu toda a graça e resolveu que queria ser o Johnny Carson do Brasil. -------------- E tome Jô tocando bongô, tome Jô cantando blues, tome Jô dançando...a ego trip não parava. Lançando livros, peça, disco... Jô era onipresente nos anos 80 e 90. Era daqueles caras que faziam um monte de coisas, tudo mais ou menos, nada nota 10. Como apresentador ele foi de longe o melhor do Brasil, mas isso porque a concorrência é ruim de doer. Tem até uma atriz que não sabe falar apresentando. Talk show no Brasil deveria se chamar talk shoe. ----------------------------- No ranking dos humoristas Jô era sempre o segundo colocado. Chico vencia sempre. Eu nunca gostei do Chico Anysio. Ele sempre pareceu triste. Havia um cansaço nele que me dava bode. Os Trapalhões eram circo demais. Então na minha adolescência era Jô meu número dois. Sim, dois, eu amava era o Agildo Ribeiro, muito mais safo, carioca, malandro, ágil. Depois, quando fiquei adulto, descobri que nosso gênio do humor, nosso Rodney Dangerfield se chamava Costinha. Mal aproveitado, Costinha tinha tudo: rosto, expressão corporal, era gênio no stand up, podia fazer desde um bêbado miserável até um milionário mulherengo. Foi o mais engraçado, o mais imitado, o inigualável. Zé Trindade vinha logo depois, e Zé também não foi bem usado. ------------- Mas Jô tinha contatos, era rico desde nascido, estudou na Suiça etc etc etc por isso aceito pelos inteligentinhos. Tinha pedigree. De qualquer modo, foi um tempo mágico para o humor. Cada emissora tinha seu time de humoristas e quase todo dia era dia de humor. Em 2022 o humor foi banido e quando aparece ele é raivoso, maldoso, egocêntrico, antipático. Exibicionismo barato, geralmente vestidos de mulher, e imitando à vontade algum inteligentinho americano. Um lixo absoluto. ------------------ Jô se vai e leva com ele um universo otimista. O mundo ri cada vez menos.

Love and Death- Finale

3 FILMES DE UM CANCELADO

O diretor de cinema mais amado pelo liberal americano, entre 1972-2000, foi, sem a menor dúvida, Woody Allen. Ele era tudo aquilo que o liberal amava ( e era como ele se via ): inteligente, engraçado, chique, neurótico, freudiano, vindo da minoria ( judeu ), amante de arte e ao mesmo tempo adorando coisas POP como jazz e beisebol, anti republicanos, não cooptado pelo sucesso, um cara que era niilista e que ao mesmo tempo parecia amar a vida. Seus filmes eram cheios de professores, feministas, músicos, escritores, gente interessante. Apartamentos com livros em cada canto, discos de vinil, pinturas dos anos 30 e 40, sofás de couro. Esses personagens falavam de Bergman, de Freud, dos irmãos Marx e de sexo, muito sexo. Mas então, a partir de mais ou menos 2005, a coisa desandou. Woody Allen, como aconteceu e acontece com tanta gente, começou a ser cancelado, comido, odiado pelos filhos daqueles que o amavam. Pois os liberais hoje não aceitam nada que saia da raia delimitada por eles mesmos. Se antes eram pró livre expressão, hoje fazem a censura de tudo que lhes ofende. E sensíveis como são, quase tudo que faz parte do mundo real os magoa. -------------- Revi 3 filmes de Woody. O DORMINHOCO eu revejo cada dois anos. E fiquei chocado com sua atualidade. Convido voces a verem o filme. É um futuro onde é proibido discordar, perguntar, ser do contra. Todos são felizes com sexo mecânico e drogas bobas e o governo os vigia pelo bem de todos. Em 1973, ano de produção do filme, Allen devia pensar em um futuro de republicanos assanhados, mas o que salta aos olhos hoje é que aquele povo é idêntico ao povo que colocou Woody no ostracismo. Eles odeiam seu sexismo, no filme, seus modos naturais, seu não alinhamento. São liberais de 2022. -------------------- Ah sim...o filme é muito, muito emgraçado e os rebeldes que lutam contra o governo, homens nas matas, parecem cowboys....isso deve irritar muito um Sean Penn da vida. ------------------- Me decepcionei muito com DESCONSTRUINDO HARRY. Tinha boas lembranças dele, mas visto agora ele pareceu terrivelmente chato. Não tenho mais paciência para aquelas pessoas falando sem parar de seus problemas tão banais. O filme é constrangedoramente metido a intelectual, cheio de truques, esperto sem impressionar. -------------- Mas por fim, A ÚLTIMA NOITE DE BORIS GRUSHENKO. Talvez, quem sabe, o melhor filme do diretor. Devo dizer que a música, a maior das artes, prova aqui sua superioridade sobre as outras artes. Tem Prokofiev o tempo todo na trilha sonora e qualquer imagem fica magnífica com música tão maravilhosa. Mas o filme é ótimo porque Woody brinca com ele mesmo. As falas chatas de DESCONSTRUINDO HARRY aparecem aqui como aquilo que são: óbvias. O filme é a história de Boris, na Russia de 1815, da infância à morte. Há citações abundantes de Dostoievski, Tolstoi, Gogol, do cinema de Eisenstein ( a cena no campo de batalha com seus cortes rápidos e closes simbólicos ). Até Nabokov entra em dois momentos: quando um velho padre diz que a felicidade é uma menina loira de 12 anos; e na cena em que Boris vai pra guerra levando uma rede de caçar borboletas ( Nabokov era maluco por caçar e classificar borboletas ). Diane Keaton está bonita e muito engraçada e o filme tem algumas cenas inesquecíveis. E claro, há o final que homenageia Bergman. E além do mestre sueco, identifiquei citações aos irmãos Marx, várias, e aos filmes do leste europeu dos anos 60. Curto, frenético e profundo sem jamais parecer solene, é uma joia de um diretor que morrerá em cancelamento.

O SÉTIMO SELO. UM FILME QUE VOCE NÃO DEVERIA VER.

Sempre que algum jovem cinéfilo quer ver UM Bergman, ele se aproxima do SÉTIMO SELO. O que é um erro. Erro tão bobo como querer conhecer cinema francês assistindo Godard. Assim como Godard está longe de ser o melhor da França, procure ver Jacques Becker, Jean Pierre Melville ou Henri Georges Clouzot; O SÉTIMO SELO não é o melhor Bergman. Em minha vida, não fica nem entre os 10 melhores do sueco. -------------- Ao contrário dos criticozinhos eu explico o meu motivo e não emito apenas uma sentença. Este filme não está entre os melhores, embora seja um filme muito bom, por ser didático. Artificial. E isento de emoção verdadeira. ------------- Escrevi que Bergman consegue ser um dos poucos diretores que nos faz entrar na idade média. Pelo menos um tipo de era medieval possível, do tipo que parece real sem forçar no pseudo realismo. Aqui não. Tanto o cavaleiro como o escudeiro são homens do século XX. Nada há neles, seja em atitude, seja em pensamento, que lembre vagamente aquilo que seria um ser medieval. Eles se auto analisam, eles refletem com distanciamento. Isso não existia naqueles tempos. Não existe nem em Chaucer e nem em Bocaccio. Tudo então tem o clima de uma lição de moral, de filosofia, de modo de ser. Cada personagem é explicitamente uma única voz: Bergman. É um filme de arte naquilo que filmes de arte têm de pior: panfletagem. --------------- Woody Allen ama este filme por ser o mais simples dos filmes de Bergman. Como nos filmes de Allen, tudo é simplificado. Bergman nos diz: A vida é isso. E pronto. Tá dito. Não há sutileza. Não há o "talvez". Bergman fez um filme que afirma. Por isso seu sucesso. Ao contrário de filmes enigmas como O ROSTO ou NOITES DE CIRCO, aqui tudo é claro. --------------------- Esquematismo? Sim. A turma dos atores mambembes faz parte do mesmo problema. São pessoas da Suecia dos anos 50. ------------- Por favor, não pense que eu não goste do filme. Não estou aqui a criar problema para parecer original. Gosto do filme. Como não gostar das cenas icônicas e de um ator como Max Von Sydow? O que digo é que ele não é um dos melhores Bergman. Não possui o piscar de olhos de seus melhores filmes. Não nos engana, é apenas o que parece ser. ------------------------ Então não veja este filme se voce quiser conhecer Bergman. Vá de JUVENTUDE. O ROSTO. NOITES DE CIRCO. Para começar a conhecer o melhor Bergman, estes são os caminhos ideais.

CLINT EASTWOOD, ROTA SUICIDA

Fui ao cinema, em dezembro de 1977, ver este filme por absoluta falta de opção. Eu odiava Clint Eastwood sem jamais ter visto um filme seu. Ele era fascista. Defendia a execução de negros pobres. Batia em mulheres. E pior, era um idiota incapaz de falar duas frases coerentes. Well...claro que Clint não era nada disso, mas leitor fanático de críticos de cinema, eu acreditava naquilo que eles diziam. Clint Eastwood era um agente do mal. Seus filmes eram perigosos. Ele nos transformava em assassinos. ----------------------- Voce pode achar que exagero, mas peço que pesquise. Vá às críticas de Pauline Kael nos anos 70. Ela não ataca apenas os filmes, ela ataca o homem Clint Eastwood. O fato dele ser, durante toda a década de 70, o ator mais amado dos USA só piorava tudo. Ele era o líder fascista. Fim. ---------------- Acredite, THE GOOD THE BAD AND THE UGLY era esnobado por todo cara culto. Hoje é o filme mais amado dos anos 60, fico surpreso com sua popularidade, mas nos anos 70 era um filme lixo. Bonnie e Clyde era o grande filme de 1967. The GOOD nem era lembrado. --------------- Em 1977 eu havia assistido ANNIE HALL. Woody Allen era O CARA. O mundo dá voltas né? Hoje nos USA fingem não lembrar o quanto Woody foi amado pelas classes cultas. Warren Beaty sumiu também. Mas Clint...ele fará 91 anos na segunda feira dia 31. E o cara, o fascista, insiste em filmar. Vem mais um por aí. ------------------------- Rota Suicida é um filme muito, muito ruim. Não é porque adoro Clint que vou elogiar o filme. Ele não faz sentido algum e nem violento é. Um tira transporta uma testemunha por dois estados. E tem de lidar com centenas de atiradores, mafia e polícia, que tentam o impedir. O roteiro tem mais furos que os carros baleados. Clint havia acabado de filmar o maravilhoso JOSEY WALES quando fez esta bomba. Por que ele assumia tantos erros? -------------------- Porque ele sempre foi da escola HOWARD HAWKS. Filmar é diversão. Clint Eastwood ama filmar e no processo nada há de sofrido ou sagrado nisso. Ele quis filmar a relação de um tira e de uma prostituta, filmou, não deu certo, parte pra próxima. --------------- O filme, claro, fez sucesso, e isso sempre lhe deu liberdade para filmar. Mesmo com toda a crítica esbravejando. ------------------- Kael chegava a dizer que em todo filme Clint apanhava porque havia nele um "secreto e culposo instinto gay", e que as mulheres eram em seus filmes "nada mais que seres feitos para apanhar"... podem rir....é patético. Nada como o tempo para colocar a verdade em relevo. -------------------------- Clint Eastwood, tradicionalista e conservador até o osso da canela, se guiou sempre pelos velhos mestres. Filmava uma produção por ano, e se não havia nenhum roteiro bom a vista, filmava mesmo assim, algo de algum amigo iniciante. Nada de artístico nele, Clint fazia filmes. Cada filme era uma etapa numa obra que deveria ser vista no todo, no conjunto. Exatamente como Hawks, ele não tem UM graaaande filme, ele possui uma galeria de ótimos filmes e de alguns filmes que serão eternos. E de muitos que não se justificam se vistos como fim em si mesmo. Rota Suicida me deixou com dor na bunda em 1977 e me entedia hoje. -------------------- Fascista? Como diz o ditado: Nada é mais fascista que um dedo duro anti fascista. Que Eastwood chegue aos 100.

O MUNDO DE HOJE TEM HANNAH?

   Revi quatro filmes de Woody Allen. CELEBRIDADES me surpreendeu por sua confusão. É um filme que tenta revisitar A Doce Vida de Fellini, mas jamais alcança sua grandeza. Já O DORMINHOCO, que eu tanto gostava, revisto hoje me pareceu apenas confuso. Porém, e esse é o motivo de eu escrever isto, HANNAH E SUAS IRMÃS e MANHATTAN pareceram ainda melhores do que eu lembrava.
  Nada há de sensacional na vida das duas irmãs de Hannah. A mais nova tem um caso com Max Von Sydow e se apaixona pelo marido de Hannah. Michael Caine é um marido de meia idade patético. Não há charme algum em seu personagem e seu caso não nos causa simpatia. Sabemos que Hannah não merece aquilo. Mia Farrow ganha de presente um dos mais belos personagens da vasta galeria feminina de Allen, Hannah, ao descobrir que seu casamento naufraga, espelha uma dor muda que nos toca fundo. Desejamos salvar aquela mulher. Escrever um roteiro que nos leva a tanta empatia é trabalho de mestre.
  Mas há mais. Dianne Wiest levou seu Oscar aqui. Um caco de personalidade hiper frágil, vejo nela várias mulheres dos anos 80, cheias de cocaína, fracassos afetivos, artistas sem arte. O rosto dessa imensa atriz fala um milhão de coisas em cada frame. E temos Woody, naquele que pode ser seu segundo melhor personagem. Sua crise hipocondríaca que se torna uma crise existencial é maravilhosa. Não se engane: o filme é um drama. Nada aqui do tipo caricato do judeu intelectual frágil. É um homem sem Deus. Que deseja crer em algo. Que precisa acreditar.
  Manhattan não é tão agradável. E talvez seja ainda mais duro.
  Ele namora uma menina de 17 anos e vemos que eles são felizes. Mas por ela ter apenas 17, ele não consegue leva-la a sério. Ele pede para que ela conheça outros caras, ele não quer que a coisa dure. Várias vezes ele usa a palavra ridículo.
  Então ele se envolve com Diane Keaton, a ex de seu amigo. Ela é seu número: neurótica, adulta, um tanto esnobe, indecisa. O caso não dá certo. Ela volta ao ex namorado. É só isso o filme. Ah...Meryl Streep é a ex esposa que virou lésbica. Ela lança um livro sobre a vida dos dois quando casados.
  A história é de uma simplicidade absoluta, enxuta. Mas o filme vai fundo no vazio de um homem que começa a perceber que não há lugar para ele no mundo. Isso porque ele não confia nos outros. Ele pensa demais e pensa muito mal. Com prazer estético, acompanhamos sua pequena saga. No final ele descobre que era feliz com a menina, que eles riam juntos, mas é tarde, ela vai para Londres.
  Destaco a cena na lanchonete, quando ele termina com ela. Um momento absolutamente verdadeiro, muito mais raro em cinema do que nos damos conta. A menina desmonta e ele simplesmente é incapaz de empatia por ela.
  Em 1979 Manhattan foi saudado como uma obra prima completa. Lembro de críticas eufóricas, falando da fotografia, da música de Gershwin, da maturidade de Woody Allen. E hoje?
  Temo que em 2020 as pessoas parem no fato de ser um homem de 42 com uma menina de 17. Parem por aí e simplesmente bloqueiem todo o resto. Pior, temo que a megera feita, logo por quem, Meryl Streep, se torne a heroína e Woody o vilão. Se isso acontece é sintoma de uma burrice absoluta, da completa incapacidade de ver a complexidade de tudo. Woody escreve maravilhosamente bem para mulheres. Não ver isso é cegueira intelectual.
  Por fim digo que tanto Hannah como Manhattan seriam impossíveis hoje. Em Hannah o personagem de Caine teria de ser mais ridículo e grotesco, haveriam cenas de drogas e Hannah fugiria de casa. Já Manhattan seria um fiasco de bilheteria, perseguido por lésbicas e por defensores de menores. Mais que isso, um ator e diretor como Woody Allen não existiria se fosse 40 anos mais novo. Ele colocaria faixas de rock em seus filmes, aumentaria o humor pastelão e em vez de citar Bergman e Fitzgerald, citaria Batman e Stan Lee. Manhattan se chamaria New Jersey e Hannah seria algo como Daphne e suas Sisters do Barulho. Pior ainda, em moldes alternativos, Hannah seria catatônica, o marido viciado em heroína e o personagem de Woody encontraria Deus em um filme de Almodóvar.
 

HAROLD BLOOM E WOODY ALLEN, A MORTE MORRIDA E A MORTE EM VIDA.

   Na antiguidade grega quem ia contra o senso comum era condenado ao ostracismo. Tipo de morte em vida, o cidadão grego era expulso da cidade e seu nome era esquecido. Nada mudou. Apenas o senso comum flui em ondas de acordo com a maré da década. Oscar Wilde foi perseguido por deixar ser exposto seu caso com Bosie, Ezra Pound por defender Mussolini. Hoje, divididos que somos em pequenas tribos virtuais, somos perseguidos pela tribo X enquanto a tribo Y nos adora. No mundo da arte, digamos que seja a tribo W, há um libertarismo limitado. Voce pode ser gay. Voce pode ser comunista. Voce pode ter uma religião oriental. Mas por favor, não venha defender a civilização ocidental branca hetero do século XX. Voce será exorcizado.
 Woody Allen, como todo homem criativo, é uma alma complicada. Não tenho certeza de nada do que ele faz entre 4 paredes, mas sei que tipo de arte ele fez. E sei qual o alvo de seu humor. Ele sempre defendeu a mulher liberal, democrata, pós feminismo. Sempre amou o intelectual da universidade, o cara culto e neurótico. Em seus filmes não há o menor traço de ranço racista, de machismo ou de violência. O que ele nos dá é um mundo civilizado. Talvez, para os tempos de hoje, civilizado demais.
 Se ele seduziu sua enteada, pouco me importa. Me importaria se houvesse qualquer sinal de estupro ou de dor. Não é o caso. Eles se casaram e parece que viveram bem por vários anos. O que não é o caso da ex, Mia Farrow. Mas também não posso falar de Mia. Tudo que sei é que ela nada produz em arte e só foi grande ao lado de Woody Allen.
 As pessoas não se contentam mais em absorver arte e fruir cultura. Elas querem saber tudo. E acham, como diria Paulo Francis, "de forma Jeca", que a vida pessoal do outro é podre e a delas mesmas é "democrática". Meryl Streep se tornou uma ditadora "do bem", e o Oscar é hoje um ridículo "clube dos diversos que são todos iguais". Woody Allen é perseguido por ter sido simplificado. Ele é visto por esses míopes coloridos, como apenas um "macho abusivo". Então posso dizer que Oscar Wilde era somente uma bicha engraçada, Henry James um frustrado esnobe e Paul Gauguin um pedófilo colonialista.
  Não há personalidade grande sem grandes "pecados". O artista do bem é um banana. Todos têm alguma tara, todos são egoístas, todos são esquisitos. Inclusive os artistas negros, mulheres, do terceiro mundo.
  Em 1920 Fatty Arbuckle era o comediante mais famoso do mundo. Mais que Chaplin ou Keaton, ele era o cara. Aqui no Brasil ele era conhecido como Chico Boia. Acusado de estupro, por uma menor, ele foi a tribunal, condenado, e morreu pobre e esquecido. No auge dos dvds, seus filmes nunca foram reavaliados. Nesse caso concordo. Ele foi um criminoso julgado e condenado. Fez um ato de violência real. Repugnante. Não foi condenado por não fazer parte do senso comum ou por falar algo que foi contra o esperado óbvio. O caso é diferente. É penal.
  O futuro esquecerá o homem Woody Allen e apreciará o liberalismo humanista de filmes como Manhattan e Annie Hall. Acontecerá com ele o que ocorre com TS Eliot ou Nabokov: a arte deles é tão boa, que por mais que os juízes do bem gritem, eles não podem ser esquecidos.
  Harold Bloom foi um dos primeiros a alertar o mundo sobre a ditadura do politicamente correto. Ele já em 1989, dizia que se dava mais valor a uma pintora mexicana tetraplégica por ela ser mulher e doente, e não por pintar melhor. Que Sylvia Plath era um mito por ser esposa de um suposto machista egoísta, Ted Hughes, e não por ser melhor poeta que o marido ( Ted Hughes é bem melhor ). Havia e há até o delírio de se achar que a força criativa era Zelda Scott e não Scott Fitzgerald ( qualquer bobo sabe que Zelda prejudicou a escrita de Scott ). Bloom teve a coragem de dizer o óbvio: que se julgue a obra pelo que ela é concretamente e não pela alma inocente ou não de quem a construiu. Nelson Rodrigues estaria esquecido se fosse americano. E aqui? Já está?
  Dante está sendo esquecido por ser apenas um macho europeu, além do que católico, e há idiotas dizendo seriamente que Shakespeare era mestiço, gay e fumava maconha. ( Juro que li isso ). Será que Cervantes era um asteca perdido na Espanha?
  Recentemente uma revista inglesa publicou os 50 poetas mais importantes da língua inglesa. Esqueceram William Blake. John Donne. E injustificadamente, John Keats ( ??? ) e John Milton ( !!!!! )...em compensação havia uma enorme quantidade de mulheres negras "oprimidas"...Elas são boas poetas? Não posso julgar pois não as li. São mais relevantes que os quatro homens citados? Deixo que voce pense sobre isso. A boa nova é que choveram cartas defendendo John Keats.
  Bloom morreu velho e fora de moda. Woody Allen está vivo e fora de questão. E eu não ligo pra isso. A arte é bem mais forte que o tempo. Ela vencerá.

ROGUE ONE...CAPRA...CHARLES BRONSON...WOODY...WARNER EM GRANDE ESTILO

   ROGUE ONE, UMA HISTÓRIA STAR WARS de Gareth Edwards com Felicity Jones
Nada a ver com a saga de Lucas. É um chatérrimo filme escuro e bem nojentinho endereçado para aqueles teens que acham Star Wars "muito infantil". Para lhes agradar, deram um banho de sujeira no visual da saga, filmaram tudo à noite e aumentaram o niilismo. Isso, faz de conta, é ser mais adulto. Bullshit. Star Wars, e o último episódio mostrava isso, é solar, alegre, leve, e bem anos 30. Este é apenas mais um produto dos anos 2000. Pior, a história, boba, não interessa. Os personagens são esquecíveis e o humor partiu para bem, bem longe. Um lixo.
   ANTHONY ADVERSE de Mervyn LeRoy com Frederic March, Olivia de Havilland, Claude Rains, Edmund Gwenn, Anita Louise.
Warner anos 30. Era assim que se fazia um filme de Oscar: um best seller é comprado. Se faz um roteiro. Se escolhe um elenco e se constroem os cenários. Só então se escolhe um diretor. A história tem de ser longa e rocambolesca. O filme deve agradar o universitário de NY, mas também o caipira de Nebraska. Era um trabalho árduo. O produtor era o cara que unia tudo isso. O filme seguia seu instinto. ( Nada de pesquisas baby ). Aqui temos um ótimo exemplo. O livro, a saga, vai da Itália à Africa, passa por Cuba e Paris e acaba no mar. Se passa entre 1780-1795, época romântica. Os atores são excelentes e todos têm o tipo físico perfeito. O time de coadjuvantes têm carisma e são velhas caras conhecidas. A trilha sonora, de Korngold, é fantástica. Temos romance, tragédia, muita ação, vingança, fugas, golpes, crueldade, dor. As cenas na África são geniais, o filme cresce em seu miolo. Cresce muito. March, um dos grandes atores da época cheia de grandes atores, leva o personagem à perfeição. Consegue fazer crível. Dura quase 3 horas e é um prazer. Seu único defeito é seu final, um pouco corrido demais.
  O SÉTIMO CÉU de Frank Borzage e Henry King com Janet Gaynor e Charles Farrell ou James Stewart e Simone Simon.
Saiu em um DVD a versão original, de 1927, muda, e a refilmagem, de 1936. Fazia tempo que eu não via um filme mudo. Havia esquecido da riqueza das imagens. Os sets neste filme são deslumbrantes. A pobreza de um bairro parisiense made in Fox. Muito clima, muito gótico, muito belo. A versão de 36 ainda conserva a beleza do set, mas a ênfase vai para a ação e não ao clima. O plot fala de um limpador de esgotos que se envolve com uma menina suicida. Há diferenças imensas entre os dois. É uma refilmagem como deve ser, totalmente original. Vale ver. Mas o de 27 é bem melhor. Ambos foram grandes cineastas do começo do cinema.
   PERSEGUIÇÃO MORTAL de Peter Hunt com Charles Bronson e Lee Marvin.
Caramba, ele é bom! Bronson, no Alasca de 1930, salva um cão de uma briga de cachorros. Mas com isso, passa a ser perseguido pelos amigos do dono do cão. Não é um filme de cachorro, o bicho logo morre. É sobre matar para poder viver. Sobre neve. Sobre virilidade. O filme parece ser ruim, mas engrena, e após 20 minutos vemos que é um bom filme para homens. Simples. Bem simples.
  CAFÉ SOCIETY de Woody Allen com Jesse Einsenberg e Kristen Stewart.
Um cara tem de ser muito narcisista para passar toda a velhice refazendo o mesmo filme. Voce já viu cenas de casais andando no parque, voce já viu declarações de amor junto a uma ponte. Voce já escutou as falas pseudo chiques. Voce já viu esses personagens em filmes menos ruins. Mal acredito na cara de pau do sr. Allen. Ele muda o elenco, mistura cenas e refaz um filme de Woody Allen. É óbvio, é bobo, é brega, é chato.
   MIL SÉCULOS ANTES DE CRISTO de Don Chaffey com Raquel Welch
É isso. Humanos e dinossauros vivem na mesma terra e lutam entre si. Sim, em 1966 todo mundo sabia a mais de século que eles não conviveram...mas e daí!!! Em 2017 a gente assiste gente que lança teias e voa em armaduras e não liga! O filme é um desfile de Welch, a sex symbol da época, em bikini de peles. Lindona.
   FARSA TRÁGICA de Jacques Tourneur com Vincent Price e Peter Lorre.
Horror barato em chave de humor. Price mata pessoas para fazer sua funerária crescer. Sua atuação é o máximo do camp. Falsa, cínica, vaidosa, afetada, deliciosa. Voce vê o filme para o amar. E é só.

PETS....HUSTON....WOODY ALLEN...MARGOT ROBBIE...JUDY GARLAND

   JOHN CARTER de Andrew Stanton
Como diretor de desenhos animados, Stanton é ótimo. Mas aqui lhe deram um roteiro muito ruim. Conheço o personagem John Carter desde criança. Ele foi criado por Edgard Rice Burroughs, o autor do Tarzan. Carter é um terrestre que vai lutar em Marte. Aqui essa premissa, que poderia dar numa boa besteira, é jogada fora. O que vemos é um filme com visual feio, personagens ocos e ação sem sal. Esquece.
   ESQUADRÃO SUICIDA de David Ayers
O elenco é ótimo e se sai bem. Dentre eles, Margot Robbie se mostra uma presença luminosa! Sua personagem, das trevas, é louca, violenta ao extremos e muito sexy. O filme é um pouco violento demais, mas é tão aloucado que acaba funcionando. Os heróis são bandidos terríveis, Will Smith entre eles, que são usados pelo governo para lutar contra o Coringa. Pode ver que vale.
   VIZINHOS 2 de Nicholas Stoller com Seth Rogen, Zac Efron, Rose Byrne e Chloe Moretz.
Uma fraternidade de meninas aluga uma casa. Os vizinhos tentam sabotar suas festas. E é só isso. Uma comédia de pouca graça, mas que a gente vê meio que na boa...Na verdade é tão inofensivo que nem chega a irritar.
   PETS, A VIDA SECRETA DOS BICHOS de Chris Moyer
Roteiro bom. Tem alguns desenhos que têm roteiro muito melhor que 99% dos filmes feitos hoje. Inclusive alguns têm implicações bastante sérias. Este tem roteiro hábil, mas nada tem de sério. A história é boa porque sempre que pensamos adivinhar o que virá em seguida, ele dá uma volta inesperada e muda de direção. Fala sobre pets, a vida social desses pets. E de um cachorro que se perde na rua e encontra uma gangue de bichos revolucionários. É engraçado, é inteligente, é simpático, é bom.
   CIDADE DAS ILUSÕES de John Huston com Stacy Keach, Jeff Bridges e Candy Clark.
Uma quase reportagem sobre o fracasso. Tema favorito de Huston, observe que mesmo em Freud ele escolhe falar dos fracassos do médico alemão. São boxers numa pequena cidade da California. Boxeadores que fracassam, que bebem, que amam mulheres horrendas. O filme é de uma beleza triste. Mas não deprime. O tema musical é lindo. Os atores brilham intensamente.
   BONITA E AUDACIOSA de Lloyd Bacon com Jean Simmons e Robert Mitchum.
Que filme bobo!!!! Simmons é uma rica menina que resolve dar dinheiro ao povo de uma cidade caipira. Mitchum, bem sonolento aqui, é um médico que sabe o porque da menina querer dar dinheiro. So what...
   AS GARÇONETES DE HARVEY de George Sidney com Judy Garland.
Não, não é um grande musical. Se passa no mundo do western. Judy é parte de uma rede de restaurantes que se instala numa cidade de cowboys. Então tá...
  CENAS EM UM SHOPPING de Paul Mazursky com Woody Allen e Bette Midler.
Woody e Bette moram em L.A. São ricos e saudáveis. Imagino que a aposta do filme é que a gente deva rir com Woody dizendo que LA é melhor que NY. E vendo ele passear em shopping de bermudas e rabo de cavalo. Ou seja, sendo um cara do tipo que ele mais odeia. Ok, isso não funciona. O diálogo é raso, os personagens previsíveis e o filme acaba parecendo apenas um passeio à tarde com um casal chato.

TRUMBO- BRYAN CRANSTON-HELEN MIRREN-SCOTT-COOPER-WOODY

   TRUMBO de Jay Roach com Bryan Cranston, Diane Lane, Helen Mirren e John Goodman.
Jazz vibrante no começo e o filme consegue ir nesse ritmo. Para quem, como eu, conhece o cinema dos anos 50, o filme é uma delicia. O diretor, Jay Roach, jamais faz dramalhão, o filme é direto, não enrola, e conta sua bela história. Uma história que parece ficção de tão incrível. Mas é real. Foi assim. Dalton Trumbo era um dos vinte roteiristas mais bem sucedidos de Hollywood. Então acontece a lista negra e tudo desaba. O filme conta tudo de forma correta, darei apenas alguns esclarecimentos. Sam Wood, o diretor direitista do começo do filme foi um grande diretor. Bem mais importante do que o filme sugere. John Wayne era aquilo mesmo. E eu não o culpo. Wayne foi vítima do tempo e do meio em que foi criado. Ele lutava para ser o John Wayne das telas. Era um homem bastante complexo. Reagan fez mesmo o papel lamentável e espertalhão que o filme mostra. Ao contrário de Wayne, ele sempre soube quem era e o que queria. Edward G. Robinson foi uma estrela da Warner. Fraquejou e dedurou. E sua carreira depois disso nunca mais foi a mesma. Antes era um ator exuberante. Depois se tornou uma figura encolhida, amarga. O diretor de Roman Holiday, o poderoso William Wyler, não aparece no filme. Ele sabia que o roteiro era de Trumbo. Sua coragem merecia ser citada. E sim, Roman Holiday é o famoso A Princesa e o Plebeu, um dos mais deliciosos filmes, e que lançou Audrey Hepburn ao mundo. Muito bom ver Otto Preminger no filme. Otto foi o mais corajoso dos diretores. Quebrou vários tabus nos anos 50 e pouco se lixou para a lista negra. Era famoso, duro, e o retrato no filme é fascinante. Você já deve ter visto algum filme dele. De Bom Dia Tristeza à O Homem com o Braço de Ouro, seus filmes estão sempre na TV. Kirk Douglas sempre foi aquele cara direto que o filme mostra. Uma pena Michael não ter mais a idade para ter feito seu pai. Kirk era muito mais bonito que o ator que o faz. E temos Hedda Hopper. Na Hollywood de então, 3 fofoqueiras-jornalistas tinham o poder de erguer ou destruir uma estrela. Elas eram uma mistura de crítica de filmes, cronista de festas e relações públicas. Nada hoje tem nem de perto o poder que elas tinham. Jornais, revistas e rádio, esses seus veículos. Helen Mirren quase rouba o filme. Se sua Hedda parece caricata é porque na vida real ela era uma caricatura. E é fato, os grandes produtores de Hollywood se acovardaram porque temiam a divulgação de suas raízes judaicas. Era um mundo extremamente anti semita. Aliás, Edward G. Robinson também era judeu. E por ironia, Kirk Douglas também. No livro de Sinatra se diz que Frank odiava Hedda Hopper. E ela prejudicou muito Sinatra. Os Kennedy varreram esse tipo de coisa do mapa. E Reagan nos anos 80  trouxe de volta. Bryan Cranston ficaria bem com um Oscar. Ele é ótimo sem nunca apelar. Nada de emocionalismos baratos. Trumbo não é um coitadinho. Por fim, aqui no Brasil, nessa guerrinha ridícula entre vermelhos e verde-amarelos, se deveria assistir o filme e perceber o tipo de ridículo em que podemos às vezes cair. Não se deve apostar tudo em nada. E é bom ver tudo com o distanciamento do tempo que passa. Ah sim! Jay Roach, o diretor, fez os filmes de Austin Powers...bela carreira hem.... Nota 8.
   SOBRE AMIGOS, AMOR E VINHO de Eric Lavaine com Lambert Wilson, Sophie Duez.
Um francês de meia idade, bonito e bem sucedido, sofre um infarte. De volta à vida, ele resolve viver de um modo melhor. Mas esse melhor talvez seja,,,pior. O filme é agradável. Tem toques de comédia, às vezes vira drama, mas nada em exagero. É um tipo de episódio de série cool. Os personagens tentam ser "gente como a gente", mas não são. São personagens. O bom é que passam simpatia. É um filme legal para se ver no fim de tarde bebendo vinho branco gelado. Nota 6.
   PEGANDO FOGO de John Wells com Bradley Cooper, Sienna Miller e Omar Sy.
Um chefe de cozinha junkie tenta dar a volta por cima e ganhar mais uma estrela no Michelin. Que estranho! É um filme sobre cozinha que não desperta a fome! Na verdade o foco é todo na ambição e no excesso de trabalho. Eu já trabalhei nesse ambiente e sei que na vida real é ainda pior. Gritos, ansiedade e pressa. Sempre. O filme tem momentos bem bobos, mas depois melhora. E acaba sendo ok. O elenco é bacaninha. Em tempo de atores pouco interessantes com menos de 40 anos, Cooper acaba fazendo sua carreira sem grandes sustos. Nota 6.
  PERDIDO EM MARTE de Ridley Scott com Matt Damon
Hmm....que dizer...é tão....tolo! O cara fica só em Marte e calmamente passa o tempo cultivando batatas...Esse é mais um Robinson Crusoé, mas uma versão da história do cara que sobrevive numa ilha. No caso, Marte. Ok, as cenas com Damon são divertidas, mas todas as cenas na NASA são apenas propaganda. Chatas e dispensáveis. E são muitas! Se o filme fosse apenas Damon em Marte seria melhor. É um filme com muitos momentos beeem chatos...Nota 4.
  UM MISTERIOSO ASSASSINATO EM MANHATTAN de Woody Allen com Diane Keaton
Aff....que saco!!!! este filme de 1993 era o único Woody que eu nunca tinha visto. Que pena, é um pé no saco. Sem graça, vemos Keaton tentando febrilmente provar que seu vizinho viúvo é um killer. E temos um monte de diálogos cruzados, Allen em seu papel de bobo balbuciante, Diane histérica e por aí vai...chato de doer! Nota 1.

TS SPIVET/ WOODY ALLEN/ NICOLE KIDMAN/ WARREN BEATTY/ MARVEL/ PIERCE BROSNAN/ CARY GRANT

   THE YOUNG AND PRODIGIOUS T.S.SPIVET ( UMA VIAGEM EXTRAORDINÁRIA ) de Jeunet com Helena Bonham-Carter, Judy Davis, Kyle Catlett e Callum Keith Rennie.
Todos sabem o enredo: no meio da nada mora uma familia esquisitinha. O filho, aos 7 anos, cria um aparelho de moto-perpétuo. Ganha um prêmio do Smithsonian e viaja só para receber o prêmio. Well...os primeiros dez minutos são excelentes. E isso se deve a fotografia e ao ambiente. Depois o filme cai muito e fica até meio chato. A América que Jeunet mostra é um país francês. Ele não chega perto do que seja o ser americano. Assim como Wenders em Paris/Texas mostrou a América alemã, Jeunet esbugalha olhos franceses sobre o deserto. O filme ameaça emocionar, Descartes não deixa. O que seria um lindo filme bobo se fosse dirigido por um Tim Burton ou um Alexander Payne, se torna com Jeunet um filme travado. Tudo é quase aqui, quase bom, quase bonito, quase triste, quase engraçado. E quase ruim. Apesar de tudo eu gostei do filme. Porque? Porque ele é bonito. Porque eu gosto muito de Helena Bonham-Carter. Porque adoro filmes on the road. E porque em meio a toda aquela baboseirinha tristinha há uma nesga de verdadeiro afeto. Há amor pelos personagens, todos eles. O que trava é essa reticência de Jeunet, essa coisa de nunca deixar a coisa subir, aquecer, deixar o sentimento perder razão e aflorar. Não darei nota.
   NOVEMBER MAN de Roger Donaldson com Pierce Brosnan e Olga Kurylenko
Brosnan é um ex matador da CIA. Ele volta a ação em complicada trama de espionagem, traição e chantagem. O filme nunca ofende a inteligência e tem ação. Pierce tem fleugma, e incrivelmente consegue convencer. É o tipo de ator que gostamos de ver. Olga é belíssima! Mas estou cansado desses filmes cheios de batidas de carro, tiros e cenários cheios de russos frios e ruins e moças magrinhas e fatais. Nota 4.
   DIZEM QUE É PECADO de Joseph L. Mankiewicz com Cary Grant, Hume Cronyn e Jeanne Crain.
A poucas semanas vi 3 filmes de Mankiewicz e falei deles aqui. Todos excelentes. Pouca gente sabe que ele foi dos raros diretores a ganhar dois Oscars no mesmo ano, por roteiro e direção. Seu ponto fraco aparece todo aqui: a verborragia. Mankiewicz escreveu alguns dos melhores diálogos do cinema, mas às vezes passava do ponto. Este filme mostra Cary como um cirurgião de sucesso que desperta a inveja de um colega. O tema é ótimo, Cary se esforça e está ótimo, mas há diálogos muito longos, muito blá blá blá dispensável e uma cinematografia pobre. Parece TV. Nota 5.
   HEAVEN CAN WAIT ( O CÉU PODE ESPERAR ) de Warren Beatty com Warren Beatty, Julie Christie, Jack Warden, Dyan Cannon e Charles Grodin.
Um grande sucesso de 1978 que concorreu a vários Oscars e venceu apenas um. É a primeira direção de Warren Beatty e dá pra perceber isso. O filme tem sérios problemas de ritmo. Ele corre a de repente fica lento. A história é refilmagem de um lindo e muito melhor filme dos anos 40. Um homem morre por engano. É devolvido `a Terra em outro corpo e vemos então seu envolvimento com gente que não sabe que ele é outro. O tema daria uma comédia hilária, mas aqui o humor só funciona com Dyan Cannonm que está ótima. Julie está perdida, o filme não é para ela, e Warren, seu namorado então, desfila charme, mas não dá risos. O filme acaba sendo uma coisa estranha, uma comédia melancólica ou um drama leve. Assisti a ele na época, num cinema cheio na Paulista. O que senti então é o que voltei a sentir hoje, decepção. Nota 5.
   GRACE DE MÔNACO de Olivier Dahan com Nicole Kidman, Tim Roth e Frank Langella.
O filme me surpreendeu, ele é bastante bom. Isso porque nada tem de biográfico. Não se trata de vermos o casamento de Grace ou sua história. É a radiografia do momento crucial de uma nação, Monaco, de um planeta, a Terra e de uma mulher, ela. Grace sente falta do cinema, sente falta dos EUA e se sente negligenciada como mulher por seu marido, Rainier. Indecisa, ela tem de tomar uma decisão. Ou desiste e retorna ao cinema, ou se assume como princesa. O momento é terrível. A Argélia luta contra a França e De Gaulle quer se apossar do principado, a França precisa de dinheiro. Grace consegue, em golpe de estream sutileza, fazer com que De Gaulle não possa agir. Como? Veja o filme! Ele tem suspense, muito drama, realismo e atores excelentes. É uma das melhores atuações de Nicole. Aturdida, presa, com raiva, com medo, tudo misturado num pacote de beleza. Voces que são mais jovens saibam, Grace Kelly foi um mito. Maior que Angelina Jolie, Madonna... Lady Di chegou perto com uma diferença, Grace era muito mais bonita, inteligente e elegante. O filme é digno dela. Nota 7.
   MAGIA AO LUAR de Woody Allen com Colin Firth e Emma Stone.
Colin é um mágico na Europa de 1920. É levado por amigo à Riviera, onde ele deverá desmascarar uma vidente impostora. É mais um filme agradável de Woody Allen. Divertido, fácil de ver, gostoso. Mostra gente rica em lugares lindos, mostra bons atores em bons papéis. Demorou para Woody trabalhar com Colin Firth, meu ator favorito do cinema de agora. E Emma Stone é bonita e boa atriz. Mas Woody tem um grande problema: seu nome. Fosse o filme de um diretor novato, todos o elogiariam. Mas é de Woody...sabe como é, a gente espera um novo Hannah, Annie Hall, Manhattan....mas não! Woody é hoje um cara de bem com a vida, aproveitando para viajar, comer, beber e filmar. Ele filma apenas o que não lhe dá trabalho, apenas prazer. Seus filmes são como pequenos contos de um autor delicioso e de pouca ambição. São para usufruir. Nota 6.
   GUARDIÕES DA GALÁXIA de James Gunn com Chris Pratt e Zoe Saldana.
Muito, muito bom! Fazia tempo que não via uma aventura tão bem construída, tão cheia de humor, ação e prazer. Porque gostei tanto? Estava pronto para odiar! Mas os personagens são legais, as cenas nunca parecem bobas, e principalmente, não há medo de viajar, de se deixar levar pela fantasia. Uma delicia de filme. Espero pela continuação! Os Guardiões são muito legais! Nota 8.

TIM CURRY/ WES ANDERSON/ SLY/ RUSS MEYER/ JOHN CLEESE/ DAVID LEAN

   QUANDO O CORAÇÃO FLORESCE ( SUMMERTIME ) de David Lean com Katharine Hepburn, Rossano Brazzi e Isa Miranda
O filme é lindo e representa a virada na carreira de Lean. Ele vinha de um período perdido após o grande inicio no cinema inglês. A partir deste filme ele tomaria impulso para seus grandes épicos. Claro que este filme, íntimo, não é um épico, mas traz, já, o olhar de Lean sobre o estrangeiro, no caso Veneza. Kate é uma solteirona reprimida que viaja sózinha à Veneza. Lá conhece italiano bonitão e tem um caso com ele. É só isso e voce pode pensar que o filme é meloso e vazio. Não é. David Lean era um gigante e nos dá um passeio pela cidade que encanta, hipnotiza, seduz. Ver Kate andando pela cidade e tentando se feliz é uma experiência gratificante. Quando o flerte começa o filme cai um pouco, mas evita o óbvio e se reergue. Kate faz a solteirona com sua habitual força. A fotografia, de Jack Hildyard é magnífica. Nota 8.
   O GRANDE HOTEL BUDAPESTE de Wes Anderson com Ralph Fiennes
Caro Wes, mantenha sua crônica sobre uma época e esqueça o thriller. Este filme, lindo, nasceu para ser uma frívola comédia sobre uma época frívola. Leve, tolo, bonito e inutil. Vá fundo nisso. O que? Voce quer mais que isso? Mas assim voce perderá a obra! Ela não será nem carne e nem peixe! Afff....que pena! Voce quase fez uma obra-prima! Mas te faltou coragem para ser mais tolo e menos esperto. Uma pena! De qualquer modo, é um filme que irei rever em breve. Abraço. Nota 8.
   AMANTE A DOMICÍLIO de John Turturro com John Turturro, Woody Allen, Sharon Stone e Sofia Vergara
Um dos piores filmes do ano. Não é uma comédia! É um melancólico filme sobre a solidão. Uma bobagem com personagens irreais e antipáticos, cenas lamentáveis e um Woody Allen de dar dó. Detestável. ZERO!
  O HOMEM QUE PERDEU A HORA  de Christopher Morahan com John Cleese
Cleese é um diretor de escola maníaco por pontualidade que ao ir à homenagem a sua escola perde a hora e pira. O filme começa mal, vai melhorando e acaba bem bacana. É sempre um prazer assistir Cleese fazendo seu tipo de inglês reprimido e vaidoso. Falta um pouco mais de loucura ao roteiro e a direção exala mediocridade, mas dá pra ver numa tarde de frio. Nota 5.
  THE ROCKY HORROR PICTURE SHOW de Jim Sharman com Tim Curry, Susan Sarandon, Richard O`Brien e Little Nell
O filme é amador, exagerado, tolo, grotesco e mal intencionado. E daí? Quem não o assistiu não viveu! É delicioso, cafajeste, safado, gay, rocknroll, glitter, sexy, roxy, perverso, punk, funk, burrinho e smart. Oh Oscar Wilde!!!! Oh David Bowie!!! Eu não sou gay mas amo este filme!!!! AMO AMO AMO!!!! Quer ser feliz? Conheça Tim Curry e sua voz classuda chic fazendo este infame Frankenfurther, um misto de Bolan, Iggy e a bicha doida da Augusta. Pasmem! Nota DEZ!!!!!
   DE VOLTA AO VALE DAS BONECAS de Russ Meyer
Camp. Sabe o que é isso? É lixo feito de propósito. Este fracasso foi dirigido pelo inventor do filme de nudez dos anos 50, Russ Meyer. Em 1969 ele conseguiu dinheiro da Fox para fazer um filme grande. Este. E vejam só, o roteiro é do grande crítico Roger Ebbert. O filme, uma gozação com o mundo de 69, fala de 3 moças que formam uma banda de rock e se mandam para L.A. rumo ao sucesso. Se envolvem com produtor ( o melhor personagem, Z-Man ) e ....Tem transexualismo, hermafroditismo, drogas, psicodelia, mas tudo tratado com ""pureza", paz e amor. O filme é mal dirigido, tem os piores atores do mundo, cenas hiper editadas. Parece um trailer de duas horas. A gente espera que ele comece e nunca começa. Há quem o ache genial. Eu acho tão ruim que fica quase bom. O final é ótimo! Sem Nota.
   ROTA DE FUGA de Mikael Hastrom com Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenneger
Que roteiro bobo!!!! Sly é um cara que faz testes para ver o quanto uma prisão é a prova de fuga. Mas cai numa enrascada quando preso numa prisão intransponível. Ufa! Mais bobo impossível. Chato pacas! E quem diria? Arnie quase salva o filme! O cara tem humor! Em 1989 quando caiu o muro de Berlin muita gente disse que o cinema perdia seu vilão, a URSS, e que teriam de criar bandidos cada vez mais fantasiosos. Este filme atinge o pico do ridículo. ZERO>
   JUNTOS E MISTURADOS de Frank Coraci com Adam Sandler e Drew Barrymore
Nada de risos. Ele é um viúvo com 3 filhas. Ela uma divorciada com dois meninos. Sem querer vão juntos para um resort na África do Sul. E fall in love. Não é ruim. É desinteressante. Odeio esse Sandler chorão, bom moço. E Drew faz Drew, uma atrapalhada boazinha. O filme escorre mel, infla bondade, exala pinky. Aff, enjoa! Qual é? Nota 2.
  

O Que É Que Há Gatinha?



leia e escreva já!

PRESTON STURGES/ GEORGE CLOONEY/ WOODY ALLEN/ PETER O`TOOLE/ RENÉ CLAIR/ ELIO PETRI

   ATÉ QUE A SORTE NOS SEPARE de Roberto Santucci com Leandro Hassun e Danielle Winits
A volta da chanchada é uma boa notícia. Mas, ao contrário das comédias de Oscarito e do impagável Zé Trindade, agora a chanchada procura um público mais classe média. Assim, tudo aqui é clean, tem um jeitão Miami de ser e de parecer. Acho saudável. O cinema do Brasil desde 1960 tem esse pudor bobo de ser pop. Ora, todo cinema precisa ser pop! E quer saber? Hassun é um bom comediante. Jerry Lewis made in Brasil. O roteiro é bem bobinho, a trilha sonora luta para ser Disney, mas funciona para os casais de shopping center, tipo domingo a noite pós compras. Eu não me irritei. Nota 5.
   O ASSASSINO de Elio Petri com Marcello Mastroianni, Micheline Presle e Salvo Randone
A Folha de SP lança mais uma coleção de DVDs. E como sempre nos frustra com um monte de filmes que todo mundo tem. Mas às vezes surge algo de diferente. Como este ótimo policial noir, primeiro filme de Petri, diretor morto muito cedo, e que em sua curta carreira ganharia até Oscar, com o excelente Investigação Sobre Um Cidadão. Neste filme, do tempo em que o cinema italiano era o melhor do mundo, Mastroianni, como sempre espetacularmente sutil, faz um antiquário boa vida que é preso acusado do assassinato de sua namorada mais velha e rica. O clima do filme é existencialista, jazz na trilha sonora, fotografia de Carlo di Palma ( que depois faria os melhores filmes de Woody Allen ) e um roteiro surpreendente. É um filme que mescla Antonioni com John Huston! Mastroianni diz nos extras que ficou feliz ao ver um poster deste filme no escritório de Scorsese! É uma diversão classe A. A venda nas bancas por apenas 17 paus. Nota 8.
   LONGE DESTE INSENSATO MUNDO ( FAR AWAY FROM THE MADDING CROWD ) de John Schlesinger com Julie Christie, Terence Stamp, Peter Finch e Alan Bates
Uma mulher e três homens. Um é puro sentimento. Outro é sexo misterioso. E um terceiro é cerebral. O filme é lindo de se ver e lindo de se estar. Grande produção de 1967, não foi o sucesso esperado. A trilha sonora impressionista de Richard Rodney Bennet é magnífica! Nota DEZ.
   MULHER DE VERDADE ( THE PALM BEACH STORY ) de Preston Sturges com Claudette Colbert e Joel McCrea
Uma dieta de uma semana de filmes como este conseguiria me fazer voltar a me apaixonar pelo cinema. Feito no auge da fulgurante carreira de Sturges, conta a história, sem nenhum sentido, de uma esposa que se separa do marido para conseguir com algum home rico, bastante dinheiro para dar ao ex-marido. O sonho do marido é construir um aeroporto nos ares, feito de cordas de elástico. Faz sentido? Tem ainda um velho texano que distribui dinheiro, um bando de caçadores que caçam dentro de um trem, um casal de irmãos ricos que jogam dinheiro fora. Tudo no veloz ritmo de Preston Sturges. Uma das grandes maravilhas dos DVDs foi fazer com que Sturges fosse ressuscitado. A comédia com ele é sempre grossa, tosca, boba até, mas tudo é tão bem pensado, o roteiro é sempre tão rocambolesco que a gente acaba se rendendo e se apaixonando pelo filme. Nota 9.
   SEM ESCALAS de Jaume Collet-Serra com Liam Neeson e Julianne Moore
Tem uma bomba num avião. E um policial neurótico tem de descobrir quem é o terrorista enquanto o vôo acontece. Puxa! Este filme, nada ruim, tem todos os clichés. Mas a gente até assiste na boa, sem grandes problemas. O que irrita é a falta de humor, de leveza dos filmes de ação de hoje. Parece que há um desejo tolo de se parecer sério. Aff...nada aqui faz sentido! Pra que a seriedade? Nota 5.
   CAÇADORES DE OBRAS PRIMAS de George Clooney com George Clooney, Matt Damon, Bill Murray e Jean Dujardim
Um absoluto fiasco! Chato, vazio, desinteressante e modorrento. Tentaram fazer um filme esperto, classudo, como aquelas velhas aventuras de guerra, produzidas entre 1960/1967, filme maravilhosos, geralmente com Burt Lancaster, Lee Marvin ou James Garner. Esqueceram do principal: o roteiro. Esses clássicos tinham roteiros brilhantes, criavam frases cheias de significado, desenvolviam personagens interessantes, misturavam suspense, humor e drama. Aqui o que temos? O nada. O vácuo. Lixo. Nota ZERO.
   CASEI-ME COM UMA FEITICEIRA de René Clair com Frederic March e Veronica Lake 
Quando os nazis invadiram a França, lá se foram Renoir e Clair para Hollywood. Clair se deu melhor. Fez nos EUA excelentes filmes. Este é um dos melhores. Uma comédia mágica sobre um mortal que se casa com uma bruxa. Na verdade ela quer se vingar. Um antepassado do mortal a colocou numa fogueira nos idos de Salem. Neste filme vemos o toque de mestre de Clair, um dos mais poéticos dos diretores. Coisas voam, pessoas perdem a memória, o tempo vai e volta, tudo pode acontecer. Clair via o cinema como brinquedo, ferramenta de sonhos. O filme é um banquete de ilusões. Belo. Nota DEZ!
   O QUE É QUE HÁ GATINHA? de Clive Donner com Peter O`Toole, Peter Sellers, Woody Allen, Romy Schneider e Paula Prentiss
O roteiro é de Woody Allen. A trilha sonora, alegre e criativa, de Burt Bacharach. E a história tem as bossas e o groovy de 1965. Peter é um homem que está cansado de namorar tantas mulheres com tanta facilidade. Quer se dedicar só a uma. Sellers é seu analista, um sedutor fracassado. Woody Allen faz um jovem nerd que sonha em ser como Peter O`Toole. Romy é a boazinha namorada de O`Toole. Incrível como o mundo mudou! Peter O`Toole foi um sex-symbol sem músculos, sem corte de cabelo bacana e todo baseado em sua delicada figura andrógina e culta. Eu adoro Peter, adoro! O filme, dizem, foi uma festa de sexo e whisky, atores sem comando pouco se lixando para o pobre diretor. Very sixties. Não é um bom filme. É antes um retrato antropológico de um mundo que jamais existirá novamente. Visto assim, com olhar bobinho, o filme se faz uma bobice doce e chic. O roteiro de Woody fala daquilo que até hoje ele reescreve: sexo, sexo e sexo. Nota 6.
   OS AMORES DE HENRIQUE VIII de Alexander Korda com Charles Laughton, Robert Donat, Merle Oberon, Elsa Lanchester
Clássico inglês que deu um Oscar a Laughton. Há quem considere até hoje Charles Laughton o maior ator-gênio do cinema. Aqui ele brilha. Faz Henrique como uma vítima. Ele ama as mulheres, é seduzido por elas, e manda matar algumas....tudo como um brinquedo inocente. O filme, bonito, vai do intenso drama ( sua pior parte ), à comédia frívola, é seu melhor. Um raro é bom filme com a equipe hiper-profissional de Korda. Vale muito ver. Nota 7.

PIETRO GERMI/ HARRY POTTER/ PROUST/ NARUSE/ GREGORY PECK/ MAGGIE SMITH

   O SOM DA MONTANHA de Mikio Naruse com Setsuko Hara
Se baseia em livro do grande Kawabata. Mas não espere no filme nada da sensualidade hipnótica do grande romancista. O roteiro opta pelos aspectos externos das perosnagens, não complica e se sai bem. Naruse foi, com Ozu, Mizoguchi e Kurosawa, parte dos quatro grandes do cinema japonês. A trama fala de um pai, seu filho que é infiel a esposa e dessa esposa, que é apegada a familia e ao pai de seu marido. Fosse um filme de Ozu seria leve como uma brisa e belo como uma estação nova, mas Naruse é mais pesado. Sentimos pensa da esposa e raiva do marido. Em Ozu vemos os erros mas os perdoamos. Nota 6.
   O TEMPO REDESCOBERTO de Raoul Ruiz com John Malkovich, Emmanuelle Béart, Vincent Pérez
A dura tarefa de levar Proust as telas é vencida por Ruiz. Ele faz o oposto do que Naruse fez ao adaptar Kawabata, joga no lixo a trama e se concentra no visual. O filme, lindo de se olhar, flutua entre personagens, ambientes, frases, roupas e muito luxo. Para quem leu Proust é uma delicia. É como ver uma coleção de lembranças de uma viagem. Para quem não o leu, que pena! Verá apenas um filme enigmático e sem sentido. Aconselho que o vejam mesmo assim, tentando o usufruir como coleção de clips superiores. Nota 8.
   O CONSELHEIRO DO CRIME de Ridley Scott com Michael Fassbender, Penelope Cruz, Javier Bardem, Cameron Diaz e Brad Pitt.
Belo elenco. Um filme de lixo. Maneirismo sobre maneirismo, fala de um cara tentando entrar no mundo do tráfico entre México e EUA. Loooooongos diálogos sem qualquer importância, loooooongas tomadas tipicas do pior cinema dos anos 80 e a sensação constante de : Vamos! Qual É ????? ZERO!!!!
   HARRY POTTER E A PEDRA FILOSOFAL de Chris Columbus com Maggie Smith, Alan Rickman, Richard Harris, John Cleese...
Os primeiros trinta minutos são excelentes. Mas logo surge uma certa monotonia. Rowlings aprendeu bem as lições de Lewis, mas Harry Potter é apenas para crianças. Eu adoro desenhos, livros, contos, infantis, mas aqueles que conseguem ser livres da prisão da ïnfantilidade esperta. Aqui, em cada cena, voce percebe o desejo de agradar quem tem 12 anos. E isso exclui todo o resto. Bom ver Alan Rickman em pappel tão bom! Nota 4.
   SONHOS DE UM SEDUTOR ( PLAY IT AGAIN SAM! ) de Herbert Ross com Woody Allen, Diane Keaton, Tony Roberts, Viva.
Feito em 1972, baseado numa peça de sucesso de Woody, o filme é um tipo de ensaio para Annie Hall. Woody é um critico de cinema com mania de Humphrey Bogart. Ele se apaixona pela esposa de seu melhor amigo. Ela é Diane Keaton, que faz aqui Annie Hall. O filme é bom? Quando o vi a primeira vez, em 1987, imerso numa fase Woody Allen, achei ele consolador. E muito pra cima. Agora me decepcionei. Não que seja ruim, é comum. Ross fez boa carreira no cinema. Ah sim, o personagem de Woody vê Bogart, que surge lhe dando conselhos. É a melhor coisa do filme. Nota 5.
   ALMAS EM CHAMAS de Henry King com Gregory Peck
Começa muito bem. Um homem em Londres visita um velho campo de pouso e se lembra da segunda guerra. Depois o filme ameaça ser chato. Não tem ação nenhuma. O que temos é um bando de aviadores com medo de lutar. Mas logo vamos nos interessando pelos caras. É um muito bom filme. Peck é o novo comandante. Duro, frio e nada simpático. Henry King, mestre que fez mais de 200 filmes ( !!!!! ), conduz tudo com sua mão de ferro. É o estilo americano, ele conta a história e que se dane o resto ( que resto?? ). As cenas de ação só acontecem no final. Nota 8.
   THE PRIME OF MISS JEAN BRODIE ( A PRIMAVERA DE UMA SOLTEIRONA ) de Ronald Neame com Maggie Smith, Pamela Franklyn e Robert Stephens
Surpreendente. Na Inglaterra de 1936, acompanhamos uma professora "liberal". Ela consegue fazer de suas alunas meninas ärtísticas" É uma mulher alegre, futil, criativa, agitada...feita por uma Maggie Smith que levou o Oscar em 1969. Mas logo vemos que o que parecia tão bonito não é tão perfeito. Ela tem admiração por Mussolini, revela-se uma egocêntrica sem noção de delicadeza e acaba por se perder em seu mundo ideal. O filme é um bom exemplo do grande cinema inglês da época. Um prazer. Nota 8.
   SEDUZIDA E ABANDONADA de Pietro Germi com Stefania Sandrelli e Saro Urzi
Às vezes faz rir, mas é uma impiedosa exibição do patriarcado e do machismo latino. Na Sicilia, uma menina é seduzida. O sedutor não assume o ato. Chega a cupá-la por o tentar. O pai da menina tenta, em ações mirabolantes, salvar a honra de seu nome. Tudo caminha para o erro completo, um erro faz nascer um erro... Germi fez o genial Divórcio a Italiana. Ele foi um observador dos vicios da Itália que se modernizava. Mas aqui ele erra em sua metragem. O filme seria excelente com hora e meia. Dura duas horas e dez, e a gente tem a impressão que ele passa do ponto. Stefania é uma rainha do erotismo. Nota 6.

LANTERNA MAGICA- AUTOBIOGRAFIA DE INGMAR BERGMAN, NO FIO DA NAVALHA

   Bergman mal fala de cinema. E nunca se coloca como algo acima do competente. Então o que ele fala? Que odiava o pai por seu rigor, que odiava a mãe por sua frieza, ele conta que tentou matar o irmão quando era criança, depois quase assassinou a irmã e esbofeteou o pai antes de sair de casa.  Tudo descrito com detalhes. Não é uma leitura agradável e Bergman nada tem de simpático. Mulherengo, abandona suas esposas e mal percebia a presença dos filhos. Como todo problemático, Bergman é completamente um umbigo. Ele fala de suas dores, seus erros, suas falhas, seus traumas. E cansa. Cansa sua falta de humor, cansa o modo como ele ignora tudo aquilo que desejamos saber. Ele fala muito de sua carreira no teatro. Que não é exatamente aquilo que aqui no Brasil mais sabemos sobre Bergman.
   Claro, Bergman escreve bem, e algumas descrições são soberbas. Assim como o modo, pena que breve, em que ele descreve o cinema de Tarkovski, Kurosawa, Bunuel e Fellini ( diretores que filmam como em sonho ). Mas o livro frustra quem como eu tem amor por seu cinema. Ele se mostra um homem frio, rigido, como ele mesmo diz: um sueco.
   O que salta das folhas escritas em ritmo de montagem: a enorme influencia que seu modo radical de ver a vida teve sobre diretores, de Woody Allen, que escreve um belo texto introdutor, a Von Trier. Mas Ingmar foi o criador. Seu cinema dura para sempre. Mas lendo este livro sinto o quanto deve ter sido duro viver a vida de Bergman, e sorrio sentindo saudades dos livros de Huston ou de Wilder, autores que conseguem sair de seu casulo e se anular em favor de uma historia. 
  Estranho, amo muito os filmes de Bergman, mas nunca o ser Bergman.

BLUE JASMINE/ WOLVERINE/ UM DIA EM NY/ CANTANDO NA CHUVA/ JOSH

   BLUE JASMINE de Woody Allen com Cate Blanchett, Sally Hawkins, Alec Baldwin
Dizer que todo o elenco está ótimo é chover no molhado, todo filme de Woody tem grandes atuações. Cate Blanchett chega ao milagroso, sua Jasmine tem uma tensão bergmaniana. Penso ser o melhor desempenho feminino desde Helen Mirren fazendo a rainha Elizabeth. A história é uma adaptação de Um Bonde Chamado Desejo para os dias de hoje, ou seja, Blanche seria mais consumista e Stanley menos viril. ( Aliás o filme me deu uma vontade doida de rever o filme de Kazan com Brando e Vivien Leigh fazendo misérias ). Para quem não viu e não aguenta mais as repetições de Woody um toque: o filme nada se parece com um tipico Woody Allen. É drama duro, forte, trágico, Allen não tem pena da pobre Jasmine. Esqueça o humor, esqueça a doce vida dos ricos neuróticos, é um drama pungente. Pobre Jasmine!!! Não há lugar para ela num mundo que ela sempre ignorou. Nota 7.
   LIGADOS PELO AMOR de Josh Boone com Greg Kinnear, Jennifer Connely, Lily Collins
Como um dia foi Jack ou Ted, Josh é hoje o nome da moda nos EUA. Cool... Então o diretor, Josh, ganha o troféu de Josh de uma ano cheio de Joshs. O filme, uma bobeirinha delicada sobre uma aluninho de escola cool tãaaaaao sensível e apaixonado!, é de uma imbecilidade joshiana. Nota ZERO.
   UM DIA EM NOVA YORK de Stanley Donen e Gene Kelly com Gene Kelly, Frank Sinatra e Ann Miller
Exuberante! A primeira direção da dupla é baseada num show histórico de Leonard Bernstein e Jerome Robbins. Filmado nas ruas de NY, com uma energia viril contagiante, mostra 24 horas na vida de 3 marujos em licença. Uma obra-prima. Nota DEZ!
  CANTANDO NA CHUVA de Stanley Donen e Gene Kelly com Gene Kelly, Debbie Reynolds, Donald O`Connor, Jean Hagen
Dizer o que? Tem alguns dos melhores e mais famosos momentos de toda a história do cinema. Impressionante ele não ter ganho o Oscar de melhor tudo. NOTA MIL !!!!!!!
   SR E SRA SMITH de Alfred Hitchcock com Robert Montgomery e Carole Lombard
Hitch estava na companhia de Selznick e resolveu fazer um filme com sua amiga, a grande Carole Lombard. Um veículo para essa brilahnte comediante ( que morreria em desastre de avião na sequencia ), é o menos tipico dos filmes americanos de Hitch. Marido e esposa descobrem que na verdade seu casamento foi ilegal, estão solteiros de novo...Nada de especial. Alguns movimentos de câmera são puro Hitch. Nota 5.
   WOLVERINE IMORTAL de James Mangold com Hugh Jackman
Mangold é o bom diretor de N filmes dos mais variados estilos. Ou seja, é um profissional a moda antiga, se exercitando em tudo quanto é gênero. Fez um bom western, uma ótima bio, bons policiais...e esta filme cartoon. Sério, sério até demais. É um bom filme, mas falta um bocado de ação. Nota 6.

AMOR BANDIDO/ BANG BANG/ AVA GARDNER/ WOODY/ KIRK DOUGLAS

   BANG BANG de Andrea Tonacci com Paulo César Pereio
Cinema marginal. Feito em 68, mostra de forma muito livre a saga de um homem só. Mas não. Cenas aparentemente desconexas. Godard mais Bellochio. A cena no táxi é antológica! Pereio mata a pau. Cinema novo o escambau, o lance é o cinema marginal! Tem uma cena em que eles fazem um zapp pelo rádio am. Toca Beatles, Stones, Byrds e Simonal. Bons tempos. Nota sem nota talvez não quem sabe?
   O GRANDE PECADOR de Robert Siodmak com Gregory Peck, Ava Gardner, Melvyn Douglas e Walter Huston
Asfixiante e desagradável drama sobre o vicio do jogo. Tudo gira ao redor da roleta. Peck, que está bem, se vicia por causa do amor por Ava, que o ama porque o faz jogar. Huston é o pai de Ava, outro viciado. Douglas, excelente, não é viciado, é dono do cassino. Ava nunca esteve tão bonita! Nota 6.
   SUA ÚLTIMA FAÇANHA de David Miller com Kirk Douglas, Gena Rowlands e Walter Mathau
A capa do dvd o anuncia como o filme favorito da carreira de Kirk. Apesar de passado em 1962, Kirk insiste no filme em ser um cowboy. É um simplório, nada tem de heróico. Vai para a prisão de propósito para salvar um amigo que lá se encontra. Mas o amigo não aceita fugir com ele. Então ele foge sózinho. Todo o resto do filme trata de sua fuga da policia. Helicópteros e rádios atrás de um homem e seu cavalo montanha acima. O fim é dos mais tristes e dolorosos que já vi. O filme é estranho. Enquanto voce o vê parece apenas ok, quando acaba voce está muito tocado... Nota 7.
   AMOR BANDIDO-MUD de Jeff Nichols com Mathew McConaughey, Reese Witherspoon, Sam Shepard e Tye Sheridan
Estreou esta semana e eu pensei que não passaria por aqui. Se passa na zona caipira dos EUA. Dois garotos encontram um vagabundo numa ilha. Ajudam o cara a sobreviver e vão descobrindo que ele é um foragido da lei. Ao mesmo tempo vemos a vida, dura e solitária, do adolescente. Mathew, ótimo, é o foragido. Ele sempre foi ótimo como galã, se torna cada vez mais um bom ator. Reese está sexy. E Tye, o teen, convence muito. O filme não é ótimo, mas está longe de ser vulgar. Uma mistura interessante de Houve Uma Vez Um Verão com O Mensageiro. Bacana. Nota 6.
   UM ASSALTANTE BEM TRAPALHÃO de Woody Allen com Janet Margolin
O primeiro filme de Woody como diretor. Mal feito. Tem erros de edição e um roteiro caótico. Cenas muito sem graça. E duas ou três muito boas. Aquela dos fugitivos amarrados é soberba. Ele é um ladrão. Rouba, casa, é pego, foge... Como ator Woody era bem mais simpático. Nota 5.
   A MÚSICA NUNCA PAROU de Jim Kohlberg
Esse acho que não vai passar por aqui. É uma história real. Um cara tem tumor na cabeça. Opera e perde toda a memória. Ficamos sabendo que ele é um ex-hippie que fugiu de casa a mais de 30 anos. Os pais cuidam dele e uma médica observa que ele volta a ser ele-mesmo ao ouvir o hino francês. Mas não é o hino que o toca, é All You Need is Love... O que acontece? Ao ouvir músicas dos anos 60 ele volta a ser ele-mesmo em 1970. Pensa ser um hippie e a achar que tudo está em 66/70. Isso faz com que feridas vividas com o pai sejam reexaminadas e os dois acabam por ir a um show do Grateful Dead...o livro em que o filme se baseia é de Oliver Sacks. A direção é quadrada, parece ser um telemovie. Mas o tema é fascinante! Nota 5.
   O VERMELHO E O NEGRO de Claude Autant-Lara com Gerard Philipe, Danielle Darrieux e Antonella Lualdi
Um autor morre uma vez em vida e milhares quando assassinam sua obra. Que filme ruim!!! Nada lembra a obra maravilhosa de Stendhal. Os personagens falam e falam e falam...Quando crítico de cinema, Truffaut destruiu este filme a até levou ao pessoal seu ataque a Lara. Com razão. O filme é uma coisa pesada, chata, velha, morta. Mais um erro dessa coleção de dvds da Folha. Nota ZERO!
   MÚSICA DA ALMA de Wayne Blair
Interessante saber que até 1967 os aborígenes eram considerados na Austrália não-gente. Eram fauna. Este sucesso da filmografia aussie fala de uma girl group formada por aborígenes que vai cantar soul music para os soldados americanos no front do Vietnã. Atenção, é uma história real. Mas, sinto dizer, o filme é sem emoção, frio, chato até. Nota 3.